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quinta-feira, junho 09, 2016

COLM TÓIBÍN, VIK MUNIZ, CLÁUDIO NUCCI, MARILDA IAMAMOTO, SPENCER TUNICK, NATAL & ESDRAS REBOUÇAS & ÉTICA


SEMÁFOROS DE SEMPRE, VIDA ADIANTE – Quanta esperança nos sonhos de futuro pro presente, sou a pujança das matas devastadas no meu coração atlântico, na minha alma amazônica. Sou o fruto maduro da raiz da Terra, na cor preferida da amada e do meu canto noitedia. E a primavera é toda Iaravi que vem na manhã com o sabor de menta e ao alcance da mão como o abacate no quintal. A esmeralda dos seus olhos realça na tiara da coroa do abacaxi, encantada índia como um pássaro a levitar na grama com seu caminhar que expressa o equilíbrio de todas as balanças, a força de vontade dos que amam na oliva do corpo, o aspargo e o musgo que vêm do tesouro e Jade. Verdamarelo faz-se verão como uma pintura de van Gogh e ela é fogo, é Sol na minha vida e tal qual deusa de Vishnu, ela é tudo e nada nos áureos matizes do amanhecer ou do entardecer: frutos e flores, girassóis e luzes, cobras e sapos, o calor da prosperidade e a iluminação da felicidade, o alerta e a atenção. É nela que se faz real a espontaneidade dourada das coisas boas da China, do fogo da Índia, da sabedoria do Islã, do verão o calor, o terror dos xantófobos, a hemolinfa dos insetos, a mostarda e as vespas venenosas, as prostitutas e mães solteiras da Idade Média, os olhos da coruja do nascer ao por do sol, os ingleses que perderam a coragem e os deuses louros da antiga Grécia, o tom das colheitas e o âmbar, o açafrão e a alegria e a comunhão. Amarvermelho: o outono faz-se inverno. E o encarnado sangue férvido de Freya reluzindo nos seus escarlates lábios vem dela desnuda com transparente seda ao colorido das penas e escamas, tal deusa Afrodite, onde tudo é primaverão, tudo é outoninverno: claroscuro, bemal, noitedia, mortevida, entre as notas musicais, entre os sete céus, os sete planetas, os sete véus, os dias da semana, a transgressão e a sensualidade feminina, o violento e o apaixonante, o amoroso e a magia dos nórdicos antigos, o óxido de ferro e a fênix, a cochonilha e o urucum, as tapeçarias e as rosas, o sangue de Adônis e o carmim, a maçã e o morango, as faces dos babuínos, a granza e o salmão, a alizarina e o pau-brasil, o carmesim e a cochinilha, o solferino e a orcina, o rubro das faces e as frutas, os legumes e as estrelas-do-mar, o pimentão e a arara, a cenoura e a lula, a marciana e a beterraba, o óxido de ferro e o rubi, o cinábrio e a safira, a andradita e a gigantesca mancha de Júpiter, a pimenta malagueta e a sedução, o encorajamento e o proibido, a inquietação e o entretenimento, a provocação e as pulsões sexuais, o interdito e os instintos passionais, o irrestrito da carne e a possessividade, a entrega nos suntuosos tapetes e o fervor dos ventres, a púrpura e os axés, o cóccix e os quadris, as pernas e Madame de Pompadour, Exú e Dioniso, o yang e a luta diária, a reciclagem e o Boi Garantido, o zarcão e a obra prima de Stendhal, a quentura de tudo e a transformação, o perigo e a tentação, a destruição e a salvação. Tudo é vida, tudo é amor, quando ela é Iaravi de manhã, quando ela é Freya da noite pela madrugada. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui e aqui.

 Imagem: a arte do artista plástico que experimenta diversas mídias e materiais, Vik Muniz.


Curtindo o álbum Ao Mestre Com Carinho (Lua Music, 2015), do cantor, compositor, músico e produtor musical Cláudio Nucci.

PESQUISA
Ética e Marketing Social: como conciliar os interesses do cliente, da empresa e da sociedade numa ação de marketing (Futura, 2002), organizado pelo professor da Georgetown University, Alam R. Andreasen, envolvendo abordagem acerca da ética e do marketing em ações nas áreas de saúde pública e em questões sociais. Veja mais aqui e aqui.

LEITURA 
Amor em tempos sombrios (Arx, 2004), do premiado escritor, jornalista e critico literário irlandês Colm Tóibín, reunindo artigos sobre arte e homossexualidade, Oscar Wilde, Thomas Mann, Almodóvar e Mark Doty, entre outros.

PENSAMENTO DO DIA:
[...] A mundialização não suprime as funções do Estado de reproduzir os interesses institucionalizados entre as classes e grupos sociais, mas modifica as condições de seu exercício, na medida em que aprofunda o fracionamento social e territorial. O Estado passa a presidir os grandes equilíbrios sob a vigilância estrita das instituições financeiras supracionais, consoante a sua necessária submissão aos constrangimentos econômicos, sem que desapareçam suas funções de regulação interna.
Trecho extraído do livro Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social (Cortez, 2008), da professora, pesquisadora e doutora em Ciências Sociais, Marilda Villela Iamamoto.Veja mais aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA 
A vida é mais linda na beleza potiguar (LAM)
Morro do Careca – Natal –RN, foto de Esdras Rebouças Nobre. Veja mais aqui.

Veja mais sobre William Shakespeare, Mia Couto, Patricia Galvão – Pagu, David Scott, Carl Otto Nicolai, Robert Gilmore, Jean Iris Murdoch & Adriano Kitnai aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagens: Lovebugs, de Vik Muniz.
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
A arte do fotografo estadunidense Spencer Tunick.
Recital Musical Tataritaritatá.
Veja aqui.




domingo, setembro 14, 2014

NAJA MARIE AIDT, JENNIFER LYNCH, NELLY SACHS & KOONING

 


QUANDO A GENTE VAI À LUTA NÃO ADIANTA TRASTEJAR: OU VAI OU RACHA! - O que não é ou foi ou está pra ser, inevitável a dura realidade: uma coisa ou outras, afora tantas e quantas. É melhor saber que além do 8 ou 80 maniqueístas, tem também o plano cartesiano com positivos e negativos pra baixo e pra esquerda, e uma infinidade de possibilidades quânticas na relatividade das coisas, formas, tempos e espaços. Não endoide tentando decifrar: é paradoxo atrás de outro e em cadeia infinita. Certo? Errado. Pra se prevenir pegue logo o fio de Ariadne pra carreira, ao descobrir que está no cúmulo dos labirintos enfrentando o Minotauro que é você mesma. Não esquente. Nem vá naquela de imaginação de menos, desespero de mais. Se peitar a desgraça não abra da guarda: bote pra torar tudo. E depois tenha o regozijo de se deleitar com o prurido coçando as perebas futuras. Não use da desculpa de que tudo está fodida e meia, afinal virgindade tem cura e sexo é a prova de que nem tudo tem limite. Se todos roubam não precisa seguir o exemplo, nem precisa enlouquecer pela desonra dos escrúpulos, nada é pior que passar na cara aquele: Eu num disse! Nada é tão importante que possa ser levada tão a sério: é só perder a vergonha e se esconder naquela de que apenas cumpriu o seu dever – é um ato para lá de honesto e nem se importe com aqueles boatos de que você andou chupando a rola e babando os ovos do chefe. Nem ligue, o que vale mesmo é respeitar os mortos e descascar os vivos. E mais: alguém já disse por aí que se trabalho fosse bom o rico tomava para ele mesmo. Ao contrário de Voltaire: não vai tirar você nunca da pobreza, vai fazê-la fumar mais ainda por conta da rotina insípida e entediante. Se a coisa estiver insossa pra sua banda adoce com uma loucura qualquer que der na telha e manje como é amargo não ter com quem brigar. Todo remédio, antes de tudo, é puro veneno. Destile e tome uns goles, fará bem pra saúde: sanidade mental é coisa do outro mundo e você não é alienígena pra se arrumar numa normose, né? Qual foi o santo de casa que obrou milagre? Você, com certeza, não será a primeira canonizada. A vida é isso mesmo: é sair fazendo merda a torto e a direito, sem ter que contabilizar os danos: os outros farão isso por nós mesmos e tudo será a mesma bosta de sempre. Viva! E se puder viva muito: quando virar a casa dos 100 verá que já passou pelo pior – dias melhores virão e se foi a última a apagar a luz é porque acertou na mosca ou no interruptor ou na lâmpada, das três, uma, tá? Se você se acha maravilhosa não fite o espelho, pode ser que não veja Narciso e que não deu certo mesmo, até ficar fora de moda. Saiba: toda unanimidade quando não é burra, com certeza é falsa. Além do mais você pode ter sido um erro. Já pensou? Por isso nunca queira ver a luz no fim do túnel: tudo de errado que a gente faz é feito um bumerangue e volta pra gente com força redobrada. O pior é que a gente nunca se lembra o que fez, né? Você pode ter sido a invenção que não era pra ter, mas teve futuro, entende a sutileza? Bote sua mola, dê seus pulos, bala perdida só quer alvo móvel. Andar perdido em ziguezague é melhor que encarar a linha do trem, nunca se sabe. Não resista a qualquer tentação, pode ser a última vez ou tarde demais. Se na horagá ficar sem graça, pense que está gozando férias na Suécia e pronto! Não jogue lixo fora, recicle e poderá virar um programa da tevê ou do rádio – ninguém vai assistir mesmo e nem se preocupe se isso envenenar um pouco os outros, eles merecem – tenha certeza disso! Gafe foi feita mesmo pra soltar inadvertidamente! É feito peido: fede, mas passa. E ninguém esquecerá: você entrou na hestória. Se tiver coragem diga na cara, resolva logo. Caso se acovarde e fale pelas costas descobrirá que tem mais uns 15 ou 20 inimigos tocando fogo na sua alma. Nem se aflija se seu sal estiver pisando. Não se choque nem se deprima se os espelhos de hoje não forem como os de antigamente; como já foi dito por alguém: é que agora eles têm o triste defeito de não pensar duas antes de refletir. Vai ver que você nem se reconheça com o que esteja vendo: não é mais a mesma porque deixou de sê-la faz tempo. Quem se importa? Além do mais vão querer subestimar sua superestimação, sabia? Se você pensa que é a rainha tamposa da primeira esquina, verão logo que não entende do riscado: antes de você alguém esteve ali e se fodeu faz tempo. Dirão que não dará certo e que é de brincadeira: a humanidade tanto fracassou que a Terra é redonda e que tem gente que sai cagando pelos 4 cantos do mundo. Então: não grite, o mau hálito empesta tudo. Não precisa contar nada pros seus pais, não corte os pulsos! Birutou? Está louca! Sorria... Mais vale um riso na cara que dois choros encarreirados. Educado é aquele que engole todo tipo de sapo cururu no trampo de todo santo dia e não tem uma náusea mínima sequer que seja pra se queixar no descanso do guerreiro. Bote fé e vamos aprumar a conversa!!! Veja mais aqui e aqui.

 

DITOS & DESDITOS - Todo artista retorna às coisas. Os desenhos que você faz quando criança ou adolescente e as ideias que você tem quando é um jovem artista iniciante, sem dúvida surgem continuamente. As mulheres também podem ser criativas em total isolamento. Conheço excelentes artistas mulheres que fazem trabalhos originais sem nenhuma resposta digna de menção. Talvez eles estejam acostumados com a falta de feedback. Talvez eles sejam mais difíceis. Por um lado, quero um gesto – qualquer tipo de gesto, todo tipo de gesto – gentil ou brutal, alegre ou trágico; o gesto do espaço subindo, afundando, fluindo, girando; os gestos da luz fluindo ou jorrando através da cor. Vejo tudo como possuidor ou possuído por gesto. Muitas vezes pensei nas minhas pinturas como tendo um eixo em torno do qual tudo gira. Uma pintura para mim é principalmente um verbo, não um substantivo, primeiro um evento e só secundariamente uma imagem. Pensamento da pintora estadunidense Elaine de Kooning (1918-1989).

 

ALGUEM FALOU: Em vez de uma pátria guardo as metamorfoses do mundo. Nós, mães, levamos ao coração do mundo a melodia da paz. Respirávamos o ar da liberdade sem conhecer a língua nem ninguém. Mas o silêncio é onde moram as vítimas. Pensamento da escritora alemã Nelly Sachs (1891-1970). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

 

HETEROTOPIA – Na obra Ditos & Escritos III de Outros espaços (Forense Universitária, 2009), encontra-se que para o filósofo, historiador, filólogo, teórico social e crítico literário francês Michel Foucault (1926-1984), heterotopia significa um espaço onde se vive no interior de um conjunto de relações, ou seja: [...] como uma rede que religa pontos e que entrecruza sua trama [...]. Esclarece o autor que a heterotopia tece sobre [...] o espaço no qual vivemos, pelo qual somos atraídos para fora de nós mesmos, no qual decorre precisamente a erosão de nossa vida, de nosso tempo, de nossa história, esse espaço que nos corrói e nos sulca é também em si mesmo um espaço heterogêneo [...]. Noutra obra do mesmo autor, O corpo utópico, as heterotopias (n-1 Edições, 2013), encontra-se que: [...] vive-se, morre-se, ama-se em um espaço quadriculado, recortado, matizado, com zonas claras e sombras, diferenças de níveis, degraus, escadas, vãos, relevos, regiões duras e outras quebradiças, penetráveis, porosas [...]. Observa-se, portanto, tratar-se de um conceito da geografia humana para descrever lugares e espaços que funcionam em condições não hegemônicas. Neste sentido, o autor usa o termo para descrever espaços que têm múltiplas camadas de significação ou de relações a outros lugares e cuja complexidade não pode ser vista imediatamente. Assim, para Foucault, a heterotopia por excelência é o navio: [...] A maior reserva de imaginação do Séc. XVI, nas civilizações sem barcos, a espionagem substitui a aventura e a polícia substitui os piratas [...]. Define assim que estes espaços são alteridades, que não estão definidos em determinados lugares, mas que são simultaneamente físicos e mentais, tais como o espaço de uma chamada telefônica ou o momento em que alguém se vê ao espelho. A heterotopia possui seus princípios, quais sejam: todas as culturas formaram heterotopias por toda a história da humanidade; heterotopias variam em funcionalidade com o passar do tempo e de acordo com a cultura; heterotopias podem unir múltiplos espaços incompatíveis entre si; heterotopias podem conectar diferentes períodos de tempo; heterotopias são locais separados da sociedade e com regras limitando a entrada e saída; e, por fim, heterotopias têm uma função relacionada ao espaço ao redor. Existe uma tipologia específica para as heterotopias, a exemplo da Heterotopia de crise (refere-se a lugares privilegiados, sagrados ou proibidos, reservados para indivíduos que estão em estado de crise em relação à sociedade em que vivem, destinados a expressão de comportamentos socialmente indesejado longe dos olhos da sociedade. P. ex., motéis, quando usados por amantes, gays e para solteiros em sociedades em que o sexo deve ser apenas entre um marido e sua esposa), Heterotopias de desvio (que são instituições onde são internados indivíduos cujo comportamento é indesejado. Ex: Hospitais psiquiátricos, asilos, prisões, internatos, enfermarias...), Heterotopias temporais (como museus reúnem objetos de todos os tempos e estilos em um lugar. Eles existem no tempo, mas também existem fora do tempo, porque eles são construídos e preservados para serem fisicamente incapazes de se deteriorar com tempo), Heterotopias de purificações (que são espaços que estão isolados e penetráveis ao público sem permissão usados para se purificar, seja por motivos religiosos, ou meramente por higiene. Ex: Templos religiosos, prisão, sauna), Heterotopia de ilusão (que usa objetos reais para criar ilusões e fantasias. Ex: Espelho, livros e filmes de ficção) e Heterotopia de compensação (Lugar real e único que simula e se relaciona a condições de outro lugar. Um jardim botânico é uma heterotopia porque é um espaço real, mas que simula ser um ambiente diferente, adequando-se às plantas de todo o mundo. Outros exemplos incluem zoológicos, estufas, colônias, enclaves, etc). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

 

MEDITAÇÕES: TONS DE CEFALÔNIA - [...] Índigo, o azul profundo contém uma abundância de safiras que brilham através da densidade, despertando e agitando a nossa consciência. À luz do dia o mar vai mudar, mas por enquanto permanece misterioso, alcançável através da nossa imaginação. [...] Vestidos de noiva brancos deslumbrantes e puros, trazendo promessas, unindo duas almas, forças vitais conectadas, mantendo a mesma visão. [...]. Trechos extraídos da obra Shades of Kefalonia: Meditations (Independent Publishing, 2014), da atriz, escritora, roteirista e diretora estadunidense Jennifer Lynch, autora de frases tais como: Encontrei luz e prazer dentro do horror. A alegria é encontrada no sopro da aceitação, sabendo que tudo está bem em nosso mundo, se nos rendermos com graça. Não consigo deixar de ter pensamentos tristes às vezes. Às vezes são as coisas mais próximas em minha mente. Veja mais aqui.

 

DOIS POEMASTUDO BRILHA - Então, de repente, bosques de faias, todos verdes por trás dos olhos sonolentos \ um cervo salta pela estrada da floresta\ aromas de ácido e musgo e bochecha contra casca, luz do sol\ entre troncos, estou em casa e ouço o Mar Báltico\ bato contra grandes pedras distantes e eu descanso como um\ fada ou bruxa nos cheiros doces do chão da floresta\ podemos facilmente esquecer o que somos, quem somos\ que somos, mas basta uma pequena ligação\ acordar os adormecidos, como agora, na floresta, para \ A ESCUTA, não é aquela música e o toque das taças\ soando nas câmaras verdes? SIM, caramba, uma celebração\ para a criança de dezessete anos, que nunca\ fui mais feliz e nunca serei mais feliz; o mundo brilha\ tudo inimaginavelmente possível enquanto uma cambalhota\ e uma sensibilidade nova, mas não perturbadora, instalou-se\ no meio de sua irresistivelmente marzipanescente \ corpo. TUDO PISCA - Então, de repente, uma floresta de faias, toda verde por trás dos olhos semicerrados \ uma traseira salta sobre a estrada de terra batida\ aqui cheira a ácido e musgo e a bochecha contra casca, sol chuva\ entre tribos, estou em casa e ouço o Mar Báltico\ ataque contra grandes rochas distantes, estou descansando como um só\ fada ou bruxa nos aromas do chão da floresta\ podemos facilmente esquecer que somos quem somos\ que somos, mas é necessário apenas um pequeno sinal\ despertar o adormecido, como agora, na floresta, para\ OUÇA AGORA, não é cantar e tilintar de copos\ isso soa nos corredores verdes? SIM, uma festa\ para a criança de dezessete anos que nunca teve\ tive melhor e nunca vou melhorar; o mundo pisca\ tudo inimaginavelmente possível durante um power jump\ e uma sensibilidade nova, mas não perturbadora, se instalou\ no meio do irresistível maçapão\ corpo. Poemas da escritora dinamarquesa Naja Marie Aidt.

 

HUMOUTRARTES


PENSAMENTO DO DIA – Quando a gente enfia o pé na jaca, não adianta judiar da mãe do guarda, nem do fiofó afolosado do prefeito. É só sair tropicando pra tirar o meladeiro e mandar ver como se nada tivesse acontecido.

HORÁRIO ELEITORAL GRATUITO – Doro apareceu como sempre: candidato presidenciável sem partido, sem vergonha e sem ter onde cair morto. E foi logo dizendo: “Vote em Doro pela mudança!”. Oxe, aí eu perguntei: - Como é? Ele na lata respondeu: “Os caras tão falando tanto de mudança que num sei se eu tô fora do negóço ou se eles que enlouquecero”. Ué? Aí ele arremedou: “Será que desindoidei de vez ou os caras tão piradinhos de bigu na fumaça do braquearo que não me disseram que tá queimando, hem?”. Já vi a lorota. “Mudança? Pra mim a mudança tá só na cor da bosta que a fedentina entuia!”. Pra mim, os caras estão parafraseando Clarice Lispector: a mudança da mudança da mudança da mudança da mudança... ou, ainda, eles querem voltar antes da mudança da mudança da mudança e cair na ditadura dos milicos de 1964/85? É mudança demais pra meu juízo pouco. Claro, ora, que a coisa num tá lá que se diga que tá maior das lindezas, claro que não, ora ora! Longe de léguas de lonjura de chegar nem no chulé do que a gente deveria ter por básico. Valha-me esse negócio de horário eleitoral gratuito.

ÉTICA – “A ética pode ser definida como um estudo de padrões de conduta e de julgamento moral. É especialmente útil quando permite solucionar padrões ou julgamentos morais conflitantes. Não é algo assim tão simples quando decidir o que é certo ou errado. Dilemas éticos mais difíceis surgem quando dois princípios aparentemente corretos estão em conflito. Existem muitos exemplos desse tipo de conflito no mundo atual. O debate em prol da vida em contraposição ao direito de escolha (a opção de uma mulher por abortar o filho, por exemplo) é um conflito clássico entre dois valores – a vida e o direito de escolha. Existem várias outras situações. [...]”. Em vista disso, seja verdadeiro, proteja a privacidade, não crie comportamentos inadequados, não seja ofensivo, seja justo e equilibrado, evite estereótipos e proteja as crianças. E durma em paz (recolhido de Alan R. Andreasen, do livro Ética e marketing social: como conciliar os interesses do cliente, da empresa e da sociedade numa ação de marketing). Veja mais aqui.

PASSADO, PRESENTE & FUTURO – “[...] O conhecimento histórico organiza a desordem e estabelece um significado ao que parece ser um caos, colocando o passado em perspectiva para explicar o presente. [...] o que fomos no passado pode mostrar o que somos no presente”. (Duane Schultz & Sidney Schultz, História da psicologia moderna).

NÃO DESISTA! – “Quando as coisas derem errado, como às vezes dão, quando sua estrada parecer uma subida sem perdão, quando as dívidas forem altas e os recursos a expirar, e você quiser sorrir, e só conseguir suspirar; quando a preocupação for a única coisa diante da sua vida – descanse, se precisar, mas não desista. A vida é caprichosa, vivem dizendo, conforme todos um dia acabam aprendendo, e muitos dos que lutam, acabam desistindo quando teria vencido se continuassem insistindo. Não desista, ainda que seu progresso pareça lento – você pode conseguir, com outra investida a contento. Muitas vezes o lutador deixa de perseverar quando a taça da vitória tão perto estava de conquistar, e acaba percebendo, já muito tarde, quando sobre a terra a lua lança sua luz prateada quão próximo ele estava da coroa dourada. O sucesso é o avesso do fracasso – continue lutando, ainda que o mais duro golpe possa vir – porque quando piores estão as coisas é que não se pode desistir”. E aconselho: leia Cândido e o Otimista de Voltaire, será um santo remédio. (recolhido de Charles M. Futrell, do livro Vendas: fundamentos e novas práticas de gestão).

O HOMEM DO MUNDO DESPEDAÇADO – Aos 23 anos de idade, um soldado russo, subtenente Zasetsky, levou um tiro no lado esquerdo da cabeça. O ferimento alterou seu comportamento de forma abrupta, conforme verificado no seu diário. Uma mudança experimentada por ele foi de visão fragmentada: “Desde que fui ferido, não pude mais ver um único objeto inteiro – nem uma única coisa. Mesmo agora, preciso usar minha imaginação para completar objetos, fenômenos ou qualquer coisa viva. Isto é, preciso representar sua imagem na mente e tentar lembrar-me deles como elementos completos – depois de poder observá-los, tocá-los ou obter alguma imagem deles”. Partes do corpo de Zasetsky aparecem distorcidas para ele: “Às vezes, quando estou sentado, subitamente sinto como se minha cabeça fosse do tamanho de uma mesa – exatamente desse tamanho -, enquanto minhas mãos, pés e tronco tornam-se bem pequenos. Quando fecho os olhos, sequer tenho certeza de onde está minha perna; por alguma razão, costumava pensar (e até sentir) que estava acima do ombro, e até mesmo acima da cabeça”. A percepção de espaço dele foi prejudicada de outra forma. Segundo ele: “Desde que fui ferido, às vezes tenho dificuldade para me sentar em uma cadeira ou em um sofá. Primeiro olho onde a cadeira está, mas, quando tento sentar, subitamente tenho de agarrar a cadeira porque sinto medo de cair no chão. Às vezes isso ocorre por que a cadeira está mais adiante do que eu imagino”. Talvez o mais triste de tudo é que as habilidades intelectuais dele ficaram profundamente prejudicadas: perdeu a capacidade de ler e escrever. Teve dificuldade de compreender o sentido de uma conversa ou de entender uma história simples. Outrora excelente estudante e pesquisador competente, não podia mais lidar com assuntos que lhe eram básicos: gramática, aritmética, geometria, física. Começando do zero, ele tentou desesperadamente reaprender. Procurou meios de compensar as capacidades intelectuais que perdera. Porém, nisso, jamais teve êxito, apesar dos diligentes esforços ao longo de mais de 25 anos. O caso dele frisa a importância do cérebro para o comportamento e a cognição (Registrado por Luria e recolhido de Linda Davidoff, Introdução à Psicologia).


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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
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quarta-feira, abril 30, 2014

LILLIAN HELLMAN, SÔNIA CHOCRON, ANA KATZ & LINDA LOVELACE

 

REMEXENDO AS CATRACAS DO QUENGO E QUEIMANDO AS PESTANAS COM COISAS, COISITAS E COISÕES!!!!!! – O que aprendi nos volteios da vida, coisas que nem sei, coisitas que passaram, coisões que deixaram quase danos irreparáveis. Foi, nada mais. De bom ficou o menino travesso da beira do rio engolindo sapos, atravessando brejos e mares imensos, quase não tinha mais como catar pra contar história. Sempre quase o menino cresceu, pintou e bordou. Fez quase tudo: copista dos tomos e leis, bancário relapso, radialista folgazão e sorria driblando com jeito quedas e escorregões, barreiras intransponíveis, bunda arrastada no chão, esfolando a carne, livrando-se das lapadas, escapando aqui e acolá, escorregando quase ileso, quase condenado, sobrevivendo e coexistindo com desertos e infernos. Aprendeu um bocado, parece. Leitor compulsivo de horas a fio sem bater a pestana e era nos livros o melhor de tudo. O que imaginou quase tudo deu certo. Quase. Depois da escola caiu na vida e pras bancas retornou um tanto de vezes para sacar o que havia dado errado. Virou mundo, conheceu muita gente, muitas ou quase todas se foram ou deram as costas, restando alguns gatos pingados na consideração. Parentes tudo longe ou do outro lado das coisas e do mundo. Teve que aprender por si só: levando tudo nos peitos e na raça, do jeito que desse. De relevante mesmo quase nada restou aqui ou ali uma coisinha que seja. Recomeçou um tanto de vezes, ainda hoje, todo dia parte da estaca zero. Assumiu fracassos, cônscio de sua inutilidade pro que prestasse. Bom de conversa e serventia pra mais nadica. Falante que só o homem da cobra, até que impressionava, mas é só: nada mais que só primeira impressão. Com o eterno retorno vai e volta, nunca é tarde para reaprender. O que fez e o que foi feito, a mesma coisa que não fizesse. Vale o que viveu e se aprendeu, pelo menos, parece que leva jeito para contar hestórias. E só. Jogar conversa fora. Afinal tudo é efêmero: a vida passa, a gente não sabe de onde veio nem pra onde vai, e o que fica, no fim mesmo, lembranças e aprendizagens que um dia virarão cinzas e ninguém mais nem saberá. Veja mais aqui, aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOSO mundo com suas regras, cada vez mais rígidas, e as pessoas pequenas ou anãs tentando realizar um sonho. Resumindo, acho que os problemas não são tantos, o problema é como nos imergimos neles e a sinceridade com que os enfrentamos... O tempo é um elemento fundamental para mim: ir, voltar, mudar, retomar… Mas estou falando de um período ativo em que muito trabalho é feito. Gosto de pesquisas aprofundadas, não dou muito espaço para desculpas: que ontem tive frio, que hoje estou atrasado, que não voltarei amanhã... Procuro sempre sair desses lugares que te atolam, aquelas áreas superficiais que costumam ser encontradas com frequência no teatro independente. Não gosto nada desses lugares opacos. A gestão deve ser um lugar de compreensão, mas também de promoção do trabalho com consciência... O teatro é um compromisso constante, mobiliza, aproxima as pessoas com quem você trabalha e longos períodos de pesquisa e busca. Preciso de tempo para desenvolver um projeto de teatro. Pensamento da escritora, atriz e diretora argentina Ana Katz. Veja mais aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Se não gerarmos resposta, as sacolas não ficarão tão cheias na despensa... Pensamento da atriz e ativista estadunidense Linda Lovelace (Linda Susan Boreman - 1949-2002), que no seu livro Ordeal (Citadel, 2006), expressa: [...] Quando alguém precisa de ajuda, é hora de ajudar. Não no dia seguinte. Não quando é seguro. [...] Ela fez coisas para manter seu homem feliz. Fiz coisas para evitar que meu homem me matasse [...] Eu era o tipo de garota que gostava de ir à beira-mar e dar as mãos. Eu ainda estou. [...] Embora eu tenha ficado terrivelmente decepcionada depois disso, houve um lado bom na experiência. Quanto mais as pessoas decentes se interessavam por mim por razões decentes, mais forte eu me tornava. [...]. A vida dela foi uma tragédia: aos 19 anos, ela engravidou sem querer e teve o bebê, que sua mãe repressora entregou para adoção. Pouco depois, sobreviveu a um terrível acidente de carro. Foi aí, enquanto se recuperava do acidente, que a deixou com um fígado em frangalhos, costelas e mandíbula quebradas, que ela conheceu Chuck Traynor, seis anos mais velho que ela. Ela se casou outras duas vezes e teve dois filhos, mas sempre enfrentou problemas de saúde. Em 87, precisou fazer uma mastectomia dupla para retirar os seios, contaminados pelo silicone que Chuck a forçou a colocar antes de Garganta. Durante a preparação para a mastectomia, os médicos perceberam que seu fígado não dava mais, consequência da transfusão de sangue após o acidente de carro de 69. Ela teve que se submeter a um transplante de fígado. Um só remédio para a não-rejeição do novo órgão custava 2,500 dólares por mês, que Linda não tinha como pagar. Afinal, tudo que Linda havia recebido pela super bilheteria de Garganta foi US$ 1,250 -- que foi direto pro bolso de Chuck. Sem ter como pagar as contas, sem conseguir emprego por causa de sua fama/infâmia, Linda tentou ganhar um pouco de dinheiro vendendo produtos referentes à Garganta, como uma camiseta escrito "I made Linda Lovelace gag". Linda morreu em 2002, num outro acidente de carro. Ela tinha apenas 53 anos. Veja mais aqui.

 

PENTIMENTO – [...] A tinta velha sobre uma tela, à medida que envelhece, às vezes torna-se transparente. Quando isso acontece é possível, em algumas fotos, ver os traços originais: uma árvore aparece através do vestido de uma mulher, uma criança dá lugar a um cachorro, um grande barco não está mais em mar aberto. Isso se chama pentimento porque o pintor “se arrependeu”, mudou de ideia. Talvez fosse melhor dizer que a concepção antiga, substituída por uma escolha posterior, é uma forma de ver e depois ver novamente. Isso é tudo que quero dizer sobre as pessoas neste livro. A tinta envelheceu e eu queria ver o que estava lá para mim uma vez, o que está lá para mim agora. [...]. Trecho extraído da obra Pentimento (José Olympio, 2010), da escritora estadunidense Lillian Hellman (1905-1984). Veja mais aqui.

 

DOIS POEMAS - COMO UMA NUVEM - Estou passando sem passar \como uma nuvem \Leve, tênue, insubstancial \ como uma nuvem \ Fazendo uma sombra fugaz \ como uma nuvem \ Mudando minha solidão \ como uma nuvem \ Vaga muito branca \ como uma nuvem \ Estou passando sem passar. ORDEM - Você tem que arrumar a casa \ lavar os azulejos vestir a cama \ você tem que arrumar a casa \ plantar as flores de abóbora \ apagar o rastro do mato \ procurar a música das coisas \ fazendo ordem arrumando a casa \ com as palavras para formá-las \ colocar a ordem \formar a casa \ com um exército de palavras \ que ninguém sabe que ninguém vê \ que os gazebos estão caindo \ temos que colocar ordem na casa \ para que o pássaro da tristeza \ vá ao parque ou à avenida \ colocar ordem dentro de casa \ e que deixa crescer a angústia \ cega que cresce nela quando amanhece, banha cada fenda dos cantos \ com açúcar e sangue ímpio. Que Deus a proteja e a favor da melancolia traiçoeira do mau-olhado e da vilania que deve ser cometida, \ ordenar, tirar o rastro, varrer a poeira todos os dias \ limpar a casa dar a ordem que se nos derrotar \ nos venderia a morte eterna a pena na vida matar a ordem cegar a ferida. Poema da escritora, dramaturga e roteirista venezuelana Sônia Chocron.

 

HOMEM SOU E NADA HUMANO ME É ESTRANHO –Anexim atribuído ao dramaturgo e poeta romano Públio Terêncio Afer (195 a.C-159 a.C), originalmente: "Homo sum, humani nihil a me alienum puto". A história dele é curiosa: teve uma infância de escravo do senador Terentius Lucanus, tendo excelente educação. Suas comédias tratam problemas morais, sempre com mentalidade de humanista. A sua obra prima é a peça teatral Os Irmãos que compara os efeitos de duas maneiras diferentes de educar os filhos: a severidade paternal e a compreensão liberal. Outras frases atribuídas ao comediógrafo romano: “Nada é tão difícil que, à força de tentativas, não tenha resolução”, ou “É sábio experimentar todos os caminhos antes de chegar ás armas”. Melhor ainda: “Nada é tão fácil que, feito de má vontade, não se torne difícil”. Veja mais Momentos de Reflexão.

O FAUSTO DE GOETHE – Oriundo de uma lenda popular alemã a respeito de um pacto feito pelo alquimista e mágico Dr. Johann Georg Faust (1460-1549) com o demônio, tornou-se a inspiração para diversas peças teatrais, entre as quais, o poema trágico homônimo de Johann Wolfgang Goethe (1749-1832), tornando-se umas das grandes obras primas da literatura alemã. No texto encontramos um dos personagens, Mefistófeles dizendo: De sol e de mundos nada sei dizer, vejo apenas como os homens se atormentam. O pequeno Deus do mundo continua na mesma e está tão admirável assim como no primeiro dia. Um pouco melhor ele viveria, não lhe tivesses dado o brilho da luz celeste; ele chama isto razão e lança mão dela somente para ser mais animalesco do que cada animal”. Noutra ocasião Fausto menciona que: “Temos necessidade justamente daquilo que não sabemos e sabemos aquilo que não sabemos utilizar”. Mais adiante faz menção: “Sou velho demais para somente me divertir; moço demais, para ser sem desejos. Que pode o mundo bem proporcionar-me? A existência é um fardo”. Em seguida ele confessa que: “Eu nunca soube adaptar-me à sociedade. Diante dos outros sinto-me tão pequeno que serei eternamente um acanhado”. Por fim, arremata: “Quem aspirar, lutando ao alvo / À redenção traremos”. Veja mais Goethe.

ÉTICA – A ética no Brasil é na base da consanguinidade e do compadrio, como diz o Doro: “Pra família e pros amigos, tudo! Pros inimigos, a lei!”. A propósito já dizia Sérgio Buarque de Holanda no seu Raízes do Brasil: "O Estado não é uma ampliação do círculo familiar e, ainda menos, uma integração de certos agrupamentos, de certas vontades particularizadas, de que a família é o melhor exemplo. Não existe, entre o circulo familiar e o Estado, uma gradação, mas antes uma descontinuidade e até uma oposição". Será o Fecamepa? Veja mais Doro.

SAÚDE NO BRASIL – Enquanto a Constituição Federal determina no art. 196 que “[...] A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”, Zé Corninho fica coarando meses para ser atendido por um médico para lhe curar da hérnia que faz com seus colhões desçam ao joelho, Vera Indignada chora a morte do sobrinho da prima por falta de atendimento médico numa emergência, a avó de 93 anos de idade do Robimagaiver em estado grave recebe alta porque o hospital está precisando do leito para acomodar outro paciente endinheirado, a bisavó de Doro é dada por morta quando ainda estava vivinha esquecida num canto duma UTI, afora desvio de medicamentos da glaucoma, má gestão pública, malversação do erário pública, uma praga a saúde no Brasil! Por isso, Ruben Araujo de Mattos diz: “[...] não é aceitável que os serviços de saúde estejam organizados exclusivamente para responder às doenças de uma população, embora eles devam responder a tais doenças. Os serviços devem estar organizados para realizar uma apreensão ampliada das necessidades da população ao qual atendem. [...] Um paciente não se reduz a uma lesão que nesse momento lhe provoca sofrimento. Tampouco não se reduz a um corpo com possíveis lesões ainda silenciosas, escondidas à espera de um olhar astuto que as descubra. Tampouco se reduz a conjunto de situações de risco. O profissional que busque orientar suas práticas pelo princípio da integralidade busca sistematicamente escapar aos reducionismos. [...] Como também não se reduzem às necessidades de informações e de intervenções potencialmente capazes de evitar um sofrimento futuro. As necessidades não se reduzem àquelas apreensíveis por uma única disciplina como a epidemiologia, ou como a clínica. Novamente, o princípio da integralidade implica superar reducionismos. [...] As respostas aos problemas de saúde devem abarcar as suas mais diversas dimensões. Analogamente, devem oferecer respostas aos diversos grupos atingidos pelo problema em foco. [...] Há profissionais que, impossibilitados de tratar com sujeitos, tratam apenas das doenças. Lidam com os sujeitos como se eles fossem apenas portadores de doenças, e não como portadores de desejos, de aspirações, de sonhos. Há modos de organizar os serviços que tomam certas percepções de necessidades (percepções necessariamente subjetivas) como se fossem reais. Reificando suas próprias percepções, tornam-se insensíveis aos desejos e aspirações de outros sujeitos, quer estejam eles como pacientes como usuários, quer como profissionais. Há formuladores de política que concebem os sujeitos que sofrerão as consequências das políticas que formulam como objetos, alvos das intervenções. (Ruben Araújo de Mattos, Os Sentidos da Integralidade: algumas reflexões acerca de valores que merecem ser defendidos). Confira mais Saúde no Brasil.

MAIOR ARRANCA-RABO! – Depois duns xingamentos regados a tabefes, empurrões e deixa-disso, a dupla das desavenças Zé Peiúdo e Zé Bilôla dá de novamente se agarrar num estrupício sob o teor da rixa. Um gritou pro outro: “Enquanto inzistir genti da sua laia na face da terra o mundo nunca vai prestá!”. O riscado das peixeiras chega espirrar fogo nas calçadas. Esses nunca se entenderam. Melhor seria o que diz Débora Massmann: “[...] é no espaço da controvérsia que a argumentação se consolida à medida que se estabelece a interação entre os interlocutores, ou seja, à medida que se considera o outro como um sujeito capaz de reagir e de interagir discursivamente pelo exercício da negociação e do entendimento através do debate”. (Débora Massmann, Argumentação em busca de um conceito). Ou mesmo o que diz Boaventura de Souza Santos no seu “A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência”: "[...] a incapacidade de estabelecer uma relação com o outro a não ser transformando-o em objeto". Ah, danou-se! Será tudo isso é coisa do Big Shit Bôbras?!?!?!?


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