CRÔNICA DE AMOR POR ELA – Tudo começou quando por volta de 1998
escrevi o poema em prosa Crônica de amor por ela, para um dos números do tabloide Nascente – Publicação Lítero-Cultural, que editei entre os anos
1997/1999. Em 2002, surgiu a ideia de criar o blog com o nome do poema. E,
partir daí, no período compreendido entre 2002/2008, escrevi o livro
(disponível apenas sob encomenda em edição limitada e capa dura), que foi
transformado em show em 2010. Ao mesmo tempo, ao longo desses anos, realizei
uma pesquisa, publicando o resultado disso no blog. Foi, então, que veio a
ideia da Trajetória da Mulher na Humanidade e, junto, a campanha Todo Dia é Dia da Mulher, que ganhou a adesão da querida poeta e radialista
Meimei Corrêa e incorporada ao Projeto MCLAM. Veja detalhes aqui, aqui e aqui.
Imagem do pintor espanhol Antonio Maria Esquivel (1806-1857)
Ouvindo Sager sometimes late at night (1981) da compositora estadunidense Carole Bayer Sager.
A POESIA DA ILHA DE LESBOS – Imagem: Safo, do artista plástico italiano Andrea Gastaldi (1826 –1889). - A poeta grega Safo (séc. VII-VI aC), considerada a décima musa pelo respeito que
sempre lhe dedicaram é autora desse poema O amor: O
Amor agita meu espírito / como se fosse um vendaval / a desabar sobre os
carvalhos. Também dela esse poema Ciúme: Parece-me igual aos deuses / o homem que, diante de ti e próximo, / escuta
a tua doce voz e o teu / riso amorável. Isso faz-me / tumultuar o coração no
peito. Na verdade,/ basta-me ver-te para que / a voz me falte, a língua / se me
fenda e um repentino / fogo subtil alastre / sob a minha pele, os olhos / se me
escureçam, os ouvidos / me zumbam, o suor / me inunde, um arrepio / me percorra
toda. Fico / mais verde do que a erva. Sinto / que vou morrer. / Mas tudo é
suportável, desde que humilde. Mais dois dos seus poemas traduzidos por Haroldo de Campos: 1 - Em torno a Silene esplêndida / os astros
/ recolhem sua forma lúcida / quando plena ela mais resplende / alta / argêntea
/ 2 - morto o doce Adônis / e agora, / Citereia, / que nos resta? / lacerai os
seios, / donzelas, / dilacerais as túnicas. Veja mais aqui e aqui.
ANDRÔMACA & AS TROIANAS – Imagem: Andrómaca, por José Vilches, 1853. Paseo de Recoletos. Madrid - Na peça As troianas (W. M. Jackson Inc, 1950), do poeta trágico e um dos
três maiores expoentes da tragédia grega clássica Eurípedes (480aC-406aC),
encontro a personagem Andrômaca. A
trama mostra o destino das mulheres que estão sevadas para a Grécia como
amantes ou escravas após o famoso estratagema do cavalo de Troia, invadindo e
tomando a cidade e seus guerreiros, mortos ou aprisionados. Hécuba, a
ex-rainha, já na velhice se verá escrava; Cassandra, tomada pelo chefe
Agamenon, tem o dom da profecia e sabe que, ao chegarem a sua terra, serão
ambos assassinados; Andrômaca, viúva de Heitor, guerreiro-mor de Troia, se
tornará mulher de Neoptólemo, filho de Aquiles. É dela a fala a seguir: Todos os bens imagináveis que dão valor à
mulher eu me empenhava em praticar no lar de Heitor. De inicio, há lugares que
uma esposa, embora procedendo bem, só por frequentar merece a acusação de não
se dedicar à casa. Longe de procurar lugares deste topo, eu ficava no lar e
tinha mil cuidados para impedir que transpusesse suas portas a vil maledicência
própria das mulheres. [...] Uma boca
silenciosa e um rosto sempre sereno eis o que eu oferecia a meu esposo. Eu
tinha a intuição de que quando me era licito vencê-lo, ou, ao contrário,
ceder-lhe a vitória. Assim a fama de meu nome chegou aos aqueus em seu
acampamento. E isto me perdeu. Quando me capturaram o filho de Aquiles mandou
buscar-me para sua companheira. Serei serva até morrer na própria casa dos
assassinos de meus entes queridos. Quando mal posso, por momentos, afastar do
pensamento a imagem querida de Heitor como conseguirá abrir o coração ao esposo
de hoje sem me sentir covarde e traidora do esposo morto? Mas se guardo intacto
o amor que lhe dedicava provocarei a ira do homem que hoje me tem. Dizem que a
aversão de uma mulher por outro homem em uma noite pode desfazer-se. Mas
abominada para sempre deve ser a que, infiel a seu primeiro esposo, aceita um
outro homem e lhe dedica amor! Veja mais aqui.
O ESPELHO EM QUE OS ROSTOS SE DIVIDEM – No livro Feminino/Masculino no imaginário de
diferentes épocas (Bertrand Brasil, 1998), organizado pela socióloga Eloá
Jacobina e pela escritora, dramaturga e pesquisadora Maria Helena Khüner. E desta última, no volume se encontra o texto O espelho em que os rostos se dividem, o
qual destaco o trecho: [...] Ora, nela vê
deusas doadoras, protetoras e propiciadoras, como as divindades que representam
a terra fecunda e as águas fertilizantes, Cibele, Deméter, Rea, Gê, Isis,
Miriam, Maya, Shing-Moo, todas as faces de Aditi, a Grande Mãe (dos Vedas) e
ligadas aos simbolismos do leite, dos pomos, dos alimentos terrestres. Mas logo
surge sob forma de deusas maléficas, pressionantes, dominadoras, Eríneas,
Parcas, Moiras, Harpas, que o ameaçam com o extermínio ou a possível involução
em seu corpo de água e terra (os frequentes mitos de engolimento). E essa
natureza cifrada, misteriosa, desafia o ser humano com seus enigmas: decifra-me
ou te devoro, lhe diz a Esfinge. A Esfinge – atente-se para sua imagem, já que
é significativa – tem rosto de mulher, corpo de leão e asas de águia. Diante
dela, sem saber como se situar/responder, ele tem medo de ser vitima da ilusão:
pois iludir (iludere < in-ludere) pode ser um jogo, uma brincadeira,
artimanha lúdica com que ela envolve o pequeno homem para torna-lo joguete seu;
jogo, portanto, capaz de prejudicar ou danificar – sentido segundo que o
próprio termo adquire. Veja mais aqui.
ÍSIS SEM VÉUS – A obra composta de quatro volumes Isis sem véus (Isis Unveiled:
A Master-Key to the Mysteries of Ancient and Modern Science and Theology, 1877), da escritora e ocultista russa Elena
Petrovna Blavatskaya, mais conhecida como Helena Blavatsky ou Madame Blavatsky
(1931-1891), é uma coleção de filosofia esotérica inserido no seu movimento
teosófico, tratando da natureza, filosofia oculta, filosofia perene, neoplatonismo
emancipacionista cosmológico, forças elementais, fenômenos psíquicos, o homem
interior e exterior, teologia, a prisca teologia, religião-sabedoria, filosofia
hermética, a escritura cristã e as religiões orientais, o budismo, o hinduísmo,
os Vedas, o Zoroastrismo, infalibilidade da ciência moderna, ciência oculta,
forças ocultas e desconhecidas, as teorias de Darwin, entre outros
interessantíssimos assuntos. Da obra destaco esse fragmento: Fiz apenas um ramalhete de flores do
Oriente, e não acrescentei nada meu senão o laço que as amarra. Algum dos meus
amigos poderá dizer que não paguei todo o preço por esse laço? Veja mais aqui, aqui e aqui.
QUARENTA GRAUS DE FEBRE – A poeta estadunidense Sylvia Plath (1932-1963) reúne em seus poemas a dor e a morte,
imagística tensa, contida e simbólica, culminando com o encantamento. Ela é
autora das obras poéticas The Colossus (1962) e Ariel (1965), e do romance
autobiográfico A redoma de Vidro, com o pseudônimo Victoria Lucas. Destaco o
seu Quarenta graus de febre,
recolhida da antologia Quigumbo (Escrita, 1980): Pura? Que vem a ser isso? / As línguas do inferno / São baças, baças
como as tríplices / Línguas do apático, gordo Cérbero / Que arqueja junto à
entrada. Incapaz / De lamber limpamente / O febril tendão, o pecado, o pecado. /
Crepita a chama. / O indelével aroma / De espevitada vela! / Amor, amor,
escassa a fumaça / Rola de mim como a echarpe de Isadora, e temo / Que uma das
bandas venha a prender-se na roda. / A amarela e morosa fumaça / Faz o seu
próprio elemento. Não irá alto / Mas rolará em redor do globo / A asfixiar o
idoso e o humilde, / O frágil / E delicado bebê no seu berço, / A lívida
orquídea / Suspensa do seu jardim suspenso no ar, / Diabólico leopardo! / A
radiação faz que ela embranqueça / E a extingue em uma hora. / Engordurar os
corpos dos adúlteros / Tal qual as cinzas de Hiroshima e corroê-los. / O
pecado. O pecado. / Querido, a noite inteira / Eu passei oscilando, morta,
viva, morta, viva. / Os lençóis opressivos como beijos de um devasso. / Três
dias. Três noites. / água de limão, canja / Aguada, enjoa-me. / Sou por demais
pura para ti ou para alguém. / Teu corpo / Magoa-me como o mundo magoa Deus.
Sou uma lanterna - / Minha cabeça uma lua / De papel japonês, minha pele de
ouro laminado / Infinitamente delicada e infinitamente dispendiosa. / Não te
assombra meu coração. E minha luz. / Eu sou, toda eu, uma enorme camélia / Esbraseada
e a ir e vir, em rubros jorros. / Creio que vou subir, / Creio que posso ir bem
alto - / As contas de metal ardente voam, e eu, amor, eu / Sou uma virgem pura /
De acetileno / Acompanhada de rosas, / De beijos, de querubins, / Do que venham
a ser essas coisas rosadas. / Não tu, nem ele / Não ele, nem ele / (Eu toda a
dissolver-me, anágua de puta velha) - / Ao Paraíso. Veja mais aqui, aqui e aqui.
MULHERES NO MUNDO - O trabalho desenvolvido pela querida poeta
e radialista Meimei Corrêa, no seu
blog Baú de Ilusões: o amor leva à vida,
envolve desde a sua produção literária e de difusão geral, como também a
articulação de sua laboriosa atividade profissional com a sua dedicação pela
busca do entendimento do papel da mulher na sociedade. Fruto disso é o seu
trabalho de pesquisa e de divulgação acerca da temática Mulheres no Mundo que se encontra ligado ao desenvolvimento da
campanha Todo dia é dia da mulher.
Confira detalhes aqui.
MARIA BONITA & BAILE PERFUMADO – A baiana Maria Bonita (Maria Gomes de Oliveira –
1911-1938), foi a primeira mulher cangaceira, companheira de Virgulino Ferreira
da Silva – o Lampião, o Rei do Cangaço -, ambos assassinados na emboscada da Grota
de Angicos, em Poço Redondo, Sergipe. Há uma considerável literatura tratando
sobre o casal, merecendo, porém, destaque para o filme Baile Perfumado (1996),
dirigido por Lirio Ferreira e Paulo Caldas, no qual a atriz Zuleica interpreta
Maria Bonita. O filme narra a história do envolvimento do mascate libanês Benjamin
Abrahão com o bando de Lampião no sertão brasileiro. Imperdível. Veja mais
aqui.
Veja mais sobre:
De heróis, mitos & o escambau, Alphonse Eugène
Felix Lecadre & Aldemir Martins aqui.
E mais:
Literatura Infantil, Tiquê, Leviatã &
Thomas Hobbes, Constantin Stanislavski, Hermann Hesse, Lee Ritenour, Krzysztof
Kieslowski, Jean-Honoré Fragonard, Juliette Binoche, Bette Davis & Alexey
Tarasovich Markov aqui.
Simone Weil, Simone de Beauvoir, Emma Goldman, Clara Lemlich, Alexandra Kollontai,
Clara Zetkin & Tereza Costa Rego aqui.
Pablo Picasso, Fernanda Seno, Karl
Jaspers, Händel, Tom Wesselmann, Eva Green, Demi Moore & Soninha Porto aqui.
Cecília Meireles, Jean-Luc Godard,
Psicologia & Consciência & Pedrinho Guareschi, Pablo Milanés, Bertha
Lutz & Sufrágio Feminino, Juliette Binoche e Myriem Roussel, Johan
Christian Dahl, Costinha & Programa Tataritaritatá aqui.
Murilo Mendes, Renoir, George Harrison,
António Damásio, Benedetto Croce, Bigas Luna, Mathilda May & Joyce
Cavalccante aqui.
Caríssimos ouvintes, a voz ao coração, Bernhard Hoetger, Aleksandr Rodchenko
& Fremont Solstice Parade aqui.
Carpe diem, mutatis mutandis!, Endecha, Nikolai Roerich, Antonella Fabiani & Leon Zernitsky aqui.
Cada qual seus pecados ocultos, Nênia de Abril, Lisbeth Hummel, Sérgio Campos & Antes
que os nossos filhos denunciem o luto secular de seus abris aqui.
Sinfonias de bar, Vincent van Gogh, Ingmar Bergman, Annie Veitch, Kerri Blackman & Apesar dos pesares, a vida
prossegue... aqui.
Errâncias de quem ama, promessas da
paixão,
Richard Strauss
& Leonie Rysanek, A lenda Bororo de origem das estrelas, Sonia Ebling de
Kermoal & Dorothy Lafriner Bucket aqui.
A ponte entre quem ama e a plenitude do
amor, Murilo Rubião, Anneke van Giersbergen,
Wäinö Aaltonen, Eduardo Kobra, Ramón Casas, Manuel Colombo & Fátima Jambo aqui.
Legalidade sob suspeita, Anna Moffo, Viola Spolin, Reisha Perlmutter, Floriano de
Araújo Teixeira & Moína Lima aqui.
Os seus versos, danças & cantos do
cacrequin,
Jasmine Guy, Renata
Domagalska, Lívia Perez, Luciah Lopez & Vera Lúcia Regina aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.