sábado, março 09, 2013

HILDA HILST, ERICA JONG, HORNBY, SUZANNE COLLINS & MAURICE DRUON

 

HILST VIVE SEMPRE HILDA - Tudo alvorecia em ti e era maior que a noite para me dizer sussurrante: Tu não te moves de ti n’ O Roteiro do Silêncio, e era uma Ode Fragmentária mais que Presságio. Tu me fizeste um deus perdido e Sobre a tua grande face as Odes mínimas da morte, os Cantares de perda e predileção, os Poemas malditos, gozosos e devotos, alcoólicas, amavisse, bufólicas, Qadós, Ficções, Trovas de muito amor para um amado senhor, recitando contrita: Resolvi me seguir \ Seguindo-te.\ A dois passos de mim...” e eu nem na tua espera saí de perto, porque fizeste em mim os Sete cantos do poeta para o anjo e dali jamais pude sair. Dos teus olhos a boca obscena: Se já soubesse quem sou \ Te saberia. Como não sei...”, nem precisava saber porque já seria inteiro no que tiveste e eu só me tinha para tê-la entregue num verso: É de uma ideia de Deus que te falo” e eu nem era deus nem sabia porque Do amor nada mais que as vozes na fumaça e teu corpo nu no meio da dança Na Balada de Alzira ou do festival: É preciso conhecer \ Com precisão para amar...” E eu te amava como quem buscava a mãe perdida na infância e recolhia em teu seio os abissais negrumes da madrugada. Do desejo os Cantares do Sem Nome e de Partidas, porque na tua carne amanheci não sei quantas vezes e quando teus olhos anoiteceram ouvi o chamado mais terno quase distante: Porque há desejo em mim, é tudo cintilância... \ Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo \ Tomas-me o corpo. E que descanso me dás \ Depois das lidas...” E a faina era a felação e o gozo do cunilíngua era Fluxo-floema, Contos D'Escárnio & Textos Grotescos, orgasmos de temporais: E por que haverias de querer minha alma \ Na tua cama? \ Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas \ Obscenas, porque era assim que gostávamos...” Era a tua anímica expressão que eu com meus olhos de cão desvendei A obscena senhora D, descobri O Caderno Rosa de Lori Lamby, e tive Rútilo Nada que me verdugo com A morte de patriarca. O que disseste de mim eram as Cartas de um sedutor e Estar sendo/Ter sido nos Cascos e Carícias n’A Possessa mais que vadia e errática, enquanto O rato no muro saudava O visitante no Auto da Barca de Camiri, só porque era O novo sistema, Aves da Noite e porque tudo não passou de Júbilo, memória, noviciado da paixão na plenitude da Casa do Sol... Veja mais aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Difícil é tentar me recompor, peça por peça, sem livro de instruções e nenhuma pista de onde todos os pedaços importantes devem ser colocados. Nós nos reunimos com pessoas porque são iguais ou porque são diferentes, e no final nos separamos delas exatamente pelos mesmos motivos. Sarcasmo e compaixão são as duas qualidades que fazem a vida na terra tolerável. Pensamento do escritor inglês Nick Hornby. Veja mais aqui,

 

ALGUÉM FALOU: Dias vividos, cheios ou vazios, ocupados ou serenos, são apenas dias passados, e as cinzas do passado pesam o mesmo em todas as mãos. Todo homem acredita até certo ponto que o mundo começou quando ele nasceu e, no momento de deixá-lo, sofre por ter que deixar o Universo inacabado. Pensamento do escritor francês Maurice Druon (1918-2009).

 

JOGOS VORAZES – […] Destruir coisas é muito mais fácil do que criá-las. [...] E então ele me dá um sorriso que parece tão genuinamente doce com o toque certo de timidez que um calor inesperado corre através de mim. [...] Pessoas gentis têm uma maneira de trabalhar dentro de mim e se enraizar lá.[...] Aqui vai um conselho. Ficar vivo. [...]. Trechos extraídos da obra The Hunger Games (Scholastic Press, 2008), da escritora e roteirista estadunidense Suzanne Collins.

 

ESCALANDO VOCÊ - Quero entender a coisa íngreme \ que sobe escadas em sua garganta. \ Eu não consigo entender você. \ Onde quer que eu olhe, você está lá - \ um vasto marco, um vulcão \ aparecendo entre as nuvens, \ Gulliver esparramado em Lilliput. \ Eu subo em seus olhos, olhando. \ Os alunos são planos de palco pintados de preto. \ Eles podem ser puxados para baixo como persianas. \ Eu acendo uma luz em sua íris. \ Seu cérebro funciona como uma bomba. \ Com seu jeito improvisado e zombeteiro, \ você me convidou para entrar em seu peito. \ Por dentro: o borrão que se apresenta como seu coração. \ Eu deveria entrar com uma tocha \ ou talvez garrafas de água quente \ e descongelá-lo à mão \ como quem descongela uma geladeira velha. \ Ele vai estremecer e suspirar \ (a geladeira para o insone). \ Oh, não há nada como o amor entre nós. \ Você é a montanha, eu estou escalando você. \ Se eu cair, você não será o único culpado, \ mas talvez espere anos \ pela próxima expedição condenada. Poema da escritora e educadora estadunidense Erica Jong. Veja mais aqui.

 



WILSON – De primeira, Wilson eu conheço desde menino. Os nossos pais eram amigos de boêmia e da vida. Por tabela, a gente também. Estreitamos mesmo no dia que entrei no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, em Palmares. Foi quando passamos a estudar juntos. A gente e mais outros artistas: o pintor Gilson Braga, a poeta Betania Pinheiro, o pianista Sérgio David e outrens. Eu vinha do Colégio Diocesano onde estudavam comigo o hoje jornalista e escritor Mauricinho Melo Filho, o cantor e compositor Zé Ripe, o artista plástico Ângelo Meyer, a poeta Sandra Lustosa e tataritaritatá. Com essa trupe, inventamos de fazer uns murais com nossos poemas e desenhos expondo nos colégios do município palmarense. Começou no Diocesano e culminou com uma exposição e show que inventei de fazer no Colégio Nossa Senhora de Lourdes. Foi.

Era um dia de quinta-feira, a madre superiora atendera o meu pedido e segurou a turma do colégio nos dois primeiros horários de aula, liberando somente depois do recreio para o auditório. Quando as turmas todas encheram o recinto, encontraram de cara: Sérgio David no piano, Wilson na bateria, Virginio no baixo e eu na guitarra. Foi. A gente tinha ensaiado uns dias e o zoadeiro comeu no centro: músicas minhas e da trupe, mais alguns sucessos de Gonzaguinha, Milton Nascimento e Ivan Lins, fechando com a minha performance poético-teatral acompanhado do solo de piano clássico do Sérgio David de “O que será” de Chico Buarque. Foi uma ovação. Eu fiquei com os dentes no coarador de quase morder as orelhas. Ponto pra gente. Tenho até uma fotografia desse evento, quando eu achar posto aqui.

Depois Wilson se danou a cantar de brincadeira, sempre sacudindo sua predileção por Cauby Peixoto e se danando por serestas regadas a uma boa pilecada.

Um sábado desse, a gente de ressaca nos encontramos na casa dele e fizemos uma canção que nem lembro mais nem como é. Nem sei se ele se lembra. Era uma balada meio abolerada. Se ele cantar eu me lembro, hehehehe.

Passaram-se os anos, eu e Wilson sempre nos pileques e poéticas instâncias madrugadoras, cultivando sempre a nossa peculiar mania de tentar desvendar os mistérios femininos pelas horas mais profundas entre a noite e o raiar do dia.

Mais anos se passaram e agora reencontro Wilson durante o II Encontro dos Palmarenses de Maceió, quando ele se aproximou e nos abraçamos. Logo vi que o seresteiro tinha virado forrozeiro.

- Tenho um negócio para você.

Lá foi ele.

Logo voltou e me disse:

- Isso eu gravei de brincadeira. Tome.

Era um cd: capa colorida com ele se expressando do seu jeito mais peculiar: abafando. Era o “Wilson: cantarolando pé de serra”. Eu achei arretado. Um xoteado muito bom, com sucessos imortais de Luiz Gonzaga, Zé Marcolino e maravilhas como “Sala de Reboco”, “Cabôco Sonhador”, “Ana Maria”, entre outras e seguindo a estrada que o nosso parceiramigo Santanna, o Cantador legou pra gente.

SERVIÇO: WILSON – Cantarolando pé de serra
Contatos para shows: 81.3661.0231 wilsonfotografias@hotmail.com

PS: Depois que publiquei esse texto, o Wilson me fez uma grade surpresa no dia do meu aniversário:  anunciou que gravaria duas das minhas músicas. Um presente duplo num mesmo dia. E assim o fez.

Primeiro ele gravou a minha música Cantador, que ganhou este clipe da Meimei Corrêa:

Depois ele fez a gravação da minha música Desnorteio, também contemplada com um clipe da Meimei Corrêa:


Obrigado, Wilson amigo, vamos sempre juntos. E está topada a sua convocação: Cantarolando pé de serra! Vamos cantarolar!!!!

Veja mais Crônicas Palmarenses


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