A DOR DE FANNI – Era ela uma
jovem entre sete irmãos de uma família judia camponesa. Precocemente tornou-se
revolucionária política aliando-se aos socialistas, tornando-se militante do
partido. Não demorou muito e a primeira prisão ocorreu aos 16 anos de idade,
por envolver-se com um atentado terrorista em Kiev, enviada para um campo de
prisioneiros de trabalhos forçados, a katorga. Dez anos depois foi libertada
com a revolução que derrubou o governo imperial. Conflitos entre
revolucionários e bolcheviques, levaram-na a se desiludir com o líder, por
conta da dissolução da Assembleia Constituinte, uma medida soviética
autoritária pela forte intriga entre as facções. A maioria dos partidos foram
proibidos por conta da oposição ao Tratado de Brest-Litovski. Decidiu-se então
por se vingar e assassinar o traidor da revolução. E ao abordá-lo depois de um
discurso na saída de uma fábrica de Moscou, desferiu três tiros ferindo-o
gravemente. Deu-se então a perseguição implacável aos oponentes. Foi capturada,
presa e, poucos dias depois, foi levada às mãos da Cheka, para ser interrogada:
assumiu sozinha a autoria do atentado. Foi sentenciada à morte por fuzilamento.
Daí, 4 dias depois do atentado, juntamente com outros tantos acusados oponentes,
foi executada sem julgamento. Veja mais abaixo e mais aqui & aqui.
DITOS &
DESDITOS - Meu nome é Fanya Kaplan. Hoje
eu desafiei Lenin. Eu fiz isso sozinho. Certamente não vou dizer de quem obtive
meu revólver. Não darei nenhuma informação. Eu tinha concordado em matar Lenin
há muito tempo. Eu o considero um traidor da Revolução. Fui expulso do Akatui
por participar de um esforço de assassinato contra um oficial czarista em Kiev.
Eu trabalhei duro durante 11 anos. Depois da Revolução, fui libertado. Eu era a
favor da Assembleia Constituinte e ainda sou a favor dela. Depoimento da revolucionária russa Fanni Kaplan (Fanni
Yefimovna Kaplan – 1890-1918),
que
tentou assassinar Lenin em 1918.
ALGUÉM FALOU: Como eu
poderia ter chegado aqui? Eu vou te contar rapidamente. Momento a momento...
Pensamento da escritora e jornalista espanhola Maruja Torres (Maria Dolors Torres Manzanera), que em seu livro Mujer en guerra. Más másters da la vida (Suma de Letras, 2000) ela expressou: [...]
A reportagem foi enfraquecida, suplantada pelo espetáculo. Os diários Eles
imitavam a televisão, o pior da televisão, o sensacionalismo. O leitor se
tornaria público e depois um cliente... Fiquei aquém, naturalmente. Eu não
tinha ideia do que estava por vir. Nenhum nós tivemos isso [...] As frases mais
detestáveis e perigosas que um chefe pode dizer no jornalismo: “O que o público quer…” Até onde eu sei, o jornalismo Ela existe para contar o
que está acontecendo, quer o público, seu destinatário, goste ou não. Ou seja:
informar. A grandeza do jornalismo é informar apesar da autoridade; mas também
fazê-lo mesmo que isso possa causar-lhe trazer impopularidade entre sua
clientela [...] O relatório
que fiz na África do Sul […] a primeira parte fala sobre a brancos, e como
eles se convenceram de sua superioridade racial através de sutis mecanismos
messiânico-paternalistas, para encobrir o que que nada mais era do que pura e
simples exploração econômica [...] Quero insistir que não devemos culpar
apenas os empresários e gestores. da tendência atual do jornalismo se tornar um
espetáculo; ter lutar para sobreviver em um mundo confuso onde a competição
ficou selvagem. Quero enfatizar que é responsabilidade do jornalista mantém a
dignidade do seu produto. É desanimador que pessoas que conseguiram desafiar a
censura mais forte, não sejam tão faça o mesmo com o mercado sacrossanto [...]
Daquela guerra perdida pela informação surgiu uma forma tão pouco dissidente
como a realidade que reflete: um jornalismo que raramente questiona os
estereótipos, raramente questiona os confiabilidade das fontes... e que ele
aceita como um fato do qual não há a necessidade de bajular e estimular o
leitor retorna, hoje convertido em cliente, para aumentar o consumo do produto
[...]. A respeito da obra ela
expressa que: [...] é a história de como cheguei até aqui fugindo da mulher
que queriam que eu fosse. Minha companheira, meu amor, minha amiga, minha
professora e minha juíza ao longo desta aventura se chama Jornalismo. Ele me
deu países, conflitos, guerras, choques, perdas e, sobretudo, encontros. Tantos
ensaios, tantas experiências que não consigo nem enumerá-los neste pequeno
texto [...]. Ela é autora de obras tais como: Como una gota
(1995), Un calor tan cercano (1998), Mientras vivimos (2000), Hombres
de lluvia (2004), La amante en guerra (2007) e Esperadme en el
cielo (2009). Veja mais aquí.





