VAMOS APRUMAR A CONVERSA? – Para quem não sabe, a vida não é só
nascer, comer, crescer, foder, cagar, mijar, ganhar, passar troco e morrer. Não,
não só isso. A vida vai muito mais além. Para que saibamos realmente o significado
da vida precisamos inicialmente entender duas coisas. A primeira: todos os
problemas e soluções que julgamos do mundo e dos outros, na verdade estão em nós
mesmos; a segunda: qual a missão de cada um de nós na vida? Cada qual que se
descubra e desvende. Então, como ontem foi dia das mães e da cozinheira,
festejei a mãe – que Deus a tenha -, e cozinhei o que tinha: sonhos, topadas,
fracassos, lembranças, afazeres e o escambau. Misturei tudo em fogo alto, caldo
grosso, temperado com resiliência: deu bom cozinhado. Experimentei e constatei:
o sabor de haver superado até agora um monte de óbices, deu-me um prazer
inenarrável. Quero mais. E enquanto degustava fui cerzindo as reminiscências:
as que deram certo, poucas, mas aprazíveis, chega botei o riso no coarador; as
que deram errado, muitas, contudo, deu-me a experiência de coser direito,
refazendo o trajeto, consertando e recomeçando tudo para reaprumar a condução. Assim,
fui cozendo e cosendo, recomeçando, reconstruindo, corrigindo, reaprumando, uma
hora dá certo, oxalá! Enchi a pança e, à sesta, o discernimento deu eureca: sabugo
de milho não é vibrador, porém tem um bocado de Fabo (principalmente no Congresso Nacional, nas Assembleias
Legislativas, nas Câmaras de Vereadores e nas instituições públicas) que
deveriam usá-lo enfiado no fiofó pra não aumentar o meladeiro do Fecamepa. E vamos aprumar a conversa
aqui.
Imagem: O ovo cósmico, do pintor surrealista espanhol Salvador Dali (1904-1989).
Ouvindo Bachiana Brasileira nº 5 - Opera Arias & Brazilian Folksongs Label (Sony, 1996), do compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959), com a célebre cantora lírica soprano brasileira Bidú Sayão (1902-1999). Veja mais aqui.
A ARTE DE VIVER – Na obra Comentários sobre o viver (Nova Era, 2012), do filósofo, escritor,
educador e místico indiano Jiddu
Krishnamurti (1895-1986), encontro o texto A arte de viver, do qual destaco
o seguinte trecho: [...] "A
verdade, é uma terra sem caminhos". Os homens dela não se podem aproximar
por intermédio de nenhuma organização, nenhum credo, dogma, sacerdote, ritual,
ou conhecimento - seja ele filosófico, técnico ou psicológico. Têm de encontrar
a verdade através do espelho das relações, por meio do percebimento do conteúdo
da própria psique, pela observação e não por qualquer acto de dissecção
intelectual ou analítica! O homem construiu para si próprio imagens como uma
cerca de segurança - imagens religiosas, políticas e pessoais. Estas manifestam-se
como símbolos, ideias e crenças. Mas a carga destas imagens domina o pensamento
do homem, as suas relações e a sua vida diária. Estas imagens são a causa real dos
problemas pois dividem o homem do seu semelhante. A sua percepção da vida foi
"moldada" por estes conceitos estabelecidos na sua mente. Este
conteúdo é comum a toda a humanidade. A "individualidade", consiste
no nome, na forma e na cultura superficial que adquire por intermédio da
tradição e do ambiente. A unicidade do homem não se encontra na superfície, mas
sim na completa liberdade do conteúdo da sua consciência, consciência essa que
é comum a toda a humanidade. Ele não é portanto, um "indivíduo". [...]
A liberdade não é uma
reação; a liberdade não é uma escolha. É pretensão do homem achar que é livre
por poder escolher. A liberdade reside na pura observação sem direção, sem
medo de castigo nem recompensa. A liberdade é isenta de motivo; a liberdade não
se encontra no fim da evolução do homem, mas está presente desde o primeiro
passo da sua existência. Por meio da observação, podemos aperceber- nos da
falta dessa liberdade. A liberdade reside na consciência sem escolha da nossa existência
e atividade diárias. O pensamento é tempo. O pensamento nasce da experiência e
do conhecimento, inseparáveis que são do tempo e do passado. O tempo, é o
inimigo psicológico do homem. Sendo as nossas ações baseadas no conhecimento - no
tempo, portanto - o homem é sempre um escravo do passado. O pensamento é sempre
limitado; daí vivermos em constante conflito e luta. Não existe evolução
psicológica. Quando o homem se tornar consciente do movimento dos seus próprios
pensamentos aperceber-se- á da divisão existente entre o pensador e aquilo que
é pensado, entre o observador e a coisa observada, entre o experimentador e o
que ele experimenta. Ele descobrirá que tal divisão não passa de uma ilusão.
Então, existirá apenas pura observação interior, isenta de qualquer sombra do passado
e do tempo. Este vazio temporal interior, provoca uma mutação radical profunda
na mente. A negação completa, é a essência do positivo. Quando se dá a negação
de todas as coisas que sobrevêm à psique- pelo pensamento- só então pode o amor
existir- o que equivale à compaixão e à inteligência. [...]. Veja mais
aqui.
A ARTE DE VIVER
EM PAZ – O livro A
arte de viver em paz: por uma nova consciência, por uma nova educação (Gente, 1993), de Pierre Weil, trata
de uma nova concepção de vida, a visão fragmentária da paz, a paz como fenômeno
externo ao homem, a paz no espírito do homem, a visão holística da paz, a
educação fragmentária, a visão holística da educação, a educação holística para
a paz, a transmissão da arte de viver em paz, o paraíso perdido, o
desenvolvimento da paz interior, a paz do corpo e do coração, os métodos de
transformação energética e de estimulo direto da paz, as três manifestações
sociais da entrega, metodologia pedagógica, por uma pedagogia ecológica, entre
outros importantes assuntos. Na obra destaco o trecho: Nunca estivemos tão perto da paz.
Mas, ao mesmo tempo, jamais ela nos pareceu tão distante. Já podemos curar
doenças que até bem pouco tempo atrás eram terrivelmente mortais. Das
pranchetas dos cientistas brotam animais e plantas que a natureza não criou. Em
laboratórios que fariam inveja a filmes de ficção científica, surgem robôs
capazes de executar todo tipo de serviço, da faxina doméstica à pesquisa
espacial. São olhos eletrônicos que espionam os confins do universo em busca de
nossos eventuais parceiros distantes na aventura da vida. Médicos ousam
substituir corações, rins e membros avariados por órgãos biônicos criados em
oficinas. Maravilhas. Ao olharmos em volta, porém, damos de cara com os
terríveis subprodutos desse desenvolvimento: miséria, violência, medo. A
humanidade atingiu o limiar de uma nova era e vive, agora, uma espécie de dor
do crescimento. Deixamos de ser crianças, mas ainda não sabemos nos portar como
gente grande. Acumulamos conhecimentos em quantidade. Mas, sem sabedoria para
usá-los, podemos destruir-nos e ao mundo que habitamos. Felizmente, uma nova
consciência está se estabelecendo no espírito de grande parte das pessoas. Ela
inspira outra maneira de ver as coisas em ciência, filosofia, arte e religião.
Somos os espectadores privilegiados e os atores principais de mais este ato da
“comédia humana”. Trata-se de um momento de síntese, integração e globalização.
Nesta fase, a humanidade é chamada a colar as partes que ela mesma separou nos
cinco séculos em que se submeteu à ditadura da razão. Esse esforço começa a se
fazer necessário porque a crise de fragmentação chegou a limites extremos e
ameaça a sobrevivência de todas as formas de vida sobre a Terra. Dividimos
arbitrariamente o mundo em territórios, pelos quais matamos e morremos. Já se
produziram armas nucleares que poderiam destruir várias vezes o nosso planeta.
A loucura e a competição são tão ferozes que ignoram o óbvio: não haverá uma
segunda Terra para ser destruída, nem ninguém ou coisa alguma para acionar o
gatilho atômico depois da primeira vez. Quebramos a unidade do conhecimento e distribuímos
os pedaços entre os especialistas. Aos cientistas, demos a natureza; aos
filósofos, a mente; aos artistas, o belo; aos teólogos, a alma. Não
satisfeitos, fragmentamos a própria ciência, espalhando- a pelos domínios da
matemática, da física, da química, da biologia, da medicina e de tantas outras
disciplinas. O mesmo ocorreu com a filosofia, a arte e a religião, cada um
desses ramos se subdividindo ao infinito. Como conseqüência, o mundo do saber
tornou-se uma verdadeira “torre de babel”, em que os especialistas falam cada
qual a sua língua e ninguém se entende. A mais ameaçadora de todas as
fragmentações, no entanto, foi a que dividiu os homens em corpo, emoção, razão
e intuição, porque ela nos impede de raciocinar com o coração e de sentir com o
cérebro. Autor da Teoria da Relatividade, o físico Albert Einstein demonstrou
no início do século passado que tudo no universo é formado pela mesma energia1,
do mesmo modo que, embora vistos como diferentes, o gelo e o vapor são em
último caso apenas água... Desse modo, a fragmentação só existe no pensamento
humano, cuja propriedade essencial é justamente classificar, dividir e
fracionar para, em seguida, estabelecer relações entre esses fragmentos.
Recuperar a unidade perdida significa reconquistar a paz. Mas, desta vez, o
inimigo a derrotar não é estrangeiro. Ele mora dentro de nós. É a força que
isola o homem racional de suas emoções e intuições. Foi a própria ciência
moderna que começou a exigir o surgimento de uma nova consciência. Incapazes de
responder às questões que eles mesmos formulavam, muitos físicos saíram em
busca da psicologia, da religião e das mais importantes tradições2 da
humanidade. Este encontro entre a ciência moderna, os estudos transpessoais e
as tradições espirituais constitui o que chamamos de visão holística. É
importante que tenhamos uma clara noção dessa mudança de visão e das
consequências que ela traz para a educação. [...] Veja
mais aqui, aqui e aqui.
AÇÃO CULTURAL
PARA A LIBERDADE – O livro Ação cultural
para a liberdade e outros escritos (Paz e Terra, 1981), do educador,
pedagogo e filósofo Paulo Freire
(1921-1997), aborda temas como considerações em torno do ato de estudar, a
alfabetização de adultos – crítica de sua visão ingênua compreensão de sua visão
crítica, os camponenes e seus textos de leitura, ação cultural e reforma
agrária, o papel do trabalhador social no processo de mudança, ação cultural
para a libertação, o processo de alfabetização de adultos como ação cultural
para a libertação, ação cultural e conscientização, o processo de alfabetização
política – uma introdução, algumas notas sobre humanização e suas implicações
pedagógicas, o papel educativo das Igrejas na América Latina, conscientização e
libertação e algumas notas sobre conscientização. Da obra destaco o techo: [...] Numa visão crítica, as coisas se passam
diferentemente. O que estuda se sente desafiado pelo texto em sua totalidade e
seu objetivo é apropriar-se de sua significação profunda. Esta postura critica,
fundamental, indispensável ao ato de estudar, requer de quem a ele se dedica:
a) Que assuma o papel de sujeito deste ato. Isto significa que é impossível um
estudo sério se o que estuda se. põe em face do texto como se estivesse
magnetizado pela palavra do autor, à qual emprestasse uma força mágica. Se se
comporta passivamente, “domesticadamente”, procurandoapenas memorizar as
afirmações do autor. Se se deixa “invadir” pelo que afirma o autor. Se se
transforma numa “vasilha” que deve ser enchida pelos conteúdos que ele retira
do texto para pôr dentro de si mesmo. Estudar seriamente um texto é estudar o
estudo de quem, estudando, o escreveu. É perceber o condicionamento
histórico-sociológico do conhecimento. É buscar as relações entre o conteúdo em
estudo e outras dimensões afins do conhecimento. Estudar é uma forma de
reinventar, de recriar, de reescrever – tarefa de sujeito e não de objeto.
Desta maneira, não é possível a quem estuda, numa tal perspectiva, alienar-se
ao texto, renunciando assim à sua atitude crítica em face dele. A atitude
critica no estudo é a mesma que deve ser tomada diante do mundo, da realidade,
da existência. Uma atitude de adentramento com a qual se vá alcançando a razão
de ser dos fatos cada vez mais lucidamente. Um texto estará tão melhor estudado
quanto, na medida em que dele se tenha uma visão global, a ele se volte,
delimitando suas dimensões parciais. O retorno ao livro para esta delimitação
aclara a significação de sua globalidade. Ao exercitar o ato de delimitar os
núcleos centrais do texto que, em interação, constituem sua unidade, o leitor
crítico irá surpreendendo todo um conjunto temático, nem sempre explicitado no
índice da obra. A demarcação destes temas deve atender também ao quadro
referencial de interesse do sujeito leitor. Assim é que, diante de um livro,
este sujeito leitor pode ser despertado por um trecho que lhe provoca uma série
de reflexões em torno de uma temática que o preocupa e que não é
necessariamente a de que trata o livro em apreço. Suspeitada a possível relação
entre o trecho lido e sua preocupação, é o caso, então, de fixar-se na análise
do texto, buscando o nexo entre seu conteúdo e o objeto de estudo sobre que se
encontra trabalhando. Impõe-se-lhe uma exigência: analisar o conteúdo do trecho
em questão, em sua relação com os precedentes e com os que a ele se seguem,
evitando, assim, trair o pensamento do autor em sua totalidade. Constatada a
relação entre o trecho em estudo e sua preocupação, deve separá-lo de seu
conjunto, transcrevendo-o em uma ficha com um título que o identifique com o
objeto específico de seu estudo. Nestas circunstâncias, ora pode deter-se,
imediatamente, em reflexões a propósito das possibilidades que o trecho lhe
oferece, ora pode seguir a leitura geral do texto, fixando outros trechos que
lhe possam aportar novas meditações. Em última análise, o estudo sério de um
livro como de um artigo de revista implica não somente numa penetração crítica
em seu conteúdo básico, mas também numa sensibilidade aguda, numa permanente
inquietação intelectual, num estado de predisposição à busca. b) Que o ato de
estudar, no fundo, é uma atitude em frente ao mundo. Esta é a razão pela qual o
ato de estudar não se reduz à relação leitor-livro, ou leitortexto. Os livros
em verdade refletem o enfrentamento de seus autores com o mundo. Expressam este
enfrentamento. E ainda quando os autores fujam da realidade concreta estarão
expressando a sua maneira deformada de enfrentá-la. Estudar étambém e sobretudo
pensar a prática e pensar a prática é a melhor maneira de pensar certo. Desta
forma, quem estuda não deve perder nenhuma oportunidade, em suas relações com
os outros, com a realidade, para assumir uma postura curiosa. A de quem
pergunta, a de quem indaga, a de quem busca. [...] Quase sempre, ao se transformarem na
incidência da reflexão dos que as anotam, estas idéias os remetem a leituras de
textos com que podem instrumentar-se para seguir em sua reflexão. c) Que o
estudo de um tema específico exige do estudante que se ponha, tanto quanto
possível, a par da bibliografia que se refere ao tema ou ao objeto de sua
inquietude. d) Que o ato de estudar é assumir uma relação de diálogo com o
autor do texto, cuja mediação se encontra nos temas de que ele trata. Esta
relação dialógica implica na percepção do condicionamento histórico-sociológico
e ideológico do autor, nem sempre o mesmo do leitor. e) Que o ato de estudar
demanda humildade. Se o que estuda assume realmente uma posição humilde,
coerente com a atitude critica, não se sente diminuído se encontra
dificuldades, às vezes grandes, para penetrar na significação mais profunda do
texto. Humilde e critico, sabe que o texto, na razão mesma em que é um desafio,
pode estar mais além de sua capacidade de resposta. Nem sempre o texto se dá
facilmente ao leitor. [...] Não se
mede o estudo pelo numero de páginas lidas numa noite ou pela quantidade de
livros lidos num semestre. Estudar não é um ato de consumir idéias, mas de
criá-las e recriá-las [...]. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
A GRANDE ARTE – O romance A grande arte (1983), do escritor e roteirista de cinema Rubem Fonseca, conta a história de
Mandrake, um advogado mulherengo aspirante a detetive sobre o assassinato de
uma sua amiga prostituta e resolver esse mistério. Da obra destaco o trecho: [...]
Miriam já havia ido embora quando chegou
Raul. Ele exibia sua cara suspicaz de tira provocador. !Então vou falar pela
última vez”, eu disse, “Lima Prado se matou. Enfiou a faca na axila, como no
suicídio de Ajax, que ele descreve nos Cadernos. Partiu para juntar-se a
Hermes, no campo de asfódelos”. “E já viu alguém suicidar-se assim?” “O Ajax”.
“Isso é mitologia. Isso é absurdo, é ilógico”. Lima Prado era um absurdo
ilógico”. (Não tive coragem de dizer que ele era mitológico). “Ouça, Mandrake,
essa história nunca foi contada direito. Você afirma que Lima Prado matou as
massagistas. Mas eu não tenho certeza disso”. “Está nos Cadernos”. “Você
interpretou assim. Ninguém consegue lher aquela merda. Eu estive com eles nas
mãos, já se esqueceu? Duvido que você tenha entendido direito aquela letrinha.
Você também interpretou essa historia de Rosa ter assassinado Cula. A única
coisa que eu sei, com certeza, é que Lima Prado era um dos grandes do trafico
de entorpecentes, mas isso jamais poderá ser provado”. “Está bem. Ad
argumentandum tantum: ele foi assassinado por quem?” “Zakkai. A serviço de
Gonzaga Leitão”. “O marido de Rosa?”. “Leitão corria por fora, na luta pelo
poder dentro da Aquiles. Quando, com a morte de Lima Prado, conseguiu o
controle da Organização. Leitão deu, ou vendeu baratinho, para Zakkai a
Pleasure e as outras empresas. A Aquiles agora só se envolve com atividades
legítimas”. “Sei. Agiotagem, mutretas financeiras, etc”. “Como todos os
bancos”. “Quer dizer que o crime compensa, seu cínico?” “Estes anos passados na
policia fizeram de mim uma coisa pior que cínico” “O que?” “Lúcido” Levantei o
cálice. Olhei o precioso líquido rutilante. “Você concorda que Rafael matu
Mitry e as gêmeas?” “Concordo”. “E quem matou as massagistas?” “Pode ter sido
qualquer pessoa. Por ter sido você, Mandrake.” Acedndi uma Panatela, escuro,
curto. “Abre outra garrafa”, eu disse, “e explica melhor como fui eu”. “Uma
delas foi ao teu escritório, a outra saiu com você, na véspera de aparecerem
mortas” “Você é um idiota”. “Lúcido. Wexler diz que o amor extremado que você
tem pelas mulheres está muito próximo do ódio”. “Só comprei a Randall depois
que elas foram mortas. Eu não sabia usar uma faca antes. E ainda não sei”.
“Desenhar um P qualquer um desenha. E estrangular, a gente nasce sabendo. Você
inventou que decifrou os Cadernos e pode, assim, inventar a história que
quiser” “Tenho testemunhas” “Quem?” “Hermes” “Outra invenção sua” “Você está
maluco, Raul” “Estou mesmo. Sabe que vou volrtar a viver com Ligia?” “Ela é uma
boa mulher”. “Boa demais”. Tocaram a campanhia. “Está esperando alguém?”,
perguntou Raul. “Uma amiga” Abri a porta. A moça entrou. “Bem, já vou indo.
Lúcido, ouviu? Lúcido”, disse Raul. “Boa noite, senhorita”. “Quem é esse
sujeito?”, perguntou a moça, depois que Raul saiu. “Um amigo”. Esperei. “Quanto
tempo... você ainda se lembra de mim? Eu estou mais magra, não estou?”. Eu ri.
“Está”. “Você ainda me ama?”, perguntou Bebel. “Amo”. Em 1991, a obra foi
adaptada para o cinema, no suspense Exposure
(A grande arte), dirigido por Walter Salles, destacando-se a atuação da belíssima
atriz Amanda Pays. Veja mais aqui, aqui e aqui.
TEATRO NA EDUCAÇÃO – O livro O teatro na educação (Forense, 1973), de Paulo Coelho, aborda temas a criatividade, o orientador, o método
didático, aquecimento, materiais acessórios, o grupo, a idade, o loca, a
integração coletiva, a redescoberta do corpo, a linguagem comum, no mundo dos
sentidos, as relações com o ambiente, aplicação do processo de teatro criativo,
a fase preparatória, a elaboração do jogo dramático, dez exemplos de jogos
dramáticos, entre outros. Destaco o trecho: [...] Todo homem é potencialmente criador, mas a pressão do meio, os aspectos
culturais, os valores morais, as condições socioeconômicas e as limitações
psicológicas tendem a restringir consideravelmente a critividade do individuo,
chegando mesmo ao ponto de destruí-la por completo. O próprio ensino escolar –
antes do advento da atual reforma – encarregava-se disto. Mas uma série de
fatores, que seria irrelevante citar, forçou uma modificação profunda nos
métodos tradicionais de ensino e permitiu a entrada dos processos de
criatividade nas escolas. O comportamento criativo pode manifestar-se em cino
níveis distintos, conforme a classificação de Calvin Taylor [...] Estes cinco níveis foram integrados em
vários processos criativos; procuramos, depois de uma série de pesquisas
teóricas e experimentais, relacionar estes processos com Arte Dramática, não no
que se refere ao Teatro em si, mas no setor de Educação Artística. O resultado
foi o processo de TC. [...] Veja mais aqui e aqui.
A DOAÇÃO DOS MEUS ÓRGÃOS - No livro Poesía completa
(1996), do escritor e jornalista espanhol vencedor do Prêmio Nobel de
Literatura, Camilo José Cela
(1916-2002), encontro os poemas surrealistas do autor, destacando especialmente
o seu A doação dos meus órgãos: Eu quero que o dia que eu morrer / para doar
meu rim, / meus olhos e pulmões.
/ Esse é o dar a ninguém. / Se um paciente espera / então eu ofereço aqui / Espero que eles façam bem / para salvar uma vida. / Se eu não posso respirar, / outra respira para mim. / Eu doarei meu coração / para alguns peitos cansados / que querem ser restaurados / e voltar à ação. / Estou
firmemente doação / é cumprida e
confiança / antes de eu sentir frio,
/ quebrada, podre e ferido / você pode de outra mama / se não bater o meu. / Picar
a doar / e que é o dar para uma caída
/ e elevador possuído / Eu gastei vigor. / Mas
peço-vos mais tarde / é um piloto
colocá-lo, / aqueles que gostam da calha.
/ Isso seria uma grande coisa / Eu descanso na sepultura / e meu pau dando forte. / Outras doações / Recuso-me
a doar a boca. / Porque há algo que me
impressiona / por razões imperiosas.
/ Eu sei que às vezes / Ela está falando
muito absurdo; / mama coisa errada / e eu prefiro
perder / antes que algum idiota
/ Mame com a minha boca./ O burro não doar
/ pois há sempre um confuso / eu posso dar mau uso / o
burro que eu doado. / Muitos anos eu
cuidei / lavando-me muitas vezes.
/ Para um cirurgião pimpão / em tais transplante / colocá-lo
para um viado / e morreu para me dar a
bunda. Veja mais aqui.
AS CANÇÕES – O documentário As canções (2011), do cineasta brasileiro Eduardo Coutinho (1933-2014), contando a história de pessoas comuns
que relataram casos particulares relacionados a determinadas músicas,
registrada na região do Largo da Carioca, no centro do Rio de Janeiro, em busca
de personagens, envolvendo quarenta e dois depoimentos, todos sozinhos e
sentados diante da câmera, com idades entre vinte e dois e oitenta e dois anos.
Veja mais aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA
Imagem: escultura The Triumph of Flora, do pintor e escultor francês Jean-Baptiste Carpeaux (1827-1875).
CONVITE AO SEQUESTRO E A
DELAÇÃO PREMIADA - Eis
meu convite: quero sequestrar você. Quer queira ou não, vou sequestrar você. Está
sem saída porque minha arma é o meu sexo rijo em riste capturando todas as suas
ações e intenções de fuga. Meus braços invencíveis o seu esconderijo,
inescapáveis. Meu corpo incendiado de tesão o seu cativeiro, a sua prisão perpétua
de segurança máxima, inexorável. Ao seu dispor, o meu querer por cela, as
minhas mãos ternas e pedintes plenas de afagos, delas jamais fugirá, rendida
aos carinhos ao manusear seu corpo inteiro. Este o convite e o sequestro é
certo, como o resgate. Na verdade muitos e todos os resgates serão do tamanho
de sua inadimplência ao meu querer: pra sempre. Poderá ser amortizável
diariamente com deliciosas picadas a todo momento, todo dia e o dia todo, até
sempre: sua dívida é líquida e certa, a sua insolvência a faz escrava, sem nome
nem iniciativa, acorrentada e submetida ao ritual da ginofagia. Aprisionada ao
meu desejo e a me servir, o primeiro castigo será meus lábios nos seus lábios
cálidos e ferventes do batom vermelho, enquanto minha mão apalpa o seio nu
embaixo da blusinha de alça e seda, e a outra calma e furtivamente envolve a
calcinha estufada para removê-la e à palma o seu sexo maduro e inchado que ao
tato examino como quem está prestes a desvelar os segredos do mundo e da vida,
e ao senti-la minando fonte viva e água jorrando entre os dedos brincantes que
me leva a beijar carinhosamente seu pinguelo e lambê-lo como quem oscula a
paixão desenfreada dos desejos, enquanto minhas buliçosas mãos se ocupam em
acariciar sua pele aveludada sexo, rego, montes e precipícios das ancas macias
pro aclive das corcovas glúteas que meu sexo escala escorregando em festa o seu
tobogã até a mina anal que se ajeitará para abrigar minha invasão de intrépido
bandeirante à caça insaciável do ouro mais valioso, fincando minha bandeira
para prear toda sua riqueza e me apropriar para chupá-la a vulva escancarando a
caverna como quem tal Julio Verne descobre o caminho pra viagem ao centro da
Terra e invadi-la como quem descobre o sabor do manjar dos deuses de todas as
delícias do universo, a sorver de sua água de rios e mares a matar minha sede
de milênios, e mergulhar no seu gozo a se desmanchar como a comida mais
saborosa ao paladar e sabê-la à loucura do gozo de todos os orgasmos de noites
e dias em reclusão. E enlouquecida e escancarada, pernas do leste ao oeste,
desorientada, enfiarei lenta e autoritariamente meu sexo no seu, conhecendo
cada polegada, cada milímetro de sua gruta vaginal para alcançar seu mais
profundo poço e de lá dar-me o direito de ir e vir, a todo momento e a qualquer
hora, no entra e sai às pressas e aos bocados e mais indo e vindo até vê-la
explodir arreganhada, completamente conquistada por minha mais bruta selvageria
de gozo dentro dela. Fodida e seviciada, com seu riso grato me vejo sujeito à chuva
dos seus beijos no meu sexo incisivo, abocanhado pelas travessuras de sua
língua cigana a me levar pro céu da sua boca na constelação maravilhosa da
felação mais que aprazível da sua delação premiada, como se fosse o confessionário
dos pecados, o altar de suas preces devotadas, a hóstia de sua salvação e eu a
castigá-la esfregando-o às suas faces, a lavá-la com a seiva viscosa em sua
pele sedosa como um látego que inflige ao suplício da pena máxima de condenada serva
da minha posse irrefreável e subjugá-la a garganta puxando pelos cabelos
sedosos para vencê-la égua tesuda a me oferecer a garupa empinada e servil ao
meu sexo que baba para lambuzá-la e abrir a porta acertada do ânus penetrando
às suas reboladas loucas na dança do dorso no paroxismo das labaredas do meu
gozo e a me rebentar pesado e vitorioso sobre o seu corpo espalmado, estendida,
indefesa, e a rabiscar meus sentimentos e prazeres e cometer todos os meus
poemas e canções na sua carne. ©
Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui, aqui, aqui e
aqui.
Veja mais sobre:
Em mim a vida & o estouro dos confins
de tudo, Corpus
Hermeticum de Hermes
Trismegistus, Ísis sem véus de Helena Blavatsky, O jardineiro do
amor de Rabindranath Tagore, a música de Kitaro, a arte de Ewa
Kienko Gawlik, a fotografia de Jovana Rikalo & Tataritaritatá no
Encontro dos Palmarenses aqui.
E mais:
E num é que a Vera toda-tuda virou a
bruxa das pancs na boca do povo,
Iluminações de Walter Benjamin, Os bruzundangas de Lima Barreto, Marxismo &
literatura de Cliff Slaughter, a música de Guiomar Novaes, a
pintura de Pedro Sanz & Sara Vieira, a arte de
Paolo Serpieri & Tataritaritatá na Gazeta de Alagoas aqui.
Vamos aprumar a conversa:
responsabilidade dos pais & da família, O amor e o ocidente de Denis de
Rougemont, As recordações de Isaías Caminhas de Lima Barreto, a música de
Stevie Wonder, a poesia de Murilo Mendes & Raimundo Correia, o teatro de
Friedrich Schiller, o cinema de Nelson Pereira dos Santos, a coreografia de
Martha Graham & a pintura de Georges Braque aqui.
Vamos aprumar a conversa, O homem, a mulher & a natureza de Allan Watts, Amar,
verbo intransitivo de Mário de Andrade, a poesia de Pedro Kilkerry &
Augusto de Campos, Amor de novo de Doris Lessing, a música de Christoph
Willibald Gluck, o teatro de Machado de Assis, Eurídice, o cinema de Walter Hugo
Khouri & Vera Fischer, a escultura de Joseph Edgar Boehm, a pintura de
Jean-Baptiste Camille Corot & a arte de Patrick Nicholas aqui.
A responsabilidade do agente político,
excesso de poder & desvio de finalidade aqui.
As trelas do Doro: olha a cheufra aqui.
Fecamepa: quando embola bosta, o empenado
não tem como ter jeito aqui.
A vida dupla de Carolyne & sua cheba
beiçuda, Psicologia
da arte de Lev Vygotsky, a poesia de William Butler Yeats, a música de Leonard
Cohen, a pintura de Boleslaw von Szankowski & Raphael Sanzio, o cinema de Paolo Sorrentino & World
Erotic Art Museum (WEAM) aqui.
Divagando na bicicleta, Dulce Veiga de Caio Fernando Abreu, Os
elementos de Euclides de Alexandria, O teatro e
seu espaço de Peter Brook, a música de Billie Myers, a fotografia de Alberto
Henschel, a pintura de Jörg Immendorff & Oda Jaune aqui.
A conversa das plantas, a poesia de Cruz e Sousa, Memória das
Guerras do Brasil de Duarte Coelho, Arquimedes de
Siracusa, a música de Natalie Imbruglia, Orientação Sexual, a arte de Hugo
Pratt & Tom 14 aqui.
Leitoras de James leituras de Joyce, a literatura & a música de James
Joyce, Ilustrações de Henri Matisse, a fotografia de Humberto
Finatti & a arte de Wayne Thiebaud aqui.
Incipit vita nuova, A divina comédia de Dante Alighieri,
Raízes árabes no sertão nordestino de Luís Soler, a música de Galina Ustvolskaya, a pintura de Paul
Sieffert, Ilustrações de Gustave Doré, a arte de Jack
Vetriano & Luciah Lopez aqui.
E se nada acontecesse, nada valeria..., Agá de Hermilo Borba
Filho,
Fábulas de Leonardo da Vinci, As glândulas endócrinas de M. W.
Kapp, a música de Tomoko Mukaiyama, Compassos Cia de Danças, a pintura de Bruno
Di Maio & Madalena Tavares, a arte de
Eric Gill & a xilogravura de Perron aqui.
Manoel Bentevi, Sinhô, Marshal McLuhan,
Andrea Camileri, Marcelo Pereira, Mario Martone, Giulia Gam, Anna Bonaiuto Fecamepa
– quando o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado a sério!
& Parafilias aqui.
Cordel Tataritaritatá & livros infantis aqui.
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
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