POBREZA –
O tema da pobreza tem sido objeto de atenção cada vez mais intensa por parte
dos governos, organizações internacionais e, consequentemente, institutos de
estatística, tendo em vista que o fenômeno da pobreza sempre existiu, mas sua
interpretação tem variado muito ao longo do tempo.
Tradicionalmente,
a condição de pobreza era entendida como algo natural, inevitável e inerente a
uma parte grande, se não a maior, da humanidade, mas só se tornava objeto de
preocupação de governantes e estudiosos dos fenômenos da economia e das
populações quando os pobres, de alguma forma, saiam ou eram uma ameaça à ordem
constituída, a pobreza era uma questão moral, consequência da falta de ética de
trabalho e sentido de responsabilidade dos pobres, ou o efeito inevitável do
desenvolvimento da economia industrial e de mercado.
Inicialmente
convém conceituar pobreza para que esta possa ser observada dentro da
problemática social, tendo em vista que a pobreza passa pelo problema
econômico, biológico, educacional, cultural, dentre outros. Assim sendo,
tradicionalmente definida como falta de poder econômico, a pobreza também
significa carência de assistência médica, nutrição adequada, educação e
emprego. Pessoas que não se alimentam apropriadamente são incapazes de se
educar, aprender habilidades profissionais e conseguir ou manter ocupação
rentável.
O
Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas enfatiza que cerca de 1,3 bilhão
de pessoas, mais de um quinto da população mundial se sustentam com pouco mais
de um dólar por dia e vivem, consequentemente, em pobreza absoluta; que
aproximadamente 840 milhões de pessoas em todo mundo, em dados do início dos
anos 2000, um em cada sete indivíduos sofrem de subnutrição; embora a produção
mundial de alimentos seja significativa, os mais necessitados carecem de
alimentação; quando os níveis de saúde e produtividade de uma nação declinam,
esta torna-se vulnerável à instabilidade social, política e econômica. No
entanto, é conveniente observar que as causas da pobreza não podem ser
individuais, mas estruturais: a exploração do trabalho pelo capital, o poder
das elites que parasitam o trabalho alheio saqueando recursos públicos, e a
alienação das pessoas, criada pelo sistema de exploração, que impede que elas
tenham consciência de seus próprios problemas e necessidades
A
pobreza e a desigualdade, conforme Abranches (1985) e Codo (1996), são tão
antigas quanto a humanidade, e sempre vieram acompanhadas de forte sentimentos
morais. E conforme Oliveira (2000), para Malthus a causa principal da pobreza
era a grande velocidade com que as pessoas se multiplicavam, em contraste com a
pouca velocidade em que crescia a produção de alimentos. O problema se
resolveria facilmente se os pobres controlassem seus impulsos sexuais e
deixassem de ter tantos filhos. Ou melhor, a visão malthusiana da pobreza era
extrema, e colidia com o valor da caridade, tão presente na tradição judaica,
cristã e de outras religiões. Em todas as sociedades, sempre se reconheceu a
virtude de ajudar aos pobres, ao mesmo tempo em que aceitava a inevitabilidade
das diferenças sociais e da miséria humana.
A ideia
de que as causas da pobreza e os caminhos para sua solução não dependem da
vontade ou do caráter dos indivíduos, mas das relações entre as pessoas, sempre
esteve presente nas formas mais radicais do cristianismo, e, na época moderna,
nos escritos e movimentos políticos socialistas e comunistas. Para uns, a
solução dependia ainda de uma regeneração moral, não mais dos pobres, mas dos
ricos, cujo egoísmo e acaricia deveriam ser transformados em verdadeira
caridade e sentimento de justiça.
Entende
a teoria marxista de que a desigualdade e a pobreza são
produzidas inevitavelmente pelas sociedades capitalistas. Assim, para os marxistas, esta crença no poder transformador das
convicções e da força moral era o que caracterizava o "socialismo
utópico", que deveria ceder lugar a um "socialismo científico",
que entendesse a verdadeira natureza dos conflitos sociais, e os levasse à sua
conclusão natural. A história da humanidade, dizia o Manifesto Comunista, era a
história da luta de classes, e era através dela que os problemas da pobreza
encontrariam sua solução. No entanto, com o capitalismo, as antigas classes
estavam desaparecendo, restando apenas a burguesia e o proletariado, que se
confrontariam na luta final pelo fim da pobreza e da desigualdade social.
As suas consequências,
para Bauman (1999), leva ao
entendimento de que a pobreza leva ao processo de degradação social que nega as
condições mínimas de vida humana. A soma do resultado “fome-pobreza”, derivam
outros fatores que “enfraquecem os laços sociais” e passam a destruir também,
os laços afetivos e familiares. Todas as tentativas de mudança encontram
barreiras e sua eficiência é momentânea, pois, este sofrimento da sociedade
humana tem como precedente, amaras, que são facilmente retraçadas e mutáveis
pela globalização e pelo sistema de produção capitalista.
É
preciso entender que definir e medir a pobreza a calcular as porcentagens dos
pobres de um país ou de uma região não é uma questão só de cifras e médias. Certos
fatores geográficos, biológicos, sociais, entre outros, multiplicam ou reduzem
o impacto exercido pelos rendimentos sobre cada individuo. Entre os mais
desfavorecidos faltam em geral determinados elementos, como instrução, acesso à
terra, saúde e longevidade, justiça, apoio familiar e comunitário, crédito e
outros recursos produtivos, voz nas instituições e acesso a oportunidades.
Entendem
Abranches (1985) e Codo (1996) que é possível se obter duas formas para a
identificação da pobreza. A primeira é o método direto, consistido este em
classificar na faixa de pobreza todas as pessoas cujo nível de consumo de
certos bens e serviços, aqueles considerados essenciais à sobrevivência, está
abaixo de um certo mínimo; a segunda forma é chamada de método da renda, onde
consiste em se calcular o nível de renda associado à satisfação mínima das
necessidades básicas, estabelecendo assim uma linha de pobreza. Isto quer dizer
que todo o indivíduo com rendimentos abaixo desta linha é considerado pobre. Das
duas formas a de mais aceitação seria a de método da renda, pois, através dela
é possível quantificar a renda mínima necessária para a sobrevivência, e todo
que estivessem abaixo desta seria considerado pobre.
A
pobreza aparece como um sigma, daí que os sociólogos afirmam que a pobreza
evoca uma condição humana humilhante. Distingue–se, pois, três níveis de
pobreza, que formam ciclos concêntricos: o maior inclui todos os pobres,
qualificados em relação ao seu baixo nível de renda; o segundo, menor, reagrupa
os pobres que se beneficiam de certa alocação social, mas ao mesmo tempo são
considerados como pessoas depravadas e mal formadas. O terceiro reúne os que
recebem ocasionalmente uma alocação (CODO, 1996).
O
estigma da degradação, de maneira tradicional, confunde a pobreza com a pratica
de atos ilícitos. Retrocede–se à ideia medieval dos bons e maus pobres. Neste
sentido, destacam–se, também os reflexos de condenação que surge do espetáculo
da pobreza. Essas atitudes e representações são interiorizadas pelos próprios
pobres. Uma vida fundada sobre a exclusão social, constitui a verdadeira definição da pobreza.
Enfim,
há que se entender que a pobreza é um mundo complexo e a descoberta de todas as
suas dimensões exige uma análise clara. Ou seja, ser pobre não significa apenas
viver abaixo de uma linha imaginaria de pobreza, mas é ter um nível de
rendimento insuficiente para desenvolver determinadas funções básicas, levando
em conta as circunstâncias e requisitos sociais circundantes, sem esquecer a
interconexão de muitos fatores.
É preciso respeitar
melhor a vida
no amor que traz a paz que é tão bem-vinda.
Amar para se ter além do passional
e o coração valer o ser humano universal.
É preciso respeitar as
diferenças
e não se equiparar ao que é hostil nas desavenças.
Lutar contra a mantença desigual
que forja o algoz na força do poder irracional.
Se entregar agora, todo
dia e a noite inteira,
testemunhar assim as coisas verdadeiras.
Colher a lágrima do olhar mais desolado
para irrigar a sede do carinho devastado.
É preciso ter no olhar a
flor da vida,
trazer a luz do sol nas mãos amanhecidas.
E perceber o amor no menor gesto natural
para valer o sonho mais presente mais real.
E afinal poder sorrir
como quem vai feliz viver,
a manter a crença e o seu proceder na paz.
Semear a vida no ideal de colher
o que virá depois
pra ser alegria imensa para um mais dois, mais!
Viver a vida pelo que foi e será, é e será!
(CRENÇA, Luiz Alberto Machado)
REFERÊNCIAS
ABRANCHES,
S. Os Despossuídos, Crescimento e Pobreza no País do Milagre, Rio de Janeiro,
Atlas, 1985
BAUMAN, Zygmunt.
Globalização: As consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1999.
BRASIL.
Censo 2000. Brasília: IBGE, 2002
CODO, W.
et al. Indivíduo, trabalho e sofrimento.
Petrópolis: Vozes, 1996.
LIRA,
Fernando José. Crise, privilégio e pobreza. Maceió: EDUFAL, 1997.
____.
Realidade, desafios e possibilidades. Maceió: EDUFAL, 1998
OLIVEIRA,
Pérsio Santos. Introdução á sociologia. São Paulo: Ática, 2000.
DITOS & DESDITOS – Há muito mais neste mundo do que as aparências externas. Nossa sociedade se
deleita na ilusão da normalidade todos os dias e se esconde da verdade todas as
noites... Pensamento da atriz, escritora, cineasta e produtora estadunidenser Amber Benson.
ALGUÉM FALOU: Chorar não é para mim. Em vez disso, deixo as lágrimas fluirem para as
tristezas da multidão. Meu trabalho é feito como uma fruta madura, admito o
encontro. A morte não tem nenhum terror, por isso é uma lei sábia da natureza.
Estou pronta... Pensamento da ativista Quaker
estadunidense Lucretia Mott (1793-1880), defensora antiescravagista e
ativista dos direitos da mulher. Veja mais aqui.
EN LA VIDA PUTA – A comédia
e drama En La Puta Vida (2001), da cineasta, roteirista e professora uruguaia Beatriz Flores
Silva, conta a história de Elisa que sonha em abrir um salão de beleza em
Montevideo. Um dia ela sai da casa de sua mãe com seus dois filhos e rompe com
Garcia, seu chefe e amante, que a enfureceu por não querer se casar. Depois de
algumas decepções ela se muda para Barcelona como imigrante ilegal e acaba
trabalhando como prostituta. A história é baseada na obra El huevo de la
serpiente da jornalista María Urruzola, tendo como destaque o papel
desempenhado pela protagonista, a belíssica atriz argentina Mariana Belén
Santángelo Goldman, que também estrelou os filmes El alquimista
impaciente (2002) e Miente (2009).
NÃO MAIS
VER-TE - [...] A verdadeira dor é indecifrável. Se você pode dizer que você está
acongoja de suerte: isso significa que não é tão importante. Porque quando a dor cai sobre você
sem paliativos, o primeiro que você arranca é a Palavra [...] Quanto mais perto você chega do essencial, menos você
consegue nomeá-lo. [...] Todos nós precisamos de beleza para tornar a vida suportável. Fernando Pessoa expressou-o muito
bem: “A literatura, tal como a arte em geral, é a demonstração de que a vida
não basta”. Não é suficiente, não. É por isso que estou escrevendo este
livro. É por isso que você está lendo
[...] Amor é encontrar alguém com quem
compartilhar suas estranhezas. [...] Somente sendo absolutamente livre você pode dançar bem, fazer amor bem e
escrever bem. Todas elas atividades muito importantes. [...] A felicidade é minimalista. É simples e nua. É quase nada que é tudo. [...] Porque a característica essencial do que chamamos de
loucura é a solidão, mas uma solidão monumental. Uma solidão tão grande que não cabe
na palavra solidão e que nem imaginamos se não estivemos lá. É sentir que você se desconectou do
mundo, que não vão conseguir te entender, que você não tem #Palavras para se
expressar. É como falar uma língua que ninguém
mais conhece. É ser um astronauta flutuando à
deriva na vastidão negra e vazia do espaço sideral. É desse tamanho de solidão que estou
falando. E acontece que na dor verdadeira, na
dor de avalanche, acontece algo semelhante. Mesmo que o sentimento de desconexão
não seja tão extremo, você também não consegue compartilhar ou explicar o seu
sofrimento. A sabedoria popular já diz: Fulano
enlouqueceu de dor. O luto agudo é uma alienação. Você cala a boca e se tranca. [...] Às vezes, os relacionamentos construídos com base na dor são
mais persistentes do que aqueles construídos com base no amor. [...]. Trechos extraídos da obra La
ridícula idea de no volver a verte (Seix Barral, 2013),
da escritora e jornalista espanhola Rosa Montero. Veja mais aqui,
aqui e aqui.
DOIS POEMAS - COMO UM POEMA - Às vezes, \ para sobreviver \ preciso deixar minha pele\
esqueça de respirar, \ exista em outro estado. \ Como uma árvore, talvez \ como
a madeira, \ como um lápis \ como uma carta \ como uma palavra, \ como um
poema. GARRAS ESTÃO FORA - Muitos de nós pensamos que tínhamos sobrevivido
aqueles anos, \ mas não percebemos que eles haviam enterrado os cadáveres dentro
de nós \ depois de tanto tempo, \ seus cabelos cresceram e se emaranharam em
nossas gargantas, \ suas garras estão para fora. Poemas da performática artista guatemalteca Regina José Galindo.
Veja mais aqui.
Veja mais sobre:
O cis, o efêmero & eu aqui.
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Cancioneiro da imigração de Anna Maria Kieffer & Ecologia Social de Murray
Bookchin aqui.
A poesia de Sylvia Plath & a
Filosofia da Miséria de Proudhon aqui.
Antonio Gramsci & Blinded Beast de Yasuzo Masumura & Mako Midori aqui.
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Freud aqui.
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Bécquer, Marcos Rey, Mihaly von Zick, Marta Moyano, Virna Teixeira aqui.
A obra de Tomás de Aquino &
Comunicação em prosa moderna de Othon M. Garcia aqui.
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Uma gota de sangue de Demétrio Magnoli
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cara erra a porta de entrada, a saída é que são elas aqui.
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Leitora Tataritaritatá!!!!!
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