ENFRENTAMENTOS,
SUPERAÇÕES & A VIDA – UMA: FAZER O
MELHOR QUE PUDER – Estava eu nos altos e baixos da vida, tentando fazer o
melhor que pudesse para superar tudo quanto passava em minha vida e, num
determinado momento, me peguei lendo uma entrevista da física estadunidense, Katherine
Freese, que desenvolvia um trabalho
na área de cosmologia teórica com interface da astrofísica e física de
partículas. A certa altura da entrevista me peguei com o que ela dizia: Sinto que há problemas de física que temos de
responder, e podemos respondê-los neste universo, neste pedaço do universo em
que vivemos. Acho que é nosso trabalho tentar fazer isso, e não é bom o
suficiente para eu desistir e dizer, bom, tem que ter esse valor porque senão
não poderíamos existir. Acho que podemos fazer melhor do que isso... Foi
o estalo, me levantei peito estufado e segui em frente. DUAS: DOS VAIVEM DA
VIDA – Lá estava eu me achando pronto pra vida e não estava tão firme assim.
Bastou-me ler um trecho duma entrevista da atriz, roteirista e produtora
estadunidense, Brooke Adams,
para eu me dar conta disso. Dizia ela: Eu queria ser uma estrela de cinema e pensei
que seria uma estrela de cinema desde muito pequena. Foi apenas algo que eu vi
no meu futuro. Mas de alguma forma, quando aconteceu, eu não estava pronta para
isso... Acontece. E não foi uma ou duas, nem três, muitas. TRÊS: REPASSANDO A VIDA – No meio dumas recaídas me
peguei lendo Dans ma chair (Em minha
carne - Michel Fafon, 2007), autobiografia da modelo e ativista guineense Katoucha
Niane (1960-2008), na qual ela expressava um ditado africano: Tenho dedos compridos para pegar dinheiro e
grandes espaços entre eles para deixá-lo cair... Mais adiante ela
expressava o que diziam quando ela decidiu se tornar modelo: Eu seria famosa, seria uma grande estrela.
Disseram que eu acabaria uma puta... Tive sorte, muita sorte... Eu incorporei o
tipo de feminilidade mais arrogante e admirado, eu que deveria ser diminuída...
Ela abandonou as passarelas para fundar campanha Katoucha Pour la Lutte Contre l'Excision, retornando ao Senegal
para tentar persuadir as mulheres a abandonarem a prática da mutilação genital.
Em 2007 publicou sua autobiografia, na qual trata a respeito do assunto como se
realizasse um exorcismo de sua excisão, tentando entender o que sua mãe havia
feito e a razão disso. Durante a campanha planejava estabelecer um lar para
órfãos no Senegal. Os seus casamentos findaram em divórcios e ela estreou no
cinema com uma adaptação do romance Ramata, do escritor senegalês Abbas Ndione,
ocasião em que morava em uma casa flutuante no Sena, aparecendo, depois de 24
dias de buscas, boiando morta nas águas. E vamos aprumar a conversa!
DITOS &
DESDITOS - Todos os dias, durante
todos esses anos eternos, eu disse a mim mesmo em desespero: por que não morrer
hoje e também amanhã?... É a vida, a vida como ela é, a vida em sua majestade
nua, a vida em seu poder e plenitude, a vida, vivendo a vida real - é isso, e
somente isso, que consegue arrebatar as pessoas... Pensamento do filósofo
anarquista e ativista norueguês Hans Jæger (1854-1910), integrante do
grupo autoproclamado os Boêmios de Cristiania.
ALGUÉM FALOU: Uma vez que você tenha percebido que
a vida é muito cruel, a única resposta é viver com o máximo de humanidade,
humor e liberdade que puder... Pensamento da dramaturga inglesa Sarah Kane (1971-1999). Veja mais aqui, aqui e aqui.
SEMIÓTICA - [...] o
sentido enquanto forma do sentido, pode ser definido então como a possibilidade de transformação do sentido [...] Ao lado de uma
semântica interpretativa, cujo direito de existência não é mais contestado, a
possibilidade de uma semiótica formal, que procuraria dar conta apenas das
articulações das manipulações de quaisquer conteúdos, define-se cada vez mais.
Determinar as múltiplas formas da presença do sentido e os modos de sua existência,
interpretá-los como instâncias horizontais e níveis verticais da significação,
descrever os percursos das transposições e transformações de conteúdos, são tarefas
que, hoje em dia, já não parecem utópicas. Só uma semiótica de formas como esta
poderá surgir, num futuro previsível, como a linguagem que permite falar do
sentido. Porque a forma semiótica é exatamente o sentido do sentido. [...]. Trechos extraídos da obra Sobre o
sentido – ensaios semióticos (Vozes, 1975), do linguista lituano Algirdas
Greimas (1917-1992), que na obra Maupassant - La sémiotique du texte: exercices pratiques (Du Seuil, 1976), assinala que: [...] Se existe um campo
em que as pesquisas semióticas parecem ter conquistado um lugar próprio, é sem
dúvida o da organização sintagmática da significação. Evidentemente, não se
trata nem de um saber indiscutível, nem de aquisições definitivas, e sim de uma
maneira de abordar o texto, dos procedimentos de sua segmentação, do reconhecimento
de certas regularidades e, sobretudo, de modelos de previsibilidade da
organização narrativa, modelos aplicáveis, em princípio, a todo tipo de textos
e até mesmo, a partir de extrapolações justificáveis, a sequências, mais
estereotipadas ou menos, de comportamentos humanos [...]. Já na obra Semiótica e
ciências sociais (Cultrix, 1981),
expressa que: [...] Para abordar o
problema dos textos que possuem uma certa organização transfrástica, existem
duas atitudes que correspondem, grosso modo, às tendências atuais da linguística.
A abordagem gerativa consiste teoricamente em partir do que se considera como
estruturas elementares e profundas do texto, para remontar, através das diferentes
articulações da significação – e procurando explicitar suas regras – até a
manifestação que aparece como texto redigido numa língua natural qualquer. A abordagem
interpretativa, que lhe é paralela, leva em consideração o texto manifestado e
procura dar conta dele através dos processos de descrição que visam à construção
dos modelos e das metalinguagens, isto é, que procuram atingir definitivamente
os níveis de abstração ou de profundidade cada vez mais afastados do texto,
para encontrar nele as estruturas elementares que o comandam. [...] Existem, de fato, duas segmentações
possíveis: por um lado, a segmentação do texto como ele aparece em língua
natural, a segmentação do discurso em suas partes constitutivas, e, por outro,
a segmentação, também possível, do texto considerado como uma narrativa, em suas
unidades narrativas. Veja mais aqui.
PELA ESTRADA - [...]
você entra e vê todas as porcelanas e copos, que são
polidos e polidos e colocados sobre a mesa. -Bobagem, minha menina, ele diz. Besteira - eu disse isso... -Você só fica aí deitado [...] foi para frente e para trás. Acendeu uma luz na cozinha e brincou com as
rosas do quarto em cima da cama. Katinka sentou-se silenciosamente em seu canto e ouviu
apenas o nome dele, que não parava de voltar. [...] Eles viram o Ottetoget partir. Um único fazendeiro apareceu na plataforma e os
cumprimentou ao passar e voltar para casa. Então eles desceram para o Jardim. As cerejeiras estavam em flor. As folhas brancas
deslizaram como uma chuva brilhante e brilhante através do ar de verão para o
gramado. Sentaram-se em silêncio e olharam para as árvores brancas. Era como se o silêncio da noite sobre a planície
envolvesse tudo. Na cidade, ouviu-se um portão sendo fechado. O gado
cantou nos campos. Katinka falou sobre sua casa. Sobre os amigos e os irmãos e a velha
fazenda cheia de pombos. -E então—no novo apartamento—com Mo'er—quando Fa'er
morreu... - Sim, foi uma época feliz…. - Mas então eu me casei. A casa olhava
para a neve macia das flores das frutas, que caíam tão levemente A grama.
-Thora Berg, onde ela estava alegre... À noite, quando ela veio da companhia—com
toda a guarnição em seu encalço e jogou areia em todas as janelas da cidade.—
Katinka ficou sentada por um tempo. - Ela está casada com a gente agora [...]. Trechos extraídos da obra Ved Vejen (CreateSpace, 2013), do escritor dinamarquês Herman Bang (1857-1912).
ABRIR DE OLHOS - Pensamento dando
para pensamento \ Faz de alguém um olho. \ Um é a mente cega-de-si, \ O outro é
pensamento ido \ Para ser visto de longe e não sabido. \ Assim se faz um
universo brevemente. \ A suposição imensa nada em círculos, \ E cabeças ficam
mais sábias \ Enquanto notam a grandeza, \ E a dimensão imbecil \ Espaça a
Natureza, \ E ouvidos reportam primeiro os ecos, \ Depois os sons, distinguem
palavras \ Cujos sentidos chegam por último ─\ Vocabulários jorram das bocas \ Como
por encanto. \ E assim falsos horizontes se ufanam em ser \ Distância na cabeça
\ Que a cabeça concebe lá fora. \ O maravilhar-se, que escapa dos olhos, \ Regressa
a cada lição. \ O tudo, antes segredo, \ Agora é o conhecível, \ A vista da
carne, a grandeza da mente. \ Mas e quanto ao sigilo,\ Pensamento individido,
pensando \ Um todo simples de ver? \ Essa mente morre sempre instantaneamente\ Ao
prever em si, de repente demais,\ A visão evidente demais,\ Enquanto lábios sem
boca se abrem\ Mundamente atônitos para ensaiar\ O verso simples e
impronunciável. Poema da poeta estadunidense Laura Riding
(Laura Reichenthal – 1901-1991).
Veja mais aqui, aqui e aqui.
DOIS POEMAS &
UM DEPOIMENTO ERÓTICO – PLENITUDE - Enquanto nos
desnudamos, \ Afogueados em profundo desejo,\ Tuas mãos a acariciar-me,\ Minhas
mãos a te procurarem,\ O abraço aconchegante e prazeroso,\ O beijo que encontra
nossas bocas\ A se desejarem em agonia,\ Meus lábios úmidos colados aos teus, \
Nossas línguas ansiosas a se falarem,\ Já nem temos noção do que nos cerca.\ Enquanto
nos tornamos único ser,\ Almas sonhando os mesmos sonhos,\ Corações a bater em
uníssono\ Corpos a se fundirem em alucinação,\ Coxas a se entrelaçarem em
ânsia,\ Músculos tensos de tanto desejo,\ Procurando o supremo prazer,\ Só
pensamos no nosso amor.\ Enquanto saciamos a sede mútua,\ Nesse amor louco e
estonteante, \ Oferta inexplicável e maravilhosa, \ Querendo expulsar tanta
saudade,\ Vamos adentrando os caminhos,\ Devagar e misteriosamente,\ Encontrando
nessa completa fusão,\ O paraíso , gemendo de paixão,\ A concretizar o sonho em
plenitude. INEBRIANTE
PRAZER – Não conseguia conter a excitação que me transtornava ao vê-lo ali a
poucos passos e nem me apercebia do que acontecia ao meu lado acima ou abaixo. Meu
corpo todo fremia numa espécie de ardido a um tempo vibrante e ansioso. Minhas
pernas tremiam e meus olhos estavam fixados neles como em êxtase. Não
conseguimos nos conter e sem falar uma palavra aproximamo-nos sentindo um
frêmito aterrador e maravilhoso. O beijo foi longo, nossas línguas queimavam de
desejo reprimido e ele me arrancou o vestidinho leve de verão enquanto eu
tentava vorazmente desabotoar sua camisa. A música leve fazia-me ainda mais
vibrante e a calcinha de renda negra, que deixava entrever minhas feiticeiras nádegas,
eu tirava devagarzinho ao ritmo eletrizante e dançando até voltar aos seus
braços. Ele permanecia em rigidez absoluta completamente dominado pelo frêmito
de meu corpo que se encostava ao dele intensamente molhado de suor e escaldando
de desejo. E pude beijar seu pênis com alucinação, lambendo-o e com a língua a
fazer evoluções espontâneas e ele então alcançou a fonte úmida e latejante onde
explorou de todas as maneiras alcançando as superfícies mais sensíveis e bebeu
tentando matar a sede insaciável. Eu gemia num estertor de prazer. Sua boca
viajava pelo meu corpo deixando-me alucinada, sempre pedindo mais, quase
implorando que ele não parasse nem por um instante. E lambi seu corpo todo
vibrando em cada segundo depois da espera longa e inclemente. Já quase mortos
de prazer, após a penetração laboriosa, lenta e sedutora, e gozos intercalados
de beijos sedentos e cultivados com paixão extrema, a excitação contida há
longo tempo voltou ainda mais forte. E no extremo do ardor incontido, pleno e,
em ânsias a transbordar insinuantes e sensuais desejei que penetrasse o espaço
mais aconchegante de meu corpo em delírios. Fascinantemente virei-me enquanto
ambicionava desfrutar o desconhecido afrodisíaco e ele gritava em
deslumbramento, o rosto transtornado de prazer, o pênis inchado e soberbo a
procurar o caminho da fantasia real e paradisíaca. E ali no extremo do prazer
só sentimos o escuro dourado e inconsciente do gozo indescritível a se
manifestar e esparramar no fluido líquido e viscoso que eu aspirava inebriada. DEPONDO - Eu rastejo como uma fera no cio sim,
porque estou mesmo como uma fera no cio. É assim que estou me sentindo e
rastejo com vontade, com prazer enlouquecida, por seu amor e pelo pênis rijo dele
que é meu. Louca de paixão Nem penso nem me interesso por humilhação. Isso não
existe para mim em relação a ele. Faço tudo que quiser para reconquistá-lo.
Sofri demais com sua ausência, você não sabe , mas sofri de verdade. Sabe por
que? Porque não entendo a vida sem você e “o que é meu” e como já disse um dia
será meu para sempre. Lembra quando nos encontramos naqueles dias maravilhosos?
Você estava dormindo ainda quando acordei louca pelo “que é meu”. Isso não
mudou, todas as horas dos dias penso nisso e morro de desejo de pegá-lo carinhosamente,
colocá-lo suavemente na minha boca e lambê-lo, beijá-lo muito, passar a língua
e depois de beijar e adorar, chupá-lo e todo o seu corpo tê-lo dentro de mim
com você me penetrando lá no fundo de minhas entranhas. Mesmo longe sinto “o
que é meu” em mim. Quero deitar de bruços para que ele sinta o gozo delirante
em meu ânus e em todas as partes do meu corpo. Preciso disso porque sou
inteiramente sua. E é através dele que sentirá quanto lhe desejo, quero que ele
passe por todo o meu corpo enquanto você anseia a minha fonte entregue para
você e para ele em delícias alucinantes. É isso que quero do “que é meu”.
Agora, nesse momento em que escrevo estou sentindo “o que é meu”, porque um dia
ele será só meu para sempre. E inundará meu corpo de prazer jamais conhecido
por você. O meu amor por ele e por você é paixão-loucura, capaz de tudo para
sua conquista completa. Eu rastejo, podemos sentir tudo isso na cama e em todas
os cômodos da casa. E muito mais. Não sabe como estou excitada e tremendo agora
só de pensar nisso tudo. Posso ajoelhar no chão e lamber e chupar ele todo com
angustiante desejo que ele ficará para sempre em mim. Você é tudo na minha vida. Não consigo deixar de pensar em você, em nós,
quero seu colo, quero “o que é meu”, quero você. E de uma forma tão intensa que
até eu me assusto. Desesperadamente. Nunca pensei amar com tanta intensidade,
desejando tudo, corpo e alma. E sentindo você muito meu e para sempre. Se estou
acordada estou pensando em você, se estou dormindo meus sonhos eróticos com
você são tão intensos, que acordo trêmula e latejante. E esses dias que
estávamos afastados quase enlouqueci. Não é uma metáfora, é realmente uma
paixão que parece um vulcão me conduzindo. Meu coração bate descompassado, meu
corpo treme e sinto arrepios da cabeça aos pés. Nem nos meus sonhos mais loucos
senti a dimensão dessa paixão avassaladora. Quero você, meu amor. Mas quero
demais, demais, demais! Beijo você todinho. Ah, como anseio beijar seus lábios
sentindo sua língua e devorando tudo em você, meu amor. Poemas e
textos da escritora Vânia Moreira Diniz. Veja mais aqui, aqui e aqui.