sexta-feira, março 08, 2013

BEVERLY CLEARY, JUNG CHANG, LADY GREGORY, MARQUINHOS CABRAL & POETAS DO BRASIL




Marquinhos? Ah, esse eu conheço de longa data.

Maiquim, meu parceiro de peraltices.

Ainda me lembro quando menino, Marquinhos lá em casa, pedras nas vidraças, atrepados em pés de árvores, pulando pó-de-serra atrás da maçonaria, correndo bicho, atiçando briga, ou na maior das fuleragens na companhia do Marcelo.

A gente traquinava noite adentro, madrugada afora.

Minha mãe não sei quantas vezes mandava Marquinhos e Marcelo simbora. E eu ficava lá sozinho sem reinações. Mas eu fugia, às escondidas, e lá pras tantas a gente tava tocando fogo no mundo.

Quando não era sob a vigilância de Pai Lula e Carma, presepando pelos beliches e cumeeiras.

Coisas da infância mais gostosa de vida. E de adolescência também.

Marquinhos sempre cantou bonito.

A gente crescia de nem saber do tempo ouvindo Secos & Molados, David Bowie, Alice Cooper, Black Sabbat, Yes, Rita Lee, bossa-nova, xote, baião, clássico, jazz, o escambau.

Marcelo virou puara e a gente só ria nas mangações.

Frevos e presepadas sempre. E Marquinhos cantando que só. Cantava e namorava pelos bailes das diversas bandas festeiras do Recife e região.



Uma vez fiz uma música com Fernandinho Melo e chamamos Marquinhos pra cantar no festival. Nem lembro mais o nome da música, sei que Marquinhos abafou e tiramos segundo lugar.

Entre piadas, pinóias e maloqueiragens a gente foi crescendo e saindo da adolescência, enquanto Marquinhos na loja fazia de tudo, menos vender sapatos e roupas. O bicho dava cada fugida de todos procurarem por dias.

Quando eu chegava lá, ou Paulo, ou Pai Lula, ou Deínha ou quem quer que seja dizia logo:

- Quer se esconder de Marquinhos? Fique aqui na loja que ele não aparece.

A gente pelejava fazer músicas. Nunca deu uma parceria de caldo nem de nada. Mas curtíamos muito nas risadagens mais soltas e no embalo dos mais variados sons.

Foi ele mesmo que me levou uma vez pro instrumental dos Trepidantes para eu gravar umas musiquinhas que eu tinha feito. Algumas resistem até hoje, outras se perderam na memória.

Um dia vi Marquinhos cantando na Turma do Pinguim, na praia de Tamandaré. Curti demais.

Depois me deu um cd dele na Turma do Shampoo.

Ô cara andejo esse Marquinhos.

Hoje recebo dois CDs duma lapada só: “Viva o congresso nacional!” e “América em canção”.



Continuo dizendo: Marquinhos canta bonito que só.

Ouvi os dois CDs. Maravilha! Simplesmente arretados.

Gostei de conhecer a versatilidade da parceria Zé Linaldo e Genesio Cavalcanti.

Linaldo é outro que conheço de datas, cabra bom, canta divinamente bem, compõe melhor ainda. Ele gravou com Cikó Macedo a minha parceria com Mazinho, Entrega. E a gente tem se encontrado vez em por outra por aí. Arretado o cd dele, já comentei aqui.

Já Genésio-a-mulé-do-vizinho também conheço desde menino. Cabra bom também, escreve bem pra porra. Duca. Já viramos muitas cachaças e madrugadas de porres.

Aí como a gente diz: Deus fez, o diabo ajuntou Marquinhos, Linaldo e Genésio. Tudo bebedores das águas do Una, tomadores de banho de Pirangi e Riacho dos Cachorros, embeiçadores dos birinaites mais variados e aprontadores das presepadas mais descabeladas das previsões de Hermilo Borba Filho, Ascenso Ferreira e Luiz Berto.

Esses tres cabras têm canja pra topetar o que der e vier. Se brincar, os três têm cardan para destronar deus e o diabo. Verdade!

Quem ouvir os dois CDs verá que o tripé aí é dos bons, um trio pra lá de parada dura. E verá baladas, baladinhas, baladetas, sambas, canções, cançonetas, lambadas, countrys, folks, rock, rap, baiões, sacadas e poetadas. Tudo do melhor calibre.

Destaco: “Pivete”, “Naufrago”, “Prazer da fama”, “Filhos do sol, filhos da rua”, a interpretação do Mazinho em “Mar da paixão” e a de Bony no “Amor ao sul do hemisfério”.

O resto é tudo tão bom que não dá para escolher qual a melhor.

E salve Marquinhos, Genesio & Linaldo!!!!

Veja mais de Marquinhos Cabral no MySpace, no Palco Principal e no Portal Pernambuco Nação Cultural. E vVeja mais Crônicas Palmarenses
 
 

DITOS & DESDITOS - O que é mais branco do que a neve? A verdade. Qual é a melhor cor? A cor da infância. O que é mais quente que o fogo? 'O rosto de um homem hospitaleiro quando ele vê um estranho entrando e a casa vazia. O que tem um gosto mais amargo do que o veneno? A censura de um inimigo. O que é melhor para um campeão? Suas ações devem ser altas e seu orgulho baixo. Qual é a melhor das joias? Uma faca. O que é mais afiado do que uma espada? A sagacidade de uma mulher entre dois homens. O que é mais rápido que o vento? A mente de uma mulher. Reflexões da dramaturga e folclorista irlandesa Isabella Augusta Gregory (1852-1932), mais conhecida como Lady Gregory, autora do poema: Se o ano passado me fosse oferecido novamente, \ E escolha do bem e do mal diante de mim definido \ Eu aceitaria o prazer com a dor \ Ou ousaria desejar que nunca tivéssemos nos conhecido? Veja mais aqui.

 

ALGUÉM FALOU: A capacidade humana para sobreviver e buscar a felicidade é indestrutível... Se você tem amor, até mesmo a simples água fria é doce. Siga na direção para a qual a sua cabeça aponta. Muitas camponesas que vinham para a cidade mudavam de trajes para não parecer caipiras. Mas ela era inteiramente descontraída com suas roupas, o que mostrava a força de seu caráter. Pensamento da escritora chinesa Jung Chang. Veja mais aqui.

 

A PRAGA DE RAMONA - […] Ela não era uma adulta lenta. Ela era uma garota que mal podia esperar. A vida era tão interessante que ela tinha que descobrir o que aconteceu a seguir [...] As palavras eram tão intrigantes. Presente deve significar um presente, assim como ataque deve significar cravar tachas nas pessoas. [...] Eu não sou uma praga", Ramona Quimby disse a sua irmã mais velha, Beezus. [...]. Trechos extraídos da obra Ramona the Pest (Scholastic, 1999), da escritora estadunidense Beverly Cleary (1916-2021), autora da frase: A solução de problemas, e não estou falando de álgebra, parece ser o trabalho da minha vida. Talvez seja o trabalho da vida de todos.

 

A POESIA DE SANDRA FAYAD - Se te quero pouco, / tu me buscas ansioso. / Se te busco menos, / mais te tornas ganancioso. / Se te peço tempo, / Tu te mostras intransigente. / Se te quero muito, / me apareces vaidoso. / Se te busco mais, / mais te revelas ausente. / Se te nego tempo, /meu desejo te parece exigente. / Mas, se te procuro ofegante, / e também me caças triunfante / Se te busco contente, / e te agrada o meu anúncio publicitário / Se te espero embalada em papel de presente, / E vens como se fugisses de um aviário / Se me mostro indolente, / quando queres nosso tempo preguiçoso / Forma-se uma perfeita sintonia de desejos, / ainda que nosso amor pareça fantasioso. Poema Caça triunfante, da escritoramiga e ambientalista Sandra Fayad. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

A POESIA DE PAULO PROFETA – Linda fonte de beber / teu corpo, escultura de prazer. / Quero sempre em tuas curvas sobrar / e no perfume de tua mata me molhar. / Quero nos teus lindos e fofos montes / subir, descer / e no teu leito, / cheiro de gente, / de ser, / poder me perder. / E saber / que apesar de tudo - e sobretudo, / estamos sós e somente, / seculando um minuto / pois o que restou do dia, / o que restou do mundo, / pra mim é você. Poema Mulher seculada, do escritor e artista plástico Paulo Profeta. Veja mais aqui e aqui.

A POESIA DE GISELE LEMOS/DIANA BALIS - Ela o encontrou no almoço informal. / Seu desejo era lúcido. / Ele negava o afeto, num passado de medo. / As lembranças ficaram para trás? / O tempo amarelou o desejo entre os dois? / Tudo era sensualidade: os olhares, o toque, o beijo. / Os sentimentos dela não se perderam no tempo. / O momento deveria ser de sedução. / Ele escolhe a comida japonesa cálida, porem, era intencional. / Ele não poderia agüentar mais um golpe do destino. / Há emoção brotando. Ela de novo em seus braços? / Diferente dos sonhos da adolescente apaixonada que partia, / Ela imaginava o encontro amoroso com alegria. / Ele pensava num jeito de fazê-la esquecer. / Ela o queria lembrando de tudo! / Sua comida quente eram os frutos do mar, / E muitos morangos com calda de chocolate na sobremesa. / Ela levantou-se ao toalete seduzindo-o / Ele observa-a tímido e desejoso, / Ela voltou e entregou-lhe um pacote, / Ele não poderia abri-lo naquele momento! / Eles se despediram. / O seu corpo encostado aos seios dela ofegante. / Grande sensação, as lembranças dos corpos colados, / Coxas e abraços na sensualidade, o desejo vingado no beijo. / Ela abanou os braços na despedida silenciosa. / Ele entrou no carro e sentiu o pacote macio e leve. / Sensual, ela estava de vestido curto, / Ele agora a desejava. / Lembrou-se, quem era ela? / A sua nua mulher, / Presenteou-o com a calcinha. Poema O jogo da sedução, da poeta Diana Balis, pseudônimo da escritora, psicóloga e professora de teatro e musicalização infantil, Gisele Lemos. Veja mais aqui, aqui e aqui.

A POESIA DE CARLOS GILDEMAR PONTES - Pegar um carro e partir louco / rumo ao desejo / depois desejar fugir / para o esconderijo dos anjos / os becos escuros / onde dormem os trombadinhas / e a minha infância / lembrar das miças adolescentes / com seus peitos adolescentes / furando a eternidade / fumar junto com elas / seus primeiros cigarros / fumegando suas taras / no meu corpo escancarado / retorcido de paixões moleques /; puro como o leite dos peitos das putas / como os filhos dos filhos da puta / beber os olhos das putas / a solidão de todos os homens / farejar em seus corpos / o perfume das éguas no cio / e desencarnar estúpido e ruidoso / a saliva grossa de deus. Poema Como o leite das putas (Metafísica das partes, 1991), do poeta cearense Carlos Gildemar Pontes.

A POESIA DE RITA SHIMADA COELHO - O vento quente sopra como um chamado / Que a arrebata novamente às areias do deserto... / Excita-se no suor que escorre na pele: toque inflamado... / O motivo latejante escapa-lhe entre gemidos... Incerto! / Sua pele coberta por véus transparentes / Que revelam os mistérios quase despidos de mulher-menina... / É véu... É corpo... Dançando ao vento indulgentes... / Desabrochando a flor úmida cujo mel escorre na mina! / Segue em marcha solitária por entre as dunas eternas... / Monumentos erguidos que retratam suas curvas... / Buscando pelas mãos que acariciavam... Tão ternas... / Buscando clareza nas imagens ilusórias... Tão turvas... / E jogando-se prostrada sobre as areias onde afunda... / O tempo escorre-lhe entre os dedos trêmulos... / Aumentando o anseio que a saudade profunda, / Transforma águas salinas nos olhos em pêndulos... / Sob o Sol que acaricia abrasando o desejo oprimido... / Aprisionado entre as colunas que se erguem ostentosas... / Delira entre murmúrios e gemidos... Amor sofrido... / A falta do seu Oásis em mil e uma noites prazerosas! / Segue oculta entre os véus de seus mistérios / Tão eternos quanto as areias do deserto escaldante... / Nos braços, no beijo e no coração de seu amado... Refrigérios... / Miragem de fonte em águas límpidas... Abundante! Poema A busca – A dançarina do deserto II, da escritora, cantora, compositora e artista plástica Rita Shimada Coelho. Veja mais aqui e aqui.

A POESIA DE LUIS INÁCIO ARAUJOO meu poema armado / com lacônicas palavras / (contundente arpejo) / canta-se assim torto / como não convém / e maneja facas / lâminas secas / pra te dizer certas coisas / que te fariam sangrar / profundamente. Poema A palo seco, do poeta maranhense Luís Inácio Araújo.

A POESIA DE HELENA CRISTINA BUARQUE - Adoro sentir teu cheiro / Lamber você por inteiro / Ver seu corpo contorce-se sobre o meu / Sentirmo-nos inundados por inteiro... / E depois do ato por hora acabado / Descansar ao seu lado / Suada, molhada, mas o melhor de tudo SATISFEITA! Poema Sentidos, da poeta paranaense Helena Cristina Buarque. Veja mais aqui e aqui.

 

GINOFAGIA LITERÓTICA

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PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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