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quinta-feira, março 07, 2013

SHIRLEY HAZZARD, CHINUA ACHEBE, DANIEL FILIPE, SOPHIE KINSELLA, HUFFINGTON & LITERÓTICA


 

LITERÓTICA: PLETORA DOS ANTÍPODAS - A sua nudez se agiganta na minha afeição. E eu recolho o seu corpo como quem persegue a salvação da vida. E persigo escalando suas encostas íngremes e latejantes de carne firme, ilha perfumada nua em pêlo, arrepiada com toda a seiva transbordante com cheiro bom de enlouquecer. E endoideço enquanto você se prolonga na alegria do meu coração que se apropria de toda sua esbelta deidade tentadora para deixá-la encurralada nas minhas carícias à queima roupa. E vou desenfreado pilhando seu corpo enquanto se precipita sobre o poderio do meu falo rijo que lambuza a generosidade do triângulo púbico até a celebração sinuosa da dança pélvica que me arregala os olhos de forma assustadora com seu embalar de felicidade por possuí-la suculenta e depravada. E na nossa obscena empatia vou explorando as minas de ouro escondidas sob a língua sibilante da Britney cheia de imprecações, no regato dos seios que nutre nossa atração recíproca e nossos corpos mútuos, nos pontos de ebulição que acende a clareira de nossa vertigem despudorada, nas nádegas arrebitadas que bamboleia para o meu completo enlouquecimento, na sua guarita onde a minha vontade endurecida mergulha no abismo para que possa hibernar soterrado de prazer. E na descoberta da delícia, vou investindo com lambidas ferozes cada fatia da deusa do meu panteão, minha suméria Nammu que pariu o céu e a terra no caos enquanto o meu sexo guerreiro golpeia e empurro com estocadas loucas cerrando os dentes, penetrando sua alma como um cavalo selvagem que atravessa o seu gemido gutural apertando meu membro no prazer crescente e inevitável, até transbordar todos os impulsos e peripécias do nosso bom bocado onde o bumerangue vence a parada de todo quilate de sua satisfação tantalizada. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo & mais aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - A tragédia não é que o amor não dure. A tragédia é o amor que dura... Quando você percebe que alguém está tentando te machucar, dói menos. A menos que você o ame... Os seres humanos precisam de infelicidade pelo menos tanto quanto eles precisam de felicidade... A poesia tem sido o maior prazer da minha vida... Pensamento da escritora australiana Shirley Hazzard (1931-2016).

 

ALGUÉM FALOU: Quando as coisas dão errado na vida, você levanta o queixo, põe um sorriso encantador, prepara um coquetel para você... Não existe isso de arruinar a sua vida. A vida é uma coisa muito resistente, ao que parece. Por vezes você não precisa de um objetivo de vida, você não precisa de saber qual é o próximo grande plano. Você só precisa saber o que vai fazer agora!... Pensamento da escritora britânica Sophie Kinsella.

 

ÉTICA & MORAL – Para Mário Sérgio Cortella: Ética é a concepção dos princípios que eu escolho, moral é a sua prática. Veja mais aqui. Para José Saramago: Nem a arte nem a literatura têm de nos dar lições de moral. Somos nós que temos de nos salvar, e isso só é possível com uma postura de cidadania ética, ainda que isto possa soar antigo e anacrônico. Veja mais aqui & aqui. Para Oscar Wilde: Chamamos de Ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão olhando. O conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos de Caráter. Veja mais aqui & aqui. E sobre Ética & Moral veja mais aqui.

 

O SONO – [...] Privar-nos de uma boa noite de sono afeta nega­tivamente o estado de humor, o poder de concentração e a capacidade de acessar funções cognitivas mais complexas. A combinação desses fatores é o que chamamos de desempenho mental. [...] Quando você não dorme o suficiente percebe que não está dando o melhor de si, seja nas decisões de trabalho, nos desafios dos rela­cionamentos ou em qualquer situação que requeira julgamento, equilíbrio emocional e criatividade. [...]. Trechos extraídos da obra A terceira medida do sucesso (Sextante, 2013), da escritora Arianna Huffington. A esse respeito veja A importância do sono de Regeane Reabulsi aqui & a privação do sono de Jonathan Crary aqui.

 

AS COISAS DESMORONAM – [...] Não há história que não seja verdadeira, [...] O mundo não tem fim, e o que é bom para um povo é uma abominação para os outros. [...] Se eu seguro a mão dela, ela diz: 'Não toque!' Se eu seguro o pé dela, ela diz: 'Não toque! [...] O sol vai brilhar sobre aqueles que estão de pé antes de brilhar sobre aqueles que se ajoelham sob eles. [...] Quando a lua está brilhando, o aleijado fica com fome de uma caminhada. [...] Uma criança não pode pagar pelo leite de sua mãe. [...]. Trechos extraídos da obra Things Fall Apart (Anchor Books, 1994), do escritor nigeriano Chinua Achebe (1930-2013), Veja mais aqui e aqui.

 

A INVENÇÃO DO AMOR - Em todas as esquinas da cidade / nas paredes dos bares á; porta dos edifícios públicos nas janelas dos autocarros / mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios de aparelhos de rádio e detergentes / na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém / no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da nossa esperança de fuga / um cartaz denuncia o nosso amor / Em letras enormes do tamanho / do medo da solidão da angústia / um cartaz denuncia que um homem e uma mulher / se encontraram num bar de hotel / numa tarde de chuva / entre zunidos de conversa / e inventaram o amor com carácter de urgência / deixando cair dos ombros o fardo incómodo da monotonia quotidiana / Um homem e uma mulher que tinham olhos e coração e fome de ternura / e souberam entender-se sem palavras inúteis / Apenas o silêncio A descoberta A estranheza / de um sorriso natural e inesperado / Não saíram de mãos dadas para a humidade diurna / Despediram-se e cada um tomou um rumo diferente / embora subterraneamente unidos pela invenção conjunta / de um amor subitamente imperativo / Um homem e uma mulher um cartaz de denúncia / colado em todas as esquinas da cidade / A rádio já falou A TV anuncia / iminente a captura A policia de costumes avisada / procura os dois amantes nos becos e nas avenidas / Onde houver uma flor rubra e essencial / é possível que se escondam tremendo a cada batida na porta fechada para o mundo / É preciso encontrá-los antes que seja tarde / Antes que o exemplo frutifique / Antes que a invenção do amor se processe em cadeia / Há pesadas sanções para os que auxiliarem os fugitivos / Chamem as tropas aquarteladas na província / Convoquem os reservistas os bombeiros os elementos da defesa passiva / Todos / Decrete-se a lei marcial com todas as consequências / O perigo justifica-o / Um homem e uma mulher / conheceram-se amaram-se perderam-se no labirinto da cidade / É indispensável encontrá-los dominá-los convencê-los / antes que seja demasiado tarde / e a memória da infância nos jardins escondidos / acorde a tolerância no coração das pessoas / Fechem as escolas / Sobretudo protejam as crianças da contaminação / uma agência comunica que algures ao sul do rio / um menino pediu uma rosa vermelha / e chorou nervosamente porque lha recusaram / Segundo o director da sua escola é um pequeno triste / Inexplicavelmente dado aos longos silêncios e aos choros sem razão / Aplicado no entanto Respeitador da disciplina / Um caso típico de inadaptação congénita disseram os psicólogos / Ainda bem que se revelou a tempo / Vai ser internado / e submetido a um tratamento especial de recuperação / Mas é possível que haja outros. É absolutamente vital / que o diagnóstico se faça no período primário da doença / E também que se evite o contágio com o homem e a mulher / de que fala no cartaz colado em todas as esquinas da cidade / Está em jogo o destino da civilização que construímos / o destino das máquinas das bombas de hidrogénio / das normas de discriminação racial / o futuro da estrutura industrial de que nos orgulhamos / a verdade incontroversa das declarações políticas / Procurem os guardas dos antigos universos concentracionários / precisamos da sua experiência onde quer que se escondam / ao temor do castigo / Que todos estejam a postos / Vigilância é a palavra de ordem / Atenção ao homem e á; mulher de que se fala nos cartazes / À mais ligeira dúvida não hesitem denunciem / Telefonem á; polícia ao comissariado ao Governo Civil / não precisam de dar o nome e a morada / e garante-se que nenhuma perseguição será movida / nos casos em que a denúncia venha a verificar-se falsa / Organizem em cada bairro em cada rua em cada prédio / comissões de vigilância. Está em jogo a cidade / o país a civilização do ocidente / esse homem e essa mulher têm de ser presos / mesmo que para isso tenhamos de recorrer á;s medidas mais drásticas / Por decisão governamental estão suspensas as liberdades individuais / a inviolabilidade do domicílio o habeas corpus o sigilo da correspondência / Em qualquer parte da cidade um homem e uma mulher amam-se ilegalmente / espreitam a rua pelo intervalo das persianas / beijam-se soluçam baixo e enfrentam a hostilidade nocturna / É preciso encontrá-los / É indispensável descobri-los / Escutem cuidadosamente a todas as portas antes de bater / É possível que cantem / mas defendam-se de entender a sua voz / Alguém que os escutou / deixou cair as armas e mergulhou nas mãos o rosto banhado de lágrimas / E quando foi interrogado em Tribunal de Guerra / respondeu que a voz e as palavras o faziam feliz / lhe lembravam a infância / Campos verdes floridos água simples correndo A brisa das montanhas / Foi condenado á; morte é evidente / É preciso evitar um mal maior / Mas caminhou cantando para o muro da execução / foi necessário amordaçá-lo e mesmo assim desprendia-se dele / um misterioso halo de uma felicidade incorrupta / Impõe-se sistematizar as buscas Não vale a pena procurá-los / nos campos de futebol no silêncio das igrejas nas boîtes com orquestra privativa / Não estarão nunca aí / Procurem-nos nas ruas suburbanas onde nada acontece / A identificação é fácil / Onde estiverem estará também pousado sobre a porta / um pássaro desconhecido e admirável / ou florirá na soleira a mancha vegetal de uma flor luminosa / Será então aí / Engatilhem as armas invadam a casa disparem á; queima roupa / Um tiro no coração de cada um / Vê-los-ão possivelmente dissolver-se no ar Mas estará completo o esconjuro / e podereis voltar alegremente para junto dos filhos da mulher / Mais ai de vós se sentirdes de súbito o desejo de deixar correr o pranto / Quer dizer que fostes contagiados Que estais também perdidos para nós / É preciso nesse caso ter coragem para desfechar na fronte / o tiro indispensável / Não há outra saída A cidade o exige / Se um homem de repente interromper as pesquisas / e perguntar quem é e o que faz ali de armas na mão / já sabeis o que tendes a fazer Matai-o Amigo irmão que seja / matai-o Mesmo que tenha comido á; vossa mesa e crescido a vosso lado / matai-o Talvez que ao enquadrá-lo na mira da espingarda / os seus olhos vos fitem com sobre-humana náusea / e deslizem depois numa tristeza líquida / até ao fim da noite Evitai o apelo a prece derradeira / um só golpe mortal misericordioso basta / para impor o silêncio secreto e inviolável / Procurem a mulher o homem que num bar / de hotel se encontraram numa tarde de chuva / Se tanto for preciso estabeleçam barricadas / senhas salvo-condutos horas de recolher / censura prévia á; Imprensa tribunais de exceção / Para bem da cidade do país da cultura / é preciso encontrar o casal fugitivo / que inventou o amor com carácter de urgência / Os jornais da manhã publicam a notícia / de que os viram passar de mãos dadas sorrindo / numa rua serena debruada de acácias / Um velho sem família a testemunha diz / ter sentido de súbito uma estranha paz interior / uma voz desprendendo um cheiro a primavera / o doce bafo quente da adolescência longínqua / No inquérito oficial atónito afirmou / que o homem e a mulher tinham estrelas na fronte / e caminhavam envoltos numa cortina de música / com gestos naturais alheios Crê-se / que a situação vai atingir o clímax / e a polícia poderá cumprir o seu dever.  Poema do escritor e jornalista cabo-verdiano Daniel Filipe (1925-1964).

 

LITERÓTICA: SOU FESTA DENTRO DELA!


A SURPRESA NO REINO DO AMOR

TRAQUINAGENS DO AMOR

A VIÚVA & BAGOAS

TERRINA

ALVOROÇO

O GOSTO DA ÚLTIMA VEZ

GINOFAGIA: QUATRO POEMETOS EM PROSA DE PAIXÃO POR ELA

EU & ELA NAQUELA NOITE TODAS AS NOITES

EU & ELA NA FESTA DO CÉU

OS PRAZERES DE HÉCATE

ELA, A INCÓGNITA DO PRAZER

MANDONISMO DA PAIXÃO

GINOFAGIA DA CHEGADA DELA PRO AMOR

 


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Fonte no Crônica de amor por ela, Gabriel García Márquez, Paul Éluard, José Paulo Paes, Alan Watts, Carmina Burana de Carl Orff, Michel de Montaigne, Fernando Bonassi, Ingmar Bergman, Birgitta Valberg, Maurice Béjart, Birgitta Pettersson & Rachel Lucena aqui.

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quinta-feira, maio 28, 2009

ÉTICA & MORAL, RILKE, HOBSBAWM, ELSA MORANTE & AGLAJA VETERANYI



ÉTICA & MORAL - A palavra Ética vem do grego ethiké, derivado de hëthos, e é a parte da filosofia que estuda os valores morais e os principais ideais da conduta humana. E Moral é o que é relativo à moralidade, aos bons costumes; que procede conforme à honestidade e à justiça, que tem bons costumes; que se refere ao procedimento; diz-se de tudo que é decente, educativo e instrutivo. Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ÉTICA é "o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto”. Alguns diferenciam ética e moral de vários modos:  Ética é princípio, moral são aspectos de condutas específicas;  Ética é permanente, moral é temporal;   Ética é universal, moral é cultural; Ética é regra, moral é conduta da regra;   Ética é teoria, moral é prática. Etimologicamente falando, ética vem do grego "ethos", e tem seu correlato no latim "morale", com o mesmo significado: Conduta, ou relativo aos costumes. Podemos concluir que etimologicamente ética e moral são palavras sinônimas. Para estudar a ética, é preciso inicialmente entender que existe um grande número de correntes éticas, que se propõem a conceituá-la. Pode-se destacar as grandes construções históricas sobre a ética, principalmente a aristotélica, a cristã ou tomística, kantiana, marxista, existencial, dentre outras. Estudar Ética e Moral corresponde ao desenvolvimento de uma série de interpretações conteudísticas para que se possa encontrar uma distinção entre ambas. A ética pode ser definida como a disciplina crítico-normativa que estuda as normas do comportamento humano, mediante as quais tende o homem a realizar na prática o valor do bom. E, muitas vezes, os termos Ética e Moral são usados como sinônimos indicando normas, princípios e valores de uma dada realidade social com o fim de determinar e regular o comportamento dos homens que nela vivem. Mas é importante ressaltar que há uma diferença entre Ética e Moral que vai além do sentido etimológico. Enquanto ser histórico-social, o homem possui necessidades de pautar seu comportamento por normas mais apropriadas e dignas de ser cumpridas, isto constitui os atos morais. Para agir e decidir, é necessário construir juízos de valor de aprovação ou não, sujeitando-se livre e conscientemente a normas e regras de ação. Estes atos morais ou comportamentos práticos-morais constituem o campo dos problemas morais ou a Moral propriamente dita. Quando se toma o comportamento prático-moral como objeto de reflexão e pensamento, há uma passagem da moral empírica a moral reflexa, iniciando o pensamento filosófico, caracterizado pela busca da essência do comportamento moral, examinando condições objetiva e subjetivas do ato moral com a liberdade da vontade inseparável da responsabilidade de ação e obrigatoriedade moral individual e coletiva. A esta investigação do modo de decidir e agir com base na reflexão, análise e crítica eleva os comportamentos práticos morais à condição de problemas teóricos-morais ou éticos devido a sua generalidade. Não se pode falar em separação nítida entre os problemas práticos-morais (Moral) e problemas teóricos-morais (Ética), pois teoria e prática são indissociáveis e se fundem numa práxis onde o agente, o ato e a finalidade são a mesma coisa. Tanto a Ética quanto a Moral definem o homem como sujeito autônomo, dotado de consciência e vontade, capaz de deliberação, escolha e decisão, visando uma ação subjetiva e intersubjetiva não-instrumental segundo valores na medida do possível. Ao definir Ética como "ciência" não quer dizer que os comportamentos morais serão submetidos ao rigor do método científico, observados, experimentados e mensurados. Trata-se de "ciência" no sentido de ser um conjunto sistemático de conhecimentos racionais e objetivos (na medida do possível) a respeito do comportamento humano moral. Assim, procura explicar, esclarecer, investigar ou fundamentar o comportamento dos indivíduos numa dada realidade moral, não podendo ser reduzida a uma disciplina normativa ou pragmática de caráter universal, pois não cabe formular juízos de valor sobre comportamentos práticos-morais estabelecendo princípios e normas para orientar o comportamento humano desprezando o momento e o espaço históricos; não existe uma moral absoluta e universal. Mas deve partir da existência histórica da moral como construção individual e coletiva do homem, investigando o princípio que permite compreender seu movimento e desenvolvimento, fornecendo a compreensão racional (nos limites do possível) dos princípios, valores e normas que num dado espaço e tempo, orientam o comportamento dos homens. As questões éticas não podem ser reduzidas a um mero capítulo de Filosofia como uma "arte do bem-viver" com caráter especulativo ou universal, desvinculado da realidade histórico-social humana e da própria ciência; como também não podem ser elevadas a uma visão totalizadora que se pretenda colocar acima das ciências positivas ou contra elas. Partindo-se do pressuposto que a ética nunca pode deixar de ter como fundamento a concepção filosófica do homem enquanto ser histórico, social e criador, nota-se que há uma estreita relação entre Ética e Filosofia e, como tal, se faz necessário que ambas não se "fechem em guetos", mas que procurem se apoiar nas demais ciências sociais e humanas (como Antropologia, Sociologia, História, Psicologia, Economia Política, etc.) numa tentativa de ampliação de conhecimentos e possibilidade de pensamento reflexivo e crítico sobre os mesmos. Se a forma contemporânea do capitalismo e da ideologia são contrários aos valores e normas que constituem o campo ético, como pode-se falar em comportamento ético-moral? Se o estruturalismo e as instituições sociais se apresentam como formas disciplinadoras e repressivas que asfixiam a subjetividade consciente e autônoma provocando a "morte do sujeito humano e autônomo" ou, quando o neoliberalismo incentiva a competição e o individualismo exacerbados, transformando a violência econômica social em modelo de ação humana que contraria os princípios éticos-democráticos de igualdade, justiça, liberdade e felicidade, gerando exclusão, polarização social - carência absoluta e privilégio absoluto -, relações sociais e políticas hierárquicas e fundadas em contatos pessoais. Isto sem falar da ciência e da tecnologia que sob a lógica neoliberal surgem como poderes desconhecidos e mitificados, geradores de medos e violências, negando a possibilidade de ação ética como racionalidade consciente, voluntária, livre e responsável. CONCLUSÃO - Lê-se por vezes nos manuais portugueses de filosofia uma referência vaga e confusa a uma distinção entre a ética e a moral. A pretensa distinção entre a ética e a moral é intrinsecamente confusa e não tem qualquer utilidade, razão pela qual não é utilizada pelos melhores especialistas atuais em ética. Mas persiste tenazmente no discurso de muitos estudantes, talvez porque tenha sido das poucas coisas apesar de tudo compreensíveis que aprenderam nas aulas de ética. A pretensa distinção seria a seguinte: a ética seria uma reflexão filosófica sobre a moral. A moral seria os costumes, os hábitos, os comportamentos dos seres humanos, as regras de comportamento adotadas pelas comunidades. A ética aplicada é a disciplina ética que trata de problemas concretos da ética, como o aborto ou a eutanásia, os direitos dos animais, ou a igualdade. A ética normativa trata de estabelecer, com fundamentação filosófica, regras ou códigos de comportamento ético, isto é, teorias éticas de primeira ordem. O comportamento dos seres humanos é multifacetado; por isso que é impossível determinar à partida que comportamentos seriam os comportamentos morais, dos quais se ocuparia a reflexão ética, e que comportamentos não constituem tal coisa.
REFERÊNCIA
BILBIOGRAFIA
ARISTÓTELES. Ética a Nicömaco. São Paulo: Abril, 1979
CHAUÍ, M. Ética e Universidade. São Paulo: Ciência Hoje. v 18, n. 102. p. 38 a 42.
DEWEY, John. Teoria da Vida Moral. São Paulo: Abril, 1980
ESPINOSA, Baruch. Ética. São Paulo: Abril, 1979
VALLS, Álvaro. O que é ética. Porto Alegre: Brasiliense, 1993
VÀSQUEZ, A. S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1992. Veja mais aqui e aqui


DITOS & DESDITOS - O destino não vem do exterior para o homem, ele emerge do próprio homem. O tempo não é uma medida. Um ano não conta, dez anos não representam nada. Ser artista não significa contar, é crescer como a árvore que não apressa a sua seiva e resiste, serena, aos grandes ventos da primavera, sem temer que o verão possa não vir. O verão há de vir. Mas só vem para aqueles que sabem esperar, tão sossegados como se tivessem na frente a eternidade. Os homens, com o auxílio das convenções, têm resolvido tudo com facilidade e pelo lado mais fácil da facilidade; mas é claro que precisamos ater-nos ao difícil. Ser amado é consumir-se na chama. Amar é luzir com uma luz inesgotável. Ser amado é passar; amar é durar. As obras de arte são de uma solidão infinita: nada pior do que a crítica para as abordar. Apenas o amor pode captá-las, conservá-las, ser justo em relação a elas. Pensamento do poeta alemão Rainer Maria Rilke (1875-1926). Veja mais aqui.

REVOLUÇÃO CULTURAL – [...] A revolução cultural de fins do século XX pode assim ser mais bem entendida como triunfo do indivíduo sobre a sociedade, ou melhor, o rompimento dos fios que antes ligavam os seres humanos em texturas sociais. Por essas texturas consistiam não apenas nas relações de fato entre seres humanos e suas formas de organização, mas também nos modelos gerais dessas relações e os padrões esperados de comportamentos das pessoas umas com as outras; seus papéis eram prescritos, embora nem sempre escritos. [...] Trecho extraído da obra A era dos extremos: o breve século XX 1914-1991 (Companhia das Letras, 1995), do historiador egípcio Eric Hobsbawm (1917-2012). Veja mais aqui e aqui.

A ILHA DE ARTURO – [...] Segundo o costume antigo, as mulheres vivem em clausura como as monjas. Muitas delas ainda usam cabelos compridos e, no Inverno, tamancos e meias grossas de algodão preto, enquanto no Verão algumas andam descalças. Quando passam descalças, rápidas, sem fazer rumore esquivando-se aos encontros, dir-se-iam gatas selvagens ou fuinhas. Nunca descem à praia; para as mulheres, é pecado tomar banho no mar — e até ver outros a tomar banho é pecado. [...] Eu acreditava que aquele furor amargo era provocado pela ofensa [...] Mas pode ser que, inconscientemente, eu já lamentasse as pretensões impossiveis de meu coração. E os ciúmes opostos e entrelaçados, as paixões multiformes que deviam marcar meu destino [...]. Trechos da obra A ilha de Arturo (Berlendis & Vertecchia, 2005), da escritora italiana Elsa Morante (1912-1985). Veja mais aqui.

A CANÇÃO I - Ele canta. Sua canção é de mel. / Você mora aqui, diz a mulher./ E você é minha mulher, diz o homem. Minha mulher. / Minha mulher. / No jardim cresce a árvore / Da árvore crescem maçãs. / Crescem peras. / Crescem cerejas. / Estamos na estação certa, diz a mulher. / Agora vou levar os vestidos para o porão. Agora vou levar o vidro de compota para o porão. Agora vou levar o verão para o porão. / A escada para o porão tem 10 anos de comprimento. No caminho, a mulher precisa cortar as unhas. Seu cabelo caído, ela põe em uma caixa debaixo da escada. Do seu cabelo, ela vai fazer um travesseiro para ele. Um travesseiro de inverno. Que continua a crescer. II - Meu cabelo é longo, diz a mulher. Eu o penteei. / Dei-lhe gema de ovo. O cabelo comeu o ovo. / Agora trago a neve, diz a mulher. / Ela chama o homem. Ela o chama com uma voz longa. / O homem põe o gato de 40 anos na mala. / Ele pega pão e salsicha. Uma garrafa de vinho. A camisa recém-lavada e o terno de domingo. / O homem espera até que a sombra das árvores tenha ido embora. III - O pé direito do homem vai devagar. / A cada par de passos ele deposita a mala no chão e se reergue / No olho do homem cai um corvo. / A mulher canta. / Na canção há uma paisagem. Branca. Poemas da escritora romena Aglaja Veteranyi (1962-2002). Veja mais aqui & aqui.




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