Dentro da oficina do mestre João do Pife de
Caruaru adquiri meu primeiro instrumento e assim comecei a aprender. Trouxe o
instrumento pra casa, que meu pai me deu de presente porque era próximo do meu
aniversário. E como a gente mora aqui no bairro do Salgado, bem próximo a casa
do João do Pife, sempre eu estava lá, chamava as amizades e aperreava o “vein”
pra ele me ensinar a tocar pife e foi assim que eu aprendi e tenho muito a
aprender ainda...
Pensamento ao som do álbum Sem Pergaminho
(2025), primeiro álbum musical autoral da artista independente, musicista,
pifeira, luthier, compositora, professora e produtora Vitória do Pife,
que idealizou o projeto Passarinho Passarada (2019), levando música como forma
de educação para as crianças do bairro do Salgado, em Caruaru – PE. É
integrante Orquestra de Pífanos de Caruaru & Maestro Mozart Vieira, da
banda Forró Agarradim e da Banda de Pífanos Zé do Estado, além de fundar a
Banda de Pífanos Caruaru Camaleão
A vida segue caminhos tortuosos... - Já era tarde da noite quando Zeca Biu, aos bocejos, sentiu frio. Estava
muito chateado com o imbróglio de suas demandas diárias, comendo seu juízo. Viu-se
cansadíssimo e resolveu jogar tudo pro ar, ora, ora. Melhor deitar e descansar,
obtemperou. Assim o fez e logo regalou-se à costumeira cama com seu cobertor
abafa-banana, ajeitando os travesseiros molambentos, aos suspiros, aí dormiu
emborcado, roncou estirado de papo pro ar e, aos peidos trovejantes, muito
sonhou. Despertou determinado a ir num zoológico para dar cabo do pandemônio
que virara seu quintal – os incomodados vizinhos, ameaça da polícia, as
chaturas e perrengues, perigava ser enxotado num sabia pra onde. Estava tão firme
no seu propósito de quase passar despercebido que não estava em sua cama, ali
não era seu quarto e viu-se fora de sua casa, numa noite do ocaso da Lua. Oxe, que
fuleragem é essa, ondéqeutô! Abriu bem os olhos, levantou as pestanas, acionou
o faro, aprumou as ouças, ligou as orelhas e perscrutou: vozes. Na verdade,
duas: um casal combinava, não dava para identificar o quê. Ficou sintonizando,
ia pra lá, não, distanciava-se; pra cá, sim, aproximava-se, vozes mais nítidas.
Tateou, topadas e sustos, quase ao vivo, mas sem conseguir enxergá-los, ousou
no caliginoso: Boa noite, por acaso poderiam me dizer onde estou? Num oásis,
respondeu-lhe uma voz masculina. E pra seu espanto deu pra ver de relance numa
centelha ínfima: um mascarado de camelo falante. Essa é boa: que marmota é essa,
saíram de um baile de máscara, foi? Não, somos nós – era uma voz feminina e um
novo escândalo: fantasiada de zebra, também falante. Agora deu, pronto, devo
ter endoidado: que pinoia é essa, hem? Responderam com outra indagação: Nunca
leu Shakespeare? Ué, o que tem o cu com as calças? Somos humanos! Eita! Aí
aboticou as vistas: Não eram e tinha certeza, parecia uma daquelas disforias de
espécie, uma teriantropia ao contrário, ou que licantropia braba era essa,
será? Então, uma fogueira foi acesa e ele começou a falar: Sou Alain, filho do
tapeceiro Josamur. Muito jovem me apaixonei pela bela filha do Sultão e era
correspondido. E por não ser abastado e vindo de família muito humilde, fui ameaçado
e, como insisti, condenado à morte. Por causa do nosso idílio, o pai dela tentou
por diversas vezes me matar. E numa de suas investidas, mais uma vez me
desvencilhei e, com o desalmado golpe, ele matou a própria filha. Daí a minha
fuga pelos 4 cantos do mundo, até ser amaldiçoado por bruxaria e me tornei o
que sou: um camelo e me chamam agora de Bonifácio, suposto neto de Zorol da Somália,
que, por sua vez era filho de um dos guardiões do paraíso, os voadores de Zohar
do Paraíso no Avesta. Peraí! Como é que é? Ouviu tudo de novo e Zeca Biu amiudou
na conferência: de fato, era mesmo um bicho feio com cabeça de alce, orelha de
burro, cílios longos e grossos, patas de cavalo, pernas de avestruz, rabos de
espanador, teimoso, cuspidor, estava com uma bateria nas costas; não, melhor, duas,
pense num desengonçado, hem, Esopo, tão desajeitado de ganhar o opróbrio
por não ter sido criado por Deus, mas, como disse Millôr: por um grupo
de trabalho. E continuou a narração: Eu me perdi duma caravana, depois de
atravessar os desertos de Gobi, da Arábia, o Saara e Kalahari; fui parar no Rajastão
para ser trocado nas feiras de Pushkar e Bikader e, depois de muitas idas e vindas,
de lá me passei pelos 35 camelos do homem que calculava, fui o preguiçoso
de Rudyard Kipling e quase fui capturado pruma expedição que ia pro Ceará
- na verdade foram 14 dromedários de Argel para Pedro II, numa comissão
científica que incluía o poeta e etnólogo Gonçalves Dias. Não tivesse me
desviado duma comitiva que ia pro Atacama, entre o Chile e o Peru, daí nenhuma cáfila,
nem dromedários, iamas, alpacas ou vicunhas que aparecessem, findei como um
desertor errante pelo semiárido, atravessando Seridó, Gilbués, Irauçuba e o sertão
de Cabrobó. Até passei pelos Lençóis Maranhenses e o Jalapão de Tocantins,
coisas até bonitas de se ver. Chorei muito de solidão, sabia: os camelos também
choram! Zeca Biu ainda com um pé atrás e zis pulgas rondando suas orelhas, perquiriu
agudamente e constatou: É mesmo, parecia mais que o bicho estava ao relento e contou
que era bastante resistente e servil, carregando pesadíssimos fardos em marchas
pelos desertos, doido por cevada e andava melancólico pela vaia que levou ao se
meter numa competição com um salafrário dum macaco numa dança, razão pela qual
foi execrado pelo reino animal e, ainda por cima, amaldiçoado por fugir
atravessando o buraco de uma agulha, um vitupério para Jesuisis, e com um
lamento: Virei provérbio buriata da Sibéria à Turquia: porque se julgou grande,
desgraçou o exército! Mas, saiba: sou a primeira das 3 metamorfoses do espírito
do Zaratustra de Nietszche. Ah, entendi o ditado: sábio feito um camelo!
E dizem que sua lágrima é antídoto! Foi então que puxando o fim da conversa, mencionou
haver descoberto a sugestão
de Cecília Meirelles: o camelo mastiga a sua solidão. E regurgitei para descobrir
meu próprio deserto entre zumbis hiperativos incluídos e
trapos humanos excluídos da Rolnik, assim, exercia o meu vazio: camelos
também dançam! Vixe! Pra minha sorte, não fosse o charme das minhas formosas bossas,
não teria encontrado esta bela senhorita que me acompanha. Aí Zeca Biu disse
pra si mesmo: Essa é boa: deu zebra! Segura a peta que vem mais patranha! Mesmo
inarredavelmente incrédulo, para ele a coisa seguia um tanto convincente: Quero
ver mesmo aonde é que vai dar! E enquanto o camelo assoprava a fogueira e pondo
mais incensos pra queimar, ela começou a contar: Sou Dinazade, o mesmo nome da
irmã de Sheherazade com as suas mil & uma noites, porém, só o nome,
pois, sou filha de um oleiro etíope muito severo e religioso. Por causa de um
namorico com um jovem bonito eritreu, nem meus pais nem os dele aprovavam o enlace
e, inflamados pela fúria, fui vítima da mais perversa feitiçaria de um
praticante de Zangbeto, que era, na verdade, pra me proteger e deu tudo errado:
transformaram-me numa equídea de Grevy e agora me chamam de Zecora, supostamente
nascida em Equestria, entre muitas outras e cada uma com o padrão do Alan
Touring. Agora sim, posso assegurar: zebras também existem, viu! E aprendi com
as hienas a desconfiar das arapucas e passei a andar com o rebanho milhares de
quilômetros na migração, atrás de água e comida. Sentia-me protegida pela
manada, prosperávamos em ambiente hostil que fosse. Corríamos pelas savanas e,
se dependesse de mim, o leão morria de fome; se viesse me atacar, me defendia
com minha patada letal: Quero é ver predador resistir. E passei a bramir e
também latir, roncar, guinchar e miar, tanto como alerta, como pros rituais de
acasalamento. Era tudo verdade, constatou ali mesmo Zeca Biu: a listrada quadrúpede
solípedes girava as orelhas em qualquer direção, dormia em pé de dia, alerta
total; deitava-se de noite, sob a vigilância dos pares; era desconfiada e
temperamentalmente reativa. E mais: a mamífera ungulada corria como uma praga e
era celebrada em Botsuana, ornamentava as oferendas na Tailândia e muito prestigiada
pelos xamãs e zulus: o equilíbrio entre opostos. E sob o seu símbolo
invocava-se a energia espiritual para cura e orientação, a sua pele
representava proteção, força e poder. E ela continuou plangente: Fui capturada
e levada com outras para um tal de Walter Rothschild, que me treinou para puxar
carruagens. Ele não sabia: não sou para montar, nem me sujeito a carregar nada
nem ninguém. Fugi e virei pilhéria nos versos do Clive Blake: nasci com código
de barras. Pode isso? Fui louvada nas paisagens dos safaris de Hemingway,
quando na verdade, vivia o perigo da única hestória de Chimamanda,
porque sabia Mia Couto: o racismo inventava a raça. O bom que não tenho úlceras!
Mas o lume da pedra me feriu na cerimônia dos ritos de passagem de Paula Tavares. Depois de muitas
andanças erráticas, finalmente encontrei este cavalheiresco senhor: foi o glifo na minha garupa que flechou seu coração com o feitiço da
nossa paixão. U-la-lá! Quase de mentira, porém verossímil. Zeca Biu
impressionou-se: Dava prum enredo maior que o cordel do Pavão Mysterioso.
Hum? Estava enfim afeiçoado por ambos. E o que parecia a mais insolente aldrabice
duma doidice onírica, atravessou os limites da fábula e invadiu a sua
realidade. Ainda hoje Zeca Biu insiste: Não é caraminhola não, viu? Estão lá no
meu quintal pra quem quiser comprovar! Até mais ver.
Stephenie Meyer: Para mim, é importante ser livre e saber que estou agindo por mim mesma. Faço as coisas porque quero, e isso é importante. Você quer ser você mesmo... Quando se pode viver para sempre, para que se vive?... Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
Ana Maria Machado: Hoje sabemos que somos nada. Que a vida é o lampejo do cisco. Que o
que amamos é infinitamente precioso... Ler é um direito de cada cidadão, não é
um dever... Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.
Patricia Churchland: A humildade nos convida a nos aceitarmos como somos; não precisamos
ter importância cósmica para sermos verdadeiramente significativos... Veja
mais aqui, aqui, aqui & aqui.
CELEBRAÇÃO DO CORPO
Imagem: Acervo ArtLAM.
Amo este meu corpo que
viveu a vida, \ seu contorno de ânfora, \ sua suavidade aquosa, \ a profusão de
cabelos que coroa meu crânio, \ a taça de cristal do meu rosto, \ sua base
delicada que se ergue graciosamente dos ombros e clavículas. \ Amo minhas
costas, \ adornadas com estrelas desbotadas, \ minhas colinas translúcidas, \ fontes
do meu seio que dão o primeiro sustento da espécie. \ Projeções estriadas, \ cintura
móvel, \ recipiente pleno e quente do meu ventre. \ Amo a curva lunar dos meus
quadris \ moldada por gestações alternadas, \ a vasta e ondulante redondeza das
minhas nádegas; \ e minhas pernas e pés, alicerce e suporte do templo. \ Amo o
punhado de pétalas escuras, \ o velo oculto que guarda o misterioso limiar do
paraíso, \ a cavidade úmida onde o sangue flui e a água viva brota. \ Este meu
corpo doente, \ que supura, tosse e transpira, \ secreta humores, fezes e
saliva, \ e se cansa, se exaure e definha. \ Corpo vivo, elo que assegura a
infinita cadeia de corpos sucessivos. \ Amo este corpo feito da mais pura
argila: \ semente, raiz, seiva, flor e fruto.
Poema da premiada poeta, radialista e editora
nicaraguense Daisy Zamora, autora de obras como Tierra de
Nadie, Tierra de Todos (2007), The Violent Foam (Curbstone, 2002), Life
for Each (Katabasis, 1994), Clean Slate (Curbstone, 1993) e Riverbed
of Memory (City Lights, 1992). Ela foi combatente da Frente Nacional
Sandinista de Libertação, foi diretora de programação e voz da clandestina
Rádio Sandino, e tornou-se Vice-Ministra da Cultura após o triunfo da
revolução.
PARA SER COMPLETAMENTE HONESTO – [...] Vivemos em uma cultura onde alguém pergunta " como
vai?" e a outra pessoa responde "estou bem". É uma troca
automática. Vivemos em um mundo de selfies totalmente filtradas, fotos do
Facebook escolhidas a dedo, emoções reduzidas a emojis. Parece seguro e fácil
navegar nessas águas mornas e rasas dos relacionamentos, onde não arriscamos
nada. Não aprendemos nada. Nunca nos tornamos vulneráveis e perdemos a
oportunidade de criar um relacionamento mais significativo. [...] Quando
finalmente nos abrimos sobre como realmente nos sentimos, é tentador pedir
desculpas logo em seguida, porque parece muito vulnerável, muito honesto.
Sentimos culpa por ter essas emoções não tão positivas — mas isso faz parte da
experiência humana. Tristeza, decepção e perda são inevitáveis. Observo o mundo
ao meu redor e, a cada manhã, parece haver notícias de mais sofrimento. Existem
problemas reais, enormes e profundamente preocupantes. Muitos de nós estamos
sofrendo e muitos de nós não falamos sobre isso. Mas falar sobre isso é o que
mais precisamos. Quando uma amiga me perguntou como eu estava — ela
realmente perguntou, olhando profundamente nos meus olhos — eu me joguei em
seus braços e desabei em lágrimas no vestiário da academia de ioga. Depois,
fiquei tentada a me desculpar pelo meu colapso em público, pela exposição tão
aberta das minhas emoções verdadeiras. Mas eu não me arrependi. Então eu enviei
isso para ela. E com essa demonstração de gratidão e um emoji de coração, curei
um pouco do meu próprio coração. Tudo isso com total honestidade. [...].
Trecho de texto escrito pela escritora, professora e atriz canadense Lisa
Jakub, autora dos livros You Look Like That Girl: A Child Actor Stops
Pretending and Finally Grows Up (2015) e Not Just Me (2017), nos
quais defende que: Nunca é
tarde demais para mudar de ideia e se tornar quem você nasceu para ser. Nossa
mente pode ser realmente poderosa e capaz de inventar um milhão de razões pelas
quais você não pode mudar. Ela pode dizer que não é lógico, ou que as coisas
estão assim há muito tempo, ou que é muito difícil, ou o que as pessoas vão
pensar. Mas, às vezes, é mais importante viver de acordo com a intuição e o
coração do que com a razão... Não há problema em decidir que ser feliz vale
mais do que se formar em direito, ou casar com o namorado(a) do ensino médio só
porque ele(a) foi legal, ou ser ator porque você acha que é incapaz de fazer
qualquer outra coisa. Nunca é tarde demais para assumir o controle do seu
destino e dar uma contribuição diferente ao mundo...
GUIA DE SOBREVIVÊNCIA A
BURACOS NEGROS – [...] Buracos negros são uma
dádiva, tanto física quanto teoricamente. São detectáveis nos confins do
universo observável. Ancoram galáxias, fornecendo um centro para a nossa própria galáxia em
espiral e, possivelmente, para todas as outras ilhas de estrelas. E,
teoricamente, oferecem um laboratório para a exploração dos confins da mente.
Buracos negros são o cenário fantástico ideal para desenvolver experimentos
mentais que visam as verdades essenciais sobre o cosmos. [...] Imagine-se um astronauta sozinho no
espaço. Nenhum planeta à vista. Nenhuma nave espacial. Nenhuma estrela
distante. Nenhuma fonte de luz. Imagine o terror latente, o silêncio do espaço,
a estranha sensação de flutuar, a escuridão indescritível entre a profusão de
estrelas. [...] Um buraco negro puro é
espaço-tempo vazio — sem átomos, luz, cordas ou partículas de qualquer tipo,
escuras ou brilhantes. É espaço vazio — ou, na linguagem da física, o vácuo. [...] Os arquitetos originais
da mecânica quântica insistiram nessa conservação como um princípio filosófico
que merecia respeito. Eles construíram a mecânica quântica para salvaguardar
operacionalmente a informação. [...]. Você envia mensagens em vão para
ninguém. Mas envie-as mesmo assim. Suas epifanias estão perdidas para sempre na
singularidade catastrófica. Mas envie-as, por favor, seus atos de desafio. [...]. Trechos extraídos da obra Black Hole
Survival Guide (Bodley Head, 2020), da cosmóloga e professora
estadunidense, Janna J. Levin, autora de obras tais como Black Hole
Blues and Other Songs from Outer Space (2016), A Madman Dreams of Turing
Machines (2007) e How the Universe Got Its Spots: Diary of a Finite Time
in a Finite Space (2002). Grande parte de seu trabalho
se concentra na busca de evidências que apoiem a proposta de que nosso universo
possa ter um tamanho finito devido à sua topologia não trivial, tratando sobre
buracos negros e teoria do caos. Veja mais aqui.
LIGAS CAMPONESAS & GOLPE DE 1964
[...] Saio desta peleja como entrei nela:
pobre [...] Não me deixo conduzir pelas circunstâncias. Prefiro
debruçar-me sobre a História para a longa viagem. Por isso, empunho bandeiras.
Mas como sou um ser concreto, existo, vivo. Vivo para mim e para o outro, o
próximo e o distante. Parto deste princípio para fazer política. [...] Dei
um golpe de misericórdia no meu próprio mito. Já era tempo. Passada a refrega,
busco a palavra exata. [...] E não encontro. Que aceitem, por favor, a
elegância do meu silêncio. [...] A virtude se escondeu envergonhada. E o
que se pôs em evidência foi a glória efêmera, alicerçada no sentir do maior
contar da língua. [...]
Trechos extraídos
da obra Francisco Julião, as Ligas e o Golpe Militar de 64 (Comunigraf, 2004),
do jornalista e escritor Vandeck Santiago, narrando sobre as utopias de
um homem desarmado, a trajetória do advogado, escritor e político Francisco Julião (Francisco Julião Arruda de Paula –
1915-1999), líder político do movimento camponês das Ligas camponesas, sobre as
quais relata: Não fundei a Liga - ela foi fundada por um grupo de camponeses
que a levou a mim para que desse ajuda. A primeira Liga foi a da Galileia,
fundada a 1º de janeiro de 1955 e que se chamava Sociedade Agrícola e Pecuária
dos Plantadores de Pernambuco. Foi um grupo de camponeses com uma certa
experiência política, que já tinha militado em partidos, de uma certa cabeça,
que fundou o negócio, mas faltava um advogado e eu era conhecido na região. Foi
uma comissão à minha casa, me apresentou os estatutos e disse: 'existe uma associação
e queríamos que você aceitasse ser o nosso advogado'. Aceitei imediatamente.
Por isso o negócio veio bater na minha mão. Coincidiu que eu acabara de ser
eleito deputado estadual pelo Partido Socialista e na tribuna política me
tornei importante como defensor dos camponeses. Julião é autor de livros
como Cachaça (1951), Irmão Juazeiro (1961), O que São as Ligas
Camponesas (1962), Até Quarta, Isabela (1965), e Cambão: La Cara
Oculta de Brasil (1968), no qual expressa: [...] Se
o coração não se agita, o sangue não circula e a vida se apaga. [...] Manda
o médico que se agite certos remédios no momento de toma-los. O crime não está
em agitar, mas em permanecer imóvel. [...]. Veja mais aqui & aqui.
&
CERÚLEO ESCARLATE, DE TCHELLO D'BARROS
Foi recentemente lançado no Rio de Janeiro, o
livro Cerúleo Escarlate (Lítteris, 2025), do escritor, jornalista,
roteirista e curador Tchello d'Barros. A obra apresenta uma seleção de
contos adaptados de seus roteiros de curtas e longas, sendo esta sua primeira incursão
na área ficcional, já que tem diversos títulos publicados na área da poesia e
da poesia visual. As histórias dialogam com temas que vinham sendo abordados em
seus precedentes livros de poesia: um arco temático sobre Amor e Morte,
relações humanas, vida amorosa (das diatribes ao sublime) e aspectos inusitados
do mundo da arte. O autor realiza ações literárias pelo Brasil e mundo afora,
além de seus textos constarem diversas coletâneas, antologias e didáticos. Veja
mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui &
aqui.
ITINERARTE –
COLETIVO ARTEVISTA MULTIDESBRAVADOR:
Veja mais sobre
MJ Produções, Gabinete de Arte & Amigos da Biblioteca aqui.



















