Ao som de Apu:
Poema Sinfônico para Orquestra (2017), Concertino
Cusqueño (2012), Elegia Andina (2000), Escaramuza (2010), Cinco
Cenas (2015), Karnavaliango (2013), Lendas: Uma Caminhada Andina
-orquestra de cordas (2001), Manchay Tiempo - Tempo de Medo (2005), Peregrinos
(2009), Raíces (2012), Requiem for a Magical America: El Día de los
Muertos (versão orquestral) (2012), Três Danças Latino-Americanas
(2004), Dois Retratos Americanos (2008), Duas Danças Peruanas - para
orquestra de cordas iniciante (2015) e Walkabout: Concerto para Orquestra
(2016), da pianista e compositora
estadunidense Gabriela Lena Frank.
Oito anos quase segundos... – Mais
de 20 anos depois – na verdade, quase 30 mesmo – eu retornava. Era meia noite,
como se fugisse. E foi mesmo! Ainda anteontem o que era moradia tornou-se um
ermo cercado pela tamponagem do interdito. Sim, estava salvo no dia seguinte,
escapava por pouco, ufa! Passado o susto, um sentimento de passos sobre pedras
falsas. A alvissareira perspectiva: rever os amigos, matar as saudades. Comecei
pelos locais do afeto: uma manhã inteira num chá de cadeira e um quase pleno
arrependimento de ter comprado uma briga 40 anos atrás, coisas para aprender,
ou quase. Nunca mais voltei lá, nem pretendo voltar. Felizmente, o que valeu
daquele dia de tamanho desapontamento foi a primeira mão estendida – uma
amizade que bateu de cara e me fez esquecer a decepção no meio da tarde perdida:
inaugurava uma residência voluntária, até duradoura, ou quase. Graças! Ali o
único local de abrigo que restava para um estrangeiro em seu próprio chão. O
reencontro quase festivo: uma frieza jamais sentida de forasteiro na esguelha:
uma fotografia desbotada duma parede em ruínas. Outra mão estendida, mais uma,
alguns dos laços mais estreitos tomados pela idade avançada, um desconhecido
pros deslembrados; outros, haviam partido desta para melhor; os sobreviventes,
tanto como os parentes restantes e outros quase, de soslaio e bem distantes. A
cidade, apesar de ser a mesma desde antes e sempre, agora teimava em ser outra
ou quase. A província apequenou-se, como de resto tantos municípios limpinhos e
asfaltados, porém desumanos pelo Brasilzão afora. Uns miúdos agrados aqui e
ali, conversas com os da mesma laia, descompasso dos diálogos, mesmo assim
lavava aos poucos a alma & um tanto de sacrifício, na força da munheca e na
garra. Não fossem os gatos pingados, outra seria para desistir definitivamente.
Insisti, persisti, queria perseverar, mesmo na desgraça que nunca viria
sozinha. Resiliência recorrente para saída da mesmice das quebra-de-braço – já me
sentia completamente rejeitado e devidamente defenestrado duma vez por todas do
convívio conterrâneo, salvei-me pela ancestralidade e a primeira plenitude,
sarando feridas, sangramento estancado para alívio de cicatrizes e talhos
renovados. Aí, pálin! E o que era para ser feito: foi. Persistência reiterada, resistir
era e continua sendo mais que preciso. E sempre. Se fracassei, fiz o melhor que
pude. Não me calei, nem me senti vencido: tirante as doidices, tudo nos
conformes, ou quase. Percepção de que estava passando da hora. Aí, minha
gratidão para os que comigo estiveram; aos demais, meu aceno. Quem sabe um dia
voltarei pra Catuama – queria muito era que minhas cinzas fossem jogadas no Una.
Do contrário, mais realista: para onde eu for lá estarei. Até mais ver.
Karen Blixen: Eu conheço uma cura para tudo: água salgada... de uma forma ou de outra. Suor, lágrimas ou o mar salgado... Veja mais aqui.
Nathalie
Gassel: Da insignificância, foi necessário
criar sentido, significância; derrubá-la... Veja mais aqui
& aqui.
Lídia
Jorge: O
teatro ensina o que não ensina a vida... Qualquer paraíso é demasiado belo para
que junto da árvore da vida a pessoa possa entreter-se com futilidades...
Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
DOIS POEMAS
Imagem: Acervo ArtLAM.
TANGENTE - Lá \ no meu
ponto de tangência \ Os silêncios estão concentrados \ As culpas são agrupadas
\ Meu pai fecha os olhos \ Os meus dedos corrompem-se. \ Estou a chorar num
canto outra vez. \ as luzes rasgam \ E você \ Mesmo aí. \ Você está vindo do
infinito, então eu não sou eu \ E você está indo embora \ Vais-te embora outra
vez.
IMPUGNAÇÃO - Eu
me recusei a dizer \ Eu nego inédito. \ Eu disse a ele. \ para me deixar cair a
ruína \ Para olhar para baixo o desafio \ Eu me recusei a dizer \ Eu oponho-me.
\ para a murcha \ resignar-me à decadência \ Eu me levanto à deterioração da
palavra \ E os olhos de fogo \ e a língua bisturi \ e beijos de lábios \ Opôs-me
ao anjo. \ Para o anjo escuro que me cerca \ Eu disse a ele sem grito sem
sálvia sem selvagem \ Eu disse a ele sublime, corajoso e corajoso \ E tal era a
minha certeza. \ E tal era a mentira de sua glória \ Mansamente baixou o olhar
\ E ainda me sitiando \ e jurando nunca me deixar \ Ele caiu de joelhos. \ E
ele pediu desculpa para mim.
Poemas da escritora experimentalista, ilustradora
e editora argentina Karina Sacerdote, criadora do fórum literário Blue
and Words, fundou a Revista Axolotl, coordena o Axolotl e o Blessed
Erato, o ciclo de leituras literárias de Picadas e Eros Aires.
NÓS NÃO NOS SEPARAMOS
- [...] Às vezes, com alguns sonhos, você acorda e sente que o
sonho está acontecendo em outro lugar. [...] Pode ser difícil distinguir tolerância de resignação, tristeza
de reconciliação parcial, coragem de solidão. Pensei em como pode ser difícil
distinguir essas emoções com base em expressões faciais e gestos, em como a
pessoa em questão pode ter dificuldade em distinguir esses sentimentos em si
mesma. [...] Lembro-me da sensação de amor doloroso, como ele penetrava
na minha pele. Entupindo a medula dos meus ossos e murchando meu coração... foi
então que percebi. Que o amor era uma agonia terrível. [...] Como
suportar isso? Sem um fogo queimando no peito, Sem um você para quem retornar e
abraçar. [...]. Trechos extraídos da obra We Do Not Part
(Hogarth Press, 2025), da escritora sul-coreana Han Kang. Veja
mais aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
EXPLORAÇÃO DOURADA: EMPREGADOS & RICAÇOS
–
[...] "Exploração
dourada" é um oximoro que me ajuda a explicar que os empregados estão em
uma situação de exploração porque trabalham de forma ilimitada, mas, ao mesmo
tempo em que trabalham muito, também ganham muito. Eu mesma vi como, apesar de
eu ser uma empregada apenas meio período, os patrões me pediam para trabalhar
muito mais do que havíamos combinado. Então, os empregados que trabalham todos
os dias nas casas dos ricos, que dormem lá — porque essa é uma condição para
trabalhar para os ricos —, trabalham o dia inteiro e também à noite. Por
exemplo, as mulheres que cuidam das crianças quase não dormem. Elas precisam
dormir nas camas ou nos quartos das crianças, então não dormem bem à noite. E
durante o dia têm que cozinhar para as crianças, sair com elas, etc. É um tipo
de exploração, porque não têm tempo para fazer outra coisa além de trabalhar.
[...]
A exploração dourada é um sistema que funciona assim: quanto
mais dinheiro e presentes os ricos dão aos seus empregados, mais legitimados se
sentem para exigir que eles trabalhem ainda mais. Cria-se, então, uma espécie
de dívida. Os empregados sentem que precisam trabalhar para compensar tudo o
que receberam — o salário alto, os presentes, os privilégios. [...]
Nas casas dos ricos, os empregados não podem circular por todas
as áreas. Não podem usar a piscina, não podem ir para as partes da casa onde os
ricos se reúnem com seus amigos. Não têm liberdade de circulação. Nas casas
maiores que vi, há corredores diferentes para os empregados e para os patrões,
para que os patrões não vejam os empregados o tempo todo. Outra forma de os
patrões imporem distância é mudando os nomes dos empregados. Se o seu nome é
Juan, podem te chamar de Joseph, por exemplo. E há uma racialização nessa
mudança de nome. Quando os empregados são estrangeiros — o que é o caso de
muitos atualmente — os patrões trocam seus nomes por um nome francês. Isso é
uma violência simbólica, como diria Pierre Bourdieu. Há patrões que sempre
colocam o mesmo nome para todos os seus empregados. Por exemplo, a babá se
chama sempre Maria. Se chega uma nova babá, também será chamada Maria. É uma
maneira de demonstrar a superioridade do rico sobre as outras pessoas, que são
despersonalizadas. [...] Se um empregado
decidisse recorrer à Justiça, os ricos sairiam ganhando, porque seus amigos são
advogados, têm muito capital social. Sabem que são intocáveis. Sabem que nada
pode acontecer com eles. Nos poucos casos que encontrei na Justiça em que um
empregado processou seu patrão, quem ganhou foi o patrão. Então, não, eles não
têm medo dos empregados. [...] Trechos da
entrevista concedida à BBC News Mundo (08/06/2025), pela socióloga
francesa Alizée Delpierre, autora da obra Servir les riches - Les
domestiques chez les grandes fortunes (La Decouverte, 2022) e co-autora da
coletânea Les femmes de ménage dans l'intimité du domicile: Une relation de
travail complexe (Téraèdre, 2023).
O RECIFE: IMAGENS DA CIDADE
SEREIA
[...] O
Recife não é uma cidade que agrade ao forasteiro à primeira vista, faz-se
necessário penetrar no seu âmago, na alma alegre de sua gente, para entender as
suas características únicas e a formação do ideário nativista do seu povo. [...]
Trechos extraídos
do livro O Recife: imagens da cidade sereia
(PFR/Comunigraf, 1998), do historiador
Leonardo Dantas Silva
(1945-2023), autor de obras tais como Recife: uma história de quatro séculos
(1975), Pequeno calendário histórico-cultural de Pernambuco (1977), Ritmos
e danças - frevo (1978), Cancioneiro pernambucano (1978), O Piano
em Pernambuco (1987), Arruando pelo Recife (2021), entre outros.
&
A POESIA ABSOLUTA DE TONY ANTUNES
Veja mais Tony Antunes aqui, aqui, aqui &
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&
O MACHADO POÉTICO DE SYDIA
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