VAMOS APRUMAR A CONVERSA? SÍNDROME
DE BURNOUT & O PROFESSOR – Um
dos fenômenos que tem causado maiores prejuízos aos trabalhadores é a Síndrome
de Burnout, enfermidade resultante das adversidades estressoras que acometem
todo aquele no desempenho de suas atividades profissionais, não poupando o
trabalho árduo e persistente de professores no âmbito escolar. Descoberta nos
anos de 1970, pelo psicólogo estadunidense Herbert Freudenberg, ao descrever
como consequência de excesso de expectativas e alto nível de estresse sofrido
por profissionais que se envolviam no atendimento de terceiros, sendo
identificada como uma reação orgânica às pressões incidentes nas relações e
atividades trabalhistas. Ela aparece quando o profissional se sente
pressionado, levando-o a sentir-se vazio e exausto, até chegar ao esgotamento
psicológico, impedindo de lidar com as atividades laborais. Entre os seus sintomas
estão o estresse, queda de cabelo, dor de estomago, enxaqueca, sudorese,
taquicardia, palpitações, medo, condição arredia, angústia, apatia, úlcera,
hipertensão, dores de cabeça, insônia, consumo exagerado de medicamentos e
álcool, e sensação de impotência para realização da atividade laboral. Entre os
problemas mais constantes para os acometidos pela enfermidade estão aqueles de natureza
cognitiva, acrescidos de queda no desempenho, problemas de relações
interpessoais que levam ao retraimento, a ausência de cuidados pessoais, as
preocupações com o trabalho fora dele, satisfação reduzida, entre outros
problemas de saúde oriundos do estresse crônico, como complicações digestivas e
intestinais, problemas cardíacos, obesidade e depressão. Um sinal marcante
dessa doença é a falta de motivação que ocorre quando não há mais entusiasmo
para realização de suas atividades, apresentando-se desmotivado e sem forças para
enfrentar suas atribuições, além de frustração, cinismo e emoções negativas.
Entre as categorias profissionais mais atacadas por essa síndrome estão os
professores pelas interações individuais com o seu ambiente de trabalho,
incluindo nessas variáveis a experiência de maior número de alunos com
diferentes condições de ensino-aprendizagem, passando a ser o trabalho de alta
exigência com baixa possibilidade de controle, altas expectativas de resultados
e incidência de fracasso do público assistido. A escola precisa desenvolver
fatores de proteção e promover entre os docentes estratégias de prevenção que
envolvam atividades de relaxamento, meditação, dormir suficiente, exercícios
físicos e caminhadas, lazer, leituras, atividades voluntárias e culinárias,
tempo livre para o ócio criativo, entre outras recomendações. Dessa forma,
faz-se necessário combater a exaustão e o esgotamento, a perda de estímulo e a
desmotivação, a baixa realização e o fracasso profissional, esses os sintomas
principais dos vitimados pela Síndrome de Burnout. Nesse sentido, a escola pode
desempenhar um papel fundamental de forma preventiva e promovendo a melhoria da
qualidade de vida de seus professores, tornando o ambiente profissional mais
qualitativo, harmonioso e integrando profissionais docentes e não docentes,
corroborando a realização de treinamentos e debates com todos, investindo na
qualificação e na infraestrutura, facilitando a comunicação entre os obreiros e
reconhecendo a qualidade do corpo discente. Veja mais aqui e aqui.
Imagem: Nu com jarro, da pintora, desenhista, gravadora e professora Anita Malfatti (1889-1964). Veja mais aqui.
Curtindo A Frog He Went A-Courting (1941) / Sonata for Solo Cello op. 25 nº 3 (1922)
/ Three Pieces for Cello & Piano
op. 8 (1917) / Sonata for Cello & Piano op. 11 no. 3 (1919), do compositor alemão Paul Hindemith, com Judith Ermert (cello), Daan Vandewalle
(piano).
ORGASMO – O livro O lado obscuro e tentador do sexo (Ágora, 2004), da jornalista e
educadora sexual Patrícia do Espírito
Santo, trata de temas como a virtude e o pecado, o sagrado e o profano, o
erótico e o macabro, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho Orgasmo: Os franceses chamam o orgasmo de la petit
mort – a pequena morte. Isso tem um motivo. Cada um tem seu jeito de chegar ao
ápice do prazer. Existem muitas fantasias sobre seus efeitos e informações
distorcidas de como deve acontecer. A intensidade, a frequência e as sensações
decorrentes dele dependem de cada um, da relação com o parceiro, do tesão, da
visão que se tem do sexo. Mas o que associa a sensação do orgasmo à sensação da
morte é o fato de que ao se alcançar a plenitude do sexo, tudo pode terminar:
nada mais falta, nada mais importa. É o êxtase. A astrologia traz também uma
ideia similar. A casa oito, é a casa da morte, da crise, das transformações e
ainda do sexo. O sexo é a porta para a união cósmica, o meio de se chegar à
libertação, à união com o amado, seja ele a vida, o deus, o mestre sem
fronteiras. É onde há a integração de um com o outro, por isso ela tem a ver
com a relação sexual. É nela que o relacionamento se aprofunda ou morre, onde
os valores podem ser transformados e muitas vezes precisam ser destruídos. É um
local de intensidade e poder. Por isso é a casa da morte, para que um novo
ciclo se inicie. Simboliza a morte da personalidade, do ego e o nascimento da
alma. É a casa de Plutão, correspondente ao deus Hades da mitologia grega,
senhor da morte. Vivemos em ciclos, em constante transformação, entre vidas e
mortes. Nosso corpo de criança adolesce, amadurece e envelhece. Se o curso
natural for seguido, o homem morre quando atinge o máximo de sua competência.
Desaparece quando soma um número imensurável de conhecimento? Fim de ciclo? O
ser humano maduro dá lugar ao jovem por meio da procriação e do repasse de seus
conhecimentos e habilidades; a morte dos mais velhos abre espaço para outras
visões e para o desenvolvimento de novas ideias, muitas vezes baseadas nas
antigas. Esse é o princípio da cultura; o cruzamento de gerações favorece a
transmissão cultural. E é exatamente pelas obras, pelas contribuições para esta
cultura, pelas ideias deixadas no mundo que o individuo se imortaliza. Veja
mais aqui e aqui.
A FORÇA DO DESEJO E DA
PAIXÃO – No livro Kama Sutra (Kamasutram - L&PM,
2013), do filósofo indiano de tradição Carvaka e Lokyata que viveu entre os
séculos IV e Vi aC., Vātsyāyana, trata
é um antigo texto sobre comportamento sexual humano considerado o trabalho
definitivo sobre amor na literatura sânscrita. Kama é a literatura do desejo e
Sutra é o discurso de uma série de aforismo, sendo um padrão para texto
técnico, traduzido como Aforismos sobre o amor. Da obra destaco o trecho sobre
a força do desejo e da paixão: [...] Há
nove tipos de união de acordo com a força da paixão ou do desejo carnal [...]
Diz-se que um homem é de pequena paixão
quando o seu desejo no momento da união sexual não é grande, cujo sêmen é
escasso e que não consegue tolerar os abraços ardentes da mulher. Os que têm
temperamento diferente desse são chamados de homem de média paixão, enquanto os
homens de paixão intensa são cheios de desejo. Da mesma forma, as mulheres
devem demonstrar esses três graus de sensações. Por último, há três tipos de
homens e de mulheres de acordo com o tempo, ou seja, os de tempo curto, os de
tempo moderado e os de tempo longo. Como nas divisões anteriores, há também
nove tipos de união. [...] Pela união
com homens, a luxuria, o desejo ou a paixão de uma mulher são satisfeitos, e o
prazer derivado da consciência do desejo é chamado de satisfação. [...] Pode-se dizer que, se a maneira de agir de
homens e mulheres é diferente, não há motivo para não haver diferença tanto no
prazer que eles sentem quanto no resultado dos seus atos. [...] Quando são mesma natureza, homens e mulheres
sentem o mesmo tipo de prazer; assim o homem deve casar com essa mulher, que o
amará para sempre. Comprovando-se que o prazer de homens e mulheres é do mesmo
tipo, segue-se que, no tocante ao tempo, há nove espécies de ato sexual, da
mesma forma que há nove intensidades conforme a força da paixão. Inúmeros tipos
de união podem existir ao se considerar as combinações possíveis entre os nove
tipos de união de acordo com a dimensão, a força da paixão e o tempo. Por isso,
os homens devem usar os meios adequados para cada tipo específico de união
sexual. Na primeira união sexual, a paixão do homem é intensa e o seu tempo é
curto, mas nas uniões subsequentes no mesmo dia ocorre o inverso. Com a mulher,
acontece o contrário, já que, na primeira vez, a sua paixão é fraca e, por
isso, o seu tempo é longo. Porém, nas relações subsequentes no mesmo dia, a sua
paixão é intensa e o seu tempo é curto, até que a sua paixão seja satisfeita. [...].
Veja mais aqui, aqui e aqui.
ELEGIA: INDO PARA O LEITO
& CONSTÂNCIA FEMININA
– Estre os poemas do poeta, prosador e clérigo inglês John Donne (1572-1631),
destaco inicialmente Elegia:
indo para o leito, traduzido por Augusto de Campos: Vem, dama, vem que eu desafio a paz; até
que eu lute, em luta o corpo jaz. Como o inimigo diante do inimigo, canso-me de
esperar se nunca brigo. Solta esse cinto sideral que vela, céu cintilante, uma
área ainda mais bela. Desata esse corpete constelado, feito para deter o olhar
ousado. Entrega-te ao torpor que se derrama de ti a mim, dizendo: hora da cama.
Tira o espartilho, quero descoberto o que ele guarda quieto, tão de perto. O
corpo que de tuas saias sai é um campo em flor quando a sombra se esvai.
Arranca essa grinalda armada e deixa que cresça o diadema da madeixa. Tira os
sapatos e entra sem receio nesse templo de amor que é o nosso leito. Os anjos
mostram-se num branco véu aos homens. Tu, meu anjo, és como o Céu de Maomé. E
se no branco têm contigo semelhança os espíritos, distingo: o que o meu Anjo
branco põe não é o cabelo mas sim a carne em pé. Deixa que minha mão errante
adentre. Atrás, na frente, em cima, em baixo, entre. Minha América! Minha terra
a vista, reino de paz, se um homem só a conquista, minha Mina preciosa, meu
império, feliz de quem penetre o teu mistério! Liberto-me ficando teu escravo;
onde cai minha mão, meu selo gravo. nudez total! Todo o prazer provém de um
corpo (como a alma sem corpo) sem vestes. As joias que a mulher ostenta são
como as bolas de ouro de Atalanta: o olho do tolo que uma gema inflama ilude-se
com ela e perde a dama. Como encadernação vistosa, feita para iletrados a
mulher se enfeita; mas ela é um livro místico e somente a alguns (a que tal
graça se consente) é dado lê-la. Eu sou um que sabe; como se diante da
parteira, abre-te: atira, sim, o linho branco fora, nem penitência nem decência
agora. Para ensinar-te eu me desnudo antes: a coberta de um homem te é bastante.
Também o poema Constância feminina: Agora
já me amaste por um dia inteiro. / Amanhã, quando partires, o que dirás? / Irás
antedatar algum voto mais recente? / Ou dizer que, agora, / Já não somos
exactamente os mesmos de antes? / Ou que as juras, feitas por medo reverencial
/ Ao Amor e à sua ira, se podem renegar? / Ou, como veras mortes desligam veros
casamentos, / A imagem destes, os contratos dos amantes / Unem só até que o
sono, imagem da morte, os separe? / Para justificar teus próprios fins, / Tendo
proposto mudança e falsidade, não terás tu / Outro meio senão a falsidade para
seres sincera? / Lunática vã, contra tais evasivas eu poderia / Argumentar e
ganhar, se quisesse, / O que me abstenho de fazer / Porque, amanhã, poderei vir
a pensar como tu. Veja mais aqui , aqui e aqui.
ESPONTANEIDADE &
GERONTODRAMA – No livro Gerontodrama, a velhice em cena: estudos
clínicos e psicodramáticos sobre o envelhecimento e terceira idade (Ágora,
1998), de Elisabeth Maria Sene Costa,
aborda questões atinentes ao conceito etimológico e significado da palavra
velho e similares, envelhecimento e seus conceitos cronológicos, fisiológicos e
pessoal – aspectos biopsicossociais da velhice, gerontodrama, instrumentos,
etapas, recursos psicodramáticos utilizados, teoria da espontaneidade, teoria
sociométrica, expansividade emocional, teoria do papel, entre outros assuntos.
Da obra destaco o trecho da teoria da espontaneidade, criatividade e conserva
cultural: Tanto a saúde do individuo como
a de todo o grupo se devem fundamentalmente, para Moreno, à saúde da
espontaneidade. Para ele, espontaneidade atua no presente, aqui e agora. Embora
seja a mais antiga em termos universais e na evolução, é a força menos
desenvolvida nas pessoas e, frequentemente, inibida e desencorajada pelas
instituições culturais. A espontaneidade, como enfatiza Moreno, não está
concentrada em reservatório; não é quantificável. Ela é (ou não) disponível e
se revela no exato instante em que o individuo dela necessita e de acordo com a
exigência da circunstância. Sua resposta deve variar segundo o grau de
intensidade do estimulo numa escala que vai de zero ao máximo. É a imagem
moreniana da lâmpada que, quando se acende, a tudo ilumina. Se é apagada, todas
as coisas permanecem no mesmo local, mas a qualidade luminosa (espontaneidade)
desaparece. Segundo esse pressuposto não se deveria pensar que a espontaneidade
diminui com o passar dos anos. Entretanto, o que parece ocorrer é que, à medida
que se envelhece, as conservas culturais vão se tornando mais evidentes e com
isso vai havendo, automaticamente, um movimento de restrição ao surgimento da
espontaneidade. É como se não existisse espaço para a sua manifestação,
preenchido pelas conservas. [...]. Veja mais aqui e aqui.
EROS, O DEUS DO AMOR – O premiado drama Eros o deus do amor (1981), dirigido pelo cineasta Walter Hugo Khouri, conta a história de
um paulistano de meia-idade que declara seu amor e ódio pela cidade de São
Paulo. Por intermédio da atual amante, relembra os casos amorosos e as mulheres
que passaram por sua vida: a mãe desejada; a professora de inglês com quem, em
1945, envolveu-se sexualmente; o fascínio de criança por uma jovem líder
comunista; a empregada que cuidava dos cavalos de sua mãe; uma colegial virgem;
a amante masoquista; duas prostitutas; a astrônoma que lhe falou da infinitude
do universo; a japonesa de um bordel da Liberdade e a professora que lhe
instigou o apreço pelas ideias platônicas: “A história de um homem insaciável à
procura do prazer total”. O filme venceu nas categorias de melhor atriz para Norma
Bengell, Renée de Vielmond e Dina Sfat, melhor diretor e melhor filme. Veja
mais aqui.
IMAGEM DO DIA
A arte do escritor e quadrinista
britânico Alan Moore. Veja mais aqui.