VAMOS
APRUMAR A CONVERSA? – A
Psicologia contribui de forma indubitável para que a Educação e a Escola
cumpram seu papel e, por consequência, possam se encaminhar para um atendimento
com qualidade das suas demandas. É reconhecida a importância da Psicologia no
contexto escolar, entretanto, na realidade isso é desconhecido ou
propositalmente ignorado, principalmente na Escola Pública alagoana, que
prescinde da participação de psicólogos no seu quadro multiprofissional de
servidores. Em uma pesquisa recentemente realizada foi constatada a existência
de apenas dois profissionais psicólogos na escola pública federal maceioense –
que é um número precário considerando-se o número de professores, alunos e
servidores da instituição em referência -, inexistindo por completo sua
participação no quadro funcional das escolas públicas estaduais e municipais de
Maceió. Quer dizer, em Alagoas, como de resto todo Brasil, o Estado não faz a
sua parte. E o pior: descumprindo mandamento constitucional de que a Educação é
dever do Estado e da família. Se os municípios e o estado alagoano não fazem a
sua parte, o prejuízo é da população e, com isso, tem-se a constatação da
tragédia que é a escola pública brasileira. Ora, ora, vamos aprumar a conversa!
E aprume aqui. LEMBRETE: Ah, quse ia
me esquecendo: hoje é dia de programa Brincarte
do Nitolino para as crianças de todas as idades, a partir das 10hs, no blog
do Projeto MCLAM, com apresentação simpática de Isis Corrêa Naves. Para
conferir ao vivo e online clique aqui ou aqui.
Imagem: Pecado original, do artista plástico do Modernismo brasileiro Siron Franco.
Curtindo Only Time Collection (2002), da cantora, instrumentista e compositora irlandesa Enya.
ENSAIOS
DAS OBRAS ESCOLHIDAS – A
coleção Obras escolhidas
(Brasiliense), traz o primeiro volume Magia
e Técnica, Arte e Política: ensaios sobre literatura e história da cultura
(1985), com textos sobre história, surrealismo, Marcel Proust e Franz Kafka; o
segundo volume A rua de mão única
(1987), com as figuras do pensamento e a infância em Berlim; e o terceiro
volume Os paradigmas revolucionários
(2004), reunindo o pensamento do filósofo, sociólogo, ensaísta, critico
literário e tradutor alemão Walter
Benjamin (1892-1940), contendo ensaios como A obra de arte na era de sua
reprodutividade técnica, O narrador, Sobre o conceito da história, Pequena
história da Fotografia, Charles Baudelaire – um lírico no auge do capitalismo,
entre outros. Entre as obras destaco o trecho: [...] Confiante no infinito do tempo, certa concepção da história discerne
apenas o ritmo mais ou menos rápido, segundo o qual homens e épocas avançam no
caminho do progresso. Donde o caráter incoerente, impreciso, sem rigor, da exigência
dirigida ao presente. Aqui, ao contrário, como sempre têm feito os pensadores,
apresentando imagens utópicas, vamos considerar a história à luz de uma
situação determinada que a resume em um ponto focal. Os elementos da situação
final não se apresentam como tendência progressista informe, mas, a título de
criações e idéias em enorme perigo, altamente desacreditadas e ridicularizadas,
incorporam-se de maneira profunda a qualquer presente [...] Essa situação [...] só é apreensível na sua estrutura metafísica, como o reino messiânico
ou a ideia revolucionária, no sentido de 89 [...]. Veja mais aqui, aqui e
aqui.
FELICIDADE
CLANDESTINA – O livro Felicidade clandestina e outros contos (Rocco,
1998), da premiada escritora e jornalista Clarice
Lispector (1920-1977), reúne vinte e cinco contos, crônicas e outros textos
que versam sobre infância, adolescência, amor, família e questões da alma e que
foram escritos nas mais diversas fases da vida da autora, alguns deles
publicados no Jornal do Brasil no período de 1967-1972. Na obra destaco o
trecho da narrativa homônima: Ela era gorda,
baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um
busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse,
enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que
qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de
livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de
pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da
loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos,
com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima
palavras como “data natalícia” e “saudade”. Mas que talento tinha para a
crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa
menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas,
de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha
ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a
implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia. Até que veio para ela o
magno dia de começar a exercer sobre mim um tortura chinesa. Como casualmente,
informou-me que possuía As reinações
de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um
livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente
acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte
e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria
esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me
levavam e me traziam. No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo.
Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar.
Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra
menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar,
mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando,
que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí:
guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam
mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando
pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente nisso.
O plano secreto da filha do dono da livraria era tranquilo e diabólico. No dia
seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para
ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse
no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do
“dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo. E assim
continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto
o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que
ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às
vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente
que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia
sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você
só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era
dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados. Até
que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa
a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e
diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve
uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora
achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe
boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este
livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! Veja mais aqui e
aqui.
FOLHAS
DE RELVA – O livro Folhas de Relva (Harbra, 2011), do
poeta, ensaísta e jornalista estadunidense Walt
Whitman (1819-1892), publicado primeiramente em 1855, reunindo apenas dose
poemas, tendo sucessivas reedições até a sua edição de leito de morte em
1891-1892, com mais de quatrocentos poemas, sendo, pois, considerado pelo autor
que cada edição era um livro próprio e distinto com alteração do conteúdo e da
forma. Da obra destaco Saudação de Natal (aos brasileiros): Bem-vindo irmão brasileiro! – teu vasto
destino está dado. A ti, a nossa mão amiga — um sorriso vindo do Norte —, uma
saudação cheia de sol! (Que venha o futuro, com suas dificuldades e seu próprio
fardo. É nossa, é nossa a dor do nascimento, a busca da democracia, a
aprovação, a fé). A ti estendemos hoje nosso braço, voltamos nosso pensamento —
a ti, nosso esperançoso olhar. Tu te juntaste aos livres! Tu passaste a ter
brilho próprio! Tu aprendeste direito a verdadeira lição de uma nação que
brilha no céu. (Mais brilhante do que a Cruz, mais brilhante do que a Coroa). O
apogeu da suprema humanidade. Veja mais aqui e aqui.
A CANTORA CARECA – A comédia em um único ato A cantora careca (1950), do patafísico e
dramaturgo romeno, Eugène Ionesco
(1909-1994), é o primeiro texto teatral do autor e a primeira das obras da
corrente estética denominada Teatro do Absurdo, que surgiu após a II Guerre
Mundial, com a condição irônica de uma anticomédia que se caracteriza pelo
estilo surrealista verbal, marcado por clichês e futilidades. Da obra destaco a
cena IX: [...] CENA IX [Mary entra.]
MARY: Senhora... Senhor... SRA. SMITH: O que você quer? SR. SMITH: O que a traz
aqui até nós? MARY: Espero que a senhora e senhor me desculpem... E também as senhoras e os senhores... Eu
gostaria... Eu gostaria... De contar-lhes uma anedota. SRA. MARTIN: O que ela
está dizendo? SR. MARTIN: Eu acredito que a empregada, nossa amiga, está
ficando louca... Ela também quer nos contar uma anedota. CAPITÃO: Quem ela
pensa que é? [Ele olha pra ela.] Oh! SRA. SMITH: Por que você está se
intrometendo? SR. SMITH: Isto é realmente desnecessário, Mary... CAPITÃO: Ah!
Mas é ela! Não é possível! SR. SMITH: E você? MARY: Não é possível! Aqui? SRA.
SMITH: O que significa tudo isso? SR. SMITH: Você conhece se conhecem? CAPITÃO:
E como! [Mary joga-se sobre o colo Capitão.] MARY: Estou tão contente de vê-lo
novamente... Finalmente! SR. E SRA. SMITH: Ah! SR. SMITH: Isso é demais, aqui,
em nossa casa, no subúrbio de Londres. SRA. SMITH: Não é apropriado!...
CAPITÃO: Foi ela quem apagou meus primeiros focos. MARY: Sou seu pequeno jato
d’água. SR. MARTIN: Se esse é o caso... Caros amigos... São sentimentos
compreensíveis, humanos, honrados... SRA. MARTIN: Todo humano é honrado. SRA.
SMITH: Mesmo assim, não gosto de vê-la... aqui entre nós... SR. SMITH: Ela não
foi educada apropriadamente... CAPITÃO: Ah, vocês têm muitos preconceitos. SRA.
MARTIN: Eu acho que é uma empregada, afinal, embora não seja da minha conta,
não é nada mais que uma empregada... SR. MARTIN: Se mesmo ela pode às vezes ser
um bom detetive. CAPITÃO: Solte-me. MARY: Não se preocupe!... Eles não são tão
perversos como parece. SR. SMITH: Hm... Hm... Vocês são muito comoventes, mas ao
mesmo tempo, um pouco... Um pouco... SR. MARTIN: Sim, esta é exatamente a
palavra. SR. SMITH:... Um pouco exibidos também... SR. MARTIN: É uma modéstia
peculiar britânica, perdoe-me, mais uma vez, por tentar explicar meus
pensamentos, não compreendido por estrangeiros, mesmo por especialistas, graças
a qual, posso me expressar assim... Enfim, eu não estava dizendo isso a
vocês... MARY: Eu estava contando... SR. SMITH: Você não vai contar nada...
MARY: Vou sim! SRA. SMITH: Vai, minha pequena Mary, vá quieta para a cozinha e
leia seus poemas em frente do espelho... SR. MARTIN: Ei, eu não sou uma
empregada, e também leio poemas em frente ao espelho. SRA. MARTIN: Esta manhã,
quando você olhou para você mesmo no espelho, não viu você mesmo. SR. MARTIN:
Isso porque eu ainda não estava lá... MARY: Ainda sim, eu poderia recitar-lhes
um pequeno poema. SRA. SMITH: Querida Mary você é terrivelmente teimosa. MARY:
Então, vou recitar-lhes um poema, está bem? Intitula-se "O Fogo" em
homenagem ao capitão. O Fogo Os vaga-lumes brilham na floresta. Uma pedra pegou
fogo. O castelo pegou fogo. A floresta pegou fogo. Os homens pegaram fogo. As
mulheres pegaram fogo. Os passarinhos pegaram fogo. Os peixinhos pegaram fogo.
A água pegou fogo. O céu pegou fogo. As cinzas pegaram fogo. A fumaça pegou
fogo. O fogo pegou fogo. Tudo pegou fogo. Pegou fogo, pegou fogo. [Ela continua
recitando as palavras finais enquanto os Smith a retiram do palco.] [...]
Veja mais aqui e aqui.
THE
SCARLET LETTER – O filme
estadunidense The Scarlet Letter (A Letra
Escarlate, 1995), do diretor Joan Plowright, é uma adaptação livre da obra
homônima do escritor Nathaniel Hawthorne
(1804-1864) publicada em 1850, contando uma história ocorrida no séc. XVII,
sobre uma paixão recíproca que envolve uma mulher casada e um reverendo
comprometido com seus valores religiosos e que reprimem suas emoções. Com a
suposta morte do marido, ela engravida do reverendo, negando a paternidade do
filho e adotando a inscrição de um “A” de adúltera em suas vestes, como símbolo
de sua vergonha perante a sociedade local. Destaque na película para
performance da bela atriz Demi Moore.
Veja mais aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA
Dia Internacional da Internet
Veja mais sobre:
A vida, a terra, o homem & a bioética, Grande sertão: veredas, de João
Guimarães Rosa, A condição humana de Hannah Arendt, A cronologia pernambucana
de Nelson Barbalho, Pau-Brasil de Oswald de Andrade, a poesia de Patativa de Assaré, a música de Elomar Figueira de
Mello, a pintura de Fernand Khnopff, Shere Crossman
& Antonio Cláudio Mass aqui.
E mais:
O sol nasce paratodos aqui.
A lição de casa amanhecer, A lenda da origem do Solimões, a
escultura de Lorenzo Quinn, a música de Anne Schneider, a arte de Alice Soares,
O lobisomem zonzo & Edla Fonseca aqui.
Brincarte do Nitolino, Hino ao Sol de Akhenaton, O fundador de
Nélida Piñon, a música de Kitaro, Manifesto Pau-Brasil de Oswald de Andrade,
Medeia de Eurípedes, Belfagor: O arquidiabo de Nicolau Maquiavel, a poesia de
Percy Bysse Shelley, O dicionário do Aurélio, o cinema de François Truffaut, a
pintura de Otto Lingner & Nina Kozoriz aqui.
Alvoradinha, o curumim caeté, a literatura de Lygia Fagundes Telles, a poesia de Manuel
Bandeira, o teatro de Qorpo Santo, Psicologia social: infância, imagem e
literatura, a pintura de Fernando Botero, a arte de Marilyn Monroe & Ashley
Judd, Jayne Mansfield, a música de Roberto Carlos & O sabor da fonte de
todos os gozos aqui.
Se um dia o sonho da vez, Expressões enganadoras de Gilbert Ryle,
a poesia de Elizabeth Bishop, Os nascimentos de Eduardo Galeano, a música de
Dandara & Paulo Monarco, a pintura de Carla Shwab & Lavinia Fontana, a
arte de Rosa Esteves & W. G. Collingwood aqui.
A vida se desvela nos meus olhos fechados, Ensaios filosóficos de John Langshaw
Austin, a literatura de Dostoiévski & Georg Eliot, a música de Mísia, a
fotografia de Edward Weston, Rico Lins & Krzyzanowski
Art, a arte de Top Thumvanit & Stephanie Sarley
aqui.
Carta de amor, Espécies naturais de Willard Van Orman
Quine, Madre Teresa de Calcutá, a música de Dori Caymmi, a literatura de Alicia Dujovne Ortiz, a arte de Henry Monnier &
Tanja Ostojić, a fotografia de João Roberto Riper & Luciah Lopez aqui.
A fome e a laranjeira, Princípios da filosofia do direito de
Hegel, O espírito de Romain Rolland, O diário de Frida
Kahlo, a música de Bach & Janine Jansen, a fotografia de Sebastião
Salgado, a xilogravura de Fernando Saiki, a arte de David
Padworny & Tempo de amar de Genésio
Cavalcanti aqui.
Papo de Fabos, Escarafunchando Friederich Perls, O
castelo de Franz Kafka, a literatura de Machado de Assis, a música do Discantus, a pintura de Renato Guttuso & Luba
Lukova, a arte de Carmela Gross & Paulo Ito aqui.
Barulho da miséria, Escritos lógico-linguisticos de Peter
Strawson, a literatura de Baronne de Staal & Mary Shelley, a música de
Shania Twain, a escultura de Ben Weily, a pintura de Anna Miarczynska,
o grafite de Magrão Bz, a arte de Fabio de Brito & a poesia de Livia
De La Rosa aqui.
Repente qualquer jeito para ver como é
que fica, A servidão
humana de Baruch de Espinoza, A tecnologia na arte de Edmond Couchot, A vida
antes do homemd e Margaret Atwood, a música de Jackson do Pandeiro, a escultura
de Antonio Corradini, a fotografia de Nikolai Endegor, a arte de Victoria Selbach & Leonel Mattos aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Art by Ísis
Nefelibata
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.