segunda-feira, maio 18, 2015

ROGERS, RUSSEL, WAKEMAN, HILTON, DELACROIX, CAPRA, PELÉ, MOVIMENTO, ABUSO SEXUAL & LUTA ANTIMANICOMIAL.


VAMOS APRUMAR A CONVERSA? – Tenho estudado e produzido trabalhos acadêmicos nas áreas de Psicologia, Direito e Educação, sobre a temática do Abuso Sexual. Essa prática se realiza por meio de um jogo em que o agente abusador impõe geralmente à criança ou adolescente, por meio de persuasão, indução, ameaça e violência física para prática e satisfação sexuais. Tais práticas são traumáticas, causando danos físicos e psicológicos. Já recolhi diversos depoimentos a respeito, dando conta de que a vítima carrega essa marca por toda vida, desenvolvendo, por consequência, comportamentos patológicos desde a avesão a parceiros, como a promiscuidade e sexualidade descontoladas, entre outros. Curiosamente, a grande maioria dos fatos ocorre dentro do próprio lar da vítima, até com conivência dos genitores. Como em nosso país a prática preventiva é colocada em último lugar e a educação passa por uma calamidade que se soma à nossa tragédia, o abuso sexual se mantém nos altos índices estatísticos. Não se pode aceitar que o Estado e as autoridades continuem omissos em tais casos, precisa-se de participação de cada um para que possamos coibir tal prática. Você também é responsável. E vamos aprumar a conversa aqui, aqui e aqui.

Imagem: Trois etudes pour autoportrait (1976) & Tríptico (1974-77), do artista plástico anglo-irlandês de pintura figurativa Francis Bacon (1909-1992).

Curtindo o álbum conceitual de rock progressivo Criminal Record (1977), do músico e compositor britânico, integrante da banda Yes, Rick Wakeman. Veja mais aqui e aqui.

TORNAR-SE PESSOA – O livro Tornar-se pessoa (Martins Fontes, 2007), do psicólogo norte-americano e criador da abordagem psicoterapeuta Terapia Centrada na Pessoa, Carl Ransom Rogers (1902-1987), aborda temas como algumas hipóteses com relação à facilitação do cres cimento pessoal, as características de uma relação de ajuda, o que se sabe da psicoterapia objetiva e subjetivamente, o processo de tornar-se pessoa, as ciências do comportamento e a pessoa, o poder crescente das ciências comportamentais, uma filosofia da pessoa, o lugar do indivíduo no mundo novo das ciências do comportamento, uma teoria da criatividade, entre outros assuntos. Da obra destaco o seguinte trecho: [...] Como poderei ajudar os outros? Por mais de vinte e cinco anos venho tentando responder a esse tipo de desafio. Isso fez com que recorresse a todos os elementos de minha formação profissional: os rigorosos métodos de medição de personalidade que aprendi pela primeira vez no Teacher’s Coliege, Colúmbia; os insights e métodos psicanalíticos freudianos do Instituto para Orientação da Criança, onde trabalhei como interno; os desenvolvimentos contínuos na área de psicologia clínica, com a qual estou estreitamente associado; a exposição mais breve ao trabalho de Otto Rank, aos métodos de trabalho social psiquiátrico, e outros recursos demasiado numerosos para serem mencionados. Porém, mais do que tudo, isto significou um aprendizado contínuo a partir de minhas próprias experiências e daquela de meus colegas do Centro de Aconselhamento, à medida que tentamos descobrir por nós mesmos meios eficazes de trabalhar com pessoas perturbadas. Gradualmente, desenvolvi uma maneira de trabalhar que se origina dessa experiência, e que pode ser testada, refinada e remodelada por experiências e pesquisas adicionais. Uma hipótese geral: Uma maneira breve de descrever a mudança que se efetuou em mim seria dizer que nos primeiros anos de minha carreira profissional eu me fazia a pergunta: Como posso tratar ou curar, ou mudar essa pessoa? Agora eu enunciaria a questão desta maneira: Como posso proporcionar uma relação que essa pessoa possa utilizar para seu próprio crescimento pessoal? Foi quando cheguei a colocar a questão desta segunda maneira que percebi que o que quer que tenha aprendido é aplicável a todos às minhas relações humanas, não só ao trabalho com clientes com problemas. É por esta razão que sinto ser possível que os aprendizados que tiveram significado para mim em minha experiência podem ter algum significado para você em sua experiência, já que todos nós estamos envolvidos em relações humanas. Talvez devesse começar por um aprendizado negativo. Fui me dando conta de maneira gradual de que não posso oferecer ajuda a esta pessoa perturbada por meio de qualquer procedimento intelectual ou de treinamento. Nenhuma abordagem que se baseie no conhecimento, no treinamento, na aceitação de algo que é ensinado, se mostra útil. Estas abordagens parecem tão tentadoras e diretas que, no passado, fiz uso de muitas delas. É possível explicar uma pessoa a si mesma, prescrever passos que devem conduzi-la para frente, treiná-la em conhecimentos sobre um modo de vida mais satisfatório. Porém tais métodos se mostram, em minha experiência, fúteis e inconsequentes. O máximo que podem alcançar é alguma mudança temporária, que logo desaparece, deixando o indivíduo mais do que nunca convencido de sua inadequação. O fracasso de quaisquer destas abordagens através do intelecto me forçou a reconhecer que a mudança parece surgir por meio da experiência em uma relação. Dessa forma, estou tentando afirmar de forma muito breve e informal, algumas das hipóteses essenciais relativas a uma relação de ajuda que pareceu angariar confirmação crescente tanto a partir de experiência quanto de pesquisa. Posso enunciar a hipótese geral em uma sentença, como se segue. Se posso proporcionar um certo tipo de relação, a outra pessoa descobrirá dentro de si a capacidade de utilizar esta relação para crescer, e mudança e desenvolvimento pessoal ocorrerão. A relação: Mas o que estes termos significam? Deixe-me tomar separadamente as três frases principais nesta sentença e indicar algo do significado que elas encerram para mim. Qual é esse certo tipo de relação que gostaria de proporcionar? Descobri que quanto mais conseguir ser genuíno na relação, mais útil esta será. Isso significa que devo estar consciente de meus próprios sentimentos, o mais que puder, ao invés de apresentar uma fachada externa de uma atitude, ao mesmo tempo em que mantenho uma outra atitude em um nível mais profundo ou inconsciente. Ser genuíno também envolve a disposição para ser e expressar, em minhas palavras e em meu comportamento, os vários sentimentos e atitudes que existem em mim. É somente dessa maneira que o relacionamento pode ter realidade, e realidade parece ser profundamente importante como uma primeira condição. É somente ao apresentar a realidade genuína que está em mim, que a outra pessoa pode procurar pela realidade em si com êxito. Descobri que isto é verdade mesmo quando as atitudes que sinto não são atitudes com as quais estou satisfeito, ou atitudes que parecem conducentes a uma boa relação. Parece extremamente importante ser real. Como uma segunda condição, acho que quanto mais aceitação e apreço sinto com relação a esse indivíduo, mais estarei criando uma relação que ele poderá utilizar. Por aceitação, quero dizer uma consideração afetuosa por ele enquanto uma pessoa de autovalia incondicional —de valor, independente de sua condição, de seu comportamento ou de seus sentimentos. Significa um respeito e apreço por ele como uma pessoa separada, um desejo de que ele possua seus próprios sentimentos à sua própria maneira. Significa uma aceitação de suas atitudes no momento ou consideração pelas mesmas, independente de quão negativas ou positivas elas sejam, ou de quanto elas possam contradizer outras atitudes que ele sustinha no passado. Essa aceitação de cada aspecto flutuante desta outra pessoa constitui para ela uma relação de afeição e segurança, e a segurança de ser querido e prezado como uma pessoa parece ser um elemento sumamente importante em uma relação de ajuda. Também acho que a relação é significativa na medida em que sinto um desejo contínuo de compreender —uma empatia sensível com cada um dos sentimentos e comunicações do cliente como estes lhe parecem no momento. Aceitação não significa muito até que esta envolva a compreensão. É somente à medida que compreendo os sentimentos e pensamentos Como poderei ajudar os outros? que parecem tão terríveis para você, ou tão fracos, ou tão sentimentais, ou tão bizarros —é somente quando eu os vejo como você os vê, e os aceito como a você, que você se sente realmente livre para explorar todos os cantos recônditos e fendas assustadoras de sua experiência interior e freqüentemente enterrada. Essa liberdade constitui uma condição importante da relação. Aqui está implicada uma liberdade para explorar a si próprio tanto com níveis conscientes quanto inconscientes, o mais rápido que se puder embarcar nessa busca perigosa. Há também uma liberdade completa de qualquer tipo de avaliação moral ou diagnóstica, já que todas estas avaliações são, a meu ver, sempre ameaçadoras. Dessa forma, a relação que considerei útil é caracterizada por um tipo de transparência de minha parte, onde meus sentimentos reais se mostram evidentes; por uma aceitação desta outra pessoa como uma pessoa separada com valor por seu próprio mérito; e por uma compreensão empática profunda que me possibilita ver seu mundo particular através de seus olhos. Quando essas condições são alcançadas, torno-me uma companhia para o meu cliente, acompanhando-o nessa busca assustadora de si mesmo, onde ele agora se sente livre para ingressar. Nem sempre sou capaz de alcançar esse tipo de relacionamento com o outro, e algumas vezes, mesmo quando sinto tê-lo alcançado em mim mesmo, a outra pessoa pode estar demasiado assustada para perceber o que lhe está sendo oferecido. Mas eu diria que quando sustenho em mim o tipo de atitude que descrevi, e quando a outra pessoa pode até certo grau vivenciar estas atitudes, então eu acredito que a mudança e o desenvolvimento pessoal construtivo ocorrerão invariavelmente e eu incluo a palavra “invariavelmente” apenas após longa e cuidadosa consideração. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

PORQUE NÃO SOU CRISTÃO – O livro Porque não sou cristão e outros ensaios sobre religião e assuntos correlatos (Exposiçaõ do Livro, 1972), do filósofo e matemático britânico Bertrand Russel (1872-1970), trata sobre análise das contribuições úteis da religião à civilização, sobrevivência à morte, céticos católicos e protestantes, a vida na Idade Média, o destino de Thomas Paine, a ética sexual, a liberdade e os Colleges, a existência de Deus, o poder da religião na cura das preocupações humanas, religião e moral, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho: [...] Multa gente nos diz que sem crença em Deus o homem não poderá ser feliz nem virtuoso. Quanto à virtude, posso apenas falar por observação, e não por experiência pessoal. Quanto à felicidade, nem a experiência, nem a observação, me levaram a pensar que os crentes são mais felizes ou infelizes, em média, do que os que não crêem. Costuma-se encontrar “grandes” razões para a infelicidade, porque é mais fácil à gente sentir-se orgulhoso de poder atribuir a própria miséria à falta de fé do que colocar a razão disso em nosso próprio fígado. Quanto ao que concerne à moralidade, depende muito de como se compreende esse termo. De minha parte, penso que as virtudes importantes são a bondade e a inteligência. A inteligência encontra obstáculo em qualquer credo, não importa qual – e a bondade é inibida pela crença no pecado e castigo (crença que, digase de passagem, é a única que o governo soviético tomou do cristianismo ortodoxo). Há, na prática, vários modos pelos quais a moralidade tradicional interfere com o que é socialmente desejável. Um deles, é a prevenção das doenças venéreas. Mais importante é a limitação da população. Progressos verificados na medicina tomaram este assunto muito mais importante do que jamais o foi antes. Se as nações e as raças que ainda são tão prolíficas como eram os ingleses de há cem anos não mudarem seus hábitos a este respeito, não há esperança alguma para a humanidade, exceto guerra e miséria. Todo estudante inteligente sabe disso, mas não o reconhecem os teólogos dogmáticos. Não creio que uma decadência da crença dogmática possa produzir outra coisa senão o bem. Apresso-me a admitir que os novos sistemas de dogmas, tais como os dos nazistas e dos comunistas, são ainda piores do que os velhos sistemas, mas jamais teriam podido dominar o espírito dos homens, se hábitos dogmáticos ortodoxos não tivessem sido instilados na juventude. A linguagem de Stalin é cheia de reminiscências do seminário teológico em que ele foi educado. O que o mundo precisa não é de dogma, mas de uma atitude de investigação científica, aliada à crença de que a tortura de milhões de indivíduos não é coisa desejável, quer seja infligida por Stalin ou por uma Deidade imaginada à semelhança daquele que acredita. Veja mais aqui.

MEDEIA – Imagem Medeia, do pintor do Romantismo francês Eugène Delacroix (1798-1863). A tragédia Medeia, do poeta trágico grego Eurípedes (480-406aC), conta o drama de uma mulher que deixou tudo para trás, sua pátria e família para seguir ao lado de um grande amor, até ser traída por ele. Jasão, líder dos argonautas, parte para Cólquida em busca do Velocino de Ouro, missão que lhe é imposta para que consiga retomar o trono de Iolco. No caminho conhece e se apaixona por Medéia que, embora filha de rei, ela usa seus poderes de feiticeira para ajudar Jasão a vencer os obstáculos impostos por seu pai. Saem vitoriosos, porém Medéia é traída pelo marido que a abandona para se casar com a filha do rei Creonte. Injustiçada e furiosa, a feiticeira não poupa esforços para vingar-se de Jasão. Mata os filhos que teve com o marido e lança sobre ele terrível maldição. Da obra destaco o trecho: [...] MEDEIA - Ó Zeus, ó Justiça, filha de Zeus, e luz do Sol68, vitoriosos estamos agora, ó amigas, sobre os nossos inimigos, e entramos já no caminho. Agora há esperança de fazer justiça sobre os nossos inimigos. Porque este homem, quando penávamos na maior aflição, apareceu como um porto de abrigo das minhas decisões. A eles prenderemos as amarras da popa69, dirigindo-nos para a fortaleza e cidade de Palas. Os meus planos, já tos vou dizer todos. Mas não recebas as minhas palavras a título de deleite. A Jasão alguém mandarei, dentre os meus servidores, pedindo-lhe que compareça à minha presença. E, quando ele chegar, dir-lhe-ei palavras brandas, de como também eu sou desse parecer, que estão bem as núpcias reais, que traindo-me, ele celebra, e que belo é o partido e bem calculado. Pedirei que os meus filhos fiquem , não para os deixar em terra hostil, a fim de serem mal tratados pelos inimigos, mas para tratar ardilosamente a filha do rei. Mandálos-ei então com presentes nas mãos71, um peplos sutil e uma coroa de ouro lavrado. E quando ela pegar nesses enfeites e os cingir ao seu corpo, terá uma morte horrorosa, assim como todo aquele que tocar na donzela. Tais serão os venenos com que eu hei de ungir os presentes. Mas neste ponto eu suspendo as minhas palavras. Gemo ao pensar na ação que em seguida tenho de praticar. Porque eu vou matar os meus filhos. Não há quem os possa livrar. E, depois de ter derrubado toda a casa de Jasão, saio do país, fugindo do assassínio dos meus filhos adorados, eu, que ousei a mais ímpia das ações. É que não se pode tolerar que os inimigos escarneçam de nós, ó amigas. Vamos. De que me vale viver? não tenho pátria, não tenho casa, não tenho refúgio para esta calamidade. Errei uma vez, quando abandonei a casa paterna, confiada nas palavras de um grego, que, com a ajuda do deus, sofrerá a nossa justiça. Porque não tornará a ver com vida, daqui por diante, os filhos que de mim teve, nem gerará nenhum da noiva recém casada, porque será forçoso que essa má tenha má sorte com os meus venenos. Ninguém me suponha fraca ou débil, nem sossegada; outro é o meu caráter: dura para os inimigos, benévola para os amigos. Porque de tais pessoas a vida é gloriosíssima [...] Veja mais aqui e aqui.  

CASA PELÉ – Acontecerá entre os dias 18 e 23 de maio, em Três Corações (MG), a 13ª Semana Nacional de Museus - 2015, na Casa Pelé, sobre o tema deste ano será “Museus para uma sociedade sustentável”. Trata-se de uma promoção do Instituto Brasileiro de Museus/IBRAM, para comemorar o Dia Internacional de Museus (18 de maio), ocasião em que museus, Casas de Cultura e Centros Culturais, convidados pelo instituto desenvolvem programação especial alusiva à data. Confira detalhes aqui.

HORIZONTE PERDIDO – O livro Horizonte perdido (Lost Horizont, 1933), do escritor britânico James Hilton (1900-1954), conta a história de um grupo de pesoas que, fugindo da guerra, é sequestrado para uma longínqua montanha do Tibete, Shangri-lá. De acesso quase impossível para quem não conhecesse perfeitamente o caminho, as pessoas, que lá chegavam não tinham a mínimia possibilidade de voltar. Foram maravilhosamente recebidos, mas na realidade estavam prisioneiros. Na pequena aldeia havia um mosteiro, fundado por um francês. E, como os que lá habitavam tinham uma vida muito longa, ele ainda era o Lama Superior. Pressentindo que seu fim se aproximava, escolhera o líder do grupo sequestrado para ser seu sucessor. Mas este se vê forçado a levar seus companheiros de volta. Da obra destaco o trecho: [...] Falamos por algum tempo sobre a guerra e seus efeitos em diversas pessoas, e finalmente ele continuou: — Mas há ainda um pormenor a que devo referirme... e talvez, em muitos sentidos, o mais estranho de todos. Veio-me ao conhecimento quando fazia indagações no hospital da missão. Todos fizeram o possível para me auxiliar, como deve supor, mas não podiam recordar muita coisa, sobretudo porque naquela ocasião tinham estado muito ocupados com uma febre epidêmica. Uma das questões que procurei esclarecer desde logo foi o modo como Conway havia chegado ao hospital — se se apresentara por si mesmo ou se, tendo sido encontrado doente, fora trazido ali por alguma pessoa. Não se lembravam bem — afinal de contas, fazia tanto tempo! —, mas de repente, quando eu já ia desistir do interrogatório, uma das freiras observou incidentalmente que "parecia ter ouvido do doutor que ele fora trazido por uma mulher". Era tudo o que me podia dizer, e como o doutor já houvesse deixado a missão, nenhuma confirmação era possível obter no momento. Mas, tendo eu já chegado tão longe, é claro que não estava disposto a suspender minhas investigações. Soube que esse doutor se transferira para um hospital mais importante, em Xangai, de modo que me informei sobre o seu endereço e fui até lá, na intenção de me avistar com ele. Foi logo depois dos reides aéreos dos japoneses e o aspecto da cidade era sinistro. Já conhecia esse médico, com quem travara relações durante minha primeira visita a Chung-Kiang. Foi muito polido, mas naquele momento estava terrivelmente ocupado — sim, terrivelmente é a palavra porque, acredite-me, os vôos dos alemães sobre Londres nada foram, comparados com o que os nipônicos fizeram nas zonas nativas de Xangai. "'Oh! sim', disse sem hesitar, 'lembro-me do caso daquele inglês que perdeu a memória". 'É verdade que ele foi trazido ao hospital da missão por uma mulher?', perguntei. 'Sim, sim, por uma mulher, uma chinesa.' 'Lembra-se de alguma coisa a respeito dela?' 'Nada', respondeu, 'salvo que la também estava atacada de febre e veio a morrer quase em seguida..."Nesse instante houve uma interrupção. Trouxeram um grupo de feridos e as padiolas atravancaram os corredores, pois as enfermarias já estavam repletas. Eu não podia tomar o tempo do homem, tanto mais que troavam os canhões em Woosung, advertindo-lhe que teria ainda muito que fazer. Quando voltou para junto de mim, com uma expressão animada apesar de todos aqueles horrores, só lhe fiz uma derradeira pergunta, que você com certeza adivinha qual fosse. " 'E essa mulher chinesa', disse eu, 'era jovem?' " Rutherford sacudiu nervosamente as cinzas do charuto, como se a narrativa o tivesse excitado tanto quanto esperava fazê-lo a mim. Depois continuou: — O doutorzinho olhou-me por um momento com ar solene e então respondeu, nesse inglês comicamente truncado que os chineses educados usam: " 'Oh! não, ela era muito velha, a mulher mais velha que vi até hoje.' [...] Foi adaptado para o cinema em 1937, pelo cineasta italiano Frank Capra (1897-1991), premiado com o Oscar (1938). Veja mais aqui.
  
IMAGEM DO DIA
Imagem do periódico Movimento que circulou entre os anos de 1975-1981, com o seu conselho editorial formado por Hermilo Borba Filho, Chico Buarque, Alencar Furtado, Orlando Villas-Boas, Audálio Dantas, Edgar da Mata Machado e Fernando Henrique Cardoso.


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Matizes, a poesia de Luís Vaz de Camões, a literatura de Jean de La Fontaine, O cartesianismo científico de Paulo Cesar Sandler, A lenda do Cavalo sem cabeça de Luís da Câmara Cascudo, Hécuba de Eurípedes, a música de Villa-Lobos & Celine Imbert, Clítia & a escultura de Hiram Powers, a arte de Esther Góes, o cinema de Woody Allen, Tiradas do Doro, a pintura de Hans Hassenteufel & Gustave Courbet aqui.
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