TODO DIA É DIA DA
MULHER – UMA: A PRIMEIRA PROVA – Quando tive
acesso pela primeira vez ao trabalho desenvolvido pela médica e ativista
argentina, Julieta Lanteri, pseudônimo de Giulia
Maddalena Angela Lanteri (1873-1932), fiquei, deveras, bastante
fascinado, sobretudo por suas palavras engajadoras: As chamas da emancipação feminina estão acesas, superando velhos
preconceitos e deixando de implorar seus direitos. Estes não são mendigados,
eles são conquistados. O homem pensa, estuda e trabalha e nunca se sacia sabendo
porque a mulher pára?... De forma alguma se deve admitir isso e a prova é que
um despertar prazeroso se manifesta na vida das mulheres em geral, e as faz
entrar plenamente em evolução e progresso... Não aceito mestres nem quero ser
patrono. Somos todos iguais. Não quero propriedade nem quero matar para
mantê-la. A terra inteira é nossa pátria. Ninguém vai nos dar nada... Para
ela minha solidária homenagem. DUAS: FORÇA &
GARRA – Não menos fascinante a história da revolucionária mexicana Josefa
Ortíz de Domínguez (1773-1829), bastante conhecida como a La Corregidora. Afora seus grandes
feitos no processo que levou à guerra de independência do México, uma frase
lapidar: Tantos soldados para custodiar uma
pobre mulher, mas com meu sangue farei um patrimônio para meus filhos...
Coragem de uma crioula meritória de aplausos! TRÊS:
ENTRE A VIDA & A MORTE – Impressionante também o trabalho de profunda
inspiração desenvolvido pela pintora e escritora canadense Emily
Carr (1871-1945), na defesa dos povos indígenas da Costa
Noroeste do Pacífico e sua ousada arte modernista e pós-impressionista na
pintura. Dela, uma frase: Eu me pergunto se a morte será muito
mais solitária do que a vida. A vida é uma questão terrivelmente solitária... Sigamos só
comungando com todo mundo. E vamos aprumar a conversa!...
DITOS &
DESDITOS - Então nós temos nossas saídas e nossas entradas. Nós somos talvez meros,
mas acho que se alguém mantiver uma certa alegria na vida que deve estar em
jogar, então é bom para um, mas é um pouco mais sério do que isso. Ainda acho
que um tipo de triturar coração acontece quando vejo alguma forma de
comportamento intolerante ou racista. Eu recebo uma dor real no meu coração. Eu
acho que é um princípio muito central, é. Eu não posso suportar, não posso
suportar desigualdade, não posso suportar mau comportamento para outras
pessoas. Eu não posso suportar que as pessoas sejam malvadas com as pessoas que
não podem ajudar o que são. Pensamento da atriz e diretora sul-africana
Janet Suzman.
ALGUÉM FALOU - Ser mãe
acrescenta outra dimensão emocional, um sentimento pelos filhos que eles não
tinham antes dela. Eles eram uma dor antes... Eu me senti como minha mãe sobre
o lugar. Não acho que isso me perturbe; mas eu não colocaria isso na frente
dela... Sempre fui uma pessoa que vivia no futuro o tempo todo; era sempre a
próxima coisa - sonhos de fuga... Nunca quis ser atriz porque tinha lido boa
literatura ou visto um grande Shakespeare. Era mais do que apenas querer
entender o que as pessoas realmente gostavam; por que eles me contaram todas as
coisas estranhas que fizeram... Pensamento da premiada atriz britânica Julie
Walters.
INCOMPLETUDE: A PROVA E O PARADOXO - [...] A necessária incompletude até mesmo de nossos sistemas formais de
pensamento demonstra que não há fundamento inalterável sobre o qual repousa
qualquer sistema. Todas as verdades - mesmo aquelas que pareciam tão certas
a ponto de serem imunes à própria possibilidade de revisão - são essencialmente
fabricadas. De fato, a própria noção do que é objetivamente
verdadeiro é um mito socialmente construído. Nossas mentes
conhecedoras não estão embutidas na verdade. Em vez disso, toda a
noção de verdade está embutida em nossas mentes, que são elas mesmas lacaios
involuntários de formas organizacionais de influência. [...] Nenhuma validação de nossa racionalidade - de nossa
própria sanidade - pode ser realizada usando nossa própria racionalidade. Como pode uma pessoa
operando dentro de um sistema de crenças, incluindo crenças sobre crenças, sair
desse sistema para determinar se ele é racional? Se todo o seu sistema
for infectado pela loucura, incluindo as próprias regras pelas quais você
raciocina, então como você poderá raciocinar para sair da sua loucura? [...]; Trechos extraídos da obra Incompleteness: The Proof and Paradox of Kurt
Gödel (W. W.
Norton, 2006), da filósofa e escritora estadunidense Rebecca Goldstein, que em outra obra 36 Arguments for the
Existence of God: A Work of Fiction (Pantheon, 2010), expressa que: […] Devemos acreditar que ele virá, mas nunca acreditar que
ele veio. Não há Messias, mas um Messias que não veio [...] O autointeresse racional é sempre o que a moralidade resume. [...] Quando você não se obrigou a pensar em
reconstruções formais, quando não captou esses momentos de arrebatamento sob a
lente de premissas e conclusões, quando não os empalou e rotulou, como tantas
borboletas espalhadas, sangrando o brilho transcendental diretamente deles, então... o quê? [...] E se o prodigioso gênio de Azarya Sheiner nunca encontrou a solução,
então talvez isso seja a prova de que não existe solução, que o mais dotado
entre nós é débil de espírito diante da brutalidade da incompreensibilidade que
nos assalta por todos os lados. E assim tentamos, o melhor que podemos, fazer justiça à
grandiosidade de nossa improvável existência. E assim vivemos, o
melhor que podemos, para nós mesmos, ou quem viverá por nós? E vivemos, o melhor que
podemos, para os outros, senão o que somos? [...].
CRISTA DAS ESTRELAS – [...]
Era uma vez um viajante agachado de dor à beira da estrada. Um homem que
passava sentou-se ao lado do viajante antes que ele pudesse pedir ajuda. O
homem deu uma longa palestra ao viajante sobre ter um estilo de vida saudável
para evitar doenças. Satisfeito com seu discurso, o homem se levantou e saiu.
Seu nome é Humanidade Unida. Em seguida, uma mulher muito bonita se aproximou
do viajante com um olhar inquisitivo no rosto. O viajante disse: "Bem, não
fique aí parado, me ajude." A mulher respondeu: "Você quer que eu o
ajude?" Ela então discutiu longamente a situação com o viajante até
entender completamente o problema. E então ela assentiu e saiu. Pouco depois, a
mulher trouxe consigo todos os médicos, enfermeiras e funcionários dos
hospitais mais próximos. O nome dela é Humankind Empire Abh. [...]. Trechos
extraídos da obra Crest of the Stars
(Hayakawa, 1996 - 3 volumes), do escritor japonês Hiroyuki Morioka, abordando um futuro onde a raça humana coloniza
as estrelas.
DESCOBRINDO O
MUNDO - Todas as pessoas nasceram \ Junto ao mar azul. \ Todos os
pais Estão debruçados sobre seus teares \ Tecendo a textura \ Seus filhos
procedem. \ Todas as crianças correm da tagarelice do tear \ Para assistir na
costa do mar azul, \ Com os pés na água, \ Navios desaparecendo no horizonte. \
Porque as crianças devem correr para lá \ E os navios devem desaparecer lá, \ E
os dedos dos pés devem se molhar. \ E todos se põem a caminho \ Como todos
devem partir. \ Todos \ Alguns para o bem de todos, \ Poucos para o bem de
muitos, \ Cada um para o seu próprio bem. \ Porque cada um deve descobrir seu
próprio mundo. \ A caminho\ Ele deve acalmar o murmúrio \ E sufocar as
rebeliões \ Dentro de si contra si mesmo, \ Pois milhares de mãos as retêm. \ O
hábito de se manter na costa \ Histórias de terror, recontadas por gerações, \ Sobre
monstros aquáticos e mares sulfurosos vivos, \ E caindo no nada na borda do
mundo. \ Medo de icebergs, cuja respiração \ foi sentida com os lábios, \ E de
fúrias de fogo, \ Tendo testemunhado sua explosão, \ E algas parecendo cordões
verdes flutuantes. \ E algo tão grande \ Sem ponto final pode ser colocado
depois disso: \ O desconhecido \ E eles ainda chegam ao seu destino \ Como todo
mundo chega lá até certo ponto\ E descobre um novo mundo, um novo continente \ Uma
nova ilha, uma nova ilhota, pelo menos um novo pedaço de cintura, \ Um novo pé
de chão para o coração ou pensamento de alguém. \ Mesmo que alguém tenha que
usar \ Seus grilhões de tempo e espaço, \ Os ferros de seus próprios limites, \
Ou grilhões de inveja de seus companheiros, \Mesmo que mais tarde se descubra
que o chão que ele encontrou \ Ou o pensamento que pensou, \ Ou o amor que amou,
\ Não é de todo aquele que ele acreditava que era, \ Ainda assim, todos são \ Em
nome de todos \ O vice-rei do mundo dele. \ Porque todos se metem no caminho \ E
todos se atravessam até certo ponto. \ Todos os pais estão curvados sobre seus
teares\ Tecendo a textura seus filhos procedem. \ E todas as pessoas nasceram \
Junto ao mar azul. Poema do escritor
estoniano Jaan Kross (1920-2007).