SANHA – Estava eu na segunda metade dos anos
1980, quando compus a música Sanha.
Música e letra saíram duma vez, após assistir um festival de filmes do cineasta
grego Costa-Gavras e a leitura do poema Os homens ocos, de T. S. Eliot. Eram
tempos difíceis e de redemocratização. Não conseguia conciliar a rudeza dos que
se instalaram no poder abusando da repressão e desumanidade, com os meus sonhos
libertários de um mundo melhor paratodos. A canção – música e letra – saíram porque
eu sangrava a dor de ver a liberdade adiada e sempre preterida. A letra da
música fiz constar na parte das canções do meu livro Primeira Reunião (Bagaço, 1992). Já por volta de 1996, eu empunhava
o violão a cantá-la, quando o saudoso cantor Auri Viola ouviu e pediu para
gravá-la. Anos depois, realmente, ele gravou com um belo arranjo que me fez
inseri-la no meu show Tataritaritatá.
Veja mais aqui, aqui e aqui. E veja mais dicas de livros & artes aqui & aqui.
Imagem do pintor francês Jean-Hippolyte Flandrin (1809-1864)
Ouvindo: Sheherazade, do compositor russo Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908), com a Philadelphia Orchestra, conducit Leopoldo Stokowski.
NATUREZA E CARÁTER DO HOMEM – O livro Análise do Homem (Zahar, 1978), do psicanalista, filósofo e sociólogo
alemão Erich Fromm (1900-1980), trata
sobre a ética humanista, a ciência aplicada da arte de viver, a natureza e
caráter do homem, a personalidade, a orientação receptiva, orientação
exploratória, orientação acumulativa, orientação mercantil, orientação
produtiva, o prazer e a felicidade, o problema moral de hoje, entre outros
assuntos. Da obra destaco: [...] O homem
é o mais inerme dos animais, mas essa mesma debilidade biológica é a base de
sua força, a causa principal do desenvolvimento de suas qualidades
especificamente humanos. [...] Tendo
consciência de si mesmo, percebe sua impotência e as limitações de sua
existência. Ele visualiza seu próprio fim: a morte. Nunca se vê livre da
dicotomia de sua existência: não pode livrar-se de sua morte, mesmo que o
quisesse; não pode livrar-se de seu corpo, enquanto estiver vivi – e seu corpo
faz com que ele queira estar vivo. [...] O homem é sozinho e, ao mesmo tempo, relacionado com outros. Ele é
sozinho por ser uma entidade original, não-idêntica a outrem, e cônscio do próprio
eu como uma entidade independente. Ele tem de ficar sozinho quando precisa
julgar, ou tomar decisões exclusivamente baseado no poder seu raciocínio. E, no
entanto, ele não suporta ficar sozinho, desligado de seus semelhantes. Sua felicidade
depende da solidariedade que sente com os outros homens, com as gerações
passadas e futuras. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
A MULHER QUE ESCREVEU A
BÍBLIA – O romance A mulher que escreveu a Bíblia
(Companhia das Letras, 1999), do escritor e médico gaúcho Moacyr Scliar (1927-2011) é uma deliciosa obra de ser lida. Do
livro destaco: Salomão esperava-me,
reclinado no largo leito. Foi infinitamente gentil comigo: fez com que eu me
deitasse a seu lado, acariciou-me, perguntou-me o que eu esperava dele. Na verdade,
eu queria que me deixasse dormir, mas jamais formularia um pedido tão
extravagante. Por isso: - Tua boca cubra-me de beijos – eu disse, mas um tanto
receosa: funcionaria a fórmula mágica? Não estaria eu correndo o risco de uma
nova decepção? A formula mágica funcionou. Deus, funcionou mesmo. O cara era
bom de cama; e eu, estreando, não me saí mal. Meu ventre era como uma taça, e
dessa taça ele sorveu, abundante, o vinho da paixão. Não foi a prosaica noite
de núpcias que eu esperava: foi uma celebração, um verdadeiro banquete de sexo,
todas as posições, todas as variações sendo experimentada. De zero a dez, nota
oito, com desconto dado por minha modéstia. Levantei-me de madrugada. Ele dormia
ainda, sonhando – com quê, eu nunca descobriria, e nem queria saber: preferia o
mistério. Beijei-o pela última vez e saí. Caminhei sem ruídos pelos corredores,
cheguei ao jardim. De seus abrigos, fitavam-me os pombos. Sem dificuldade,
pulei o muro do palácio. Corri pelas ruas da cidade adormecida, em direção ao
sul, ao deserto. Ia atrás de um certo pastorzinho. Se me apressasse, poderia encontra-lo
em dois ou três dias. À altura de certa montanha. E de suas enigmáticas, mas
promissoras, cavernas. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
CANÇÃO DO MEU SONHO ERRANTE – No livro Chuva de Pedra (José Olympio, 1974), do poeta, jornalista, advogado
e pintor brasileiro Menotti Del Picchia
(1892-1988), destaco o belíssimo poema Canção
do meu sonho errante: Eu tenho a alma
errante / e vago na terra a sonhar maravilhas... / não paro um momento! / Eu
busco inquieto o meu sonho inconstante / e sou como as asas, as velas, as
quilhas, / as nuvens, o vento... / Eu sou como as coisas inquietas: o veio /
que canta na leira; a fumaça que voa / na espira que sobe das achas: o anseio /
dos longos coqueiros esguios; / a esteira de prata que deixa uma proa / no
espelho dos rios. / Eu tenho a alma errante... / Boêmio, o meu sonho procura a
carícia / fugace, procura / a gloria mendaz e preclara. / Sou como a vela fenícia
/ ao largo, uma vela distante.../ Eu tenho a alma errante... / E sinto uma
estranha delícia / em tudo que passa e não dura, / em tudo que foge e não para...
Veja mais aqui, aqui e aqui.
YUME – O filme japonês Yume (Sonhos, 1990) do cineasta Akira Kurosawa (1910-1998), reúne uma série de histórias que são
baseadas em seus sonhos nos mais diferentes momentos de sua vida: um raio de
sol através da chuva, o jardim das pessegueiras, a tempestade, o túnel, corvos,
Monte Fuji em vermelho, o demônio que chora e o vilarejo dos moinhos.
Maravilhoso e imperdível. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Veja mais sobre:
O nome da rua, a pintura de Alfredo Volpi, a música de Air &Alessandro
Baricco, a arte de Xue Yanqun & Poemiudinho aqui.
E mais:
O queijo e os vermes de Carlo Ginzburg, O
cortiço de Aluísio de Azevedo, a música de Arrigo Barnabé & banda Sabor de
Veneno, a poesia & arte de Mano Melo, a arte de Ítala Nandi, a pintura de
Otto Lingner, Acontece Curitiba & Claudia Cozzella, a fotografia de Robert
Doisneau & Programa Tataritaritatá aqui.
Atos ilícitos & excludentes de
ilicitude aqui.
A poesia de Raymundo Alves de Souza
aqui.
A mulher fenícia & a cura do inhame
aqui.
Felicidade de Eduardo Giannetti, Amores
& arte de amar de Ovídio, Taras Bulba de Nikolai Gógol, Diana/Ártemis, a
música de Xangai, a escultura de Jean Antoine Houdon, a gravura de Agostino
Carracci, o cinema de Bob Rafelson & Theresa Russel aqui.
Jacques Lacan & Slavoz Žižek, o
teatro de Peter Brook, a música de Modest Mussorgsky, o cinema de Charlotte
Dubreuil & Marie-Christine Barrault, a fotografia de Tan Ngiap Heng & a
poesia de Cicero Melo aqui.
As águas de Alvoradinha, A semente da mostarda de Bhagwan Shree
Rajneesh, a literatura de Milan Kundera, a poesia de John Keats, o
Texto/contexto de Anatol Rosenfeld, a música de Jorge Ben-Jor, O amor de
Endimião & Selene, o cinema de Philip Kaufman & Lena Olin, a pintura de
Anthony van Dyck, A viola emprenhada de Teco Seade, a literatura infantil de
Socorro Cunha & Maria Mulher de João Lins aqui.
O equilíbrio mortevida do malabarista, a poesia de Vladimir Maiakovski, William Blake, Dante
Alighieri, a entrevista de Silviane Bellato, A gaia ciência de Friedrich
Nietzsche, Educação de Antonio Dias Nascimento & Tânia Maria Hetkowski, a
pintura de José Manuel Merello & Camila Soato & Victoria Soyanova, a
dança de Svetlana Zakharova, Teatro de Anônimo, Billion
Dollar Crop, a música de Nádia Figueiredo & as bossalidade da
Nega besta aqui.
Todo dia é dia da criança, A formação social da mente de Lev Vygotsky, Escritas das
crianças de Paulo Freire, Os jogos infantis de Eliza Santa Roza, Paracoera de
Lauro Palhano, O futuro das crianças de Clara
Bellar, a escultura de Protásio de Morais & Dona
Irinéia, a xilogravura de Amaro Francisco, a arte naif
de Ronaldo Mendes, a entrevista da professora Rachel Lucena,
Cordel na Escola, Galeria do Dim, O lobisomem zonzo & Luciah Lopez
aqui.
O que tiver de ser, será, A sociedade dos indivíduos de Norbert Elias, a música de
Lola Astanova, Caminhos da transdisciplinaridade Maria Lúcia Rodrigues, a
escultura de Zhang Yaxi, A morte como efeito colateral de Ana Maria Shua,
Teatro Tá na Rua, o cinema de Cristoph Stark &
Lavínia Wilson, a entrevista de Clara Redig, Brincar para aprender, a
gravura de Gustav Klimt, a pintura de Mino Lo Savio & Pavlos Samios, a
dança de Nadja Sadakova & A sedução da serpente aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora Tataritaritatá!
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.