A SOLIDÃO DE
REICH - Nascido duma família judia abastada numa pequena aldeia da Galícia,
em Dobzau, havia se mudado para uma fazenda em Jujinetz, para educa-lo estritamente
em alemão, onde passou toda infância e, aos onze anos, teve sua primeira
experiência sexual com uma criada. Foi por este tempo que seu pai descobriu o
adultério, uma tragédia familiar que levou sua mãe ao suicídio. Pouco tempo
depois, seu pai falece vitimado de tuberculose. Estava ele e o irmão
desamparados na fazenda que foi, logo em seguida, invadida e completamente destruída
pelos russos durante a primeira guerra grande. Ele então arruinado foge para Viena,
alistando-se no exercito austríaco para se tornar oficial servindo na frente
italiana. Findada a guerra, volta para as dificuldades de Viena, ingressando no
curso de Direito e transferindo-se imediatamente para Medicina. Aquele jovem
superdotado conheceria Freud, com quem dividiu seus interesses pelas mais
diversas áreas científicas. Formou-se para fazer uma pós-graduação que o
integrou a Sociedade Psicanalítica de Viena, da qual se desligaria 6 anos
depois. Foge da Alemanha forçado pelo nazismo, mudando-se para Oslo e, de lá,
pros Estados Unidos, para criar o seu instituto de estudos e realizar muitas
das suas pesquisas, criando a Orgonomia, publicando livros sobre a função do
orgasmo, a biopatia do câncer, a análise do caráter, a revolução sexual, as
massas do fascismo, o assassinato de Cristo, Zé Ninguém, Deus e o diabo. Por sua
atuação se tornou uma personagem controversa, amado e odiado ao mesmo tempo,
influenciou escritores e cientistas, violou tabus psicanalíticos, desconheceu
os limites das áreas científicas, foi boicotado por provocar controvérsias e,
por isso, sofreu perseguições e preconceitos, incompreendido e amaldiçoado, resultando
ser investigado pela Food and Drug Administration, acusado de charlatanismo,
perseguido por democratas e republicanos estadunidenses, expulso do Partido
Comunista e do círculo de psicanalistas, processado e aprisionado por fraude de
primeira magnitude, tendo sua obra apreendida e queimada por ordem judicial. Enfrentou
a todos com o vigor do seu pensamento e independência perante as instituições
repressivas do seu tempo. Condenado, ele morreu na prisão de ataque cardíaco,
tomado pelos dissabores amargos de sua vida agitada. Veja mais abaixo e mais
aqui & aqui.
DITOS &
DESDITOS - Somente a libertação da
capacidade natural de amar nos seres humanos pode dominar sua destrutividade
sádica... O direito do homem de saber, de aprender, de indagar, de cometer
erros genuínos, de investigar as emoções humanas deve, por todos os meios, ser
garantido, se a palavra "liberdade" for mais do que um slogan
político vazio... Pensamento do psiquiatra,
sexologo, psicanalista, biologo e físico austríaco Wilhelm Reich (1897-1957), que
na sua obra Escute, Zé Ninguém (Martins Fontes, 2001), ele expressa que:
[...] Resultou da luta interior de um cientista e médico que, durante
décadas, passou pela experiência, a princípio ingênua, depois cheia de espanto
e, finalmente, de horror, do que o Zé Ninguém, o homem comum, é capaz de fazer
de si próprio, de como sofre e se revolta, das honras que tributa aos seus
inimigos e do modo como assassina os seus amigos. Sempre que chega ao poder
como “representante do povo”, aplica-o mal e transformado em qualquer coisa
ainda mais cruel do que o sadismo que outrora suportava por parte dos elementos
das classes anteriormente dominantes. Escuta, Zé Ninguém! representa uma
resposta silenciosa à intriga e à difamação. Ao ser escrito, ninguém podia
compreender que certas entidades governamentais com missão de proteger a saúde
pública fossem capazes, em conluio com politiqueiros, de atacar o trabalho de
investigação do Instituto Orgone. [...] Chamam-te “Zé Ninguém!” “Homem
Comum” e, ao que dizem, começou a tua era, a “Era do Homem Comum”. Mas não és tu
que o dizes, Zé Ninguém, são eles, os vice-presidentes das grandes nações, os
importantes dirigentes do proletariado, os filhos da burguesia arrependidos, os
homens de Estado e os filósofos. Dão-te o futuro, mas não te perguntam pelo
passado. Tu és herdeiro de um passado terrível. A tua herança queima-te as
mãos, e sou eu que to digo. A verdade é que todo o médico, sapateiro, mecânico
ou educador que queira trabalhar e ganhar o seu pão deve conhecer as suas
limitações. Há algumas décadas, tu, Zé Ninguém, começaste a penetrar no governo
da Terra. O futuro da raça humana depende, à partir de agora, da maneira como
pensas e ages. Porém, nem os teus mestres nem os teus senhores te dizem como
realmente pensas e és, ninguém ousa dirigir-te a única crítica que te podia
tornar apto a ser inabalável senhor dos teus destinos. És “livre” apenas num
sentido: livre da educação que te permitiria conduzires a tua vida como te
aprouvesse, acima da autocrítica. [...] És grande, Zé Ninguém, quando
cantas as antigas canções do teu povo ou danças ao som do acordeão, porque os
cantos do povo são pacíficos, e são-no em todos os lugares do mundo. [...].
Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
ALGUÉM FALOU: Quero
viver como a música soa... As sombras são lugares frescos e tranquilos para
aqueles cujas mentes estão abarrotadas de tesouros... Só porque nunca fizemos
isso não significa que não podemos fazer... Pensamento da escritora austríaca
Eva Ibbotson, autora da obra The Secret of Platform 13 (Viking,
1999), na qual expressa: […] É verdade que aventuras são
boas para as pessoas mesmo quando elas são muito jovens. Aventuras podem entrar
no sangue de uma pessoa mesmo que ela não se lembre de tê-las vivido. [...]. Ján a sua obra A
Countess Below Stairs (Speak, 2007), ela escreve que: […] Quando estiver
triste saia de casa. É sempre melhor debaixo do céu aberto. [...]. Por fim
expressa na sua obra A Company of Swans (Macmillan, 2008) que: […] A
solidão ensinou que sempre havia alguém que compreendia — mas muitas vezes essa
pessoa estava morta e em um livro. [...].




