terça-feira, maio 12, 2015

FROMM, CAMÕES, DALTON, LEAR, BEBEL, PLÍNIO, ROSSETTI, NIGHTIGALE, HUPPER & HEPBURN.


VAMOS APRUMAR A CONVERSA? – (Imagem: Enfermeira, ilustração de Coles Phillips, para a revista Red Cross, Janeiro, 1918). Um dia escrevi na letra da canção O Amor que: Quem ama persegue o alcandor e segue adiante o alvo da paixão, vai distante seja pra onde a flor desabrocha [...] porque o amor é mútua condecoração. Não estava apenas e tão somente inspirado  na indagação do magistral Soneto do poeta lusitano, Camões (1524-1580): “Amor é um fogo que arde sem se ver, / é ferida que dói, e não se sente; / é um contentamento descontente, / é dor que desatina sem doer. / É um não querer maisque bem querer; / é um andar solitário entre a gente; / é nunca contentar-se de contente; / é um cuidar que ganha em se perder. / É querer estar preso por vontade; / é servir a quem vence, o vencedor; / é ter com quem nos mata, lealdade. / Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, / se tão contrário a si é o mesmo Amor?”. Não só, mas aquele que nos move a todo momento, aquele identificado na difusa expressão de sentimentos que redundam no que se convenciona chamar de amor. Como a dos seis sentidos dados pelos gregos. Sim e muito mais: a indispensável necessidade de amor em tudo que se queira fazer, a exemplo da declaração de amor da enfermeira inglesa e fundadora da Enfermagem moderna, Florence Nightigale (1820-1910) ao se referir à sua profissão: "A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto à obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes!". É esse o amor tão necessário em nosso conturbado. E vamos aprumar a conversa aqui.


Imagem: Vênus Verticordia up for auction, do pintor britânico e um dos fundadores da Irmandade Pré-Rafaelita Dante Gabriel Rossetti (1828-1882)



Curtindo o dvd Bebel Gilberto in Rio (Bebelucha - Biscoito Fino, 2013), da cantora e compositora Bebel Gilberto.


PROGRAMA TATARITARITATÁO programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aquiNa programação de hoje: Jules Massenet, Baden Powell, Edu Lobo & Tom Jobim, Bebel Gilberto, Jamelão, Banda de Pau e Corda, Sá & Guarabira, Maria Rita, Oswaldo Montenegro, Os Três do Rio, Carlos Lyra, Luiz Bonfá, Beth Carvalho, Danilo Caymmi, Wanda Sá & Roberto Menescal, Sonia Mello, Ricardo Machado, Carlinho Motta, Daniel Pissetti Machado, Santana o Cantador, Elisete, João Pinheiro, Dery Nascimento, Ozi dos Palmares, Julia Crystal & Mônica Brandão, Ibys Maceioh, Alexandre Machado, Mazinho, Cikó Macedo & Menina Molhada, Zé Ripe, Fabio Stella &  Hyldon & Tim Maia & muito mais. Confira mais aqui.

A ARTE DE AMAR – O livro A arte de amar (The Art of Loving - Martins Fontes, 2000), do filósofo, sociólogo e psicanalista alemão Erich Fromm (1900-1980), trata a respeito do amor em todos os seus aspectos e da maneira pelas quais a extraordinária emoção do amor pode alterar o curso da vida humana, tornando a vida de homens e mulheres produtivas e ricas pelo desenvolvimento de suas capacidades para o amor constituído de autoconhecimento, maturidade e coragem: “O amor é a única resposta sadia e satisfatória para o problema da existência humana [...] Sem amor, a humanidade não poderia existir um dia”. Da obra destaco o seguinte trecho: [...] Se o amor é uma capacidade do caráter produtivo e maduro, segue-se daí que a capacidade de amar, num indivíduo que viva em qualquer, cultura dada, depende da influência dessa cultura sobre o caráter da pessoa comum. Se falamos de amor na cultura ocidental contemporânea, temos de indagar se a estrutura social da civilização ocidental e o espírito dela resultante são de molde a conduzir ao desenvolvimento do amor. Suscitar a pergunta é responder pela negativa. Nenhum observador objetivo de nossa vida ocidental pode duvidar de que o amor — amor fraterno, amor materno e amor erótico — seja fenômeno relativamente raro, sendo seu lugar tomado por numerosas formas de pseudo-amor que, em realidade, são outras tantas formas de desintegração do amor. A sociedade capitalista baseia-se no princípio da liberdade política, de um lado e, do outro, no do mercado como o regulador de todas as relações econômicas e, portanto, sociais. O mercado das utilidades determina as condições sob que os artigos se trocam; o mercado de trabalho regula a aquisição e a venda do trabalho. Tanto as coisas úteis, como a energia e a capacidade humanas úteis, são transformadas em artigos que são trocados, sem o uso da força e sem fraude, sob as condições do mercado. Sapatos, por úteis e necessários que possam ser, não terão valor econômico (valor de troca) se no mercado não houver procura deles; energia e capacidade humanas não terão valor de troca se não houver procura delas sob as condições de mercado existentes. O possuidor de capital pode comprar trabalho e ordenar que ele trabalhe em bem do proveitoso investimento de seu capital. O possuidor de trabalho deve vendê-lo aos capitalistas sob as condições de mercado existentes, a menos que vá morrer de fome. Essa estrutura econômica refletese numa hierarquia de valores. O capital comanda o trabalho; as coisas acumuladas que são mortas, têm valor superior ao trabalho, às forças humanas, àquilo que é vivo. Esta tem sido a estrutura básica do capitalismo desde seu início. Mas, se ela ainda é característica do capitalismo moderno, alterou-se certo número de fatores, que dão ao capitalismo contemporâneo qualidades específicas e que têm profunda influência sobre a estrutura do caráter do homem moderno. Veja mais aqui, aqui e aqui.

DESASTRES DE AMOR – O livro Desastres de amor (Civilização Brasileira, 1968), do escritor Dalton Trevisan, trata da condição humana nas situações mais inesperadas por meio de jogos amorosos e dos desastres das relações. Da obra destaco o techo a seguir: Maria vira-se rápida, cinge-lhe os braços no pescoço, beija-o furiosa na boca. Surpreso, afasta o braço, com o cigarro na mão. Beijo guloso, metade sofrido, metade mordido - cai o cigarro aceso no tapete. Ela rilha o dente, esfrega-se toda, insinua a mão sob  a camisa: um botão espirra longe. - Ali no sofá, Maria. Queixume abafado mas não arreda pé. - Sempre os sonhos? Emagrecendo? Suando de noite? Olho muito branco na vertigem dos suspiros. De repente envergonhada, abate-se na cadeira, funga baixinho. - Não chore meu bem. Não chore. Ergue-a gentilmente nos braços, ela se desvencilha. - Não me pegue. Não me pegue. Por que vim aqui, mãezinha do céu? E na ponta dos pés a beijá-lo com raiva, filhote faminto que enterra a língua em busca de alimento. - Como é que baixa isso? Três botões da calça comprida. soltos, a calça desliza. Corre fácil a pecinha rosa de malha. Ali uma pintinha de beleza, ai que delicia! - Tenha pena de mim! É tarde quem tem pena de Maria? Ela geme e soluça o beijo da paixão, que retribui sem entusiasmo. - Que que eu vá embora, não é? Distraído procura a carteira no bolso. - Será que não tenho mais cigarro? - O que o doutor pensa de mim? - É muito querida. Retoca a franja, guarda espelhinho. - O meu seio que tanto elogiou não é firme? Ele espreme displicente um depois outro. - Duas pedras. Tão duros! Bem séria na porta, luva de crochê. - Se o doutor conta para alguém eu me mato! - Então nunca se mata. Volte outra vez, minha filha.  - Não sei... Eu sei que volta noivinha do céu. Veja mais aqui.

ABAJUR LILÁS – A peça teatral em dois atos O abajur lilás (Brasiliense, 1975), do ator, diretor, jornalista e autor teatral Plinio Marcos (1935-1999), conta a história de três prostitutas de diferentes idades e perspectivas de vida passando por um penoso aprendizado de rebeldia, entrando em confronto com o homossexual que as explora ao encontrar o seu abajur lilás quebrado, na tentativa de descobrir qual delas havia feito isso. Trata-se de uma reflexão sobre a luta de classes, da qual destaco o trecho do quarto quadro no segundo ato: (Ao abrir, as três mulheres estão sentadas. Giro ainda nervosamente de um lado pra outro. Osvaldo está parado junto à porta). GIRO – É assim que vai ser. Quem não quiser, que se dane! Vai ser assim e pronto. Qualquer filho da puta sabe que três rendem mais que duas. Eu falei, falei, falei, cansei de falar. Que merda! Que merda! Que merda! Ninguém me escutou. Se eu tivesse batido caixa com a parede, era a mesma coisa. Falei á toa. Agora não adianta chiar. A Leninha já tá aí. A culpa é de quem preferia ficar coçando a babaca em vez de ir se virar. Não tenho culpa. Tenho culpa, Osvaldo? OSVALDO – Não. GIRO – Claro que não. Eu não matei meu pai a soco. Não sustento burro a pão-de-ló. E preciso ganhar uma graninha enquanto posso. Já não sou novo. E não era só por mim que eu fala. A Dilma é uma que precisa. Otária como ela só, tem um filho pra criar. Trouxa! Em vez de se virar, se virar, se virar, fica entrando nas marolas da Célia. Qualquer coisinha, já pita. Ai, ai, estou cansada. Que merda! Que merda! Que merda! Queria eu ter uma cona. Era um michê atrás do outro. Mas é sempre assim. Deus dá pão pra quem não tem dente. Eu, com uma chota, ficava rico. Que merda! Que merda! Que merda! A Célia só sabe reclamar. Na hora de pegar homem, só se escama. Mas eu quero que se danem! Ou dão duro, ou acabam mal. Vão ser três. Três é mais que dois. CELIA – A gente vai ficar amontoada aqui dentro. GIRO – E eu com isso? Preciso adiantar meu lado. CELIA – Com o couro da gente. GIRO – Não me danei a vida toda para abrir um asilo de puta. Esse mocó custou o suor da minha cara. Agora, tem que render. E quem não estiver contente, pode se arrancar. CELIA – Eu vou de pinote. Quero que tu enfie essa droga no rabo. GIRO – Vai, vai, vai! Depois tu vai ver como dói uma saudade. CELIA – Tu pensa que aqui é um céu: GIRO – Pode não ser. Mas as outras cafetinas não fazem pelas meninas nem a metade do que eu faço. Tu lembra, Dilma, aquela vez que tu estava com cólica? Lembra? Que tu tava aí rolando e gemendo de cólica?: eu levantei da minha cama e fui te fazer um chá. Lembra? Diz, diz, diz! Não te fiz um chá? DILMA – Fez. Célia – Grande merda! GIRO – Grande merda, não. Fiz. Queria ver qual a dona de puteiro que faz isso pelas suas meninas. Com elas é na lenha. Se uma piranha estiver com cólica, se dane. Não se mexem. Eu, não. Levantei da cama e atendi a Dilma. Não foi, Dilma? DILMA – Foi. [...]. Veja mais aqui.

LIMERIQUES & NONSENSE – A obra Um livro de nonsense (The Book of Nonsense Songs – Bernúncia, 2010), do poeta e pintor britânico Edward Lear (1812-1888), traz uma série de limeriques (limericks, poemas curtos, de quatro ou cinco versos), que são poemas sem sentido, repletos de um humor absurdo presente em apenas cinco versos. Entre os que se encontram no livro, destaco primeira A dama do queixo: Havia uma dama cujo queixo / se assemelhava à ponta d´um seixo; mandou-o afiar, / comprou uma harpa / e tocou várias melodias com o queixo. Também o Alface: Alface! Ó alface! / Faça-se, ó faça-se. / Ó alface, afinal, / Faça-se o nosso al- / Moço, face a face, / Ó alface!. O da dama de Welling: Havia uma dama de Welling, / Cujos louvores toda a terra cantava; / Tocava a harpa, / E por vezes apanhava uma carpa, / Aquela dotada dama de Welling. O da A pata e o canguru: A minha vida é muito chata, / Estou cansada de ser pata. / Quero você pra meu guru! / Disse a pata pro canguru. E também o A mesa e a cadeira: Que tal dar uma saída, / Bater papo, isso é que é vida! / Vamos, chega de madeira! – Disse a mesa pra cadeira. Veja mais aqui.


RIEN NE VA PLUS – O filme Rien ne va plus (1997), do diretor, ator, roteirista e produtor francês Claude Chabrol (1930-2010), ganhador do Ouro Shell de melhor filme e Prata Shel de Melhor Diretor, afora o Prêmio Lumiére de Melhor Ator e nomeação para o Grande Prêmio do Juro no AFI Fest (1998), conta a história de um casal pilantra da meia idade, se arriscam no jogo dos negócios, planejando e aplicando golpes e roubos em vítimas endinheiradas. O destaque da película fica por conta da bela atriz francesa Isabelle Huppert que protagoniza toda trama. Veja mais aqui.




IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia da eterna atriz estadunidense Katharine Hepburn (1907-2003)


Veja mais sobre:
Os feitiços da paixão, Ação cultural para liberdade de Paulo Freire, A Poesia Viva do Recife, Aforismos de Oscar Wilde, Imã da Cia de Dança Corpo, a música de Yanto Laitano, a pintura de Ericka Herazo & Ernst Ludwig Kirchner, a arte de Steve Justice & Larry Carlson aqui.

E mais:
Pensando o ritual de Mario Perniola, Entre nós de Emmanuel Lévinas, Teatro em síntese de Maria Helena Kühner, a música de Sivuca & Orquestra Sinfônica do Recife, Livro das Incandescências de Jaci Bezerra, a pintura de Emanuel Leutze, Sexo com amor de Wolf Maia & Maria Clara Gueiros, a fotografia de Dorothea Lange & Programa Tataritaritatá aqui.
A explosão do prazer no Recife, Paixão e razão de Gaston Bachelard, A educação de Rubem Alves & John Dewey, Matéria de poesia de Manoel de Barros, História da Literatura Ocidental de Ottto Maria Carpeaux, Meu exílio de Luiz Ruffato, o frevo de Luiz Bandeira, O lixo de Marcelino Freire & Quando o verso acaba de Armando Freitas Filho aqui.
Febeapá de Stanislaw Ponte Preta aqui.
Felicidade clandestina de Clarice Lispector, o pensamento de Raimond Bernard, A interpretação dos sonhos de Sigmund Freud, O saber & a liberdade Hilton Japiassu, Fundamento da psicanálise de Horácio Etchegoyen, Interfaces psicanalíticas de Renato Mezan & Técnica Psicanalítica de David Zimerman aqui.
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A corrupção come no centro e a gente é quem paga o pato sempre, O povo brasileiro de Darcy Ribeiro, a fotografia de Sebastião Salgado & Depois da farra a corda só arrebenta pra precipício dos que estão de fora aqui.
Há um ano, a música de Ná Ozetti, a pintura de Fernando Rosa, a arte de Luciah Lopez & Quem não sabe ver é mais fácil de enrolar aqui.
A velhice não é o fim do mundo, a poesia de William Butler Yeats, a música de Antônio Nóbrega & a fotografia de Spencer Tunick aqui.
A criança em mim resiste, a música de John Cage & Martine Joste, a escultura de Valentim da Fonseca e Silva, a fotografia de Marta María Pérez Bravo & Dê-me a sua mão, as minhas são suas aqui.
Vamos aprumar a conversa, O sono interrompido de Arthur Schopenhauer, a música de Catherine Ribeiro & a arte de Natalia Goncharova aqui.
A vida passa e a história se repete, a pintura de Alfredo Volpi, a literatura de Edith Wharton, a música de Xheni Rroji, a pintura de Avigdor Arikha & a arte de Gillian Leigh Anderson aqui.
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PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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