O QUE SOU NOS LÁBIOS DELA - De corpo inteiro ela me dá o seu sorriso irresistível. Não há como escapar desse espetáculo, meu coração ribomba, meus nervos esquentam, meus músculos retesam, minha carne treme e meu sexo indomável persegue a sua efígie imantada. Não me contenho e com a glande viva exposta sirvo-lhe qual maduro inchado morango para tocar arrastado por seus lábios, esfregar-se às suas faces, acomodar-se entre seus ombros, deslizar pelo decote aos seios fartos, lambuzar seus braços para ser acomodado entre suas mãos afagantes. Escapulo por entre suas pernas e o sobejo do meu membro traça com visgo o caminho dos seus joelhos pelas coxas roliças, para alcançar tocar o clitóris, escorregando pelas pétalas de sua vagina úmida desabrigada. Forço a passagem e ela se escancara púbis escancarado, gruta exposta para invasão firme e descontrolada. Sinto o aconchego da sua intimidade e ela se faz ágil pássaro na manhã para semear em mim a claridão dos seus olhos a me ofertar o átrio da boca benfazeja. As mãos revividas tomam o meu cajado para o beijo quente, lasso tempo desfiado como se jogasse mimo na minha paudurescência de nenhuma quietude dessendentada. Sua língua passeia com tresloucadas ventanias do diário ato nas horas que se derramam pela avareza de sua satisfação animal com todos os amálgamas aos desamarrados a depor as hostis lâminas do interdito para sorver atiçada enquanto ruge toda retórica dos desejos indômitos, desesperada com a sua posse consumada nos gemidos madrugadores. Ela amanhece com lambidas aladas por todo meu ventre incendiado pela voraz devoração inevitável, enquanto expõe a sua carne regada por meus gozos e a beber-me ávida como seu eu fosse vinho raro, enquanto esconde o frêmito da semente farta germinando na calcinha desarrumada pelo fruto exposto, a vedar a desistência porque no seu corpo é mar e leme para minha teimosa navegação. Mais se esbate em meu cais e pende, celebro sua rendição e pronta para o abate mais tomba as ancas inflamadas, ventre inflado que eu descubro à saia levantada para que seja punida pela rebeldia pulsante e acesa com os gritos da tarde permitida violando o proibido e todas as fronteiras limitadores, a me ofertar o auge da carne em êxtase, arrancando pudores e tecendo em meus flancos e dorso a sua inclemente possessão dilacerada. Assim me dá a sua selvagem paz para que eu escave suas entranhas inteiro e impiedosamente pela herética noite em que sou náufrago e saiba o que são os instantes da eternidade no que sou na imensidão dos lábios dela. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui, aqui e aqui.
DITOS & DESDITOS - Os movimentos sociais pela democracia e justiça globais devem tentar não apenas construir e criar instituições legais e reguladoras globais, mas também expandir as possibilidades de associação transnacional e esferas públicas... Os seios são um escândalo porque quebram a fronteira entre a maternidade e a sexualidade... Pensamento da cientista política estadunidense Iris Marion Young (1949-2006), que no artigo Corpo Vivido vs. Gênero: Reflexões sobre Estrutura Social e Subjetividade (Ratio, 2003), ela expressa que: [...] Não importa quão limitadas sejam as escolhas ou os recursos para atuar, cada pessoa toma as possibilidades limitadas que as estruturas de gênero oferecem à sua maneira, formando seus próprios hábitos como variações dessas possibilidades, ou ativamente tentando resistir ou refigurá-las. O gênero como estruturado é também vivido através de corpos individuais, sempre como resposta pessoal experienciada e não como um conjunto de atributos que os indivíduos tem em comum. [...].
ALGUÉM FALOU: O meu apelido, de Furacão, é antigo, porque eu era brigona. Se mexessem comigo estourava, discutia, queria bater. Sou assim desde pequena... Frase da celebridade pernambucana Hilda Maia Valentim (1930-2014), mais conhecida por Hilda Furacão, que tornou-se personagem da obra homônima de 1991, do escritor Roberto Drummond (1933-2002).
IRONIA – [...] A ironia entrou em todas as línguas da Idade Moderna […], entrou em todas as palavras e formas (sobretudo as sintáticas; por exemplo, a ironia destruiu a periodicidade desmedida e "empolada” do discurso). A ironia existe em toda parte – da ironia mínima, imperceptível, à estridente, que confina com o riso. O homem da Idade Moderna não proclama, mas fala, isto é, fala por ressalvas. [...]. Trechos extraídos da obra Notas sobre Literatura, cultura e ciências humanas (Editora 34, 2013), do filósofo e pensador russo teórico da cultura e das artes Mikhail Bakhtin (1895-1975). Veja mais aqui e aqui.
OS PERIGOS DE FUMAR NA CAMA – [...] Estávamos com medo, mas medo não é o mesmo que desespero. [...] A raiva era tanta que as lágrimas não caíam [...] Nessa idade tem música tocando na sua cabeça o tempo todo, como se um rádio estivesse transmitindo da sua nuca, dentro do seu crânio. Então, um dia, a música começa a ficar mais suave ou simplesmente para. Quando isso acontece, você não é mais um adolescente [...] eles não se sentiam atraídos, já sabiam disso antes mesmo de irem para a cama juntos, mas ainda assim queriam tentar, porque estavam sozinhos [...] Os japoneses acreditam que após a morte, as almas vão para um lugar que tem, digamos, uma capacidade limitada. E que quando esse limite for atingido, quando não houver mais espaço para as almas, elas começarão a voltar para este mundo. Esse retorno é o anúncio do fim do mundo, na verdade. [...] Só me tornei amigo dele naquele verão, quando todos os meus outros amigos decidiram se tornar idiotas - também conhecido como o verão em que decidi odiar todos os meus amigos. [...]. Trechos extraídos da obra The Dangers of Smoking in Bed (Random House, 2009), da escritora e jornalista argentina Mariana Enríquez, autora de obras como Bajar es lo peor (1995), Alguien camina sobre tu tumba (2013) e Cómo desaparecer completamente (2004).
COSMÓPOLIS – [...] Em certos momentos, as palavras são nada; mas sim o tom em que são proferidas. [...]. Trecho extraído da obra Cosmópolis (Createspace Independent, 2013), do escritor e crítico francês Paul Bourget (1852-1935), também autor de frases como: Não existe idade para o amor… porque o homem capaz de amar – no sentido complexo e moderno do amor como uma espécie de exaltação ideal – nunca deixa de amar... É preciso viver como se pensa, caso contrário se acabará por pensar como se tem vivido.
DOIS POEMAS - LEVANTE-SE, MAGYAR - Levante-se, Magyar, o país chama! \ É 'agora ou nunca' que o destino se abate... \ Devemos viver como escravos ou homens livres? \ Essa é a questão - escolha o seu 'Amém'! \ Deus dos húngaros, \ juramos a Ti, \ juramos a Ti - que não seremos \ mais escravos! \ Pois até agora vivemos como escravos, \ Malditos jazem nossos antepassados em seus túmulos - \ Aqueles que viveram e morreram em liberdade \ Não podem descansar nas poeiras da servidão. \ Deus dos húngaros, \ juramos a Ti, \ juramos a Ti - que não seremos \ mais escravos! \ Um covarde e um bastardo humilde \ É aquele que não ousa erguer o estandarte – \ Ele, cuja vida miserável é mais querida \ Do que a sagrada honra do país. \ Deus dos húngaros \ nós juramos a Ti, \ Nós juramos a Ti - que não seremos \ mais escravos! \ Sabres ofuscam correntes e grilhões, \ É a espada que o braço de alguém melhora. \ No entanto, usamos correntes e grilhões sombrios. \ Espadas, cortem as malditas algemas! \ Deus dos húngaros, \ juramos a Ti, \ juramos a Ti - que não seremos \ mais escravos! \ O nome dos magiares contará a história \ Digna de nossa antiga glória: \ Devemos nos limpar - ferozmente limpando \ Séculos de vergonha se condensando. \ Deus dos húngaros, \ juramos a Ti, \ juramos a Ti que escravos seremos \ não seja mais! \ Onde nossos túmulos se projetam na terra cinzenta, \ Netos se ajoelham e fazem suas preces, \ Enquanto em palavras de bênção eles mencionam \ A ascensão de todos os nossos santos nomes. \ Deus dos húngaros, \ juramos a Ti, \ juramos a Ti - que não seremos \ mais escravos! EU SEREI UMA ÁRVORE - Serei uma árvore se você for a flor de uma árvore. \ Se você é orvalho: eu serei uma flor. \ Serei orvalho se você for luz do sol... \ Só para que nossos seres se unam. \ Se, donzela, tu és o céu: \ Então eu vou virar uma estrela. \ Se, menina, você é o inferno: (como \ vamos nos unir) eu xingo. \ Serei uma árvore \ Serei uma árvore, se você for sua flor, \ Ou uma flor, se você for o orvalho- \ Serei o orvalho, se você for o raio de sol, \ Apenas para me unir a você. \ Minha linda menina, se você é o Céu, \ Serei uma estrela nas alturas; \ Minha querida, se você é o fogo do inferno, \ Para nos unir, maldito morrerei. Poemas do poeta e ativista húngaro Sándor Petőfi (1823-1849).