PRA SER DE PAZ
QUANDO GUERRA – UMA: LIÇÕES PACÍFICAS – De antemão:
sou da paz em qualquer situação. Longe de mim atirar pedras, se eu não puder
pacificar, recolho-me insignificante. Esta foi uma lição que tirei dos
alfarrábios, quando dei de cara com o que dissera a socióloga sueca e prêmio
Nobel da Paz de 1982, Alva Reimer Myrdal
(1902-1986): Podemos
esperar que os homens entendam que o interesse de todos é o mesmo, o que você
espera está na cooperação. Podemos então talvez manter a paz... Minha filosofia
de vida é a ética... Essa a cooperação que exercito todos os
dias e o dia todo. DUAS: PARA LIDAR
COM AS ADVERSIDADES DIÁRIAS – Outra que guardei registrada até hoje foi a do
escritor e ativista indonésio Pramoedya Ananta Toer (1925-2006): A vida
pode dar tudo a quem procura entender e está disposto a receber novos
conhecimentos... Todo bom ensino pode ainda acabar produzindo bandidos maus que
não têm nenhum princípio, um resultado ainda mais provável quando o professor
também é um bandido... Afinal, a gente precisa aguçar o
discernimento. TRÊS: PRA QUANDO ESTIVER PRA BAIXO – Inequivocamente
a vida passa com todos altos e baixos, idas e voltas, começos e recomeços, nem
sempre tão alto, às vezes relando tudo no chão e coisa e tal. Não adianta
esmurrar os ventos, nem pisadas ou pernadas. Coisa interessante foi o que
dissera a comediante, atriz e produtora britânica, Eddie Izzard: Quero
viver até morrer. Nem mais nem menos... Isto pra mim basta & vamos aprumar a
conversa!
DITOS &
DESDITOS - Um herói não nasce simplesmente, ele é aperfeiçoado nos momentos em que
seu amor e lealdade são duramente testados... Nada é impossível a um homem de
coração puro e boa vontade... Os céus lançam tempestades inesperadas, as
pessoas sofrem infortúnios imprevistos... Meus caros amigos, como diz o ditado:
há que ter sempre coração honesto e os deuses não esquecer; pois se as más
ações não forem punidas, o mal irá crescer... Pensamento do escritor
chinês Jin Yong (Louis Cha Leung-yung
– 1924-2018).
ALGUÉM FALOU: Ao se
repetir algo indefinidamente, o objetivo não é apenas criar fanatismo ou
alienação, é que as pessoas parem de pensar e refletir sobre o que estão
repetindo... Trata-se da ameaça por parte de negros, imigrantes, povos
nativos, mulheres, judeus, gays, deficientes físicos, que estão ocupando os
lugares ‘naturalmente dos brancos’. O discurso é que o branco está sendo morto
pelo casamento inter-racial, pela adoção de crianças negras por brancos, pelo
desejo das mulheres brancas por negros e uma infinidade outras justificativas.
Qualquer um que tente ocupar este lugar do branco tem que ser eliminado...
Pensamento da antropóloga e ativista Adriana Abreu Magalhães Dias (1970-2023),
militante pelos direitos de pessoas com deficiências, que dedicou seu trabalho
com estudos sobre ascensão da direita neonazista no Brasil e no mundo.
UMA ESTAÇÃO BRANCA SECA - [...]
Eu nunca estive tão perto da morte antes. Por um longo tempo, enquanto eu estava deitado tentando clarear
minha mente, eu não conseguia pensar de forma coerente, consciente apenas de
uma terrível e cega amargura. Por que eles me escolheram? Eles não entenderam? Tudo o que eu passei em nome deles foi totalmente em vão? Realmente não valeu nada? O que aconteceu com a lógica, significado e sentido? Mas me sinto muito mais calma agora. Ajuda a se disciplinar assim, anotando para ver no papel,
tentar pesar e encontrar algum significado nisso. Prof Bruwer: Existem apenas dois tipos de loucura contra os quais
devemos nos proteger, Ben. Uma delas é a crença de que podemos fazer tudo. A outra é a crença de que não podemos fazer nada. Eu queria ajudar. Certo. Eu quis dizer isso com muita sinceridade. Mas eu queria fazer isso nos meus termos. E eu sou branco e eles são negros. Achei que ainda era possível ir além de nossa brancura e
negritude. Achei que estender a mão e tocar as mãos no golfo seria
suficiente por si só. Mas entendi tão pouco, na verdade: como se boas intenções
da minha parte resolvessem tudo. Foi presunçoso da minha parte. Em um mundo comum, natural, eu poderia ter conseguido. Mas não nesta era perturbada e dividida. Posso fazer tudo o que posso por Gordon ou por dezenas de
outros que vieram até mim; Posso me imaginar no lugar deles, posso me projetar em
seu sofrimento. Mas eu não posso, nunca, viver suas vidas por eles. Então, o que mais poderia resultar disso senão o fracasso? Quer eu goste ou não, quer eu queira amaldiçoar minha própria
condição ou não – e isso só serviria para confirmar minha impotência – eu sou
branco. Esta é a verdade pequena, final e aterrorizante do meu
mundo quebrado. Eu sou branco. E porque sou branco, nasci em um estado de privilégio. Mesmo que eu lute contra o sistema que nos reduziu a
isso, continuo branco e favorecido pelas próprias circunstâncias que abomino. Mesmo que eu seja odiado, condenado ao ostracismo,
perseguido e, no final, destruído, nada pode me tornar negro. E assim aqueles que são não podem deixar de suspeitar de
mim. A seus olhos, meus próprios esforços para me identificar
com Gordon, com todos os Gordons, seriam obscenos. Cada gesto que faço, cada ato que cometo no meu esforço
para ajudá-los, torna-lhes mais difícil definir as suas reais necessidades e
descobrir por si mesmos a sua integridade e afirmar a sua própria dignidade. De que outra forma poderíamos esperar chegar além do
predador e da presa, do ajudante e do ajudado, do branco e do negro, e encontrar
a redenção? Por outro lado: o que posso fazer senão o que fiz? Não posso optar por não intervir: isso seria uma negação
e uma zombaria não apenas de tudo em que acredito, mas da esperança de que a
compaixão possa sobreviver entre os homens. Ao não agir como agi, negaria a própria possibilidade
desse abismo ser transposto. Se eu agir, não posso deixar de perder. Mas se eu não agir, é uma derrota diferente, igualmente
decisiva e talvez pior. Porque aí eu não vou nem ter mais consciência. O fim parece inelutável: fracasso, derrota, perda. A única escolha que me resta é se estou preparado para
salvar um pouco de honra, um pouco de decência, um pouco de humanidade - ou
nada. Parece que um sacrifício é impossível de evitar, seja
qual for o ângulo que se olhe. Mas pelo menos temos a escolha entre um sacrifício
totalmente inútil e um que pode, a longo prazo, abrir uma possibilidade, por
mais insignificante ou duvidosa que seja, de algo melhor, menos sórdido e mais
nobre, para nossos filhos… Eles vivem. Nós, os pais, perdemos. [...] Trecho
extraído da obra A Dry White
Season ( Harper
Perennial, 2006), do escritor e dramaturgo sul-africano André Brink (1935-2015), autor da frase: No amor, nenhuma pergunta é absurda...
DOIS POEMAS - JUNTOS - A água envolvendo \ nos e o por \ do sol é tudo. \ Córregos abrem caminho.
\ Convertemos numa \ cidade de cascos partidos \ e verdes dobrões. \ Ó vós,
piratas mortos \ escutai-nos! Não há \ salvamento. Tudo que \ conheces é a cor \do
quente caramelo. Tudo \ é salgado. Veja como \ nossos olhos migraram \ para o
lado alto da colina? \ Agora somos novos \ sussurros e nenhuma crista \ deixa a
água cobrir. \ Acontece repetidas \ vezes, eu em \ teu corpo e tu \ no meu
corpo. DEPOIS
DO AMOR - Mais tarde, o compromisso. \ Corpos reassumem seus limites. \ Estas
pernas, por exemplo, são minhas. \ Teus braços levam-te de volta para dentro. \
Iscas de nosso dedos, lábios \ Aceitam seu domínio. \ A roupa de cama boceja,
uma porta \ sopra vagamente entreaberta \ e suspenso, um avião \ cantarola
descendo. \ Nada mudou, exceto \ havia um momento quando \ o lobo, o famélico
logo \ que está fora de si mesmo \ deita-se levemente, e adormece. Poemas
da escritora estadunidense Maxine Kumin (1925-2014).
ANAXÁGORAS DE CLAZOMENA (500-428 a.C.) - Filósofo, biólogo, astrônomo, físico e matemático grego de Clazomenas, na Jônia, colônia grega na Ásia Menor, Fenícia, de grande tradição no comércio marítimo, que levou para Atenas a filosofia jônica de tendência mecânica e onde fundou, sob os auspícios de Péricles, seu discípulo e protetor, a primeira escola de filosofia da cidade. De espírito prático, foi um dos responsáveis por mudanças fundamentais na matemática do século V a. C, de ter elaborado teorias de indiscutível profundidade, exercer notável influência sobre a filosofia grega posterior a ele e de ter introduzido em Atenas as concepções desenvolvidas pelos pensadores das colônias helênicas. Fiel descendente da escola jônica de Tales, em função de suas opiniões científicas chocarem-se com as concepções religiosas da época, foi preso em Atenas por pregar que o sol não era uma divindade, mas uma grande pedra incandescente e que a lua era uma terra habitada sem luz própria. Foi durante este período que se dedicou com mais ênfase a pesquisa matemática. Julgado por ateísmo, foi posteriormente libertado graças a intervenção de Péricles de quem tinha sido professor, indo morar em Lâmpsaco, na Mísia, até morrer, onde fundou uma escola de filosofia e ganhou muita estima e fama junto a população local. Historicamente de suas idéias foi publicado o primeiro best-seller científico na época, Sobre a natureza. Mais filósofo da natureza que matemático, marcou-se pelo motivo grego típico: o desejo de saber. Descobriu os processos de respiração dos peixes e das plantas, explicou a inteligência dos homens e parece ter dado a explicação correta para os eclipses e acreditava que a matéria era composta de átomos. Morreu no ano do nascimento de Arquitas e um antes do de Platão e um antes da morte de Péricles. Sua obra, cuja interpretação, em parte por causa da escassez de fragmentos, é muito controvertida, pode ser situada na confluência entre a tradição milésia e o pensamento de Parmênides. Com os filósofos de Mileto, sustentava que a experiência sensorial põe o ser humano em contato com uma realidade cambiante, cuja constituição última ele pretendia encontrar. Com Parmênides, afirmava que só o ser é e o não-ser não é, porque ao ser, enquanto totalidade, não se pode acrescentar nem tirar nada. Considerava, em conseqüência, que "nada vem à existência nem é destruído, tudo é resultado da mistura e da divisão". Defendeu também a idéia de que, junto à matéria, existe um princípio ordenador, uma inteligência como causa do movimento , por isso, foi chamado de o primeiro dualista. Platão saudou com entusiasmo essa inovação, mas criticou o filósofo de Clazômenas por fazer uso insuficiente dela. Haveria um número infinito de elementos que Anaxágoras chamou de homeomerias, ou sementes invisíveis, que diferiam entre si nas qualidades. Todas as coisas resultariam da combinação das diferentes homeomerias.
Foi Anaxágoras-(+ ou - 499-428 a. C) um filósofo da escola jônica e o primeiro a se transferir para Atenas, de onde foi banido por considerar o sol uma pedra incandescente e a lua uma Terra, negando a divindade desses corpos celestes. Interessava-se muito por astronomia. Houve um processo que acabou por condena-lo, apesar de ser amigo de Péricles, seu mestre e protegido. Péricles foi um grande líder político. Sócrates que nasceu cerca de trinta anos depois de Anaxágoras também foi condenado. Atenas considerava a novidade, a filosofia, uma impiedade e ateísmo.
Anaxágoras se recusava a prestar culto aos grandes deuses gregos. Era filho de Hegesibuldo. Disse que as coisas corpóreas eram infinitas, e elas pareciam engendrar-se e destruir-se pela combinação e dissolução. No início, todas as coisas seriam infinitas em quantidade e pequenez, pois o pequeno também era infinito. Toda a matéria estava condensada. O ar e o éter são o maior conjunto de coisas. Muitas coisas de todas as espécies são contidas em todos os compostos e sementes. Em tudo há um pouco de tudo. Em cada minúscula partícula, ou semente, há uma parte de todas as coisas, pois todas as coisas são formadas por essas sementes.
Essas coisas se resolviam e separavam pela força e rapidez, a força é a rapidez que produz. E o espírito começou a se mover, e em todo movimento havia uma separação, e as partículas se desdobravam, o espírito sempre é, sempre afirma. O compacto, o fluído, o frio e o sombrio se colocaram onde se formou a terra, e o ralo o quente e o seco forma para longe do éter. As visões das coisas invisíveis são aparentes, a lua reflete os raios de sol, em sua filosofia. E as coisas, que estavam juntas foram separadas por esse espírito inteligente e puro (nous), que ordenava a matéria e se movia, separando os opostos e criando os seres diferenciados. Os graus de inteligência dos seres animados (animais e plantas) dependem da estrutura do corpo em que o nous está ligado sem se misturar. Para Hegel, Anaxágoras foi um sóbrio entre os ébrios. Fundamenta sua crítica dizendo que ele foi o primeiro a dizer que o pensamento é universal, em si e para si, o puro pensamento é verdadeiro. Universal pela noção de causalidade. Essa noção, se não é universal, se não considera a coisa em si, costuma dizer coisas como: a causa da existência do capim é servir de alimento para os herbívoros, e a destes é servir de alimento para os carnívoros, os troncos fluem para determinado lugar, pois estão precisando deles lá e assim por diante.
O nous de Anaxágoras é universal, move-se para diante. Cada idéia é um círculo de si mesma, e o bem universal de sua espécie. O nous é a alma que a tudo move, que liga e separa, uma atividade que põe uma primeira determinação como subjetiva, mas essa é feita objetiva, e assim se torna outra, e de novo esta oposição é sobreposta, assim até o infinito. Isso é dialética. Veja mais aqui e aqui.
FONTES:
ARANHA, Maria Lucia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1994.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Atica, 2002.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
PADOVANI, Umberto; CASTAGNOLA, Luis. Historia da Filosofia. São Paulo: Melhoramentos, 1978.
PESSANHA, José Américo Motta (Org). Os pré-socraticos. São Paulo: Abril, 1978.
SOUZA, José Cavalcante. Os pré-socrático. São Paulo: Abril, 1978.
WEATE, Jeremy. Filosofia para jovens. São Paulo - Callis, 1999.
Veja
mais sobre:
A mulher na antiguidade, Max
Planc, Edgar Allan Poe, Louise Glück, Daniel Goleman, a música de Shirley
Horn, Mark Twain, a pintura de Edouard Manet, a gravura de Johann Theodor de Bry, Ana Paula
Arósio, Demi Moore & Alessandra
Cavagna aqui.
E mais:
Mário
Quintana, François Truffaut, Voltaire, a comunicação de Juan Diaz Bordenave,
o folclore de Luís da Câmara Cascudo, a música
de Daniela Spielmann, o teatro de Sérgio Roveri
& Tuna Dwek, a arte de Jeanne Moreau, a pintura
de Hans Temple & Anita Malfatti, Gerusa Leal &
Todo dia é dia da mulher aqui.
Helena
Blavatsky, João Ubaldo Ribeiro, Stendhal, a pintura de Édouard Manet, a música
de Vital Farias, Cacá Diégues & Jeanne Moreau aqui.
Proezas
do Biritoaldo: quando
risca fogo, o rabo inflamável sofre que só sovaco de aleijado aqui.
Invasão
da América aos sistemas penais de hoje, Joan Nieuhof, Décio Freitas & Palmares, Pesquisa em História, Guerra dos
Cabanos, Luta Camponesa & História do Brasil aqui.
Hannah
Arendt, Eric Hobsbawm, Fundamentos da História do Direito, Fernand Braudel
& a História, Abraham Kaplan & A Conduta na Pesquisa aqui.
Das
quedas, perdas & danos aqui.
Violência
contra a mulher, Heleieth Saffioti, Marta Nascimento & Poetas do Brasil aqui.
O
Feminismo & a História da Mulher, Masculino & Feminino, Psicologia
Escolar & Educacional, Pluralidade de Família & União Estável aqui.
Jacques
Lacan, Direito de Família, Alimentos Gravídicos & Realacionamentos
Pós-Modernos aqui.
A
aprendizagem observacional de Albert Bandura & Direito Autoral aqui.
Pierre
Lévy, Cibercultura, Capitalismo Global, Linguagens Líquidas & Narrativas
Midiáticas Contemporâneas aqui.
Poetas do Brasil: Ari Lins Pedrosa, Ana Paula
Fumian, Frederico Spencer & Suzana Za’za Jardim aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Todo dia é dia da mulher aqui.
Palestras: Psicologia, Direito & Educação aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora Tataritaritatá!
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
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