REGRAS
PARA O PARQUE HUMANO – A
obra Regras para o parque humano: uma
resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo (Estação Liberdade, 2000),
do filósofo alemão Peter Sloterdijk,
que é dividida em partes que abordam desde a caracterização literária-epistolar
do humanismo, o exame da crítica de Heidegger ao humanismo, o exame da crítica
de Nietzsche ao humanismo, o exame da antropotécnica no diálogo Político, de
Platão, até a reflexão final sobre o colapso contemporâneo do humanismo
literário-epistolar, levantado áspero debate sobre o destino do ser humano na
época da bioengenharia. Dessa obra destaco os trechos: [...] Com o estabelecimento midiático da cultura
de massas no Primeiro Mundo em 1918 (radiodifusão) e depois de 1945 (televisão)
e mais ainda pela atual revolução da Internet, a coexistência humana nas
sociedades atuais foi retomada a partir de novas bases. Essas bases, como se
pode mostrar sem esforço, são decididamente pós-literárias, pós-epistolares e,
consequentemente, pós-humanistas. Quem considera demasiado dramático o prefixo
“pós–” nas formulações acima poderia substituí-lo pelo advérbio “marginalmente”
– de forma que nossa tese diz: é apenas marginalmente que os meios literários,
epistolares e humanistas servem às grandes sociedades modernas para a produção
de suas sínteses políticas e culturais [...] Nos ânimos fundamentalistas dos anos pós–1945, para muitos, e por
motivos compreensíveis, não era suficiente retornar dos horrores da guerra para
uma sociedade que mais uma vez se apresentasse como um público pacificado de
amigos da leitura – como se uma juventude goetheana pudesse fazer esquecer uma
juventude hitlerista. Naquele momento, parecia para muitos absolutamente
indispensável, ao lado das recém-instauradas leituras romanas, retomar também
as segundas, as leituras bíblicas básicas dos europeus, e evocar os fundamentos
do recém-descoberto Ocidente no humanismo cristão. Esse neo-humanismo, que
desesperadamente volta os olhos para Roma passando por Weimar, foi um sonho de
salvação da alma européia por meio de uma bibliofilia radicalizada – um
entusiasmo melancólico esperançoso pelo poder civilizador e humanizador de
leitura clássica – se, por um momento, nos dermos a liberdade de conceber
Cícero e Cristo lado a lado como clássicos. [...] O que ainda domestica o homem se o humanismo
naufragou como escola da domesticação humana? O que domestica o homem se seus
esforços prévios de autodomesticação só conduziram, no fundo, à sua tomada de
poder sobre todos os seres? O que domestica o homem se em todas as experiências
prévias com a educação do gênero humano permaneceu obscuro quem ou o quê educa
os educadores, e para quê? Ou será que a pergunta pelo cuidado e formação do
ser humano não se deixa mais formular de modo pertinente no campo das meras
teorias da domesticação e educação? [...] Assim como na Antigüidade o livro perdeu a luta contra o teatro, hoje a
escola poderá ser vencida na batalha contra as forças indiretas de formação: a
televisão, os filmes violentos e outras mídias desinibidoras, se não aparecer
uma nova estrutura de cultivo (Kultivierungsstruktur) capaz de amortecer essas
forças violentas. [...] há um
desconforto no poder de escolha, e em breve será uma opção pela inocência
recusar-se explicitamente a exercer o poder de seleção que de fato se obteve
[...] Se o desenvolvimento a longo prazo
também conduzirá a uma reforma das características da espécie – se uma
antropologia futura avançará até um planejamento explícito de características,
se o gênero humano poderá levar a cabo uma comutação do fatalismo do nascimento
ao nascimento opcional e à seleção pré-natal [...] Veja mais aqui.
Imagem: Le Maillot Rose (1917), do pintor e artista gráfico francês Georges Rouault (1871 - 1958)
Curtindo a coletânea Se eu não te amasse tanto assim (2002), reunindo baladas românticas oriundas do álbum homônimo e outros álbuns anteriormente gravados pela cantora baiana Ivete Sangalo.
VAMOS APRUMAR A CONVERSA? REPRISE BRINCARTE DO NITOLINO – O blog do Projeto Brincarte do Nitolino reúne os trabalhos voltados para a Literatura, Música, Teatro, Educação, Direito e Psicologia da Criança, bem como atividades desenvolvidas de contação e cantanção de história, palestras, oficinas e outros eventos que contemplem esse universo. Hoje a gente faz uma saudação dedicada ao Dia Nacional da Mata Atlântica – esse patrimônio da vida – e também para o Dia do Serviço de Saúde – com os propósitos de uma ação integralizada, humanista, universal e que se contraponha à política da medicalização e atuação no universo da doença. Afinal o que devemos pretender é a promoção da saúde e da qualidade de vida paratodos, com ações e políticas preventivas que contemplem a todos os brasileiros. Merece registro também a passagem do Dia Mundial dos Meios de Comunicação - sempre na proposta de democratização e de respeito aos direitos à informação, ao conhecimento e à educação -, e Dia do Profissional Liberal. A todos nosso salve, salve! E como não poderia esquecer, hoje é dia da reprise do programa Brincarte do Nitolino para as crianças de todas as idades, nos horários das 10hs e das 15hs, no blog do Projeto MCLAM, com apresentação de Isis Corrêa Naves. Para conferir online clique aqui ou aqui.
VIAGEM
AO FIM DA NOITE – O
romance Viagem ao fim da noite (1932
- Companhia das Letras, 2009), do escritor maldito francês Louis-Ferdinand Céline (1894-1961), é considerada a obra-prima do
autor e que denuncia no absurdo da vida – crueldades, mentiras, desesperanças, futilidades, cupidez, indiferença, pobreza, mesquinharia, inveja - o sofrimento da condição humana do século XX. Da obra destaco o trecho: [...] Assim é! Século de velocidade!
é o que dizem. Onde? Grandes mudanças! é o que contam. Como assim? Na verdade nada
mudou. Continuam a se admirar, e mais nada. E isso também não tem nada de novo.
Palavras, e ainda assim poucas, mesmo entre as palavras, que mudaram! Duas ou
três aqui e acolá, umas palavrinhas...”. E aí, muito orgulhosos de termos
proclamado essas verdades úteis, ficamos ali sentados, radiantes, olhando as
mulheres do bar. Depois, o papo voltou para o presidente Poincaré que ia inaugurar,
justamente naquela manhã, uma exposição de cachorrinhos; e depois, conversa
vai conversa vem, para o Le Temps, onde
isso estava escrito. “Esse aí é um jornal do barulho, o Le Temps!”, Arthur mexe comigo. “Igual a ele para defender a
raça francesa não tem outro! — Bem que ela precisa, a raça francesa, já que não
existe!”, respondi na bucha, para mostrar que eu sabia das coisas. — Claro que
sim! que existe uma! E uma bela de uma raça! — insistia ele —, e é até a raça
mais bonita do mundo, e é um veado quem disser o contrário! — E aí, partiu para
me esculhambar. Aguentei firme, é claro. — É mentira! Araça, o que você chama de
raça, não passa dessa grande corja de fodidos de minha espécie, catarrentos,
pulguentos, espezinhados, que vieram parar aqui perseguidos pela fome, pela
peste, pelas doenças e pelo frio, os vencidos dos quatro cantos do mundo. Não
podiam ir mais longe por causa do mar. A França é isso e os franceses são isso. —
Bardamu — diz-me então, grave e um pouco triste —, nossos pais valiam tanto
quanto nós, não fale mal deles!... — Tem razão, Arthur, nisso você tem razão!
Cheios de ódio e dóceis, estuprados, espoliados, sangrados e eternamente babacas,
valiam tanto quanto nós! Isso você não pode negar! Nós não mudamos! Nem de
meias, nem de mestres, nem de opiniões, ou então tão tarde que não vale mais a
pena. Nascemos fiéis, estamos morrendo por causa disso! Soldados gratuitos,
heróis para todo mundo e macacos falantes, palavras que sofrem, nós é que somos
os xodós do Rei Miséria. É ele que nos possui! Quando a gente se comporta mal,
ele nos aperta... Seus dedos estão sempre no nosso pescoço, sempre, isso
atrapalha para falar, temos que prestar muita atenção se queremos poder
comer... Basta uma coisinha à toa e ele nos estrangula... Isso não é vida... —
Existe o amor, Bardamu! — Arthur, o amor é o infinito posto ao alcance dos
cachorrinhos, e eu tenho minha dignidade, ora essa! — respondo. — Vamos falar
de você! Você é um anarquista, e mais nada! Em todo caso, um espertinho, o que
vocês já devem estar notando, e com opiniões para lá de avançadas. — Você está
coberto de razão, sou um anarquista mesmo! Ea melhor prova é que escrevi uma
espécie de oração vingativa e social pela qual você vai me dar já já os
parabéns: as asas de ouro! É o título!... — E aí recito
para ele: Um Deus que conta os minutos
e os tostões, um Deus desesperado, sensual e resmungão como um porco. Um porco
com asas de ouro, que cai por todo lado, de barriga para cima, pronto para ser
acariciado, é ele, é nosso mestre. Beijemo-nos! — Sua historinha não se
sustenta diante da vida, sou a favor da ordem estabelecida e não gosto de
política. E aliás no dia em que a pátria me pedir para derramar meu sangue por
ela, há de me encontrar, é claro, e nem um pouco preguiçoso, disposto a lhe
dar. Foi isso que ele me respondeu. [...] Veja mais aqui.
APRENDIZAGEM
DO ATOR – O livro Aprendizagem do ator (Ática, 1986), do
diretor, advogado, ator, professor, pesquisador das práticas do ator e criado
da Cia. Simples de Teatro, Antonio
Januzelli – Janô, aborda temas como a proposta de Constantin Stanislavski,
a arte do ator, normas básicas, o corpo, o gesto, a fala, as práticas, a
proposta de Antonin Artaud, Jerzy Grotowski, Joseph Chaikin, o palco e a vida,
o homem-ator, o método da subtração, a via negativa, o autodesenvolvimento, a
atuação, o grupo, laboratório dramático, transgressão dos limites, organismo
vivo, improvisação, exercícios específicos, descobertas e práticas, entre
outros assuntos. Da obra destaco o trecho Uma preliminar: Existe uma senda
muito particular no processo da aprendizagem humana que possibilita uma
experiência de auto-investifação do individuo, cuja proposta não se situa na
área da terapia, e que tem nos jogos, nas improvisações, em exercícios
específicos e na atitude reflexiva o seu centro de gravidade. A meta dessa
atividade, endereçada inicialmente ao ator de teatro, que no sistema
Stanilavski é atingir o oceano do subconsciente, na proposta de Artaud é
produzir a metafisica da ação, com Grotovski se destina ao desnudamento do
ator, com Chaikin visa ao encontro do espaço sem limites, e que nas
experiências que desenvolvido pretende conduzir o ator à prontidão global, é, em
síntese, a eliminação de tudo o que obstrui os verdadeiros canais por onde flui
o cósmico humano, isto é, o homem em sua plena individualidade, única e
insubstituível, como senhor absoluto do poder de refletir e gerar um infinito de
possibilidade de ser [...] Veja mais aqui e aqui.
VALLEY
OF THE DOLLS – O drama Valley of the Dolls (O vale das bonecas,
1967), dirigido pelo realizador, editor e produtor canadense Mark Robson
(1913-1978), roteiro de Helen Deutsch e Dorothy Kingsley e música de Doru
Previn, Adré Previn e John Williams, é baseado no best-seller homônimo da atriz
e escritora estadunidense Jacqueline Susann (1918-1974), e conta a história de
três jovens mulheres aspirantes ao sucesso por meio da arte: uma cantora, uma
atriz e uma funcionária de uma agência de artistas. Elas se tornam amigas e
compartilham da ambição profissional até seguirem rumos distintos e viverem
seus problemas insuperáveis. O destaque do filme são as participações no elenco
da atriz canadense Barbara Parkins e
da memorável atriz e modelo estadunidense brutalmente assassinada grávida pelos
membros da seita de jovens seguidores da Família Manson, Sharon Tate (1943-1969). Veja mais aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA
Hoje é dia da dançarina
estadunidense e precursora da dança moderna Isadora Duncan (1877-1927)
Veja mais sobre:
Em mim a vida & o estouro dos confins
de tudo, Corpus
Hermeticum de Hermes
Trismegistus, Ísis sem véus de Helena Blavatsky, O jardineiro do
amor de Rabindranath Tagore, a música de Kitaro, a arte de Ewa
Kienko Gawlik, a fotografia de Jovana Rikalo & Tataritaritatá no
Encontro dos Palmarenses aqui.
E mais:
E num é que a Vera toda-tuda virou a
bruxa das pancs na boca do povo,
Iluminações de Walter Benjamin, Os bruzundangas de Lima Barreto, Marxismo &
literatura de Cliff Slaughter, a música de Guiomar Novaes, a
pintura de Pedro Sanz & Sara Vieira, a arte de
Paolo Serpieri & Tataritaritatá na Gazeta de Alagoas aqui.
Vamos aprumar a conversa:
responsabilidade dos pais & da família, O amor e o ocidente de Denis de
Rougemont, As recordações de Isaías Caminhas de Lima Barreto, a música de
Stevie Wonder, a poesia de Murilo Mendes & Raimundo Correia, o teatro de
Friedrich Schiller, o cinema de Nelson Pereira dos Santos, a coreografia de
Martha Graham & a pintura de Georges Braque aqui.
Vamos aprumar a conversa, O homem, a mulher & a natureza de Allan Watts, Amar,
verbo intransitivo de Mário de Andrade, a poesia de Pedro Kilkerry &
Augusto de Campos, Amor de novo de Doris Lessing, a música de Christoph
Willibald Gluck, o teatro de Machado de Assis, Eurídice, o cinema de Walter
Hugo Khouri & Vera Fischer, a escultura de Joseph Edgar Boehm, a pintura de
Jean-Baptiste Camille Corot & a arte de Patrick Nicholas aqui.
A responsabilidade do agente político,
excesso de poder & desvio de finalidade aqui.
As trelas do Doro: olha a cheufra aqui.
Fecamepa: quando embola bosta, o empenado
não tem como ter jeito aqui.
A vida dupla de Carolyne & sua cheba
beiçuda, Psicologia
da arte de Lev Vygotsky, a poesia de William Butler Yeats, a música de Leonard
Cohen, a pintura de Boleslaw von Szankowski & Raphael Sanzio, o cinema de Paolo Sorrentino & World
Erotic Art Museum (WEAM) aqui.
Divagando na bicicleta, Dulce Veiga de Caio Fernando Abreu, Os
elementos de Euclides de Alexandria, O teatro e
seu espaço de Peter Brook, a música de Billie Myers, a fotografia de Alberto
Henschel, a pintura de Jörg Immendorff & Oda Jaune aqui.
A conversa das plantas, a poesia de Cruz e Sousa, Memória das
Guerras do Brasil de Duarte Coelho, Arquimedes de
Siracusa, a música de Natalie Imbruglia, Orientação Sexual, a arte de Hugo
Pratt & Tom 14 aqui.
Leitoras de James leituras de Joyce, a literatura & a música de James
Joyce, Ilustrações de Henri Matisse, a fotografia de Humberto
Finatti & a arte de Wayne Thiebaud aqui.
Incipit vita nuova, A divina comédia de Dante Alighieri,
Raízes árabes no sertão nordestino de Luís Soler, a música de Galina Ustvolskaya, a pintura de Paul
Sieffert, Ilustrações de Gustave Doré, a arte de Jack
Vetriano & Luciah Lopez aqui.
E se nada acontecesse, nada valeria..., Agá de Hermilo Borba
Filho,
Fábulas de Leonardo da Vinci, As glândulas endócrinas de M. W.
Kapp, a música de Tomoko Mukaiyama, Compassos Cia de Danças, a pintura de Bruno
Di Maio & Madalena Tavares, a arte de
Eric Gill & a xilogravura de Perron aqui.
Manoel Bentevi, Sinhô, Marshal McLuhan,
Andrea Camileri, Marcelo Pereira, Mario Martone, Giulia Gam, Anna Bonaiuto Fecamepa
– quando o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado a sério!
& Parafilias aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Art by Ísis
Nefelibata
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.