O FRUTO COROADO DA BROMÉLIA, A PINA DOS 100 OLHOS – Que
abacaxi é esse, hem! Ah, vou contar: a bromélia tem mais de três mil irmãs,
todas bonitas ao seu modo e jeito. A primeira foi a Piña, presente dado pelos
nativos da ilha de Guadalupe, no mar das Antilhas, ao forasteiro Cristóvão
Colombo, que aportava da sua segunda viagem por aquelas bandas. A outra, a
Karatas, caiu nas graças dum explorador francês no século XVII, um tal Charles
que era Plumier. E este, por causa dum botânico chamado de Olav Bromel, mudou o
nome dela para bromélia. Ah, tem a africana Pitcairnia Feliciana, lá em Guiné.
E a maior delas está num povoado do Altiplano Andino, distante somente uns
oitenta quilômetros de La Paz. É a Puya raimondii Harms, uma grandona duns 14 metros de altura, com
mais de cem anos e uma inflorescência de seis metros ou mais, que se encontra
no povoado de Comanche, do aymara: pedra lisa. Quando madura ela emite um
pendão altíssimo, com milhares de flores, e morre queimando sozinha, de dentro
pra fora. No Brasil ela tem vasta titulatura, sendo conhecida como
carauá, caraguatá, carandá e caraguá, influenciando nomes de algumas cidades,
como Caraguatatuba, Gravataí. Afinal, bromélia que se preze tem um fruto
coroado, senão não vale nada! Sabe da Pina... Ah, a que
Colombo quando viu chamou de Piña! Não, a menina que era muito bonita, porém,
egoísta e preguiçosa. Não ajudava nos afazeres domésticos. Um dia, sua mãe e
irmãs estavam doentes e ela recusou-se ao serviço caseiro. Irritada com isso a
mãe rogou-lhe uma praga: que ganhasse cem olhos para ver o tratamento que
dispensava aos parentes. No dia seguinte
ela desapareceu e, meses depois de muita procura, foi encontrada, de pé e plantada
no chão com os cem olhos, conforme os desejos maternos. Será o Ananás! Na
colina da Guia do jardim de Macau há um poço. Pela redondeza vive um ferreiro
muito pobre na Travessa dos Diabinhos que pede ajuda todo santo dia aos
vizinhos porque precisava sustentar sua esposa e filhos. Um dia ele ganhou do
vizinho três sacas de arroz e ficou muito feliz. E foi só. Passaram os dias e
ele resolveu ir à cidade e só voltaria quando juntasse dinheiro. Foi ao bairro
mais rico do lugar e o pedinte não arranjou nada. Sem coragem de voltar com as
mãos abanando decidiu ficar na rua. Começou, então a chover de repente.
Abrigou-se e uma senhora deu-lhe uma manta velha para se cobrir. Ele agradeceu
e se dirigiu até o jardim. Lá as ramagens das arvores e folhas bailavam e ele
com os ossos enregelados, perseguia sua caminhada cambaleante de sono e sem ter
pra onde ir. Foi então que sentiu o cheiro de ananás, mas não havia plantação
ao redor, nem era época. Questionou-se sonhar ou mesmo delirar de faminto.
Perscrutou e percebeu que o aroma vinha do poço. Já amanhecia, descalçou-se e
foi até o fundo do poço que estava seco e dava pruma caverna. Dentro dela,
ananases. Pegou um dos maiores, enrolou na manta e voltou a subir para o
rebordo do poço. Agradeceu e seguiu para casa. No dia seguinte lá voltou e
colheu outro para vender no mercado. Assim feito, voltou pra casa, abraçou a
esposa e os filhos. Ela, então, fez-lhe um pedido: Não vá mais embora. Ele
então comentou que tinha um segredo que resolveria os problemas, prometendo
sair de manhã para trabalhar e logo regressar ao final do dia. Segredo? Sim. E
assim foi por vários dias, até o momento que ao sair do poço deu de cara com um
rapaz cheio de perguntas. Não sabia mentir e contou. Não era a época do fruto,
mas assegurou que se reproduzia todos os dias. Quero ver! Ao descerem o rapaz
caiu desamparado. Ele preocupou-se e não obteve resposta, desceu e chegando lá,
não havia plantas mágicas, o rapaz foi encontrado sem vida. A família do rapaz
caiu em prantos quando soube, condenando que havia um espírito mau no poço.
Então tamparam e junto do poço emergiu uma lápide de pedra com dois ananases e
duas tíbias cruzadas. Foi aí que ele percebeu que não deveria ter revelado o
segredo. Tem outra: Um dia uma princesa muito doce e perfumada declarou seu
amor pro guerreiro mais forte, mas ele a rejeitou. Então, a princesa decidiu
que não se casaria com mais ninguém e encomendou uma roupa para afastar
qualquer pretendente que aparecesse. Coberta de espinhos, ela pôs sua coroa e
desapareceu na mata. Mais tarde, naquele lugar surgiu um doce e perfumado
fruto. Mas não é fruta! Nem o morango e o figo, também não. Que droga é nove,
então? Os tupis chamavam de yvá kati. E dele tem o vermelho espanhol do Caribe,
o Smooth Cayenne do Havaí, o Monte Lírio, o Roja Espanola, o Rondon, o de
Cingapura, o Cabezona, o Montufar, o James Queen, o Ripley, o Espanhola, o
Baron, o Maipure, o Cayena lisa, o Brechechem, o Burmanguês, o Champaka, o
Masmerah, o Valera, o da Maurícia, o PR 1-67, o Pernambucano, o Perolera e,
como o africano, tem o rainha que também é estrangeiro e cultivado na Austrália
e na África. Eita! Pros portugueses é o rei dos frutos e pode ser degustado aos
pedaços, em fatias, ou como petisco, bem como na salada com hortelã. E é bom?
Além de gostoso previne gripes e resfriados, saúde óssea, absorve o ferro,
alivia dores, ajuda na digestão das proteínas e na prevenção de doenças, como o
câncer, doenças cardíacas. inchaços e dores musculares; evita fadiga, fortalece
as células de defesa do organismo por causa da vitamica C, e traz benefícios
pro sexo. Mesmo? Pode não ser, mas há quem diga que é afrodisíaco... sim, na horagá: açucara
a vagina, sêmen adocicado – umas mocinhas mais atiradas de sapecas dizem que o
cara tem a rola doce por isso, elas que o digam. E se tomar com romã vira um
poderoso estimulante. Rapaz! E a casca? O chá da casca, quente ou frio, é uma
infusão: bote litro e meio de água numa
vasilha, junte as cascas com cinco cravos, um pau de canela e dez folhas de
hortelã. Pronto. Depois é só tomar que é um santo remédio! Previne doenças dos
ossos e é um anti-inflamatório porreta! Num diga! Ah, melhor mesmo é o aluá
ou aruá que também é feito da casca – o nome é derivado do aloá dos índios do
alto Velho Chico, uma bebida fermentada e espumante, preparada em grandes
talhas de barro e depositados na igaçaba ou no Camocim; ou mesmo do luá dos
negros Aussás, da Costa do Marfim. Maior birinaite! É bronca! Ah, o maior
buruçú! Nada. No canto XII e na estrofe XLIII do poema Caramuru, Santa Rita Durão
o louva: He o Regio Ananas, fruta táo
boa,... Que a mefma \ Natureza namorada... Quiz como rei cingilla da \
coroa:...Táo grato cheiro dá, que huma \ talhada....Surprende o olfato de
qualquer peffoa;...\ Que a náo ter do Ananas diftincto avilo,... Fragrancia \ a
cuidará do Paraifo... E eu vou entoando o de Irará de Tom Zé: ... Moça emperrada
namora \ E o noivo não quer casar \ Se apega ao bom Santo Antônio \ E o noivo
este ano ainda vai pensar... \ Falou véio \ Dá um chá de abacaxi \ De Irará \
Que é pro noivo se animar \ Falou véio \ Dá um chá de abacaxi \ De Irará...
Tem mais: tá lá no vocabulário do seuPereira: Vôte, esse não é lá muito bom no rastapé! Ouviu-se muito na
campanha abolicionista: Oxe, o Tuim ou fugiu ou foi mandado pras terras do
cabeça-chata! Mas pelo que se sabe veio mesmo do Maranhão, pelas mãos do doutor
naturalista, Arruda Câmara, lá pras bandas de Goiana. Dizem que é um ribeiro lá
das bandas do distrito da Vila de Borba, como falou um certo seu Milliel de não
sei lá das quantas – na verdade Saint’Adolphe que não era santo nem nada. Se é
duma aldeia do Xingu ou afluente amazônico, ninguém sabe mesmo se foi o fruto
que deu nome a tribo ou o contrário. O que se sabe, de mesmo, é que é do Tupi:
iba, caxi. E é cultuado pelos guaranis do Paraguai, mas não é falso não.
Expliquei amiúde o significado da encrenca
e no Terceiro Ato dos Manuscritos do Caderno, Novela Instantânea. Já descascou! ©
Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui e aqui.
DITOS & DESDITOS - O
mundo nunca viu uma nação verdadeiramente grande e virtuosa porque, na
degradação das mulheres, as próprias fontes da vida são envenenadas em sua fonte.
Cresci tão profundamente imbuída dos
direitos das mulheres que essa foi a questão mais importante da minha vida
desde muito cedo. Pensamento da ativista Quaker estadunidense Lucretia Mott (1793-1880), defensora
antiescravagista e ativista dos direitos da mulher.
ALGUÉM FALOU - Para
mim, os lugares são articulações de relações 'naturais' e sociais, relações que
não estão totalmente contidas no próprio lugar. Então, primeiro, os lugares não
são fechados ou limitados – o que, politicamente, abre caminho para críticas à
exclusividade. Em segundo lugar, os lugares não são 'dados' - eles estão sempre
em um processo aberto. Eles são, nesse sentido, "eventos". Em
terceiro lugar, eles e sua identidade sempre serão contestados (quase
poderíamos falar sobre lutas locais pela hegemonia). Se o tempo é a dimensão da mudança, então o espaço é a dimensão da diferença
coexistente. E isso é tanto uma fonte de nutrição (algo que os gurus da
globalização parecem ter renunciado) quanto um desafio (como negociar a
diferença, como lidar com a desigualdade e assim por diante). Pensamento da
geógrafa e ativista política britânica Doreen Massey (1944-2016).
O REI TRANSPARENTE – [...] Quero
dizer que nunca ninguém ganhou uma luta denfendendo-se. Para vencer, é preciso
atacar. [...] Todos estes
livros, reparo, estão a mudar-me por dentro. Eu não podia imaginar que isto de
ler era como viver. [...]. Trechos extraídos da obra Historia del rey transparente (Alfaguara, 2005),
da escritora e jornalista espanhola Rosa
Montero, que em outra obra, (Nova Fronteira, 2008) expressa que: [...] Talvez todos tenhamos dentro de nós o nosso
próprio perseguidor; talvez ele acabe sempre por nos apanhar; talvez saber isto
e não nos assustarmos seja o próprio segredo da existência [...]. Veja mais aqui e aqui.
A TERRA FINLANDESA - I - Adormecer em seu abraço, Terra dos nossos sonhos, que
felicidade, ó você, nosso berço, você, nosso túmulo, Você, a nova esperança que
sempre desejamos, Península tão bonita, Finlândia para sempre! II - O que é
aquela terra de colinas e vales Que é tão bela, A terra que brilha com os dias
de verão, A terra com as luzes do norte acesas, Cuja beleza todas as estações
compartilham, O que é essa terra tão bela? Lá muitos milhares de lagos são brilhantes Com estrelas
cintilantes à noite Lá muitos kanteles ressoam E por toda parte fazem as
encostas cantar E na charneca dourada ressoam os abetos: Essa é a terra
finlandesa. III - Bosque de Tuoni, bosque da noite! Lá teu leito de areia é
leve. Para lá, meu bebê, eu
levo. Alegria e alegria cada
longa hora rende Nos campos do Príncipe de Tuoni Cuidando do gado Tuonela. Alegria e alegria meu
bebê conhecerá, Embalado para dormir no brilho da noite Pela donzela pálida de
Tuonela. Certamente horas de
alegria durarão, Deitado em teu berço de ouro, Ouvindo o canto do nightjar. Bosque de Tuoni, bosque
de paz! Ali cessam todas as lutas
e paixões. Distante do mundo traiçoeiro. Poemas do escritor e dramaturgo
finlandes Aleksis Kivi (1834-1872).
THEODOR ADORNO (1903-1969) – Filósofo e musicólo alemão,Theodor Wiesengrund Adorno nasceu em Frakfurt, em 1903, e morreu na Suiça, em 1969. Um dos filósofos de maior influencia sobre a sociedade européia e norte-americana na década de 60, foi ainda agudo critico musical, defendendo o dodecafonismo de Schonberg e Webern contra o neoclassicismo de Stravinski. Juntamente com Walter Benjamim, Max Horkeheimer, Herbet Marcuse e Siegfried Kracauer formou o chamado Instituto de Frankfurt. O grupo trabalhou no Instituto de Pesquisas Sociais e na revista Arquivo para a História do Socialismo e do Movimento Operário. Em Viena, Adorno estudou música, especialmente composição, com Alban Berg e escreveu uma tese sobre Kierkgaard. A ascensão de Hitler ao poder levou Adorno a exilar-se na Inglaterra em 1933. Em 1937 mudou-se para os Estados Unidos, onde integrou o grupo encarregado de fazer pesquisas sociais, o qual haveria de iniciar a elaboração de um trabalho sobre o autoritarismo. Em 1950, Adorno retorna à Alemanha e, juntamente com Max Horkheimer, reconstitui o Instituto de Frankfurt. Os dois e Samuel Flowerman publicam a obra clássica A personalidade autoritária, em 1950. Adorno é considerado um dos mais importantes críticos de meados do sec. XX. Interessou-se pelos aspectos sociais da arte, especialmente a sociologia da música, tendo abordado, ainda, questões sobre a sociedade de consumo. Defendeu um novo método dialético, em parte hegeliano, em parte marxista, de modo que seus críticos mais radicais, especialmente entre os estudantes, o combateram como revisionista.
Através da Escola de Frankfurt, a análise e compreensão da comunicação é discutida de maneira objetiva, fazendo entender que todo processo de dominação, manipulação saiu da esfera física, biológica para o universo psiquico controlando consciências. Entre os principais conceitos elaborados pela Escola de Frankfurt estão o da industria cultural que é o nome genérico que se dá ao conjunto de empresas e instituições cuja principal atividade econômica é a produção de cultura, com fins lucrativos e mercantis. No sistema de produção cultural encaixam-se a TV, o rádio, jornais, revistas, ect; que são elaborados de forma a aumentar o consumo, modificar hábitos, educar, informar, podendo pretender ainda, em alguns casos, ter a capacidade de atingir a sociedade como um todo.
O conceito de cultura de massas elaborado pela escola, é conseqüência das tecnologias de comunicação aparecidas no século XX, e das circunstâncias geopolíticas configuradas na mesma época, a cultura de massa desenvolveu-se a ponto de ofuscar os outros tipos de cultura anteriores e alternativos a ela.A chegada da cultura de massa, porém, acaba submetendo as demais "culturas" a um projeto comum e homogêneo — ou pelo menos pretende essa submissão. Por ser produto de uma indústria de porte internacional (e, mais tarde, global), a cultura elaborada pelos vários veículos então surgentes esteve sempre ligada intrinsecamente ao poder econômico do capital industrial e financeiro. A massificação cultural, para melhor servir esse capital, requereu a repressão às demais formas de cultura — de forma que os valores apreciados passassem a ser apenas os compartilhados pela massa.O que a indústria cultural percebeu mais tarde (e Adorno constatou, pessimista), é que ela possuía a capacidade de absorver em si os antagonismos e propostas críticas, em vez de combatê-los. Desta forma, sim, a cultura de massa alcançaria a hegemonia: elevando ao seu próprio nível de difusão e exaustão qualquer manifestação cultural, e assim tornando-a efemêra e desvalorizada.
O conceito de reprodutibilidade técnica da obra de arte, possibilitada com os avanços tecnológicos consolidados na atualidade, gerou novas formas de encarar a arte, tanto do ponto de vista do espectador, quanto do criador. Conforme Walter Benjamin, pensador da Escola de Frankfurt, essa possibilidade "multiplicativa fere os valores que convertiam, até agora, a obra numa espécie de sucedâneo de uma experiência religiosa". A arte seria suportada por 3 elementos: aura, valor cultural e autenticidade. Esses três valores geravam a noção de beleza sobre a qual a estética clássica repousava.
O conceito de teoria crítica é uma teoria sociológica que se contrapõe aos conceitos da Teoria funcionalista. A Teoria crítica tem seu início a partir de 1923, com a fundação do Instituto de Pesquisa Social, que ficou mundialmente conhecido como Escola de Frankfurt.Um dos principais objetivos do Instituto era o de explicar, historicamente, como se dá a organização dos trabalhadores. Entretanto, os pressupostos teóricos da Escola de Frankfurt se estenderam à diversas áreas das relações sociais, entre elas a Comunicação Social. A teoria parte do princípio de uma crítica ao caráter cientificista da ciência, ou seja, crítica à base de dados empíricos e a administração destes dados para explicar os fenômenos sociais (crítica ao funcionalismo). A preocupação, pautada pela organização dos trabalhadores, está centrada, principalmente, em entender a cultura como elemento de transformação da sociedade. Neste sentido, a Teoria Crítica utiliza-se de pressupostos do Marxismo para explicar o funcionamento da sociedade e a formação de classes, e da Psicanálise para explicar a formação do indivíduo, enquanto elemento que compõe o corpo social. Esta postura se fortalece, principalmente, com o Nazismo e o Fascismo na Europa. Um dos principais questionamentos se dava no sentido de entender como os indivíduos se tornavam insensíveis à dor do autoritarismo, negando a sua própria condição de indivíduo ativo no corpo social.
O conceito de comunicação social é um campo de conhecimento acadêmico que estuda a comunicação humana em sociedade. Entre as subdisciplinas da comunicação, incluem-se a teoria da informação, comunicação intrapessoal, comunicação interpessoal, marketing, propaganda, relações públicas, análise do discurso, telecomunicações e Jornalismo. A comunicação é um processo que envolve a troca de informações, e utiliza os sistemas simbólicos como suporte para este fim. O estudo da Comunicação é amplo, e sua aplicação é ainda maior. Para a Semiótica o ato de comunicar é a materialização do pensamento/sentimento em signos conhecidos pelas partes envolvidas. Estes símbolos são então transmitidos e reinterpretadas pelo receptor.
O PENSAMENTO DE ADORNO - Embora devendo a maior parte de suas reflexões a Benjamin, Adorno acreditava que passou despercebido àquele que a técnica se define em dois níveis: primeiro "enquanto qualquer coisa determinada intra-esteticamente" e, segundo, "enquanto desenvolvimento exterior às obras de arte". Para ele, ao visarem à produção em série, à homogeneização e as técnicas de reprodução, eles acabavam com aquilo que tornava aquela "peça", uma obra de arte e, por conseguinte, a técnica começa a exercer uma força tão grande na sociedade mostrando que quem gerencia as obras são aqueles economicamente mais fortes dentro desse grupo. Enquanto negócios, seus fins comerciais são realizados por meio metódico e programada exploração de bens considerados culturais. Tal exploração Adorno chamava de "indústria cultural".
Há cinqüenta e dois anos, Adorno formulou o conceitos de indústria cultural, que hoje permanece entre os homens e a cultura. Atualmente o melhor sinônimo para a indústria cultural é a globalização, pois foi à mesma que acelerou o processo de capitalização, iniciado desde a pré-história até a atualidade. Hoje a globalização transforma as relações e influencia o mundo contemporâneo. A globalização intervém e transforma a vida da sociedade, extrapola os limites físicos, além de transformar as representações culturais. O ideário da burguesia nos séculos XVII e XVIII, que tinha a formação como meio de purificação do homem ,como cultivo do espírito, como condição para elevação do homem, em substratos políticos , éticos, com objetivo de integração social, de construção de cidadania, que visava a formação de indivíduos livres e igualitários assim como Adorno "a formação devia ser aquela que dissesse respeito, de uma maneira pura como seu próprio espírito, ao indivíduo livre e radicado em sua própria consciência, ainda que não tivesse deixado de atuar na sociedade e sublimasse seus impulsos.A formação era tida como condição implícita a uma sociedade autônoma: quando mais lúcido o singular, mais lúcido o todo ." [1] Porém,o mesmo não corresponde ao ideário de formação da educação contemporânea.Este foi se degenerando, a própria burguesia revolucionária passou a ser uma burguesia contra-revolucionária, a burguesia do século XX visa à formação voltada aos interesses particulares, ideológicos, políticos e econômicos.Onde a escola como papel principal para a difusão da mesma,contribui para uma educação mercantilista, formadora de indivíduos acríticos, alienados da sua própria condição de cidadão.
Theodor Adorno mostra que a arte é a última barreira, a "reserva ecológica" da sociedade, a esperança para que a massa saia desse mundo alienador. Conseguimos perceberna arte momentos críticos que leva o ser a entender o real nos seus múltiplos aspectos. No desenvolvimento histórico do homem, ou o processo de humanização, que Adorno caracteriza como progresso da civilização, o homem cria melhores condições com os avanços tecnológicos, mas à medida que se humaniza, utiliza-se desses novos recursos para "dominar", cometer atrocidades contra a própria espécie, há um retrocesso que é anticivilizatório ou desumano.
No que tange à educação para a cultura, Adorno adota o sentido de desenvolver a autoconsciência, ele fez sérias criticas sobre os rumos que a educação estava tomando, se colocando a serviço do poder econômico. Apesar dele reconhecer que a escola exerce seu papel como socializadora, adaptadora e transformadora, defende que a educação não deve moldar os indivíduos aos interesses do sistema econômico. Adverte que no pós-guerra a educação estava prestando um serviço no sentido de adaptar o homem transmitindo novos conceitos morais buscando transformar a sociedade conseqüentemente fugindo da sua realidade. Ele defende a educação como libertadora, sendo capaz de tornar o individuo consciente da realidade social na qual ele está inserido, despertando por meio deste conhecimento sua consciência crítica e conseqüentemente a emancipação em busca das mudanças na sociedade. Nesta perspectiva a educação age como instrumento de conscientização e mediação entre o homem e sociedade, contribuindo para seu desenvolvimento. Com isso, a educação deve, simultaneamente, evitar a barbárie e buscar a emancipação humana. Ele questiona a educação autoritária e pensa uma educação emancipatória, mas, ao não apresentar um projeto de transformação social global, deixa de lado uma compreensão da totalidade da sociedade repressiva e realiza um isolamento do processo educacional, atribuindo a ele um papel transformador que dificilmente pode realizar isoladamente.
Segundo Adorno a organização da sociedade impõem dificuldades, se a cultura forma na ordem da dominação, forma deformando por negar a diferenciação. Para ele, o que nos impulsiona a buscar a segurança e lutar pela sobrevivência é o medo da morte, desde os primitivos. As formas de organização social devem proporcionar meios para a elaboração desse medo, assim negam as diferenças e a cisão entre homens e sociedade é intensificada.
Por fim, Adorno criticou o otimismo de Walter Benjamin sobre o poder revolucionário do cinema, pois acreditava que ele não discutia o antagonismo existente no interior da técnica. Discutiu também a indústria cultural como portadora da ideologia dominante e comprometida em determinar o consumo. Veja mais aqui, aqui e aqui.
BIBLIOGRAFIA
Adorno, T.W . 1995. Educação e Emancipação, Rio de Janeiro, Paz e Terra.
_____. A indústria Cultural. In COHN, G. Comunicação e Indústria Cultural. São Paulo: TA Queiroz, 1995.
_____. Teoria da semicultura.Educação e Sociedade.nº 56,1996.
_____. Teoria Estética. Lisboa/Portugal, Edições 70, 1970.
ARANTES, Paulo Eduardo. Os Pensadores. Benjamin, Habermas, Horkheimer, Adorno. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
ASSOUN, Paul-Laurent. A Escola de Frankfurt. Ática, 1991.
Veja
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Convite
no Crônica de amor por ela, Zygmunt Bauman, Sérgio Porto, Friedrich
Hölderlin, Oswald de Andrade, George
Gershwin, Anaïs Nin, Kiri Te Kanawa, Lucélia
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