terça-feira, novembro 10, 2015

SALGADINHO, SCHILLER, MILLÔR, BOAVENTURA, MORRICONE, KERTÉSZ & MUITO MAIS NO PROGRAMA TATARITARITATÁ!!!

VAMOS APRUMAR A CONVERSA? SALGADINHO: DE RIACHO PRA ESGOTO – Em continuidade às atividades desenvolvidas no projeto de pesquisa Psicologia Ambiental: a arte na educação da comunidade do Riacho Salgadinho – Maceió, exigência da disciplina Estágio Básico, ministrada pela professora doutora Daniela Botti da Rocha, estivemos nesta segunda feira, na comunidade do Poço Azul, local onde havia a nascente do riacho em questão. Lá estivemos e procuramos pela referida fonte, até encontrar o morador João Felix da Silva, sentado no batente de sua casa, residente ali desde o ano de 1972. Em conversa conosco, ele fez questão de enfatizar que quando ali chegara, bastava pisar forte no chão que jorrava água em abundância, de surgir um olho d’água na hora, ou estourar dali a uns cinco metros de distância. Agua torrente, abundante. Mas um dia de poucos anos atrás a nascente do Poço Azul secou. Assim também se dera com a outra fonte, a Fonte da Correnteza. Agora, onde eram essas duas fontes, existem sítios com plantações e moradias. E ensinou-nos como chegar ao local onde existia a fonte do Poço Azul: só plantações, deveras. Disse ele que a Casal esteve no local e perfurou 200 metros, mas não dando a água qualquer sinal de vida. Do que podemos achar do que poderia ser a nascente do Salgadinho, hoje brota um esgoto a céu aberto que começa na comunidade de Poço Azul, que segundo o depoente, pertence à comunidade de Antares, mas tem outra parte que pertence ao bairro de Jardim Petrópolis, muito embora ele reafirme enfaticamente ser aquilo tudo ali mesmo do bairro de Tabuleiro dos Martins. Conversa concluída, descemos a ladeira e encontramos onde era situada a fonte do Salgadinho, hoje sítio com suas plantações. E logo após, o surgimento de esgoto que serve para escoar os dejetos das residências e depósito de lixo. Com consternação, imaginamos: o esgoto começa ali e finda lá na foz da praia da Avenida, no bairro de Jaraguá, em Maceió. Um imenso esgoto a céu aberto desde 2006. Agora precisamos saber o andamento do Inquérito Civil Público de nº 1.11.000.001.521/2010-25, publicado na Portaria nº 157, na edição 229, página 62, do Diário da Justiça, do dia 17 de novembro de 2010, instaurado pelo Procurador da República, Bruno Baiocchi Vieira e em diligência na Polícia Federal, a cargo do delegado Felipe Vasconcelos e do agente federal Carlos. O Salgadinho agora é só lembrança dos tempos em que a população se reunia em suas margens para se banhar de água doce depois da saída do mar. E vamos aprumar a conversa aqui e aqui.

 Imagem: A Supine Female Nude, with Drapery over her Head, do pintor do Romantismo inglês, Joseph Mallord William Turner (1775-1851)


Curtindo o álbum L'Umanoide - Amanti D'Oltretomba (1965/1992), do compositor, arranjador e maestro italiano Ennio Morricone.

ESTÁTUAS QUANDO OLHAM PARA OS PÉS – No livro Crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência (Cortez, 2002), do jurista e professor Boaventura de Sousa Santos, encontro o capítulo Epistemologia das estátuas quando olham para os pés: a ciência e o direito na transição paradigmática, do qual destaco o trecho: Há um desassossego no ar. Temos a sensação de estar na orla do tempo entre um presente quase a terminar e um futuro que ainda não nasceu. O desassossego resulta de uma experiência paradoxal: a vivência simultânea de excessos de determinismo e de excessos de indeterminismo. [...] Graças à investigação e à teoria feministas, sabe-se hoje que os espelhos, sendo um objeto de uso corrente desde há muitos séculos, são usados de modo diferente pelos homens e pelas mulheres e que essa diferença é uma das marcas da dominação masculina. Enquanto os homens usam espelho por raízes utilitárias, fazem-no pouco frequentemente e não confundem a imagem do que veem com aquilo que são, as mulheres têm de si própria uma imagem mais visual, mais dependente do espelho, e usam-no mais frequentemente, para construir uma identidade que lhes permita funcionar numa sociedade em que não ser narcísico é considerado não feminino [...] as sociedades são a imagem que têm de si vistas nos espelhos que constroem para reproduzir as identificações dominantes num dado momento histórico. São os espelhos que, ao criar sistemas e praticas de semelhança, correspondência e identidade, asseguram as rotinas que sustentam a vida em sociedade. Uma sociedade sem espelhos é uma sociedade aterrorizada pelo seu próprio temor. Há duas diferenças fundamentais entre o uso de espelhos pelos indivíduos e o uso dos espelhos pela sociedade. A primeira diferença é, obviamente, que os espelhos da sociedade não são físico, de vidro. São conjuntos de instituições, normatividades, ideologias que estabelecem correspondências e hierarquias entre campos infinitamente vastos de práticas sociais. São essas correspondências e hierarquias que permitem reiterar identificações até ao ponto de estas se transformarem em identidades. [...] A segunda diferença é que os espelhos sociais, porque são eles próprios processos sociais, têm vida própria e as contingências dessa vida podem alterar profundamente a sua funcionalidade enquanto espelhos. [...] Vejam mais aqui, aqui e aqui.

LIQUIDAÇÃO – A obra Liquidação (Companhia das Letras, 2005), do escritor húngaro e prêmio Nobel de Literatura de 2002, Imre Kertész, conta a história um escritor húngaro que se suicida e deixa como legado uma peça de teatro intitulada Liquidação. Um dos personagens do manuscrito é o editor de B. Amargo, o protagonista que, analisando a peça e investigando o passado do amigo morto, descobre as causas mais profundas de um gesto tão radical. O suicida é uma das poucas crianças nascidas em Auschwitz, e o suicídio remete à condição individual possível em meio à armadilha histórica. Da obra destaco o trecho: Chamemos o nosso homem, o herói da história, de Amargo. Imaginamos um homem e, para ele, um nome. Ou, ao contrário: imaginamos o nome e, para ele, o homem. Embora isso tudo seja secundário, pois o nosso homem, o herói da história, chama-se, na realidade, Amargo. O pai dele se chamava assim. E o avô também. Por conta disso, Amargo foi registrado como Amargo no cartório: essa é, portanto, a realidade, a que - como cabe à realidade - Amargo hoje em dia não atribui muita importância. Nos últimos tempos - num dos anos derradeiros do milênio que se encerra, digamos, no início da primavera de 1999, num final de manhã ensolarado -, a realidade se tornara, para Amargo, um conceito problemático, e, o que era mais grave, um estado problemático. Um estado em que - segundo os sentimentos mais íntimos de Amargo - a realidade era o que mais faltava. Se de algum modo o obrigavam a usar a palavra, Amargo sempre acrescentava: "a assim chamada realidade". Entretanto, isso era apenas uma frágil compensação, que não o satisfazia. Amargo, nos últimos tempos, ficava muito à janela e olhava para a rua. A rua oferecia a visão comum e costumeira do cotidiano costumeiro das ruas de Budapeste. Junto da calçada imunda e manchada de lixo, óleo e sujeira de cachorros, havia carros, nos recessos de um metro entre as paredes leprosas, descascadas, das casas, os pedestres comuns e costumeiros perseguiam seus afazeres, e a expressão contrariada dos rostos refletia os pensamentos sombrios. Alguns deles, talvez na pressa, para se desviar da fileira de gansos rastejantes, desciam da calçada, e nisso o coro das buzinas rancorosas dos automóveis derrubava toda esperança irracional depositada no abandono da fila. Nos bancos da praça em frente que ainda conservavam o assento, sentavam-se à toa os desabrigados da redondeza, com os embrulhos, as sacolas, as garrafas plásticas. Acima de uma barba desgrenhada vibrava um gorro vermelho tricotado, e a borla pendente balançava alegre junto da pelugem repugnante. Um homem com o barrete puído de oficial de um exército inexistente vestia um sobretudo pesado de inverno, sem botões, desbotado, preso na cintura por um elegante cinto de seda, de flores coloridas, que lembrava o adereço de um robe de mulher. Numa perna feminina cheia de nódulos que emergia de uma calça jeans, um sapato de noite prateado com a sola gasta; mais adiante, no gramado estreito, ralo, jazia de joelhos encolhidos, numa imobilidade catatônica, como uma bola de trapos, uma figura indistinta, derrubada pelo álcool ou pela droga, quem sabe pelos dois. Enquanto observava os desabrigados, Amargo de súbito percebeu que uma vez mais observava os desabrigados. Sem dúvida, ultimamente Amargo dedicava muita atenção aos desabrigados. Era capaz de dissipar - na verdade, de seu tempo sem valor - até meias horas à janela, fascinado como um voyeur, que não consegue se desligar da visão obscena estendida em sua frente. Além disso, a posição de espreita sensual era acompanhada em Amargo de uma culpa, uma aversão enojada que por fim resultava num medo da existência, numa angústia nauseante. No instante em que a angústia ganhava contornos inconfundíveis, Amargo, como se tivesse alcançado o objetivo mais obscuro de seu ato obscuro, dava as costas à janela, satisfeito, e se dirigia à mesa, onde se espalhavam diversos papéis datilografados, revirados e dispersos, como pássaros mortos. O próprio Amargo sabia que, na ligação imperiosa que, ultimamente, a despeito de sua consciência e discordância, estabelecera com os desabrigados, havia alguma coisa de preocupante. Na verdade, sofria como se fosse de uma doença. Deveria decidir deixar de se aproximar da janela. Ou somente se aproximaria dela pela necessidade de arejar o quarto ou por uma razão assim prática. Porém, depois, de súbito se surpreendia de novo à janela a observar os desabrigados. Amargo desconfiava que por trás da estranha obsessão se escondia um significado apreensível. Ou melhor, sentia que, se conseguisse decifrar o significado, compreenderia melhor sua própria vida, que, ultimamente, não compreendia. Sentia que da continuidade palpável um dia conhecida como individualidade o separavam abismos. Para Amargo, a pergunta hamletiana não soava como ser ou não ser, mas como sou ou não sou. Amargo folheou distraído um dos escritos sobre a mesa. Tratava-se de uma pilha espessa de papéis, o manuscrito de uma peça de teatro. Na folha de rosto, o título, Liquidação, e o gênero, "Comédia em três atos". Embaixo, "Passada em Budapeste, em 1990". Pegou a folha de papel entre os dedos para seguir folheando, mas acabou por se entregar ao prazer discutível de ler os detalhes do cenário: (A sala sombria do editor numa editora sombria. Paredes gastas, estantes de livros decrépitas, entre os livros expostos faltas gritantes, abandono; embora não haja nenhum sinal de mudança, em tudo impera a provisoriedade desoladora das mudanças. Na sala, quatro escrivaninhas, quatro lugares de trabalho. Sobre as mesas, máquinas de escrever, manuscritos, dossiês. Janelas dando para um quintal. Uma porta no fundo, para o corredor. Em algum lugar, ao longe, o brilho do sol de um fim de manhã, na sala sombria da editora, iluminação sombria artificial. Na sala, Kürti, a esposa, Sára, e o dr. Obláth. Constrangidos, expectantes, sentam-se ao redor de uma mesa que mais tarde se revela pertencer a Amargo.) [...] Veja mais aqui.

A DIGNIDADE DAS MULHERES – No livro A poesia magistral de Schiller, do poeta, dramaturgo, filósofo e historiador alemão Friedrich Schiller (1759-1805), destaco o poema A dignidade das mulheres: Honrai as mulheres! Elas entrançam e tecem / Rosas sublimes na vida terrena, / Entrançam do amor o venturoso laço / E, através do véu casto das Graças, / Alimentam, vigilantes, o fogo eterno / De sentimentos mais belos, com mão sagrada. / Nos limites eternos da Verdade, o homem / Vagueia sem cessar, na sua rebeldia, / Impelido por pensamentos inquietos, / Precipita-se no oceano da sua fantasia. / Com avidez agarra o longe, / Seu coração jamais conhece a calma, / Incessante, em estrelas distantes, / Busca a imagem do seu sonho. / Mas, com olhares de encanto e fascínio, / As mulheres chamam a si o fugitivo, / Trazendo-o a mais avisados caminhos. / Na mais modesta cabana materna / Foram deixadas, com modos mais brandos, / As filhas fiéis da Natureza piedosa. / Adverso é o esforço do homem, / Com força desmesurada, / Sem paragem nem descanso, / Atravessa o rebelde a sua vida. / Logo destrói tudo o que alcança; / Jamais termina o seu desejo de luta. / Jamais, como cabeça da Hidra, / Eternamente cai e se renova. / Mas, felizes, entre mais calmos rumores, / Irrompem as mulheres, num instante de flores, / Propiciando zelo e cuidadoso amor, / Mais livres, no seu concertado agir, / Mais propensas que o homem à sabedoria / E ao círculo infindável da poesia. / Severo, orgulhoso, autárcico, / O peito frio do homem não conhece / Efusivo coração que a outro se ajuste, / Nem o amor, deleite dos deuses, / Das almas desconhece a permuta, / Às lágrimas não se entrega nunca, / A própria luta pela vida tempera / Com mais rudeza ainda a sua força. / Mas, como que tocada ao de leve pelo Zéfiro, / Célere, a harpa eólica estremece, / Tal é a alma sensível da mulher. / Com angustiada ternura, perante o sofrimento, / O seu seio amoroso vibra, nos seus olhos / Brilham pérolas de orvalho sublime. / Nos reinos do poder masculino, / Vence, por direito, a força, / Pela espada se impõe o cita / E escravo se torna o persa, / Esgrimem-se entre si, em fúria, / Ambições selvagens, rudes, / E a voz rouca de Éris domina, / Quando a Cárite se põe em fuga. / Porém, com modos brandos e persuasivos, / As mulheres conduzem o ceptro dos costumes, / Acalmam a discórdia que, raivosa, se inflama, / Às forças hostis que se odeiam / Ensinam a maneira de ser harmoniosa, / E reúnem o que no eterno se derrama. Também o poema Ectasy por Laura: Laura, se você olhar com ternura / Para o raio deslumbrante / Meu espírito a vida, feliz de novo, / Explosão ligada / Desliza com o sol de maio. / E se eu olhar em seus olhos plácidos / Sem sombras e sem véus, / Respiração em êxtase, / Auras do céu. / Se o som acento / Ao ar livre dá o seu lábio com um suspiro / E doce harmonia / De estrelas douradas; / Eu ouço o coro de anjos, / E absorveu minha alma / No amor transparente em êxtase. / Se na dança harmoniosa / Seu pé desliza como a onda tímido, / Ama a tropa misteriosa / Agita o olhar de asa; / A árvore de jogadas, atrás de você, seus ramos / Ouviram-se como só a lira de Orfeu, / Minhas plantas e da terra andamos / Turbilhão em turbilhão. / Se os seus olhos, o flash puro, / Amar o fogo inflamado, / Bate o mármore duro árido / E dá chamadas interurbanas vitais. / A fantasia sonhada no prazer / Contempla o presente já segura / Quando eu li nos seus olhos, a minha Laura! Veja mais aqui e aqui.

COMPUTA, COMPUTADOR, COMPUTA – Na peça teatral Computa, computador, computa (Nórdica, 1972), do desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, tradutor e jornalista Millôr Fernandes (1923-2012), destaco o trecho inicial: BLACK-OUT (Luz que se acende lentamente, em resistência. Cenário todo branco, vagas coisas pintadas de cores violentas. Atriz, deitada no chão, em posição fetal, cabeça para baixo em direção à platéia. Imóvel. Música de fundo, em crescendo.) VOZ MASCULINA (Off, em tom de comunicado noticioso) Temos o triste dever de comunicar o nascimento, hoje, às três horas da manha, do cidadão dois bilhões quatrocentos e cinqüenta e cinco milhões, setecentos e oitenta e sete mil, trezentos e vinte e dois. O nascituro, do sexo feminino, veio ao mundo a pesar das providencias das autoridades e de todos os esforços da ciência, que tentaram evitar por todas as maneiras o odioso acontecimento. Vítima de um ato criminoso de dois cidadãos de sexos opostos que se entregaram a práticas sexuais há muito condenadas, o cidadão em questão foi gerado pelos processos mais obsoletos, trazendo dores e aflições durante nove meses a uma cidadã prestante, e ingressou – completamente despreparado – num meio ambiente impróprio, numa ecologia à qual dificilmente se adaptará. Os médicos constataram condições intelectuais especulativas que... (Voz baixando, se afasta, tornado-se inaudível. A atriz vai se mexendo lentamente ate nascer. Durante todo o inicio se esforça violentamente para sair, ate que sua cabeça salta de dentro do plástico no qual está envolvida. Ela sai da concha. Esfrega os olhos. Olha em volta, tudo muito lentamente, ad libitium.) ATRIZ Olá, classe média. (Procura. Faz como quem abre janela.) (Acende e apaga a luz.) É. Bom. Aqui estou eu. Eu estou aqui. O fundamental é saber que é que eu vim fazer aqui? Bem. Vamos ver. Alguém vai me dizer. Vai aparecer alguém. (Procura. Depois:) Hei! Tem alguém aí? (Continua procurando, levanta papeis imaginários.) Vai ver que não tem nenhuma Seção de Informações. (Procura mais.) Nenhuma mensagem. Quer dizer, vou ter que descobrir sozinha. Passo a passo, gesto a gesto, vou Ter que descobri tudo sozinha. Será que a idéia geral é essa? Vou Ter que inventar o meu lugar, o que fazer, palavra por palavra? A! ( Escuta.) B! ( Escuta.) C! ( Escuta.) Abecedê. (Escuta. Ri.) Estou começando a inventar o alfabeto. Daqui pra inventar a comunicação é só um passo. Problema é com quem comunicar. (Olha em volta.) Imaginem se eu tiver que inventar meu próprio enredo. Imaginem se eu tiver que improvisar. A casa cheia e eu tendo que improvisar. (Discursiva.) Meus amigos, não há amigos. Senhores e senhoras, cheguei e, para provar estou aqui. (Ri.) Não está mal. Sou obrigada a reconhecer que tenho um certo talento. Meus senhores, tudo é igual mas a distancia é grande. Todo homem tem direito a sessenta anos de cadeia. Se eu fosse o papa vendia tudo e ia embora. Pois Roma não se desfez num dia. O silencio é de prata, tempo é dinheiro, mas nem tudo que reluz é ouro. O homem só está fora de perigo quando bate as botas. O dinheiro compra o cão, o canil e o abanador do rabo. “Não sou um tarado sexual”, dizia o outro, “mas quando eu nasci já tinha uma mulher na cama. Pior, era minha própria mãe.” Errar é humano. Botar a culpa nos outros também. A Semântica é o ópio dos psicanalistas. Os homens não fervem à mesma temperatura. Os limites de cada um terminam onde terminam os limites da autoridade. (Pensa.) Estou ficando mais audaciosa. Será que tudo é permitido? O lar é inviolável mas é bom cada cidadão usar cadeados e trancas bem resistentes. Indultar eles não indultam mas todo ano botam mais um elo na corrente. Viram? Acho que sou uma vocação filosófica desagregadora. O cadáver é que é o produto final. Nós somos apenas a matéria-prima. (Pensa. E, com orgulho diz:) Vejam essa: Todo homem é criminoso até prova em contrario. Não sou bacana? Não sou corajosa? Não sou...eficaz? (Se eintusiasmando.) O pensamento é totalmente livre. Exprimi-lo, porém, é toda uma outra conversa. O poder público fica dividido em executivo, exercicutivo e executado. A justiça será igual para todos, sendo que para os ricos um pouco mais igual do que pros pobres. É garantida a liberdade de cátedra. Cada um pode comprar quantas cadeias quiser. Boa, heim? Eu acho que vou dar certo. (Entra homem policialesco, se coloca no fundo do palco, não diz nada, mais vai grilando a atriz. Com um papel e um lápis toma nota do que ela diz. A atriz vai murchando, desconfiada.) Há certas testemunhas que justificam qualquer crime. Uma coisa, amigo, eu posso lhe garantir. O seu complexo de inferioridade não é inferior ao de ninguém. Todo homem tem direito de torcer pelo Vasco na arquibancada do Flamengo. (Homem no fundo, bate palmas mandando parar. Entra outro homem.) HOMEM II Temos ordem de interromper sua representação. (Os homens falam sem agressividade mas seguros na sua autoridade.) [...]. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

ECSTASY – O drama romântico Ectasy (Êxtase, 1933), dirigido pelo cineasta, roteirista e ator checo Gustav Machatý (1901-1962), escrito por František Horky, Gustav Machatý, Jacques A. Koerpel, e Robert Horky, conta a história de uma jovem que se casa com um homem rico, e que depois de abandonar seu breve casamento sem paixão, ela conhece um jovem engenheiro viril que se torna seu amante. O filme é maravilhosamente encatador e foi bastante ousado para época por causa das cenas da belíssima e encantadora atriz austríaca Hedy Lamarr (1914-2000), nadando nua e abordando temas como orgasmo feminino e trazendo cenas fascinantemente lindas de entregas corporais. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
As mulheres nas esculturas de Emílio Fiaschi (1858-1941)

Veja mais no MCLAM: Hoje é um dia especial! É dia do programa Tataritaritatá, um programa diferente, especial e que será como se fosse pra nunca mais. Acontecerá a partir das 21hs (horário de verão), com a apresentação sempre especial, inesquecível e apaixonante de Meimei Corrêa, essa grande mulher que brindou meu coração e minha vida. Por isso mesmo, o programa hoje é só gratidão: obrigado, Meimei, obrigado por tudo, obrigado, obrigado, obrigado. Na programação, os meus amigos e parceiros: Sonia Mello, Ricardo Machado, Mazinho, Jarbas Barros, Wilson Monteiro, Cikó Macedo, Sonekka, Zé Linaldo, Santanna o Cantador, Félix Porfírio, Ozi dos Palmares & Daniel Pissetti Machado. Obrigado pra vocês, também. E com meus reiterados agradecimentos, desejo para Meimei - a eterna e maravilhosa parceira que faz feliz meu coração - toda felicidade do universo! E que a sua caminhada seja repleta de alegria, sucesso e realizações com tudo que você merece. Para conferir online acesse aqui .


MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...