LITERÓTICA:
A FESTA TODA É NELA – Três
vezes ao dia ou mais que isso, nem bem amanhece pra ela mexer meu membro
maciço, e se achega feito cunhatã faceira, vadia sentinela, se ajeitando pro meu
café da manhã completo e faustoso. E se estira de bandeja sobre o meu elo
fogoso, a se espalmar capitosa, com suas mãos humosas e quase alinhadas ao carinho
extremoso delas na minha manivela como se fosse o colosso que mais lhe apetece e
em paga enxuta e repousada com azo se estatela nua desbussolada em decúbito
laboral só para me servir e mandar ver nela. Três vezes ao dia e nem entardece logo
ela minha benfeitora toda se enlanguesce toda inflada vigia com seu decote
vertiginoso a mostrar dois melões mais que saboridos e volumosos pra encher minhas
mãos contundentes a conspurcar, às sacudidelas, seu recato indecente em decúbito
dorsal que exploro arguto todo seu manjar colossal como se fosse o almoço
descomunal que imoderado devoro com alvoroço no seu ninho inguinal. Três vezes
ao dia e nem anoitece lá está ela erradia cheia de graça enrolada na toalha com
passo de garça e em ebulição a me ofertar provocante a sua tarântula acesa com
o eflúvio de seu púbis de todos os cheiros lascivos como se fosse a minha janta
que mais se amplia e se agiganta para que seu seja o vilão afiando os dentes
amolados para voar ao seu esconderijo ofertado para capturá-la a exorbitar
bebedouro por sua cachoeira e torço a revolvê-la e sorvo do torso altaneiro e
remexo de verso a reverso, assídua gentil de averso ao avesso, e no dorso
frugal se derrama toda água represada sem comedimento e desmanchada na minha
língua sedenta. Ela quase grita que não mais aguenta e toda agitada remexe e já
se ajeita de quatro pra minha pontaria e a me dar seus braços por arreios em
marcha a galope, sou destro no lanche pra montaria, todo seu tope e trote
faceiro, a disparada correria das horas maduras de todas as polpas, a esfolar sua
popa em decúbito ventral, ah, ela égua mexedeira enganchada no meu bambual. Três
vezes ao dia e ela quase madruga como quem chega feito verduga e faz do meu
sexo amolegado um sorvete de morango entre os lábios, passeando a língua
luxuriosa e depois abocanhando com voraz excitação como se matasse a sede com
beijos alucinadamente incuráveis e a inventar mimos por toda glande agarrada
vibrante como se fosse a comemoração do seu momento de amor e se fez a louvar o
amanhecido prazer de estar viva comigo. Já é outro dia e isso nem conta, ela
chega meio tonta e nada mais digo, tudo outra vez. © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui e aqui.
DITOS &
DESDITOS - Eu não
acredito no casamento. Acho que, na pior das hipóteses, é um ato político
hostil, um caminho para os homens de mente pequena para manter as mulheres na
casa e fora do caminho, embrulhadas no disfarce da tradição e no absurdo
religioso conservador. Na melhor das hipóteses, é uma feliz ilusão - essas duas
pessoas que realmente se amam e não têm ideia de quão verdadeiramente infeliz
eles estão prestes a fazer um ao outro. Mas, mas, quando duas pessoas sabem
disso, e decidem os olhos bem abertos para se enfrentarem e se casarem de
qualquer maneira, então eu não acho que é conservador ou delirante. Eu acho que
é radical e corajoso e muito romântico. Pensamento da fotógrafa, atriz e ativista
italiana Tina Modotti (1896-1942). Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU: O melhor
dia é aquele em que a alma tem fome e sede. Antigamente, quando as riquezas
eram feitas na guerra, a guerra era um negócio; agora que as fortunas são
feitas nos negócios, é uma guerra. Pensamento da escritora e artista visual
sueca Karin Boye (1900-1941). Veja
mais aqui.
NOME DA MÃE - [...] Ser
é uma coisa; tornarmo-nos conscientes disso é um ponto de chegada de uma
consciência desperta, e isso envolve uma viagem. [...]. Trecho extraído da obra In the
Name of the Mother: Reflections on Writers and Empire (James Currey, 2013), do escritor e dramaturgo queniano Ngũgĩ wa Thiong'o, que em outra de sua
obra Wizard
of the Crow (Anchor Books, 2007),
expressa que: […] Eu cheguei a um ponto na minha vida em que
comecei a ver as palavras de forma diferente. Um olhar mais profundo na
linguagem pode revelar o segredo da vida. [...].
DOIS
POEMAS - NÃO POSSO AMAR O QUE VOCÊ É - Não posso amar o que você é, não, \ o que você é é mesmo um erro. \ Mas
há em ti uma graça que supera \ o que obstinadamente és. \ Algo que é seu e não
lhe pertence, \ em você desde o início, mas separado de você, \ que se aproxima
de você cautelosamente, com medo \ de seu próprio esplendor incontrolável. DEUSES PREGUIÇOSOS, DESTINO PREGUIÇOSO
- Deuses preguiçosos, destino preguiçoso, \o que não faço para encorajá-los, \pensem
nas chances que me esforço para lhes oferecer \ só para que apareçam! \ Eu me
desnudo para você e limpo o campo \ não para mim, não é do meu interesse, \ só
para que você exista, eu me torno \ um alvo fácil e visível. Até te dou \ um
handicap, a ti o último lance \ não respondo, a ti aquele imprevisto \ último
lance, uma revelação \ de força e graça: se houvesse algum mérito \ seria só
teu. Porque não quero \ ser a fábrica do meu próprio destino, a \ covarde
virtude \ operária me entedia. Eu tinha ambições diferentes, sonhava \ com
outros tipos de julgamentos, outras harmonias: maior \ rejeições, predileções
obscuras, \ os benefícios marginais do amor imerecido. Poemas
da poeta italiana Patrizia Cavalli (1947- 2022).