terça-feira, fevereiro 16, 2016

FEYRABEND, HERBALISMO, BEM COMUM & LILIAN MAIAL


DIÁLOGOS SOBRE O CONHECIMENTO, DE PAUL FEYERABEND - [...] Os diálogos recolhidos neste livro são imperfeitos sob muitos aspectos, 0 que e verdade especialmente para 0 segundo.Trata-se de minha réplica a uma variedade de escritos recolhidos para uma Festschrift em minha (des)honra. A maior parte dos ensaios tem a ver com um livro que escrevi em 1970, publicado em 1975, e que, no que me diz respeito, e agora água passada. Alem disso, os artigos me atribuem uma doutrina (sobre 0 conhecimento e sobre 0 método), ao passo que minha opinião era, e ainda agora, que nem 0 conhecimento nem a realidade podem ser aprisionados ou regulados por um resumo geral ou por uma teoria (as teorias científ1cas não são aquilo que os filósofos de inclinações realistas creiam que sejam). O segundo diálogo tenta explicar essa situa um pouco complicada. O primeiro reflete a situação do meu seminário em Berkeley; 0 doutor Cole tem pouco a ver comigo, mas algumas personagens (não identificáveis pelo nome) constituem uma homenagem a alguns alunos maravilhosos que tive. Os diálogos são filosóficos num sentido muito genérico e não técnico. Poderiam até ser chamados desconstrutivistas, se bem que 0 meu guia tenha sido Nestroy (que foi lido por Karl Kraus) e não Derrida. Quando fui entrevistado pelo diário italiano A Repubblica fizeram-me a seguinte pergunta: "0 que 0 senhor pensa dos atuais desenvolvimento da Europa Oriental e 0 que a filosofia tem a dizer sobre esses seus argumentos?" Minha resposta talvez explicaria um pouco melhor minha atitude. Estas são duas perguntas inteiramente diversas - eu disse. A primeira é dirigida a um ser humano vivo e mais ou menos adequadamente pensante, com seus sentimentos, seus preconceitos, suas necessidades, isto é, a mim. A segunda e dirigida a algo que não existe, a um monstro abstrato, a "filosofia". A filosofia e ainda a menos unitária das ciências. Existem escolas filosóficas que se conhecem pouco entre elas ou se combatem ou se desprezam reciprocamente. Algumas dessas escolas, a do empirismo lógico, por exemplo, não enfrentaram quase nunca os problemas que surgem agora; alem disso, não ficariam demasiado felizes de encorajar os sentimentos religiosos que tem acompanhado tais desenvolvimentos (em alguns países da América do Sul,a religião está na primeira linha na batalha pela libertação).Outras, por exemplo os hegelianos, traçam longos romances para descrever os eventos dramáticos e sem dúvida começaram a cantá-los - ninguém sabe com que resultados. Alem do mais, apenas raramente existe uma estreita relação entre a filosofia de uma pessoa e 0 seu comportamento político. Frege foi um pensador agudo sobre as questões de lógica e sobre os fundamentos da matemática, mas a política que comparece em seus diários e do tipo mais primitivo. E é exatamente essa a desgraça; acontecimentos como aqueles que sucedem agora na Europa do Leste e, notoriamente, em outras partes do globo e, de um modo mais geral, todos os eventos que envolvem os seres humanos, eludem os esquemas intelectuais - cada um de nós e chamado, individualmente, a reagir e quiçá a tomar uma posição. Se a pessoa que reage é humana, afetuosa, não egoísta, então pode ocorrer que 0 conhecimento da historia, da filosofia, da política e até da física (Sakharov!) sejam úteis, porque ele ou ela podem aplicá-los de um modo humano. Digo "pode ocorrer", porque  excelentes pessoas que se apaixonaram por filosofias abomináveis e explicaram suas ações de maneira desencaminhante e perigosa. Czeslaw Milosz e um exemplo e 0 discuti em Adeus à Razão . Fang Lizhi, 0 astrofísico e dissidente chinês é outro. Ele procura justificar sua luta pela liberdade, fazendo referencia aos direitos universais que "não consideram raça, língua, religião e outras convicções". O universo físico - diz ele - obedece a um "principio cosmológico" nele, todo lugar e direção equivalem a todo outro lugar e direção; a mesma coisa - diz ele - deveria aplicar-se ao universo moral. Essa é ainda a velha tendência universalizante e que vemos claramente aonde leva. De fato, se "não consideramos" as características raciais de um rosto, se não fazemos caso do ritmo de sons que fluem de sua boca, se eliminamos os gestos particulares e culturalmente determinados que acompanham 0 discurso, então não temos mais um ser humano vivo, temos uum monstro, que este morto, não livre. Alem disso, 0 que tem a ver 0 universo físico com a moralidade? Suponhamos, como os gnósticos, que ele seja uma prisão, deveremos, então, adaptar nossos comportamentos morais a suas características carcerárias? É verdade que hoje 0 gnosticismo não é popular, mas as descobertas mais recentes indicam que cedo também 0 "princípio cosmológico" poderia ser um assunto pertencente ao passado. Deveremos mudar nossos comportamentos morais quando isso ocorrer? Apenas raramente uma filosofia sensível encontra uma pessoa sensível que a usa então de um modo humano.Vaclav Havel constitui um exemplo e demonstra claramente que não é a filosofia que deve ser estimulada pelo evoluir das coisas, mas em cada pessoa individualmente. De fato, repetindo-me, a "filosofia" entendida como âmbito de atividade bem determinado e homogêneo existe tão pouco quanto a "ciência". Há as palavras, há também os conceitos, mas a existência humana não revela traço das fronteiras implícitas nos conceitos. DIÁLOGOS SOBRE O CONHECIMENTO – A obra Diálogos sobre o conhecimento, do filósofo e físico austríaco, Paul Feyerabend (1924-1994), ao abordar nas suas partes compostas pela fantasia platônica e ao termino de um passeio não filosófico entre os bosques, trata das ideias do autor que geraram grande interesse e polêmicas nos meios científicos e acadêmicos, dedicando-se à análise dos fundamentos das teorias físicas e da epistemologia da ciência, procurando esclarecer e circunscrever a natureza e o alcance dos pontos de vista quanto aos conceitos científicos e filosóficos aplicáveis à realidade e à atualidade. Veja mais aqui.
REFERÊNCIA
FEYERABEND, Paul. Diálogos sobre 0 conhecimento. São Paulo: Perspectiva, 2008.

BEM COMUM - A valorização do ambiente é indissociável das dinâmicas alocativas de uma “outra economia”; é mister um ordenamento social capaz de problemati-zar sua tessitura e oferecer um caminho de superaçãoem que a personalidade humana não seja um ente au -sente. Nesse contexto, o etnoconhecimento, com base em enfoques participativos e na busca pelo resgatedos diversos saberes, promove o diálogo e a interaçãoentre os atores envolvidos quanto às questões ligadasao conhecimento tradicional, promovendo proteçãoda diversidade biológica e sociocultural [...] A subjetividade e o bem comum só podem se reconciliar no plano de uma sociedade que não seja meramente calculista e em que o ser humano não destitua nem ao outro (política) nem a si (psique) na produção de um caminho ecossocioeconomicamenteengajado no caráter problemático de uma vida huma-na associada que não pode destituir, como elementoestruturante, o seu próprio processo de socialização. Trechos do artigo Bem viver para a próxima geração: entre subjetividade e bem comum a partir da perspectiva da ecossocioeconomia (Saúde Social, 2017), de Carlos Alberto Cioce Sampaio, Craig David Parks, Oklinger Mantovaneli Junior, Robert Joseph Quinlan e Liliane Cristine Schlemer Alcântara. Veja mais aqui.

HERBALISMO: AS PLANTAS CURAM – A obra As plantas curam (Vida Plena, 1997), de Alfons Balbach, trata sobre o preparo e a aplicação das plantas na ciência fitoterápica, noções de hidroterapia, plantas medicinais, enfermidades e aplicações das ervas e relação dos nomes científicos e populares das plantas. Veja mais aqui.

MEDICINA ALTERNATIVA – A obra Medicina alternativa de A a Z (Natureza, 2004), de Carlos Nascimento Spethmann, trata sobre agentes da saúde, enfermidades e tratamento, alimentos saudáveis que promovem a vida, o ar puro e a exposiição ao Sol, partindo da ideia de que “O homem é parte da natureza, e está sujeito às suas leis, como qualquer outro ser vivo“. Veja mais aqui.


POEMA PARA AS PERNAS – Entre os poemas da premiada escritora e médica Lilian Maial, integrante da Rede de Escritoras do Brasil e autora participante de diversas antologias, destaco o Poema para as pernas: Sonho um sonho de pernas para o ar, / muitas pernas, / sem corpo e sem caminhar. / Pernas sem pressa, / sem tropeços de rimas, / pernas de sonhar. / Nunca havia reparado nas pernas, / não as minhas, / que as ruas estão apinhadas de pernas. / Cá do alto das letras, / espio as pernas de serifas, / a serpentear o poema. / Para que as quero pernas, / se deixo que tu me pises as carnes brancas, / que me enlaces, com as tuas, / as minhas trôpegas e sonolentas, / num balé aflito? / Para que as uso, / se de ti não corro, / se as asas nos conduzem / a bailar na sala? / Se já não vou, / se já não pulo, / se nem pretendo esfolar / sola no sertão de versos? / As velhas veias traem o fluxo. / O sangue embola com a rima. / Ah! Trombose! / Um novelo - teu beijo - coagulado em minhas pernas! / Teu tronco, em trança, o calor, o sangue... / Onde o chão de pisar? / Para que as quero, / se no teu quarto não preciso delas para caminhar, / se passeio na escuridão da tua ausência? / Não! Eu quero os braços / de acariciar cabelos, / as ventas de cheirar aromas, / a boca de expiar culpas / e remoer temores. / Pintar um poema sem pé, nem cabeça, / de penas e plumas. / Pernas de destrancar volúpias, / desenhar traços e versos / na tua pele nua, / e, na fumaça do cigarro, / brincar de esculpir teu torso. / Pernas, para que as quero, / se a noite passa num longo embate, / que maltrata, deixa insone e tira o fôlego? / Pernas para correr / e não alcançar. / Não quero pernas, / as velhas pernas, / de sinuosas veias, / que já esmagaram a saudade, / pisotearam distâncias! / Quero o repouso sereno, / no sopé da montanha, / para escalar lonjuras. Veja mais dela aqui, aqui, aqui e aqui.


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