Imagem: estátua unearthed
mulher cerâmica na China antiga em Olaria e esmalte de Casa & jardim no AliExpress,
Alibaba Grou.
A
MULHER NA CHINA ANTIGA - Na Ásia o domínio era do homem e tanto o taoísmo, na
China, como o tantrismo, na Índia, havia o predomínio de disciplinas sexuais e
as mulheres eram mantidas reprimidas. Ambas eram polígamas, assim como os
árabes, cujos harém formariam material para a fantasia no Ocidente monógamo por
meio das crenças islâmicas. Entretanto, enquanto a igreja cristã primitiva
advogava a abstinência sexual, nas doutrinas do Tao “o Caminho”, a “Senda
Suprema da Natureza”, eram advogadas condições tais como: “Quanto mais forem as mulheres com quem um homem tenha intercurso, tanto
maior será o beneficio que ele derivará do ato [...] Se em uma noite, ele puder ter intercurso com mais de dez mulheres,
tanto melhor”. Assim, o taoísmo tornou-se uma filosofia que impregnou toda
a estrutura do pensamento e sociedade chineses por mais de dois mil anos,
desenvolvendo, com isso, um conceito de mundo, no qual a existência se
apresentava como um movimento dinâmico de perpetua mudança, embasada na força
conhecida como ch’i – a essência vital, o hálito de vida -, cuja senda é a
Senda Suprema, o Caminho, o Tao. A divinação manual, o I-ching (o “Livro das
Mutações”), dava à força passiva o nome de yin (a vagina, ou umidade
lubrificadora dos órgãos sexuais femininos) e à ativa de yang (o pênis, ou o
sêmen do homem), descrevendo como elas se fundiam para impulsionar o ch’i ao
longo da Senda Suprema: “A interação de
um yin e de um yang é chamada Tao, e o processo gerativo constante que daí
resulta é chamado de mutação”. Este, portanto, o propósito de que o homem
devesse aprender a viver em perfeita harmonia com a natureza, observando-se a
disciplina do corpo. Durante a antiga dinastia Han (206aC-24aC), manuais
circulavam, a exemplo de A arte da Câmara de Dormir, dedicados aos segredos da
Câmara de Jade, com partes voltadas para comentários introdutórios sobre o
significado cósmico do encontro sexual, as carícias preliminares, descrições do
ato do intercurso com técnicas e posições, receitas e prescrições úteis, entre
outras. O objetivo era a harmonia yin-yang, denominando-se de “nuvens e chuva”
o ato do intercurso, utilizando-se de afrodisíacos, tais como a droga da
galinha calva, a poção do chifre de veado, entre outras. Em oposição ao taoísmo
surgiu o pensamento do filósofo e religioso chinês Confúcio (551ac-479aC), que,
por sua vez, defendia que as mulheres eram absoluta e incondicionalmente
inferiores, além de serem de difícil convivência: “Se nos mostrarmos amistosos com elas, logo perderemos o poder de
controla-las e, se mantivermos distância, ficam ressentidas”. Em vista
disso, as mulheres dessa época constituíam apenas uma necessidade biológica
para a produção de filhos homens, os quais iriam continuar ministrando as
necessidades dos ancestrais. Elas participavam dos haréns ao lado de três a
doze esposas e concubinas, chegando a nobreza a ter mais de trinta. O Li-chi –
Livro dos Ritos -, confuciano estipulava que “[...] mesmo que uma concubina esteja envelhecendo e desde que ainda não tenha
atingido os cinquenta anos, o marido deverá ter intercurso com ela a cada cinco
dias”. O favoritismo entre as mulheres era calculado para resultar na ruina
da paz domestica que prejudicaria a carreira de um homem. O casamento entre os
chineses não unia o homem apenas à sua esposa principal, mas também às irmãs e
empregadas dela, as quais ele trazia consigo, como suas esposas secundárias.
Ele teria um período de experiência de três meses, antes de solenemente
estabelecer qual a Primeira Esposa. Ele possuía o direito de repudiar sua
esposa principal, via de regra por esterilidade ou doença incurável,
repudiando, por consequência, as irmãs e acompanhantes. A história oficial da
dinastia Han foi realizada pela erudita Dama Pan Chao, uma das primeiras
notáveis chinesas que acreditava que as meninas deviam receber a mesma educação
elementar que os meninos, vez que as mulheres eram iletradas, excetuando-se
aquelas que possuíam vontade e oportunidade de aprender, ou as cortesãs que
utilizavam a educação como ferramenta de seu comércio. O poema
Yü-t’ai-hsing-yung, do poeta Fu Hsüan, dava conta de que: Amargo deveras, é ter nascido mulher, / seria difícil imaginar-se algo
tão inferior! / Ninguém derrama uma lágrima quando ela se casa e parte... / O
amor de seu marido é tão indiferente como a Via Láctea, / mas no entanto ela
deve segui-lo, como o girassol segue o sol. / Em breve, os corações de ambos se
afastam tanto, como o fogo e a água, / ela é acusada por todos e tudo que saia
errado [...]. As esposas eram mães e donas-de-casa essencialmente, cada uma
delas ocupando seu lugar na hierarquia dos aposentos das mulheres e cada uma
com suas tarefas diárias específicas. Suas horas vazias eram preenchidas diante
do espelho, cuidando dos cabelos ou da pintura do rosto. Outras se ocupavam com
casos amorosos ilícitos e seus aposentos eram em geral reservatórios de
feminilidade frustrada, não sendo incomum que filhos adultos tivessem casos com
as esposas secundárias ou concubinas do pai. Em geral, as mulheres só se
encontravam com os maridos à horas das refeições ou na cama, de maneira que a
conversa se restringia a temas domésticos. Os confucianos desdenhavam das
mulheres que tentavam tomar parte nos interesses do marido e consideravam a
participação feminina nos assuntos públicos como a raiz de todos os males, como
defendia o estadista do século IIdC, Yangg Chên: “Se às mulheres forem confiadas tarefas envolvendo contato com o mundo
exterior, elas provocarão desordem e confusão no império, levando vergonha à
Corte Imperial. Não se deve permitir que mulheres tomem parte em assuntos do
governo”. Inclusive constava no Li-chi a abominação ao contato físico
casual entre o marido e mulher ou concubina, tampouco permitia que
frequentassem o mesmo poço ou local de banhos, nem pendurar suas roupas no
mesmo cabide para vestes. Seguindo esse ditame, o Concílio de Macon, de 585dC,
decretou que nenhum cadáver masculino deveria ser sepultado ao lado de um
feminino, enquanto este último não se decompusesse. Entretanto, foram
estabelecidas regras que formalizaram um código de cortesia domestica,
assegurando até mesmo à ultima concubina, um grau de dignidade humana raramente
conferido a alguém que não às mulheres de alto nascimento nas sociedades
monogâmicas do Ocidente. O paternalismo do estado confuciano não inibia as
esposas, concubinas ou viúvas, enquanto que, conforme o filósofo do século III,
Ko Hung, as mulheres jovens vagavam a divertir-se no mercado, visitando os
parentes pela noite, além de recreios budistas e para ver caçadas e pescarias,
organizando piqueniques nas montanhas e margens dos rios. Elas podiam viajar em
carruagens abertas, cantando e tocando músicas, bebendo e festejando, enquanto
que, para o filósofo mencionado, promoviam a decadência da família e a ruína do
Estado.
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