VAMOS APRUMAR A
CONVERSA? – (Imagem:
Enfermeira, ilustração de Coles Phillips, para a revista Red
Cross, Janeiro, 1918). Um dia escrevi na letra da
canção O Amor que: Quem ama persegue o alcandor e segue adiante
o alvo da paixão, vai distante seja pra onde a flor desabrocha [...] porque o amor é mútua condecoração. Não
estava apenas e tão somente inspirado na
indagação do magistral Soneto do poeta lusitano, Camões (1524-1580): “Amor é um fogo que arde sem se ver, / é ferida
que dói, e não se sente; / é um contentamento descontente, / é dor que desatina
sem doer. / É um não querer maisque bem querer; / é um andar solitário entre a
gente; / é nunca contentar-se de contente; / é um cuidar que ganha em se
perder. / É querer estar preso por vontade; / é servir a quem vence, o
vencedor; / é ter com quem nos mata, lealdade. / Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade, / se tão contrário a si é o mesmo Amor?”. Não
só, mas aquele que nos move a todo momento, aquele identificado na difusa expressão
de sentimentos que redundam no que se convenciona chamar de amor. Como a dos seis
sentidos dados pelos gregos. Sim e muito mais: a indispensável necessidade de
amor em tudo que se queira fazer, a exemplo da declaração de amor da enfermeira
inglesa e fundadora da Enfermagem moderna, Florence
Nightigale (1820-1910) ao se referir à sua profissão: "A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la
como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto à
obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do
frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É
uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes!". É esse o
amor tão necessário em nosso conturbado. E vamos aprumar a conversa aqui.
Imagem: Vênus Verticordia up for auction, do pintor britânico e um dos fundadores da Irmandade Pré-Rafaelita Dante Gabriel Rossetti (1828-1882)
Curtindo o dvd Bebel Gilberto in Rio (Bebelucha - Biscoito Fino, 2013), da cantora e compositora Bebel Gilberto.
PROGRAMA TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aqui. Na programação de hoje: Jules Massenet, Baden Powell, Edu Lobo & Tom Jobim, Bebel Gilberto, Jamelão, Banda de Pau e Corda, Sá & Guarabira, Maria Rita, Oswaldo Montenegro, Os Três do Rio, Carlos Lyra, Luiz Bonfá, Beth Carvalho, Danilo Caymmi, Wanda Sá & Roberto Menescal, Sonia Mello, Ricardo Machado, Carlinho Motta, Daniel Pissetti Machado, Santana o Cantador, Elisete, João Pinheiro, Dery Nascimento, Ozi dos Palmares, Julia Crystal & Mônica Brandão, Ibys Maceioh, Alexandre Machado, Mazinho, Cikó Macedo & Menina Molhada, Zé Ripe, Fabio Stella & Hyldon & Tim Maia & muito mais. Confira mais aqui.
A ARTE DE AMAR – O livro A arte de amar (The Art of Loving - Martins Fontes, 2000), do filósofo,
sociólogo e psicanalista alemão Erich
Fromm (1900-1980), trata a respeito do amor em todos os seus aspectos e da
maneira pelas quais a extraordinária emoção do amor pode alterar o curso da
vida humana, tornando a vida de homens e mulheres produtivas e ricas pelo
desenvolvimento de suas capacidades para o amor constituído de
autoconhecimento, maturidade e coragem: “O
amor é a única resposta sadia e satisfatória para o problema da existência
humana [...] Sem amor, a humanidade
não poderia existir um dia”. Da obra destaco o seguinte trecho: [...] Se o amor é uma capacidade do caráter produtivo e maduro,
segue-se daí que a capacidade de amar, num indivíduo que viva em qualquer,
cultura dada, depende da influência dessa cultura sobre o caráter da pessoa
comum. Se falamos de amor na cultura ocidental contemporânea, temos de indagar
se a estrutura social da civilização ocidental e o espírito dela resultante são
de molde a conduzir ao desenvolvimento do amor. Suscitar a pergunta é responder
pela negativa. Nenhum observador objetivo de nossa vida ocidental pode duvidar
de que o amor — amor fraterno, amor materno e amor erótico — seja fenômeno
relativamente raro, sendo seu lugar tomado por numerosas formas de pseudo-amor
que, em realidade, são outras tantas formas de desintegração do amor. A
sociedade capitalista baseia-se no princípio da liberdade política, de um lado
e, do outro, no do mercado como o regulador de todas as relações econômicas e,
portanto, sociais. O mercado das utilidades determina as condições sob que os
artigos se trocam; o mercado de trabalho regula a aquisição e a venda do
trabalho. Tanto as coisas úteis, como a energia e a capacidade humanas úteis,
são transformadas em artigos que são trocados, sem o uso da força e sem fraude,
sob as condições do mercado. Sapatos, por úteis e necessários que possam ser,
não terão valor econômico (valor de troca) se no mercado não houver procura
deles; energia e capacidade humanas não terão valor de troca se não houver
procura delas sob as condições de mercado existentes. O possuidor de capital
pode comprar trabalho e ordenar que ele trabalhe em bem do proveitoso
investimento de seu capital. O possuidor de trabalho deve vendê-lo aos
capitalistas sob as condições de mercado existentes, a menos que vá morrer de
fome. Essa estrutura econômica refletese numa hierarquia de valores. O capital
comanda o trabalho; as coisas acumuladas que são mortas, têm valor superior ao
trabalho, às forças humanas, àquilo que é vivo. Esta tem sido a estrutura básica
do capitalismo desde seu início. Mas, se ela ainda é característica do
capitalismo moderno, alterou-se certo número de fatores, que dão ao capitalismo
contemporâneo qualidades específicas e que têm profunda influência sobre a
estrutura do caráter do homem moderno. Veja mais aqui, aqui e aqui.
DESASTRES DE AMOR – O livro Desastres de amor (Civilização Brasileira, 1968), do escritor Dalton Trevisan, trata da condição
humana nas situações mais inesperadas por meio de jogos amorosos e dos
desastres das relações. Da obra destaco o techo a seguir: Maria vira-se
rápida, cinge-lhe os braços no pescoço, beija-o furiosa na boca. Surpreso,
afasta o braço, com o cigarro na mão. Beijo guloso, metade sofrido, metade
mordido - cai o cigarro aceso no tapete. Ela rilha o dente, esfrega-se toda,
insinua a mão sob a camisa: um botão espirra longe. - Ali no sofá, Maria.
Queixume abafado mas não arreda pé. - Sempre os sonhos? Emagrecendo? Suando de
noite? Olho muito branco na vertigem dos suspiros. De repente envergonhada, abate-se
na cadeira, funga baixinho. - Não chore meu bem. Não chore. Ergue-a gentilmente
nos braços, ela se desvencilha. - Não me pegue. Não me pegue. Por que vim aqui,
mãezinha do céu? E na ponta dos pés a beijá-lo com raiva, filhote faminto que
enterra a língua em busca de alimento. - Como é que baixa isso? Três botões da
calça comprida. soltos, a calça desliza. Corre fácil a pecinha rosa de malha.
Ali uma pintinha de beleza, ai que delicia! - Tenha pena de mim! É tarde quem
tem pena de Maria? Ela geme e soluça o beijo da paixão, que retribui sem
entusiasmo. - Que que eu vá embora, não é? Distraído procura a carteira no
bolso. - Será que não tenho mais cigarro? - O que o doutor pensa de mim? - É
muito querida. Retoca a franja, guarda espelhinho. - O meu seio que tanto
elogiou não é firme? Ele espreme displicente um depois outro. - Duas pedras.
Tão duros! Bem séria na porta, luva de crochê. - Se o doutor conta para alguém
eu me mato! - Então nunca se mata. Volte outra vez, minha filha. - Não sei... Eu sei que volta noivinha do céu. Veja mais aqui.
ABAJUR LILÁS – A peça teatral em dois atos O abajur lilás (Brasiliense, 1975), do
ator, diretor, jornalista e autor teatral Plinio
Marcos (1935-1999), conta a história de três prostitutas de diferentes
idades e perspectivas de vida passando por um penoso aprendizado de rebeldia,
entrando em confronto com o homossexual que as explora ao encontrar o seu
abajur lilás quebrado, na tentativa de descobrir qual delas havia feito isso. Trata-se
de uma reflexão sobre a luta de classes, da qual destaco o trecho do quarto
quadro no segundo ato: (Ao abrir, as três
mulheres estão sentadas. Giro ainda nervosamente de um lado pra outro. Osvaldo está
parado junto à porta). GIRO – É assim que vai ser. Quem não quiser, que se
dane! Vai ser assim e pronto. Qualquer filho da puta sabe que três rendem mais
que duas. Eu falei, falei, falei, cansei de falar. Que merda! Que merda! Que merda!
Ninguém me escutou. Se eu tivesse batido caixa com a parede, era a mesma coisa.
Falei á toa. Agora não adianta chiar. A Leninha já tá aí. A culpa é de quem
preferia ficar coçando a babaca em vez de ir se virar. Não tenho culpa. Tenho culpa,
Osvaldo? OSVALDO – Não. GIRO – Claro que não. Eu não matei meu pai a soco. Não sustento
burro a pão-de-ló. E preciso ganhar uma graninha enquanto posso. Já não sou
novo. E não era só por mim que eu fala. A Dilma é uma que precisa. Otária como
ela só, tem um filho pra criar. Trouxa! Em vez de se virar, se virar, se virar,
fica entrando nas marolas da Célia. Qualquer coisinha, já pita. Ai, ai, estou
cansada. Que merda! Que merda! Que merda! Queria eu ter uma cona. Era um michê
atrás do outro. Mas é sempre assim. Deus dá pão pra quem não tem dente. Eu, com
uma chota, ficava rico. Que merda! Que merda! Que merda! A Célia só sabe
reclamar. Na hora de pegar homem, só se escama. Mas eu quero que se danem! Ou dão
duro, ou acabam mal. Vão ser três. Três é mais que dois. CELIA – A gente vai
ficar amontoada aqui dentro. GIRO – E eu com isso? Preciso adiantar meu lado.
CELIA – Com o couro da gente. GIRO – Não me danei a vida toda para abrir um
asilo de puta. Esse mocó custou o suor da minha cara. Agora, tem que render. E quem
não estiver contente, pode se arrancar. CELIA – Eu vou de pinote. Quero que tu
enfie essa droga no rabo. GIRO – Vai, vai, vai! Depois tu vai ver como dói uma
saudade. CELIA – Tu pensa que aqui é um céu: GIRO – Pode não ser. Mas as outras
cafetinas não fazem pelas meninas nem a metade do que eu faço. Tu lembra,
Dilma, aquela vez que tu estava com cólica? Lembra? Que tu tava aí rolando e
gemendo de cólica?: eu levantei da minha cama e fui te fazer um chá. Lembra? Diz,
diz, diz! Não te fiz um chá? DILMA – Fez. Célia – Grande merda! GIRO – Grande merda,
não. Fiz. Queria ver qual a dona de puteiro que faz isso pelas suas meninas. Com
elas é na lenha. Se uma piranha estiver com cólica, se dane. Não se mexem. Eu,
não. Levantei da cama e atendi a Dilma. Não foi, Dilma? DILMA – Foi. [...].
Veja mais aqui.
LIMERIQUES & NONSENSE – A obra Um livro de nonsense (The Book of Nonsense Songs – Bernúncia, 2010), do poeta e pintor britânico Edward Lear
(1812-1888), traz uma série de limeriques (limericks, poemas curtos, de
quatro ou cinco versos), que são poemas sem sentido, repletos de um humor absurdo presente em apenas
cinco versos.
Entre os que se encontram no livro, destaco primeira A dama do queixo: Havia uma dama cujo queixo / se assemelhava
à ponta d´um seixo; mandou-o afiar, / comprou uma harpa / e tocou várias
melodias com o queixo. Também o Alface: Alface!
Ó alface! / Faça-se, ó faça-se. / Ó alface, afinal, / Faça-se o nosso al- /
Moço, face a face, / Ó alface!. O da dama de Welling: Havia uma dama de Welling, / Cujos louvores toda a terra cantava; /
Tocava a harpa, / E por vezes apanhava uma carpa, / Aquela dotada dama de
Welling. O da A pata e o canguru: A
minha vida é muito chata, / Estou cansada de ser pata. / Quero você pra meu
guru! / Disse a pata pro canguru. E também o A mesa e a cadeira: Que tal dar uma saída, / Bater papo, isso é
que é vida! / Vamos, chega de madeira! – Disse a mesa pra cadeira. Veja
mais aqui.
RIEN NE VA PLUS – O filme Rien ne va plus (1997), do diretor,
ator, roteirista e produtor francês Claude Chabrol (1930-2010), ganhador do
Ouro Shell de melhor filme e Prata Shel de Melhor Diretor, afora o Prêmio
Lumiére de Melhor Ator e nomeação para o Grande Prêmio do Juro no AFI Fest
(1998), conta a história de um casal pilantra da meia idade, se arriscam no
jogo dos negócios, planejando e aplicando golpes e roubos em vítimas
endinheiradas. O destaque da película fica por conta da bela atriz francesa Isabelle Huppert que protagoniza toda
trama. Veja mais aqui.
Todo dia é dia da eterna atriz
estadunidense Katharine Hepburn
(1907-2003)
Veja mais sobre:
Os feitiços da paixão, Ação cultural para liberdade de Paulo
Freire, A Poesia Viva do Recife, Aforismos de Oscar Wilde, Imã da Cia de Dança
Corpo, a música de Yanto Laitano, a pintura de Ericka Herazo
& Ernst Ludwig Kirchner, a arte de Steve Justice
& Larry Carlson aqui.
E mais:
Pensando o ritual de Mario Perniola,
Entre nós de Emmanuel Lévinas, Teatro em síntese de Maria Helena Kühner, a
música de Sivuca & Orquestra Sinfônica do Recife, Livro das Incandescências
de Jaci Bezerra, a pintura de Emanuel Leutze, Sexo com amor de Wolf Maia &
Maria Clara Gueiros, a fotografia de Dorothea Lange & Programa
Tataritaritatá aqui.
A explosão do prazer no Recife, Paixão e razão de Gaston Bachelard, A educação de Rubem Alves & John
Dewey, Matéria de poesia de Manoel de Barros, História da Literatura Ocidental
de Ottto Maria Carpeaux, Meu exílio de Luiz Ruffato, o frevo de Luiz Bandeira, O lixo
de Marcelino
Freire & Quando o verso acaba de Armando Freitas Filho aqui.
Febeapá de Stanislaw Ponte Preta aqui.
Felicidade clandestina de Clarice
Lispector, o pensamento de Raimond Bernard, A interpretação dos sonhos de
Sigmund Freud, O saber & a liberdade Hilton Japiassu, Fundamento da
psicanálise de Horácio Etchegoyen, Interfaces psicanalíticas de Renato Mezan
& Técnica Psicanalítica de David Zimerman aqui.
A administração e as organizações aqui.
A corrupção come no centro e a gente é
quem paga o pato sempre,
O povo brasileiro de Darcy Ribeiro, a fotografia de Sebastião Salgado &
Depois da farra a corda só arrebenta pra precipício dos que estão de fora aqui.
Há um ano, a música de Ná Ozetti, a pintura de
Fernando Rosa, a arte de Luciah Lopez & Quem não sabe ver é mais
fácil de enrolar aqui.
A velhice não é o fim do mundo, a poesia de William Butler Yeats, a música de Antônio
Nóbrega & a fotografia de Spencer Tunick aqui.
A criança em mim resiste, a música de John Cage & Martine
Joste, a escultura de Valentim da Fonseca e Silva, a fotografia de Marta María Pérez Bravo & Dê-me a sua mão, as
minhas são suas aqui.
Vamos aprumar a conversa, O sono interrompido de Arthur Schopenhauer, a música de
Catherine Ribeiro & a arte de Natalia Goncharova aqui.
A vida passa e a história se repete, a pintura de Alfredo Volpi, a
literatura de Edith Wharton, a música de Xheni Rroji, a pintura de Avigdor
Arikha & a arte de Gillian Leigh Anderson aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.
VAMOS APRUMAR A CONVERSA?
Aprume a conversa aqui.