quarta-feira, maio 27, 2015

SLOTERDIJK, CÉLINE, JANUZELLI, ISADORA DUNCAN, ROUAULT & IVETE SANGALO.


REGRAS PARA O PARQUE HUMANO – A obra Regras para o parque humano: uma resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo (Estação Liberdade, 2000), do filósofo alemão Peter Sloterdijk, que é dividida em partes que abordam desde a caracterização literária-epistolar do humanismo, o exame da crítica de Heidegger ao humanismo, o exame da crítica de Nietzsche ao humanismo, o exame da antropotécnica no diálogo Político, de Platão, até a reflexão final sobre o colapso contemporâneo do humanismo literário-epistolar, levantado áspero debate sobre o destino do ser humano na época da bioengenharia. Dessa obra destaco os trechos: [...] Com o estabelecimento midiático da cultura de massas no Primeiro Mundo em 1918 (radiodifusão) e depois de 1945 (televisão) e mais ainda pela atual revolução da Internet, a coexistência humana nas sociedades atuais foi retomada a partir de novas bases. Essas bases, como se pode mostrar sem esforço, são decididamente pós-literárias, pós-epistolares e, consequentemente, pós-humanistas. Quem considera demasiado dramático o prefixo “pós–” nas formulações acima poderia substituí-lo pelo advérbio “marginalmente” – de forma que nossa tese diz: é apenas marginalmente que os meios literários, epistolares e humanistas servem às grandes sociedades modernas para a produção de suas sínteses políticas e culturais [...] Nos ânimos fundamentalistas dos anos pós–1945, para muitos, e por motivos compreensíveis, não era suficiente retornar dos horrores da guerra para uma sociedade que mais uma vez se apresentasse como um público pacificado de amigos da leitura – como se uma juventude goetheana pudesse fazer esquecer uma juventude hitlerista. Naquele momento, parecia para muitos absolutamente indispensável, ao lado das recém-instauradas leituras romanas, retomar também as segundas, as leituras bíblicas básicas dos europeus, e evocar os fundamentos do recém-descoberto Ocidente no humanismo cristão. Esse neo-humanismo, que desesperadamente volta os olhos para Roma passando por Weimar, foi um sonho de salvação da alma européia por meio de uma bibliofilia radicalizada – um entusiasmo melancólico esperançoso pelo poder civilizador e humanizador de leitura clássica – se, por um momento, nos dermos a liberdade de conceber Cícero e Cristo lado a lado como clássicos.  [...] O que ainda domestica o homem se o humanismo naufragou como escola da domesticação humana? O que domestica o homem se seus esforços prévios de autodomesticação só conduziram, no fundo, à sua tomada de poder sobre todos os seres? O que domestica o homem se em todas as experiências prévias com a educação do gênero humano permaneceu obscuro quem ou o quê educa os educadores, e para quê? Ou será que a pergunta pelo cuidado e formação do ser humano não se deixa mais formular de modo pertinente no campo das meras teorias da domesticação e educação? [...] Assim como na Antigüidade o livro perdeu a luta contra o teatro, hoje a escola poderá ser vencida na batalha contra as forças indiretas de formação: a televisão, os filmes violentos e outras mídias desinibidoras, se não aparecer uma nova estrutura de cultivo (Kultivierungsstruktur) capaz de amortecer essas forças violentas. [...] há um desconforto no poder de escolha, e em breve será uma opção pela inocência recusar-se explicitamente a exercer o poder de seleção que de fato se obteve [...] Se o desenvolvimento a longo prazo também conduzirá a uma reforma das características da espécie – se uma antropologia futura avançará até um planejamento explícito de características, se o gênero humano poderá levar a cabo uma comutação do fatalismo do nascimento ao nascimento opcional e à seleção pré-natal [...] Veja mais aqui.

Imagem: Le Maillot Rose (1917), do pintor e artista gráfico francês Georges Rouault (1871 - 1958)

Curtindo a coletânea Se eu não te amasse tanto assim (2002), reunindo baladas românticas oriundas do álbum homônimo e outros álbuns anteriormente gravados pela cantora baiana Ivete Sangalo.



VAMOS APRUMAR A CONVERSA? REPRISE BRINCARTE DO NITOLINO – O blog do Projeto Brincarte do Nitolino reúne os trabalhos voltados para a Literatura, Música, Teatro, Educação, Direito e Psicologia da Criança, bem como atividades desenvolvidas de contação e cantanção de história, palestras, oficinas e outros eventos que contemplem esse universo. Hoje a gente faz uma saudação dedicada ao Dia Nacional da Mata Atlântica – esse patrimônio da vida – e também para o Dia do Serviço de Saúde – com os propósitos de uma ação integralizada, humanista, universal e que se contraponha à política da medicalização e atuação no universo da doença. Afinal o que devemos pretender é a promoção da saúde e da qualidade de vida paratodos, com ações e políticas preventivas que contemplem a todos os brasileiros. Merece registro também a passagem do Dia Mundial dos Meios de Comunicação - sempre na proposta de democratização e de respeito aos direitos à informação, ao conhecimento e à educação -, e Dia do Profissional Liberal. A todos nosso salve, salve! E como não poderia esquecer, hoje é dia da reprise do programa Brincarte do Nitolino para as crianças de todas as idades, nos horários das 10hs e das 15hs, no blog do Projeto MCLAM, com apresentação de Isis Corrêa Naves. Para conferir online clique aqui ou aqui.

VIAGEM AO FIM DA NOITE – O romance Viagem ao fim da noite (1932 - Companhia das Letras, 2009), do escritor maldito francês Louis-Ferdinand Céline (1894-1961), é considerada a obra-prima do autor e que denuncia no absurdo da vida – crueldades, mentiras, desesperanças, futilidades, cupidez, indiferença, pobreza, mesquinharia, inveja - o sofrimento da condição humana do século XX. Da obra destaco o trecho: [...] Assim é! Século de velocidade! é o que dizem. Onde? Grandes mudanças! é o que contam. Como assim? Na verdade nada mudou. Continuam a se admirar, e mais nada. E isso também não tem nada de novo. Palavras, e ainda assim poucas, mesmo entre as palavras, que mudaram! Duas ou três aqui e acolá, umas palavrinhas...”. E aí, muito orgulhosos de termos proclamado essas verdades úteis, ficamos ali sentados, radiantes, olhando as mulheres do bar. Depois, o papo voltou para o presidente Poincaré que ia inau­gurar, justamente naquela manhã, uma exposição de cachorri­nhos; e depois, conversa vai conversa vem, para o Le Temps, onde isso estava escrito. “Esse aí é um jornal do barulho, o Le Temps!”, Arthur mexe comigo. “Igual a ele para defender a raça francesa não tem outro! — Bem que ela precisa, a raça francesa, já que não existe!”, respondi na bucha, para mostrar que eu sabia das coisas. — Claro que sim! que existe uma! E uma bela de uma raça! — insistia ele —, e é até a raça mais bonita do mundo, e é um veado quem disser o contrário! — E aí, partiu para me escu­lhambar. Aguentei firme, é claro. — É mentira! Araça, o que você chama de raça, não passa dessa grande corja de fodidos de minha espécie, catarrentos, pulguentos, espezinhados, que vieram parar aqui perseguidos pela fome, pela peste, pelas doenças e pelo frio, os vencidos dos quatro cantos do mundo. Não podiam ir mais longe por causa do mar. A França é isso e os franceses são isso. — Bardamu — diz-me então, grave e um pouco triste —, nossos pais valiam tanto quanto nós, não fale mal deles!... — Tem razão, Arthur, nisso você tem razão! Cheios de ódio e dóceis, estuprados, espoliados, sangrados e eternamente baba­cas, valiam tanto quanto nós! Isso você não pode negar! Nós não mudamos! Nem de meias, nem de mestres, nem de opiniões, ou então tão tarde que não vale mais a pena. Nascemos fiéis, estamos morrendo por causa disso! Soldados gratuitos, heróis para todo mundo e macacos falantes, palavras que sofrem, nós é que somos os xodós do Rei Miséria. É ele que nos possui! Quando a gente se comporta mal, ele nos aperta... Seus dedos estão sempre no nos­so pescoço, sempre, isso atrapalha para falar, temos que prestar muita atenção se queremos poder comer... Basta uma coisinha à toa e ele nos estrangula... Isso não é vida... — Existe o amor, Bardamu! — Arthur, o amor é o infinito posto ao alcance dos cachor­rinhos, e eu tenho minha dignidade, ora essa! — respondo. — Vamos falar de você! Você é um anarquista, e mais nada! Em todo caso, um espertinho, o que vocês já devem estar notando, e com opiniões para lá de avançadas. — Você está coberto de razão, sou um anarquista mesmo! Ea melhor prova é que escrevi uma espécie de oração vingativa e social pela qual você vai me dar já já os parabéns: as asas de ouro! É o título!... — E aí recito para ele: Um Deus que conta os minutos e os tostões, um Deus desesperado, sensual e resmungão como um porco. Um porco com asas de ouro, que cai por todo lado, de barriga para cima, pronto para ser acariciado, é ele, é nosso mestre. Beijemo-nos! — Sua historinha não se sustenta diante da vida, sou a favor da ordem estabelecida e não gosto de política. E aliás no dia em que a pátria me pedir para derramar meu sangue por ela, há de me encontrar, é claro, e nem um pouco preguiçoso, disposto a lhe dar. Foi isso que ele me respondeu. [...] Veja mais aqui.

APRENDIZAGEM DO ATOR – O livro Aprendizagem do ator (Ática, 1986), do diretor, advogado, ator, professor, pesquisador das práticas do ator e criado da Cia. Simples de Teatro, Antonio Januzelli – Janô, aborda temas como a proposta de Constantin Stanislavski, a arte do ator, normas básicas, o corpo, o gesto, a fala, as práticas, a proposta de Antonin Artaud, Jerzy Grotowski, Joseph Chaikin, o palco e a vida, o homem-ator, o método da subtração, a via negativa, o autodesenvolvimento, a atuação, o grupo, laboratório dramático, transgressão dos limites, organismo vivo, improvisação, exercícios específicos, descobertas e práticas, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho Uma preliminar: Existe uma senda muito particular no processo da aprendizagem humana que possibilita uma experiência de auto-investifação do individuo, cuja proposta não se situa na área da terapia, e que tem nos jogos, nas improvisações, em exercícios específicos e na atitude reflexiva o seu centro de gravidade. A meta dessa atividade, endereçada inicialmente ao ator de teatro, que no sistema Stanilavski é atingir o oceano do subconsciente, na proposta de Artaud é produzir a metafisica da ação, com Grotovski se destina ao desnudamento do ator, com Chaikin visa ao encontro do espaço sem limites, e que nas experiências que desenvolvido pretende conduzir o ator à prontidão global, é, em síntese, a eliminação de tudo o que obstrui os verdadeiros canais por onde flui o cósmico humano, isto é, o homem em sua plena individualidade, única e insubstituível, como senhor absoluto do poder de refletir e gerar um infinito de possibilidade de ser [...] Veja mais aqui e aqui.

VALLEY OF THE DOLLS – O drama Valley of the Dolls (O vale das bonecas, 1967), dirigido pelo realizador, editor e produtor canadense Mark Robson (1913-1978), roteiro de Helen Deutsch e Dorothy Kingsley e música de Doru Previn, Adré Previn e John Williams, é baseado no best-seller homônimo da atriz e escritora estadunidense Jacqueline Susann (1918-1974), e conta a história de três jovens mulheres aspirantes ao sucesso por meio da arte: uma cantora, uma atriz e uma funcionária de uma agência de artistas. Elas se tornam amigas e compartilham da ambição profissional até seguirem rumos distintos e viverem seus problemas insuperáveis. O destaque do filme são as participações no elenco da atriz canadense Barbara Parkins e da memorável atriz e modelo estadunidense brutalmente assassinada grávida pelos membros da seita de jovens seguidores da Família Manson, Sharon Tate (1943-1969). Veja mais aqui e aqui.


IMAGEM DO DIA
Hoje é dia da dançarina estadunidense e precursora da dança moderna Isadora Duncan (1877-1927)


Veja mais sobre:
Em mim a vida & o estouro dos confins de tudo, Corpus Hermeticum de Hermes Trismegistus, Ísis sem véus de Helena Blavatsky, O jardineiro do amor de Rabindranath Tagore, a música de Kitaro, a arte de Ewa Kienko Gawlik, a fotografia de Jovana Rikalo & Tataritaritatá no Encontro dos Palmarenses aqui.

E mais:
E num é que a Vera toda-tuda virou a bruxa das pancs na boca do povo, Iluminações de Walter Benjamin, Os bruzundangas de Lima Barreto, Marxismo & literatura de Cliff Slaughter, a música de Guiomar Novaes, a pintura de Pedro Sanz & Sara Vieira, a arte de Paolo Serpieri & Tataritaritatá na Gazeta de Alagoas aqui.
Vamos aprumar a conversa: responsabilidade dos pais & da família, O amor e o ocidente de Denis de Rougemont, As recordações de Isaías Caminhas de Lima Barreto, a música de Stevie Wonder, a poesia de Murilo Mendes & Raimundo Correia, o teatro de Friedrich Schiller, o cinema de Nelson Pereira dos Santos, a coreografia de Martha Graham & a pintura de Georges Braque aqui.
Vamos aprumar a conversa, O homem, a mulher & a natureza de Allan Watts, Amar, verbo intransitivo de Mário de Andrade, a poesia de Pedro Kilkerry & Augusto de Campos, Amor de novo de Doris Lessing, a música de Christoph Willibald Gluck, o teatro de Machado de Assis, Eurídice, o cinema de Walter Hugo Khouri & Vera Fischer, a escultura de Joseph Edgar Boehm, a pintura de Jean-Baptiste Camille Corot & a arte de Patrick Nicholas aqui.
A responsabilidade do agente político, excesso de poder & desvio de finalidade aqui.
As trelas do Doro: olha a cheufra aqui.
Fecamepa: quando embola bosta, o empenado não tem como ter jeito aqui.
A vida dupla de Carolyne & sua cheba beiçuda, Psicologia da arte de Lev Vygotsky, a poesia de William Butler Yeats, a música de Leonard Cohen, a pintura de Boleslaw von Szankowski & Raphael Sanzio, o cinema de Paolo Sorrentino & World Erotic Art Museum (WEAM) aqui.
Divagando na bicicleta, Dulce Veiga de Caio Fernando Abreu, Os elementos de Euclides de Alexandria, O teatro e seu espaço de Peter Brook, a música de Billie Myers, a fotografia de Alberto Henschel, a pintura de Jörg Immendorff & Oda Jaune aqui.
A conversa das plantas, a poesia de Cruz e Sousa, Memória das Guerras do Brasil de Duarte Coelho, Arquimedes de Siracusa, a música de Natalie Imbruglia, Orientação Sexual, a arte de Hugo Pratt & Tom 14 aqui.
Leitoras de James leituras de Joyce, a literatura & a música de James Joyce, Ilustrações de Henri Matisse, a fotografia de Humberto Finatti & a arte de Wayne Thiebaud aqui.
Incipit vita nuova, A divina comédia de Dante Alighieri, Raízes árabes no sertão nordestino de Luís Soler, a música de Galina Ustvolskaya, a pintura de Paul Sieffert, Ilustrações de Gustave Doré, a arte de Jack Vetriano & Luciah Lopez aqui.
E se nada acontecesse, nada valeria..., Agá de Hermilo Borba Filho, Fábulas de Leonardo da Vinci, As glândulas endócrinas de M. W. Kapp, a música de Tomoko Mukaiyama, Compassos Cia de Danças, a pintura de Bruno Di Maio & Madalena Tavares, a arte de Eric Gill & a xilogravura de Perron aqui.
Manoel Bentevi, Sinhô, Marshal McLuhan, Andrea Camileri, Marcelo Pereira, Mario Martone, Giulia Gam, Anna Bonaiuto Fecamepa – quando o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado a sério! & Parafilias aqui.
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