Art by Barbara
Jensen
LITERÓTICA: O
PÁSSARO VERMELHO NA PORTA DO CINÁBRIO – Na rosa do teu corpo o meu
pássaro vermelho rouba os aromas essenciais da vida e toma o fogo do teu
coração inquieto e ofegante não ignorando o aliciamento enredado em teus ardis
mais obscenos. Na tua fenda dourada eu vou voluntário enfrentando todos os
relâmpagos e tempestades de tuas acrobacias mais perversas e vou potente no
enleio de te contrair para que eu possa ter a maior expansão de domínio sobre a
entrega dos teus tesouros mais submersos. No terraço da tua jóia eu empino a sanha
e me enfio autônomo cravando dentes, empunhando o sexo e incendiando a alma
pela tua assimetria de doce naufrágio assaz vigoroso. No teu lótus dourado eu
vou avançando com minhas arremetidas diligentes pelas ondulações dos mil
encantos de sua alquimia sem reservas e despudorada. No teu vaso receptáculo eu
vou surtindo efeito para que sejas o meu carrinho-de-mão de Aretino, malhando
na tua maneirice dissoluta, fundindo na tua meiguice depravada e fodendo as
tuas inquietações demasiadas de vida. Nessa avalanche de prazer nossas guelras
ficarão expostas à nossa própria lama para que minha serpente possa hibernar
tranquila no esconderijo da íntima união que vem dos segredos da câmara de
Jade. © Luiz Alberto Machado.
Direitos reservados. Veja mais aqui.
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PENSAMENTO DO DIA – Os pensamentos que para mim estão
expressos numa música que eu aprecio não são indefinidos, mas, pelo contrário,
definidos demais. Pensamento do compositor alemão Felix Mendelssohn (1809-1847).
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RECIPROCIDADE &
CAPITALISMO - […] A grande mistificação ideológica consiste na distorção da compulsão como
o necessário “dá e toma” de indivíduos envolvidos na “produção, ganho e gozo” mutuamente
benéfica eo ipso com base na plena reciprocidade. No entanto, numa inspeção
mais apurada, encontramos a ausência total de reciprocidade. [...] Deste modo, em
vez de reciprocidade ou simetria, na realidade encontramos uma hierarquia de
exploração estruturalmente protegida. Sob o sistema do capital estruturado de
maneira antagonista, a verdadeira questão é a seguinte: qual é a classe dos
indivíduos que realmente produzem a “riqueza da nação” e qual a que se apropria
dos benefícios dessa produção; ou, em termos mais precisos, que classe de
indivíduos deve ser confinada à função subordinada da execução e que indivíduos
particulares exercem a função do controle– como “personificações do capital”,
na expressão de Marx. [...]. Trechos extraídos da obra Para além do capital: rumo a uma teoria da
transição (Boitempo, 2011), do filósofo húngaro e
um dos mais importantes intelectuais marxistas da atualidade István Mészarós.
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CASA DE HÓSPEDES – [...] Polly Mooney, filha de
Madame, cantava: Sou uma travessa mocinha / não é preciso envergonharem-se /
pois bem sabem quem sou. Polly era uma moça esbelta de dezenove anos, de cabelo
claro e macio, e de olhos cinzento-esverdeados. A sua boca era pequena mas
carnuda e tinha o hábito de olhar por cima enquanto falava com alguém.
[...] era muito alegre e tornava-se um
chamariz para os rapazes; certamente flertava os hospedes, sob a severa
vigilância da mãe, que sabia perfeitamente que eles só faziam para passar o
tempo. [...] Polly sabia-se vigiada,
mas o persistente silêncio da mãe não podia ser mal interpretado. Não tinha
havido nenhum entendimento, nem tampouco cumplicidade entre mãe e filha; apesar
das pessoas da casa começarem a fala, Mrs. Mooney não intervinha; Polly começou
a tornar-se um pouco estranha e o rapaz andava evidentemente perturbado. [...].
Trechos extraídos do conto Casa de hóspedes, do
escritor irlandês expatriado James Joyce (1882-1941). Veja mais aqui.
A SOMBRA DA INCONTROLABILIDADE - Rato
primitivo espalha praga entre nós: / pensamento impensado. / Rói adentro todo o
nosso alimento / e corre de um homem ao outro. / Por isso o beberrão ignora / que
ao afogar as mágoas em champanhe / engole em seco o insípido caldo / do pobre
apavorado. / E já que a razão falha em exigir / direitos fecundos das nações / nova
infâmia se levanta a incitar / as raças umas contra as outras. / A opressão grasna
em esquadrões, / aterra no coração vivo, como em carniça – / e a miséria
escorre pelo mundo todo, / tal qual a baba no rosto de idiotas. Poema do
escritor húngaro Attila József (1905-1937).
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Ela é formada em Pedagogia pela Universidade Católica de Petrópolis – UCP. Professora funcionária do serviço publico municipal de Petrópolis, idealizadora e coordenadora de uma série de projetos, dentre eles o Semeando Poesia nos Jardins da Educação, de festivais de poesia, faz parte da APPERJ, Relações Pública da UBT, dentre outras inúmeras atividades.
Ela é produtora do show mensal jovem.som.br no Petropolitano F.C. É coordenadora e produtora do sarau Poesia Impera, um encontro mensal no Palácio de Cristal. Escritora dos textos e produtora do grupo Menestréis da Alegria, entre outras atividades culturais e artísticas.
CHAPEUZINHO VERMELHO
A Chapeuzinho Vermelho
Menininha espevitada
Foi dar papo para estranhos
Acabou numa roubada.
Aquele moço educado
Não era muito legal.
Boa aparência, simpático...
Mas ele era um Lobo Mau.
Chapeuzinho só queria
Levar doces pra vovó.
Se meteu numa enrascada
Acabou foi na pior.
O Lobo, maldade danada,
Deu cabo da vovozinha.
Somente numa bocada
Devorou a velha inteirinha.
O Lobo era bem esperto,
Mentia como ninguém.
E vestiu de vovozinha
Para poder se dar bem.
E ao chegar Chapeuzinho
Na cada da vó querida
Duvidou da tal figura
Muita ela indagaria:
- Para que olhos tão grandes?
Perguntou pra tal vovó.
- É para enxergar, querida,
Para vê-la melhor.
E assim outras perguntas
Ainda fez Chapeuzinho.
Mas o Lobo respondia,
E mentia o danadinho.
Até que, num certo momento,
Ele próprio confessou:
Queira papar Chapeuzinho
Que vermelha até ficou.
A sorte é que ainda há no mundo
Gente de bom coração,
Pois surgiu o caçador,
Para acabar com o vilão.
Resgatou a vovozinha,
Inspirou final feliz,
Mas daí vem a historia
Que todo mundo diz:
Não devemos jamais
Dar assunto para estranho
Por trás de um singelo cordeiro
Pode estar um lobo tamanho.
REDESCOBRINDO ORIGENS
Recolonizo minha alma a cada Bauernfest,
resgato no meu corpo o sangue alemão,
revivo do passado o valor inconteste,
versos brotam, emotivos, de antemão.
Repenso o passado, os antepassados,
sobrenome que herdei junto a valores.
Nome nato de heróis, homens tão preparados
que tornaram-se poetas, músicos, escritores.
Recolonizo as lembranças que não tive
de uma época de muito tempo atrás.
Na minha imaginação, baila e revive
o que nem vivi... Mas que diferença faz?
A cada Bauernfest lembro minha origem,
orgulhosa fico deste povo descender.
Os petropolitanos, juntos, te exigem
a Germânia em nosso peito reacender.
E assim recolonizo minha vida
e este sangue em minha prole, hei de semear.
Minha emoção jamais se sente dividida,
esta cultura e tradição, para sempre irei amar!
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