TEORIA DA
ALIENAÇÃO –
A obra Marx: a teoria da alienação
(Zahar, 1981), do filósofo húngaro e um dos mais importantes intelectuais marxistas da
atualidade István Mészarós,
aborda temas como as origens do conceito de alienação, a abordagem
judaico-cristã, a alienação como vendalidade universal, a historicidade e
ascensão da antropologia, o fim do positivismo não-crítico, entre outros temas. Da obra destaco o trecho: [...] A universalidade da visão de
Marx tornou-se possível por ter ele conseguido identificar a problemática da
alienação, do ponto de vista do trabalho, adotado criticamente, em sua complexa
totalidade ontológica, caracterizada pelos termos "objetivação",
"alienação" e "apropriação". Essa adoção crítica do ponto
de vista do trabalho significou uma concepção do proletariado não simplesmente
como uma força sociologicamente contraposta ao ponto de vista do capital — e
que com isso permanece na órbita deste último — mas como uma força histórica
que se transcende a si mesma e que não pode deixar de superar a alienação (isto
é, a forma, historicamente dada, de objetivação) no processo de realização de
seus próprios objetivos imediatos, que coincidem com a "reapropriação da
essência humana". Assim, a novidade histórica da teoria da alienação de
Marx, em relação às concepções de seus antecessores, pode ser resumida
preliminarmente da seguinte forma: 1) os termos de referência de sua teoria
são, não as categorias do Sollen ("deve"),
mas as da necessidade ("é") inerente aos fundamentos ontológicos
objetivos da vida humana; 2) seu ponto de vista não é o de uma parcialidade
utópica, mas o da universalidade do trabalho, adotado criticamente; 3) sua
crítica não se articula como uma "totalidade especulativa" abstraía
(hegeliana), mas se refere à totalidade concreta e dinâmica da sociedade,
vista, da base material do proletariado, como uma força histórica necessariamente
autotranscendente ("universal"). Veja mais aqui e aqui.
Imagem: no Dia do Artista Plástico, a obra do pintor e desenhista brasileiro Almeida Junior (1850-1899)
Curtindo Sun Bear Concerts – Piano Solo (ECM, 1978) do pianista e compositor estadunidense de jazz e música clássica Keith Jarret. Veja mais aqui.
SEMIOLOGIA DA REPRESENTAÇÃO – No livro Semiologia da representação: teatro,
televisão, história em quadrinhos (Cultrix, 1975), organizada por André Helbo, encontrei o texto de
autoria do organizador sobre a temática O
código teatral: codificação e fenômeno teatral, do qual destaco o seguinte
trecho: É possível – sem cair num
reducionismo de mau gosto – extrapolar em direção da critica os conceitos
operatórios da Linguística? É lícito conceber, em termos de signos, linguagem,
língua, um estudo científico que abra de imediato o caminho da semiótica aos
modelos teatrais? Em uma palavra: existe uma semiologia teatral? A resposa em
que essa interrogação implica postula um universo de pesquisa que não pode ser
legitimado sem a retificação de critérios definidores adequados à comunicação e
ao funcionamento teatrais. Mais além, esse tipo de diligenciamento supõe um
investimento incondicional do pensamento numa axiologia linguística; essa
inevitável tautologia que relaciona a pratica dramatúrgica – mesmo a contrario
– com a comunicação e, consequentemente, com o seu suporte – a língua, e até a
linguagem – está próxima da contradição. De fato, como encontrar os parâmetros
de uma especificidade pelo canal de um questionamento colocado em termos de
influencias e que erige a linguagem, exemplo escolhido, não exatamente em
instrumento metodológico, nem mesmo em metáfora epistemológica, mas em modelo
conceitual ou ideológico? Esse debate reenvia à dupla articulação do vetor
semiológico contemporâneo. A primeira orientação, inspirada num cientificismo
próximo do terror, considera sob a alçada de sua analise unicamente os termos
convertíveis ao dogmatismo pós-saussuriano: “A semiologia analisa e descreve
todos os meios e sistemas de comunicação utilizados pelos homens e talvez os
utilizados pelos animais” (Mounin). A segunda, aproveitando prováveis
contribuições à gnosiologia, pretende ultrapassar a disciplina de que procede
para atingir o conjunto de praticas significantes. Translinguistica, critica de
sua origem, atravessando a “comunicação do sentido de que a linguística faz seu
objeto”, a semiótica coloca em evidencia “essa outra cena que é a produção do
sentido anterior ao sentido, o que permite assim que, na sua pluralidade e em
suas respectivas especificidades, os sistemas significantes e sistemas
produtivos joguem no interior de um mesmo texto aberto em lugar de funcionar
nele com instancias rivais” (Kristeva) [...] Veja mais aqui e aqui.
VIAGEM AOS SEIOS DE DUÍLIA – No livro A Morte da Porta-Estandarte e Outras
Histórias (1965), do escritor, professor e homem de teatro Aníbal Machado (1894-1964), encontro o conto Viagem aos seios de
Duília, que foi adaptado para o cinema (1964), num filme dirigido por
Carlos Hugo Christensen, narrando a tragédia, da qual destaco o seguinte
trecho: [...] No dia seguinte postou-se,
como outros de sua idade, numa das esquinas da Rua Gonçalves Dias, local
preferido pelos militares da reserva e aposentados de luxo, gente saudosa do
passado. Notou que eles se compraziam em adejar perto dos doces da confeitaria,
e ver passar as damas elegantes de outrora. Ali se perfilava, de terno branco,
um velho Almirante de suas relações: - Olhe, faça como eu: nunca se convença de
que é aposentado. Adquira algum vício, se já não o tem. Evite os velhos. Um
pouco de exercício pela manhã. Hormônios às refeições, não é mau. Quanto a
conviver, só com gente moça. Ele aprendera na véspera o que era conviver com
gente moça... Para rematar, e como índice de otimismo, contou-lhe o Almirante
uma anedota pornográfica. O funcionário riu com esforço, e despediu-se enojado.
Entrou numa livraria. Buscaria a solução na leitura dos romances. Pediu um, à
escolha do caixeiro. Tentou ler. Impossível passar das primeiras páginas. Não
compreendia como tanta gente perde horas lendo mentiras. Ao atravessar, dias
depois, o Viaduto, deixou o livro cair lá embaixo, sentiu-se livre daquilo. O
melhor mesmo era ficar debruçado à janela. E todas as manhãs, enquanto a criada
abria a meio as venezianas para deixar sair a poeira da arrumação, José Maria
as escancarava para fazer entrar a paisagem. Dali devassava recantos
desconhecidos. Ilhas que jamais suspeitara. Acompanhava a evolução das nuvens,
começava a distinguir as mutações da luz no céu e sobre as águas. Notava que
tinha progredido alguma coisa na percepção dos fenômenos naturais. Começava a
sentir realmente a paisagem. E se considerava quase livre da uréia burocrática.
Esse noivado tardio com a natureza fê-lo voltar às impressões da adolescência. Duília!
Toda vez que pensava nela, o longo e inexpressivo interregno do Ministério, que
chegava a confundir-se com a duração definitiva de sua própria vida,
apagava-se-lhe de repente da memória. O tempo contraía-se. Duília! Reviu-se na
cidade natal com apenas dezesseis anos de idade, a acompanhar a procissão que
ela seguia cantando. Foi nessa festa da igreja, num fim de tarde, que tivera a
grande revelação. Passou a praticar com mais assiduidade a janela. Quanto mais
o fazia, mais as colinas da outra margem lhe recordavam a presença corporal da
moça. Às vezes chegava a dormir com a sensação de ter deixado a cabeça pousada no
colo dela. As colinas se transformavam em seios de Duília. Espantava-se da
metamorfose, mas se comprazia na evocação. Não ignorava o que havia de
alucinatório nisso. Chegava a envergonhar-se. Como evitá-lo? E por que, se isso
lhe fazia bem? Era o aforamento súbito da namorada, seus seios reluzindo na
memória como duas gemas no fundo d'água. Só agora se dava conta de que, sem querer,
transferira para Adélia a imagem remota. Mas Adélia não podia perceber que era
apenas a projeção da outra. Mesmo porque, temendo o ridículo, José Maria jamais
se deixara trair. Disponível, sem jeito de viver no presente, compreendeu que
despertara com muitos anos de atraso nos dias de hoje. Não encontraria mais os
caminhos do futuro, nem havia mais futuro nenhum. Chegara ao fim da pista. [...]
Veja mais aqui.
ERÓTICA PORNOGRÁFICA – No livro Erótica pornográfica (ErosPoética, 2007), poeta J. J. Sobral, pseudônimo do escritor e
artista plástico português Antonio Galrinho, estão reunidos 44 poemas
fesceninos com advertência, introdução e apresentação todas em quadras com
heptassílabos em rimas alternadas, descrevendo desde as estruturas da cópula,
seus atores, modalidades e aspectos sensuais. Do livro destaco a Ode à foda, em
seus seguintes trechos: [...] Seja homem com mulher / Seja entre eles e elas / A
foda deverá ser / Feita com apalpadelas / Broche, minete, apalpões / Dentadas e
lambidelas / Mãos, nalgas, mamas, colhões / Língua no cu deles e delas [...] Sem
foda a vida cessava / Coisa que dá que pensar / Deve ser valorizada / Há que a
foda respeitar / Muita vida no planeta / Foi com a foda gerada / A foda não é
abjeta / Não deve ser condenada / Se não houvesse tesão / Se um dia a foda
acabasse / De que valeria então / Que a Terra ainda girasse? [...] Vivam aqueles que fodem / Com alegria e
prazer / Viva o caralho do homem / Viva a cona da mulher / Sempre existiu o
foder / É coisa bastante antiga / Que se faz pelo prazer / Ou para encher a
barriga / Foda não é coisa obscena / Com foda se gera vida / Seja com picha
pequena / Ou com ela bem comprida. [...] Uns fodem mais por prazer / Outros por amor, paixão / Há quem foda por
traição / Ou apenas por foder / [...]. Veja mais aqui e aqui.
ROMA, CITTÀ APERTA – O drama de guerra Roma, città
aperta (Roma, Cidade Aberta, 1945), do
cineasta do neorrealismo italiano Roberto
Rossellini (1906-1977), considerado um dos maiores filmes da história ela
crítica mundial, contando a ocupação nazista à cidade de Roma, entre os anos
1943/44, declarada cidade aberta para evitar bombardeios aéreos, mostrando a
união de comunistas e católicos para combater os alemães e as tropas fascistas.
O filme é maravilhos e o destaque principal vai para atuação da atriz italiana Anna Magnani (1908-1973), a primeira
atriz estrangeira a receber o Oscar de Melhor Atriz pela Academia de Hollywood. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
No Dia do Artista Plástico, Pigmaleão e Galatéia (1890), as duas
telas pintadas pelo francês Jean-Léon
Gérome. Pigmaleão, rei de Creta, esculpiu uma figura de mulher tão perfeita
que a deusa Afrodite a transformou em mulher. O pintor representa o exato
instante em que Galatéia surge para vida. Enquanto seus pés ainda são inteiramente
de mármore, o topo do corpo já se debruça sobre seu criador num beijo
apaixonado. Veja mais aqui.
Veja mais sobre:
Sujeito, indivíduo, quem?, Folhas da relva de Walt Whitman, Ecce Homo de Friedrich
Nietzsche, Princípios fundamentais de filosofia de Politzer,
Besse & Caveing, a música de Emmanuelle
Haïm, a pintura de Lasar Segall & Carolyn
Anderson, a arte de Emerson Pingarilho, Kate Wiloch,
Sally Trace & Claudio Adrian Natoli aqui.
E mais:
Entrega & vamos aprumar a conversa, O indivíduo na sociedade de Emma
Goldman, A metamorfose de Franz Kafka, a música de Isaac Albéniz, Auto da barca
do inferno de Gil Vicente, o cinema de Sam Mendes & Annette Bening, a
pintura de Fritz von Uhde & a fotografia de Freddy Martins aqui.
Bolero, Gertrudes & Cláudio de John Updike,
a música do Trio Images, Os degraus de Roberto Calasso,
Engraçadinha de Nelson Rodrigues, a pintura de Norman Engel, o cinema de
J. B. Tanko & Irma Álvarez, a poesia de Frederico Barbosa & Aecio
Kauffmann aqui.
As trelas do Doro: o testamento de bocó
aqui.
O xote no auto de natal, Conto de Natal de Rubem Braga, a música
de Ernesto Nazareth & Maria Teresa Madeiram a pintura de Wilhelm Marstrand
& Aprendendo a viver com a lição do natal aqui.
Pode até ser, mas se não for, nunca será, a música de Lina Cavalieri, a
fotografia de Chris Maher & a pintura de Eloir Amaro Júnior aqui.
A desmedida correria para perder o bom da
vida, Novum Organum
de Francis Bacon, a pintura de Fúlvio Pennnacchi, a música de Heitor Villa
Lobos & Quarteto Amazônia aqui.
O maravilhoso mistério da vida, A literatura de Rebecca West, a música
de Ana Torroja, a pintura de Marie-Louise Garnavault, o cinema de Alan Bridges
& Julie Christie aqui.
Quem quer diferente tem que fazer
diferente, a pintura
de Cândido Portinari, a música de Xiomara Fortuna, o ativismo de Marcus Garvey,
a escultura de Emmanuel Villanis aqui.
O prazer de amar e de ser amado, o cinema de Bigas Luna & Aitana Sánchez-Gijón, a música
de Joyce & Maurício Maestro & a arte de Luciah Lopez aqui.
Todo dia um novo ano feliz, a fotografia de John
Poppleton, a música de Egberto Gismonti, Sy Miller & Jill Jackson aqui.
Fecamepa –
quando o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado a sério aqui.
Cordel
Tataritaritatá &
livros infantis aqui.
História da mulher: da antiguidade ao
século XXI aqui.
Palestras: Psicologia, Direito &
Educação aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
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