domingo, outubro 23, 2022

ADELA CORTINA, SONIA HERNANDÉZ, TRUDI CANAVAN, JANETE LINS & PINTANDO NA PRAÇA

 

Ao som dos álbuns Desconhecido (Independente, 2011), Ó (YB Music/Natura, 2016) e Folhuda (Circus, 2019), da instrumentista, cantora e compositora Juliana Perdigão.

 

TRÍPTICO DQP: - Mãe caeté, malunguinho sou... – Ah, do quilombo onde nasci as cinzas, estou no esconderijo da Cova da Onça saboreando a Jurema Sagrada: Caboclo índio, índio africano /Caboclo índio da Jurema. Êhô! Nenhum festejo e algo me assalta. Coisas que não entendo, voo por desvendar, tal Sonia Hernandéz: Tudo o que não entendo me move, o que é muito. Leio e escrevo para entender as coisas e assimilá-las. É a minha forma de pensar, o resto é deixar-se arrastar. Assim sou, minha mãe. Não sei se ficou sabendo: a cabeça a prêmio e altas recompensas porque fugitivo do que não sei, escapando das manobras de tropas tão imperiais pelas clareiras primaveris. O que sei é que todos os meus estão sendo caçados e fogem da escravidão. E o que somos, todos caetés e bantos que se valem do Malunguinho, companheiro quimbundo, marinheiro congolês, o líder do Catucá. Foi ele que me deu a Acácia Jurema e, com isso, ganhei dos meus ancestrais a sabedoria com a trindade de Mestre, Exu e Caboclo. Para quem vejo peço que me diga lá as novidades, quem somos e que fim levou João Batista da Cabanada, cadê João Pataca dos batuques e o séquito das mulheres. Cadê João Bamba e os cento e tantos outros rebelados: nada, como sempre, esclarecido. Só escuto Trudi Canavan repetidas vezes: Há sempre um pouco de verdade em cada boato, o problema é descobrir qual... A sabedoria e o conhecimento estão em toda parte, mas a estupidez também... Tudo como se antes fosse agora e o grotesco respira sua aporofobia fungando no cangote da nossa desgraça, sou ressurreto Zumbi pelos Palmares dagora...

 


Escritos esparsos no meio da diáspora... – Imagem: arte do gravador, desenhista e pintor Lívio Abramo (1903-1992). - Meu coração Goeldi, minha solidão de Debord: a espetacularização & o cansaço. Entre vozes, Adela Cortina me chama atenção: Devido à crise, percebemos que por falta de ética, o dinheiro foi para muitos lugares e trouxe sofrimento, principalmente para os mais vulneráveis... Nenhum país pode sair da crise se o comportamento imoral de seus cidadãos e políticos continuar a proliferar impunemente... Esta a vez da aporofobia, lembrando Ortega y Gasset: O homem é a sua circunstância. Alguém reitera e não sei quem é: como confiar numa pessoa que não gosta do que os outros escolhem ou gostam como se tivessem seus interesses contrariados. Há quem bata o pé: não há alternativa. E por que não? Ao menos era mais um doido observando outro pretendente à normalidade, ou melhor, normose. Se tudo está invertido, talvez o outro lado do inverso, quem sabe, lá tenham razão, enquanto lacerado sei que tudo passa. Quem ainda ousa isso nesse calor? Até depois de mortos há quem deixe conflitos por resolver. Quando não o desfile daqueles que formam a pútrida legião de descarados, com a obra-prima do mau gosto, afora dar importância desmedida ao dinheiro, ué! Ninguém sabe de Lin Yutang: A vida social só pode existir na base de uma certa dose de mentiras refinadas e de que ninguém diga exatamente o que pensa. Quase me permite uma licença poética, Felizberto Hernández: Não creio que deva escrever apenas sobre o que sei, mas que devo escrever também sobre os outros... E lá vou eu com as diversas maneiras de atrair o desastre e o fracasso, não mais que dois dedos de largura por espaço e me descubro mero diletante como se fosse uma constelação de nada.

 


Pintando na praça... - E ontem mais que um sábado inteiro agora, outra vez felizmente uma manhã ensolarada, propícia para récita da Criação de Vinicius. Tela, pincéis, cavaletes a postos, a mãe caeté renascendo na minha solidão. A primeira saudação foi da lindamiga Sil Neves que me trouxe notícias do maridamigo e do filho maestro-Marwin. E a gente Pintava na Praça com a meninada estudantil esfuziante que alvoroçava a praça diante da exposição no anfiteatro. Foi bom rever Emerson do Barro moldando fisionomias, o parceirirmão Zé Ripe solto nas artesanias, enquanto a anfitriã Nalva sorria com a mão na massa da oficina, ao lado do mestre Celso Madeira de Igarapeba. Alexandre Freitas me peitou pra câmara do seu canal virtual, vamolá. Nem deu pra conversar direito com João Paulo às providências & Mary & Sheila mangando dum e doutro do povo passante. Ana Paula veio de Xexéu para me mostrar a casa da sua infância, boas lembranças aquelas da Rua Nova. Amigos dantanho contava lorotas e pisoteios de idos e acontecidos. O esplendor do casal AG – marimbondamigos do coração – ensolarava de afagos meu coração. E mais de uma vez vi Profeta com a satisfação do dever cumprido. Estamos sempre juntos. (Veja fotos e registros do evento aqui). Até mais ver.

 


[...] É suficiente lembrar que ingressamos no terceiro milênio com novas demandas de formação e de conhecimento requeridas pelas mudanças sociais em curso., sem sequer termos assegurado direito à escolarização fundamental de qualidade para a maioria da população, o que exemplifica tanto a permanência como o agravamento dos níveis de desigualdade social historicamente imperantes entre nós. Essas mudanças, elas próprias causadoras dos perversos níveis de desigualdades, ao atingir toda a realidade social, fazem com que os seus reflexos atinjam os processos de produção do conhecimento científico. [...].

 Trechos extraídos da obra A educação como política pública: polêmicas do nosso tempo (Autores Associados, 2001), da professora Janete Maria Lins de Azevedo. Veja mais Educação & Livroterapia aqui e aqui.

 


domingo, outubro 16, 2022

PAULO FREIRE, JENNIFER EGAN, ELVIRA NAVARRO, ZAMBRA, BRINGHURST, LETITIA LONDON & VAILLAND

 

Ao som dos álbuns 02022020 (2020), Time 2 Stop Worrying (2019), Turnitup (2016) e Sometimes a Girl Needs Some Sugar Too (2011), da compositora e instrumentista dinamarquesa Ida Nielsen.

 

TRÍPTICO DQP: - Eterno menino da beira do rio... - Voltei à infância para rever o mundo de outro jeito. Hoje posso lembrar o acidentado e limítrofe arruado que me permitia singrar a margem de cá sem que de lá houvesse a possibilidade de atravessar a ponte, tão longe quanto proibitiva, devaneios com o relinchado na hora certa do Jegue de Paul. Não era assim quando estava lá pelo brejo das sereias multicoloridas, uma mais linda que a outra. Elas saíam d’água e se esgueiravam pelas touceiras da margem oposta, escondidas no meio da plantação. De lá provocavam: Vamos timbungar? Não, que não sou peixe! Mesmo que eu tivesse uma jangada na ideia, do canto não saía. E brincavam bulindo comigo passando de um lado a outro. Uma delas transformou-se numa grande ave e entoou um canto melodioso. Chegou perto de mim: era a sirena Partênope, uma ninfa encantadora e serva de Perséfone a me dizer Robert Bringhurst: Por todos os meios quebrar as regras! E insistia: Você precisa! Queria me levar para a ilha de Antemoessa na promessa de me iniciar nas Argonáuticas de Apollonios e eu não tinha como nem onde me amarrar, sequer saberia como apelar para virtuose da lira feito Orfeu, inútil tapar os ouvidos: seu mavioso canto ocupava toda minha cabeça. Não distinguia direito harpias ou erínias, sabia das sereias: as almas dos defuntos egípcios. Diante do meu mutismo mandou-me então para as Ilhas Afortunadas, com o recado da Jennifer Egan: Todos que perdemos, vamos encontrar. Ou eles vão nos encontrar. Aquilo arrepiou a alma se bem que meus mortos não eram tantos. Agora muitos pra meu desconsolo. De repente tudo se pareceu uma visagem e vi-me diante do espelho das águas do brejo, outra face para dirimir qualquer mal entendido, um sentimento extraviado, memória perdida, apenas um eterno menino da beira do rio.

 


Multiplenredo... – Imagem arte de Nancy Bossert - O que procuro se o tríptico fraseado de Gauguin na indagação suprema: quem sou, de onde venho e pra onde voo, não sei. Há mais do que por trás da lindeza dos canaviais floridos e das ribanceiras exaltadas, sob o asfalto das cidades, embaixo das pontes, além dos ermos distantes, no matagal dos pântanos, nas várzeas dos rios, na profundidade dos mares, nas fronteiras das galáxias ou no infinito da imensidão cósmica. Não há como saber, apenas Roger Vailland para me dizer: Não há amor, há apenas provas de amor. O amor é também um prazer... Não é possível e o silêncio me faz olhos bem abertos. No meio das interrogações, Letitia Elizabeth London: Força, poder e majestade pertencem ao homem; eles fazem a glória nativa de sua vida... Mas a doçura é o atributo de uma mulher – por isso ela reinou e por isso reinará... Era como se tivesse minha mãe ali do lado no acalanto de uma história que era a minha e, ao final, me dizia Alexandre Zambra: Ninguém fala pelos outros. Que, mesmo que queiramos contar histórias alheias, terminamos sempre contando nossa própria história... O que procuro no fiapo da ideia, contar uma hestória, começassim, passassado: entrou pela perna de pinto, saiu pela perna de pato.

 


E era ela outra hestória... - Imagem arte de Nancy Bossert. - A cidade amanheceu com a notícia: ela dali, sim, a arrebatadora daquelas arrasa quarteirão, a inesgotável sedutora viu-se vicária na noite anterior e estava mergulhada num tanque oval com sua dor. Aquele amor era, na verdade, a Besta de Gévaudan. Quem? Sabe-se lá! Foi preciso a intervenção do Padre Bidião à confissão dela: Ele iludiu-me, padre, arrastou-me para as bandas do matagal de Merçoire, lá cravou os dentes formidáveis com o intento de me estuprar. Vi-lhe enlouquecido arrancar as vestes e expor peitoril largo com pele avermelhada e odor insuportável. Partiu pra cima de mim feito um tarado, mordeu-me o pescoço e apoderou-se da minha fragilidade. Ia me decapitar! Ora, se. Juntei todas as minhas forças. Aqui, ó! Lutei inutilmente, mas consegui agarrar-lhe a cauda imensa e arrastar uma estaca afiada que apanhei no chão, pronto, desferi golpe certeiro nas suas costas. Ele fugiu urrando, ainda estou convalescendo. Mas, minha filha, não pode ser: este bicho foi extinto há muitos séculos! Estou doente, padre, sinto necessidade de comer carne crua, foi um bife cru pela primeira vez, agora quero mais: Tem que ser viva, não gosto de cadáveres! Não aguentando tentei cortar os pulsos. Aqui estou desamparada. E lá escorada, mostrando o lado B da sua vida, o sangue jorrava em profusão, dizia-se endemoninhada e precisava ser exorcizada. Ele então a recolheu afetuosamente e mandou todos saíssem do recinto – enxotados foram todos os pregadores, enrolões e enredeiros que faziam plantão pra moribunda: Xô! E lá se demorou aos cuidados com a sua paciente, horas na empreitada. A Besta Fubana surgiu em seu auxilio e acomodou-se no oitão da casa espantando curiosos e línguas soltas. Tempo enorme de expectativas. Tarde quase anoitecendo o padre saiu às carreiras, amontou na besta e partiu. Não demorou muito, devidamente curada às gargalhadas ela saudou a todos como se fosse Elvira Navarro: Você só precisa de um pouco de ansiedade para que o normal pareça ameaçador. E saiu toda reboladeira rua acima até confundir-se ao lusco-fusco. Eu, hem? Até mais ver.


 

[...] Democratizando mais seus critérios de avaliação do saber a escola deveria preocupar-se com preencher certas lacunas de experiência das crianças, ajudando-as a superar obstáculos em seu processo de conhecer. É obvio, por exemplo, que crianças a quem falta a convivência com palavras escritas ou que com elas têm pequena relação, nas ruas e em casa, crianças cujos pais não leem livros nem jornais, tenham mais dificuldades em passar da linguagem oral à escrita. Isto não significa, porém, que a carência de tantas coisas com que vivem crie nelas uma “natureza” diferente, que determine sua incompetência absoluta. [...].

Trecho extraído da obra A educação na cidade (Cortez, 2006), do educador e filósofo Paulo Freire (1921-1997). Veja mais Educação & Livroterapia aqui e aqui.

 


domingo, outubro 09, 2022

SYLVIA PLATH, SANTIAGO KOVADLOFF, CARBONELL & POWER PAOLA

 

 Ao som do álbum Revelation (Sortie Automne, 2014), do trio Dreisam, formado pela flautista/saxofonista Nora Kamm, pelo pianista Camille Thouvenot e pelo baterista/percussionista Zaza Desiderio.

 

TRÍPTICO DQP: - Uma fábula do balaio oniricaleidoscópico... - Escapando aqui & ali & acolá, voo pelos mata-burros e mato sem cachorro, pelas paredes surdas ao desabafo do que odeio para me salvar. Tenho comigo os ecos hesitantes de Valery, relido O manual de falhas de Ignácio de Loyola Brandão, a perseguir d’O tempo de vidro de Samarone Lima n’O angu de sangue de Marcelino Freire. Um total de cenas descosidas & disparatadas, plasmadas dos sonhos de quem deu partida para uma chegada improvável, mais morto do que vivo e fazendo contas ainda com o ovo no cu da galinha. Tenho comigo as rainhas da alma de Puschkin e me assustei com o truísmo dum tatu peba que me contou que o Boitatá se alimentava dos olhos dos mortos. No frigir dos ovos, roubaram mesmo meu silêncio. E Wittgenstein me dizia: Acerca daquilo que não se pode falar deve-se silenciar. Ademais, na minha cabeça repetia Santiago Kovadloff: O que significa ouvir o silêncio se não ouvir o que não pode ser dito? É por isso que se pode dizer que o ruído triunfa, mais do que onde se ouve, onde não se deixa ouvir. Ora, ora. Tinha mais: dentro de mim muito mais que Sylvia Plath: Sou habitada por um grito. / Toda noite ele voa / à procura, com suas garras, de algo para amar. Com essa barulhada toda sigo abalado, confesso e vivo cantando e contando hestórias...

 


Pedra do Rodeador – Imagem do artista visual Mané Tatu. - Pratrasmente o Fecamepa é um despautério, maior esculhambação! Quem diria que havia gente assim escondida atrás dos volantes ou birôs, e se achando os melhores e de bem. Ah, não. Fugi disso. Ontem mesmo fui pro lugar do encanto e lá ouvi vozes e tons invisíveis. Cruzei sem-terras com fitas azuis e verdes às mãos dos que eram braçais da escravidão e que formavam o ajuntamento da sesmaria do sítio, feito prosélitos do Bom Jesus da Lapa, os Procuradores de Jesuisis. No semblante aguardavam juntamente com sabidos e ensinados o retorno do Sebastião de Alcácer Quibir para o reino da felicidade. E toda parentela seguia atraída pela riqueza e negócios para comandar o mundo e corrigir as coisas erradas do Ribeira, dos Bezerros, dos cariris velhos, dali mesmo do futuro próspero arraial: Reino do Paraíso Terreal. E isso enquanto os conversos no oratório com santos louvores para devoção do terço e da santa pedra. Eu que tinha vindo do outro lado distante, fugindo de estranhas e complicadas tramas doutros de face desfeita e voz de vento que estavam prontos para aniquilar o arraial sebástico com as fogueiras do Bonito e nem sabia, fiquei pasmo e à toa. Ah, não, eu já me escondia deles porque sabia que por trás dos disfarces grotescas criaturas com um grande elenco de trapalhadas inconvenientes com o raro talento de desmanchar reviravoltas e a enorme capacidade de desancar toda sorte de coisas com suas eutanásias dolosas na cartada final, os bem-aventurados de Joel Silveira: o mal de Deus é que ele exagera muito quando quer agradar a alguém... Logo os que se achavam cara-pálidas amargos e odiados, e do outro lado, santa ingenuidade. Quando se trata de coisa dessa natureza, nunca se sabe. O tempo é esse de hoje, mas como se fosse outro dantanho. Taí onde estou sempre: no meio de trapaceiros e flagelados.

 


Garimpagem da fronteira... – Imagem da cartunista colombiana Power Paola. - Sigo adiante, o caótico e o fragmentário dos palimpsestos, como se me comovesse demais depois do terceiro gole. É que o que urdi me levou ao desesperador erro de cálculo e me senti como um cacho de pitomba condenado ao ostracismo. Quantas versões para minha morte: desapareci tragado por outra dimensão verbivocovisual e lá estava lindamente Power Paola: O que eu quero da vida? Em todas as histórias há apenas histórias... Levantou-me como se eu não tivesse deus porque estava estendido no chão, fraturas expostas, sutura alguma, as minhas melancolias e as mercadorias felizes. Fez-se parelha e foi muito bom tê-la caminhando ao meu lado. Caiu a ficha de tudo que vivi - aprendi com o mundo e o dia-a-dia para achar o ponto de equilíbrio de Sivuca: Não ter nada e, ainda por cima, nem dever a ninguém. E me senti com o teor prismático da experiência: sou eu todo retorcido. Vambora, até mais ver.

 


A função do professor não é ditar pensamento, mas ensinar a pensar...

Pensamento do jornalista e pedagogo espanhol Jaume Carbonell. Veja mais Educação & Livroterapia aqui & aqui.

 



quinta-feira, outubro 06, 2022

PAGU, YUVAL HARARI, RADCLYFFE HALL, FANNIE LOU HAMER, LOUISE FITZHUG & ABASSE NDIONE

 

Ao som do álbum Light (Decca, 2016), da pianista e maestrina italiana Vanessa Benelli Mosell, interpretando obras Scriabin e Stockhausen.

 

TRÍPTICO DQP: - A vida entre o placebo das dores e a panaceia dos simulacros... - Mais que esperar o destino se faz na hora da vez. Por enquanto, são e salvo na Torre de Babel enlouquecida que confirma o que disse Guy Debord: a imagem se tornou a forma final da reificação. Lá voo e vendem a Terra Prometida na impostura reiterada: jogam tudo fora no dia mais banal. Submeter-se ou morrer, nada mais para ser, só plágio, escárnio, crença, a privação e o invertido, a reinversão do sentido: a miséria e o pavor, a destruição e o insalubre, e me sinto despejado no limiar do atraso, no vazio da roleta, na sorte do cassino - só cisão e banir-se ao grau zero, eis a questão. Afora isso nada mais adiantasse, a vitória tornou-se com o tempo uma fragorosa derrota: não é aquilo que sequer parece. As coisas reinam com suas máscaras e a violência permanente mutila o visinvisível e nem era novembro, outroubo pelas mutamorfoses e obsolescências, aporias entre o céu e a terra. Resta apenas o cansaço diante da Não-Coisa, da morte da alteridade e da infocracia de Byung-Chul Han: Não precisam mais curvá-lo. Você foi convencido a se submeter voluntariamente! Sei que qualquer coisa acontecerá a qualquer momento na memória do morto enquanto vivo trabalha: perde uma e encontra outra entre o vil e os podres prazeres. E ressuscita Pamela McCorduck irônica: Máquinas ainda não pensam como Einstein, mas a maior das pessoas também não e nem por isso questionamos sua humanidade. E com ela um verso da Aranha pendurada de Antonio Cisneros: Se você não tomar cuidado você vai acabar acreditando que este é o mundo - Que ar resta para respirar... De repente o eco de Fannie Lou Hamer: O ódio não vai apenas nos destruir. Vai destruir essas pessoas que estão odiando também. É somente quando falamos o que é certo que temos a chance de ser explodidos à noite em nossas casas. É só um triz de alívio e esperançar no meio da fatalidade democratizada que o terror absoluto imprime e quebra o sigilo mais íntimo publicizado com as similaridades e escondendo hipocrisias e o asco de outra bem mais desprezível. O espetáculo é a última instância e a verdade jamais, resta apenas salvar as aparências na permanente ruina - um poço sem fundo e nenhuma revelação para as almas enfermas dos fracos. Quem sonha precisa acordar no meio da noite...

 


Asfixia doutras fumaças invisíveis... Imagem da artista australiana Sylvie Coupé Thouron. - Do outro lado daqui não reconheço mais ninguém, estranhos se fizeram, hostis quase feras que rugem ou grunhem a exalar asfixiante fumaça dos seus corpos que atraiçoam todos. Ao meu lado tosse Magda Szabó: Você não brinca com a morte, ela impõe suas próprias leis. O tempo que se foi e o que se perdeu nem faço questão, porque sei e sou porque não tenho; ao ter deixo de ser e só resta aparecer e o que não quero. Por isso, Anne Rice me chama atenção: Você tem uma história dentro de você; ela está articulada e esperando para ser escrita - por trás do seu silêncio e sofrimento. Era preciso prevenir, tarde demais: o Quibungo já soltou seus filhotes mandonistas por todos os birôs do poder. Tarde demais para ouvir Marguerite Radclyffe Hall: O mundo escondeu sua cabeça nas areias da convenção, para que, ao não ver nada, pudesse evitar a Verdade. Neste mundo há apenas a tolerância para o chamado normal. E sei que não há desvio necessário porque o desprezo corrompeu a todos e pulverizou-se na mentira de si próprio em cada um e o não-vivo comanda o coração da irrealidade. Tardia solidariedade de Louise Fitzhug: Às vezes você tem que mentir. Mas para si mesmo você deve sempre dizer a verdade. Estou feliz por não ser perfeita - eu ficaria entediada até a morte. Já sinto o que se diz inimigo radiante se aproximando, e quase desconsolado abraço Abasse Ndione que segreda: Em sua busca desenfreada pela felicidade, ele encontrará apenas a loucura. Se não dá pra visualizar a arquitetura da totalidade, mesmo assim, há muito a ser feito, apesar do afastamento de todos: a solidão sem ilusão...

 


Onde o amor jamais o ódio... - Longe da manhã escapo pela suicida madrugada do Recife, como se o nordestino tivesse a cabeça a prêmio no meio do estremecimento envenenado Brasil afora. No meio da implacável ventania as pálpebras dela realçam quase perto e ela feito a musa Pagu linda e estabanada medusa solta das heresias e refrações - sabia que quem a visse cegaria de paixão. E me abraçou lua cheia que acende a noite e me beijou agarrada ao meu tronco exasperando paixão e cicatrizes no Parque Industrial. Soluçou impropérios contra a garganta da máquina decadente tão imperiosa por agora, enquanto todos desconheciam ao relento o grito que apodreceu de fome e insônia pelas chamas da máscara insultuosa protegida por capacetes esdrúxulos. E se lamentou com O homem do povo, de Malakabeça, Fanika e Kabelluda, provocando os ventos e olhares no deboche da anarquia para me perguntar: Quem é o maior bandido vivo do Brasil? E se esgoelou como o espetáculo solar de todas as manhãs contra os dos caducos corações devastados engrossando os decrépitos e desmiolados algozes, como se ferida de morte pela sordidez. Viu-se temperamentalmente inadaptada para me beijar novamente desmesurada e tumultuosa. Estava disposta a ir às últimas consequências como se enfrentasse indispensável caos, e se sentisse capaz de enfrentar a histeria em massa do fungo de centeio com todos os psicogênicos, catatônicos e indiferentes na poeira da desgraça. Ah, não. Agora não. Ela novamente me abraçou terna e soluçante: Lê nos meus olhos todos os consentimentos. Mata tua sede na pedra que se fez fonte. E te encanta com a paisagem contraditória do meu ser. Sonhe, tenha até pesadelo se necessário for, mas sonhe. Esse crime, o crime sagrado de ser divergente, nós o cometeremos sempre. E transpirei sua voz, seu hálito quente, seu cheiro de vida e entrei para nunca mais sair - enquanto eu existir onde quer quer que ela esteja. E nela o chão se fez o que restou do paraíso e eu sabia: onde o amor, jamais o ódio. Até mais ver.

 

[...] Num mundo assim, a última coisa que um professor precisa dar a seus alunos é informação. Eles já têm informações demais. Em vez disso, as pessoas precisam de capacidade para extrair um sentido da informação, perceber a diferença entre o que é importante e o que não é, e acima de tudo combinar os muitos fragmentos de informação num amplo quadro do mundo. [...] As decisões que tomarmos nas próximas décadas vão moldar o próprio futuro de vida, e só podemos tomar essas decisões com bases na visão atual do mundo. Se esta operação não tiver uma visão abrangente do cosmo, o futuro da vida será decidido aleatoriamente. [...].

Trechos extraídos da obra 21 lições para o século 21 (Cia das Letras, 2018), do historiados e filósofo israelense, Yuval Noah Harari. Veja mais Educação & Livroterapia aqui e aqui.

 



sábado, setembro 24, 2022

MARTIN AMIS, PHYLLIS A. WHITNEY, ROSANA PALAZYAN & PAULA BERINSON

 

 Ao som dos álbuns Violão Popular Brasileiro Contemporâneo (1985), Camerístico (2007), Original (2002) e Dois Destinos (2016), do violonista, arranjador e compositor Marco Pereira.

 

TRÍPTICO DQP: - Vida de sonheiro... - Amanheceu e a maravilha de viver cheia nos olhos e coração. Uma comemoração alheia e descabida atravessou a noite alfinetando minha madorna assaltada pela madrugada afora: era como a assombração de inimigo insone ao arrebol, com o eco da balbúrdia dos alto-falantes. Na verdade mais parecia a festa do obituário na fúria de nauseantes desumanos engrossando o alarido farsante dos fetiches na festa da derrocada e do patético. A cidade não era outra senão a vista por Adorno: ...reproduz a fachada na tarefa de enganar. O engodo iminente saltitava a revelar pistas falsas na hora suspensa: alarmes latentes na paisagem nublada. Já não tenho tanta certeza de nada, aliás, nunca tive de mesmo. Escapei por pouco e vivo porque sorvi as três mil hóstias n’O Lugar do Sonho de Rosana Palazyan: Na arte, era um perigo de exclusão e não aceitação. Mas insisti e resisti. Nunca esquecida, hoje cada vez mais essa memória reacende, a cada notícia de vitimas. Não dá pra viver na cidade linda que amo tanto e que nunca abandonei, sem fazer nada... Eu acredito no amor, como forma de cura e resistência... Esses os nossos sentimentos, muito embora intramuros tudo seja tão crucial quanto pungente: uma vaguidade empalidecente ornada de prudência e covardia. Já perdi minha certidão de nascimento, quem disse que seria agora ou para hoje: o passado tem o gosto das coisas perdidas. Não estremeci, nem estou morto. Eu escrevo enquanto ouço de Martin Amis: Escrever é um ato de liberdade. Sim, a minha vida de sonheiro: o esperançar é maior que o deserto do real...

 


De passadas e tropeços... - Imagem: Cabeças & Boca do Inferno (Galeria Vermelho/Bienal de São Paulo, 2021), da pintora, escultora, artista visual, desenhista, gravadora, professora e artista multimídia Carmela Gross. - Falta pouco, espero. Está tão irrespirável nas tardes de todos os dias noite adentro por dilúculos sombrios. Mas sei, falta muito pouco, tomara. Todavia, as circunstâncias arranham a pele com o tempo obnubilado. Não fosse a surpresa eu teria talvez sucumbido ao desengano. Apareceu-me Beatrice – não apenas a perseguida amada de Dante, e que antes já estivera no altar sagrado como serva de Afrodite para se entregar ao primeiro que aparecesse com moeda em troca. E que depois se passara por Cenci para assombrar Paris e o mundo todas as noites de 11 de setembro. E que depois de musa se tornara renascente Filha da Dor pelos séculos pretéritos e crástinos. Com seu jeito aconchegante de recém-chegada, ela me contou de quando foi Rūpiikā do Kathāsaritsāgara e do quanto sofrera por ontens de repetidas cenas milenares. E mais dissera do sonho recorrente da infância de se ver leitora pras crianças e aflitos, e escrever poesias no seu diário interminável, e vestir-se para o domingo como uma moça qualquer da vizinhança e não pudera jamais, nem agora que nada mais a atemorizava. Mais disse entre fumaças e goles, soluços e revelações. Mais que sonolenta levantou-se, apagou a luz, despiu-se para deitar e, pela luz lunar dos seus olhos fechados, expôs o torso colossal da Freira de Monza, para me recitar os últimos versos do Poema Limpo de Paula Berinson: ... Vomito as almas dos meus filhos / e os devolvo à trincheira / do nada materno. Silenciou aninhand0-se ao meu lado e esforçando-se por esconder as lágrimas que se precipitavam na cachoeira do peito. Eu sentia e afagava seus braços suaves. Enfim aquietou-se para que minhas mãos solidárias acariciassem suas faces sedosas, quando enfim me acomodou nela para o nosso solidário adormecimento. Era onírico demais para ser verdade. Duvidei até do que sou. Só sei que ao despertar o canto mais limpo, ela se fora e a sensação das trevas cobriu-me as direções como se não mais tivesse bússola nem para onde ir, como o que se fez de espera nos desencontros tácitos pelas saídas de emergência.

 


Outro tempo inexistente... - Imagem: Jardim dos Pássaros, da série A noite, no quarto de cima, O cruzeiro do sul, lat. Sul 23 32 36, long. W. Gr. 46 37 59, 1973 – 2010: Revisão (Livraria e Galeria Seta), do pintor, gravador e desenhista Evandro Carlos Jardim. – As horas passavam e tive a sensação de que tudo se parecia tão urgente quanto o que calei fundo indesejavelmente. E tudo de mim fosse levado pela ponta do improvável não sei para onde, na previsão do amorável se esgarçando na ponta dos dedos - mesmo que meu coração insistisse entre todas as possibilidades de comunhão e harmonia. Estava tão absorvido pela confusão que nem percebi o seu retorno inesperado. Novamente chegara e me fitou assustada como se tivesse acometida pela Síndrome de Stendhal, desmaiando voluptuosamente em seguida. Tentei socorrê-la, mesmo que me visse incapaz da sobrevida desejada. Tentei reanimá-la sem saber nem como, mãos à cabeça e agora, o que fazer sumindo das ideias. Felizmente ela deu sinal de vida ao se mexer timidamente. Fiz o que pude para que se sentisse confortável para completo restabelecimento. Aos poucos foi retomando os sentidos e quase refeita fitou-me lindamente. Tentou dizer-me algo e ousou como se fosse Eleanor Catton esforçando-se ao máximo: Experimentar a beleza natural sublime é enfrentar a total inadequação da linguagem para descrever o que você vê. Palavras não podem transmitir a escala de uma vista que é tão impressionante que é sentida. Tentei melhor ampará-la e não pude esconder o regozijo com o que dissera ali. Sabia-me Golem e lhe recitei o Autorretrato de Bandeira assim, todinho de cor, em retribuição. Se o que vale é o teor dos sentidos na horagá, fiz-me solícito e firmei o que mais adequado haveria de ser feito: sentir suas pulsações e reter ao máximo o prazer de tê-la o mais próximo que pudesse enquanto possível. Até mais ver.



 
Ler sempre foi minha tábua de salvação – uma fuga para aquele mundo imaginário onde as mágoas eram fictícias e os finais felizes...

Pensamento da escritora estadunidense Phyllis A. Whitney (1903-2008). Veja mais Educação & Livroterapia aqui e aqui.

 



domingo, setembro 18, 2022

RITA RUDNER, INGRID JONKER, GRACE AGUILAR, MARIA CASADEVALL & NEIA GABINETARTE

 

 Ao som dos álbuns Nature (2020), Advice From a Caterpillar (2014) e a Live vanuit het Plein Theater Amsterdam (2020), da clarinetista holandesa Fie Schouten.

 

TRÍPTICO DQP: - Os sonhos renascem muitos… - Naquela manhã chovia torrencialmente e o rio ameaçava transbordar como no dia em que nasci. Eu vi, fui embora aos dois anos de idade... Ali minha mãe dissera o mesmo da do Sonho de Kurosawa. O meu quintal crescera naquele exílio, árvores imensas e, lá no fundo, a estrada de Badalejo. Embaixo do arco-íris as raposas não acasalavam, apenas o pife do Papafigo soava de não sei onde, trazendo todos os meus mortos em desfile. Eles ignoravam minha presença ali, parecia, pelo menos não tive que pedir perdão pelo degredo nem por nada. Quando se foram me vi nos labirintos de Borges: O sonho não passa de um mistério. E lá longe os estrépitos de Água Preta. No meio apareceu Deus que encarei como se fosse Shakespeare e só queria ser eu mesmo. Baixei as vistas e ao revê-lo era Esther Vilar com um meio sorriso: Ainda jogamos hoje os mesmos jogos da nossa infância? Claro que não. E mesmo, enquanto crianças, não tínhamos sempre as mesmas brincadeiras, brincávamos até nos apetecer. Não sabia como respondê-la, queria naquele dia fosse apenas uma criança, nada mais. E eu me reconciliasse: era a vida, os sonhos renasciam muitos...

 


O banquete do exílio... – Imagem do artista e ilustrador estadunidense Edward McGinnis – Atravessando as minhas proscrições de xexéu e meu desterro Arrabal, tudo ali me parecia como se eu cumprisse a maldição de Narciso na fonte, condenado ao Dorian Gray do retrato de Wilde no Reading. No meu desamparo foi Babette quem fez a festa e me acolheu: era apenas uma artista. E me contou a anedota do destino de Karen Blixen, e me chamou atenção para o que dissera António Agostinho Neto: Para alcançar a liberdade e sem o qual o comportamento do homem será o de quem sai de uma forma de discriminação para cair numa outra forma tão negativa como a primeira, uma simples inversão dos fatores intervenientes... Não entendia nada porque adolescia como quem perdia a inocência no seu decote. Logo chegaram os convidados do Discreto Charme de Buñuel e eram muitos e se pareciam meus algozes, eu só queria privar da intimidade dela. A primeira a se achegar atrapalhando todo meu intento foi Grace Aguilar, que logo me advertiu: Simpatia é o charme da vida humana. Poesia é um presente perigoso. Ao lado dela o antipático religioso francês Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704) com seu ar severo: Entre todas as paixões da mente humana, uma das mais violentas é o desejo de conhecer... Eu não tinha nada a ver com tudo aquilo, apenas fora levado pela generosidade da anfitriã, um peixe fora d’água que sonhava pelas anáguas e momentos íntimos dela na sua solidão. Mais satírico de todos Julos Beaucarne me puxava insistentemente quebrando o encanto: Anarquista, estou até o fundo dos meus sons! Anarquista, na minha opinião, isso significa que outros caminhos ainda não exploram as portas que ainda não foram abertas. Isso é o que estou fazendo há cinquenta anos. E gargalhava desbragadamente. Todos me pareciam fantasmas famintos na noite longa, sequer eu tinha para onde ir. No meu flagelo ela então apareceu como se fosse Nix e me fez Erebus para que eu soubesse do caos de sua íntima clausura.

 


Neia GabinetArte... – Imagem do escritor e pintor sul-africano Breyten Breutenbach - Amanheci de pé diante da porteira e dentro do cercado a inquieta e sorridente Neia me recepcionava de braços abertos. Naquela placidez pude respirar fundo e reviver o gosto de sentir-me em casa, outra vez menino que se esgueirou pelo mundo com todos os esconjuros. Ofereceu-me água quente para o café solúvel e nos aboletamos numa poltrona amigável. Ela se parecia com a comediantescritora estadunidense Rita Rudner: Eu amo dormir. Você? Não é ótimo? Realmente é o melhor dos dois mundos. Você fica vivo e inconsciente... E depois de mostrar suas traquinagens artísticas, arrematou ainda incorporada: Os homens esquecem tudo; as mulheres se lembram de tudo. É por isso que os homens precisam de repetição instantânea nos esportes. Eles já esqueceram o que aconteceu. Já passava do meio dia quando me convocou a atravessar o pântano: Vamos! Desbravamos passagem escorregadia e me exigiu perícia às marqens do primeiro pequeno açude. Meus pés se encharcaram nas proximidades do segundo e dei graças quando venci o terceiro. Foi então ela colher goiabas, eu restabelecia a respiração. Que coisa! E seguimos pelo caos e atravessamos umbrais como se recitasse a Face do amor de Ingrid Jonker. Quando enfim divisamos a liberdade ensolarada, ela se parecia a linda atriz Maria Casadevall como Guia Turística da Usina de Arte e lá eu me perdi entre as obras de Regina Silveira, a Diva da Juliana Notari, Frida Baranek, Os cabanos da Liliane Dardot, Os mandacarus da caçamba de lixo de Paulo Bruscky, O hangar das Ligas de José Rufino, A cabeça bandeirante de Flávio Cerqueira, A árvore de Hugo França, o Átrium de Marcelo Silveira, Data Vênia e Casa imaginária de Ricardo Pessoa de Queiroz, o Jardim Botânico, a Escola de Música, as três lagoas, a torre da Rádio Catimbó e o Festival Gastrô que virá. Ali eu sei o que já foi dor hoje paragem arejada para saltar aos olhos e entender que a vida é outra. Ainda bem que não sou nada, era mais eu que nunca... Até mais ver.

[...] A educação, como um valor social, extrapola os interesses circunstanciais de grupos isolados e passa a ser uma preocupação da sociedade global. Por que a decadência do ensino? Por que a perda do status do professor? Por que, aos poucos, a educação deixou de ser prioridade nacional, apesar do discurso político? Há toda uma rede de fatores confluentes e que se interpenetram gerando uma rede de causas, fatos e efeitos... [...].

Trecho extraído da obra Avaliação educacional: teoria, planejamento e modelos (Ibrasa, 2000), do educador, professor e pesquisador Heraldo Marelim Vianna (1927- 2013). Veja mais Educação & Livroterapia aqui e aqui.

 



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