sexta-feira, março 06, 2015

JODY WILLIAMS, ELIZABETH BARRETT BROWNING, LOUISE FITZHUGH & FOOLYK DE DESFONTAINES

 


FOOLYK... – Vivo misturando sonhos e realidade o tempo todo. Vixi! Coisa de louco, mesmo. Certa feita me vi perseguindo a sorte do tolo: pelas Ilhas Vizinhas da Terra do Fogo. Como fui parar ali, confesso: não sei. E me vi numa delas: a do povo que se dizia descendentes do antigo poeta Herosom, aquele que era o filho do Sol e da Lua. Era a Ilha dos Poetas, Foollyk. Diziam ser ali o paraíso e, evidentemente, logo constatei: havia tempo para que pudesse ler livros, a cidade toda era uma biblioteca. Sentia-me em casa. Não haveria lugar melhor para sobreviver. Mergulhei nas leituras e logo soube que a localidade fora descoberta pelo capitão do mar Fernão de Magalhães e que fora mapeada por um certo abade Desfontaines, em 1730. Logo percebi que os habitantes, apesar de leitores eram muito pobres, como também muito risíveis. Contavam mais histórias que as tantas das mil e umas noites. Conheci até uma autêntica Scheherazade e dela me enamorei. Não lembro qual o verdadeiro nome dela, só a tratava pelo apelido que lhe dei como contadora árabe. Até que um dia me contou do tal mapeador que era um jornalista e historiador francês e que vivia às voltas com desavenças com o filósofo Voltaire. Mesmo? Antes eram muito amigos e um havia ajudado ao outro quando, acusado de sodomita, o abade foi preso e, depois, o mesmo ajudou o filósofo a retornar à Paris após seu exílio. Porém, as escaramuças entre ambos começaram em razão do abade ser professor de retórica que se dedicava às letras no combate ao pedantismo, criticando acidamente as obras dramáticas do filósofo. Por sua vez, Voltaire não se fez de rogado e retrucou com uma peculiar sátira de 1738, intitulada O contraveneno, ou crítica sobre Observações da escrita moderna. A resposta do abade veio de pronto e no mesmo ano, num curtíssimo escrito satírico, cujo título era La Voltairomanie, no qual compilou todas as escandalosas anedotas difamatórias contra o seu agora algoz. O filósofo impetrou uma ação por difamação, que só desistiu depois que o professor repudiou a obra no Amsterdam Gazette, em 1739. Mesmo assim, o ataque mútuo perdurou por vários anos, perpetuando-se em epigramas voltaireanos, como em outros tantos escritos pelo aliado do filósofo, Alexis Piron, que levava todas as manhãs – pelo período de 52 dias - epigramas de desacato ao abade. Ali ouvindo-a, para mim, o lugar parecia uma invenção. Era mesmo: foi inventado de fato pelo abade Pierre François Guyot-Desfontaines (1685-1745), em 1730, quando este publicou um romance chamado Le Nouveau Gulliver. Hoje nem sei se foi sonho ou viagem de verdade. Só lembro da Scheherazade argentina, muito linda, por sinal. Veja mais aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Se você realmente quer fazer uma mudança, levante-se e faça. Preocupar-se com um problema não é uma estratégia para mudança. Militaristas dizem que para ganhar paz devemos nos preparar para a guerra. Acho que obtemos aquilo para o qual nos preparamos. Se queremos um mundo onde a paz seja valorizada, devemos nos ensinar a acreditar que a paz não é uma "visão utópica", mas uma responsabilidade real que deve ser trabalhada a cada dia, de pequenas e grandes maneiras. Qualquer um de nós pode contribuir para construir um mundo onde a paz e a justiça prevaleçam. O que considero paz é uma paz sustentável na qual a maioria das pessoas neste planeta tem acesso a recursos suficientes para viver vidas dignas. Pensamento da professora e ativista estadunidense Jody Williams, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 1997. Veja mais aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Acho que é isso que está errado com o mundo. Ninguém diz o que sente, eles sempre guardam isso para si. Eles estão tristes, mas não choram. Eles estão felizes, mas não dançam ou cantam. Eles estão com raiva, mas não gritam. Porque se o fizerem, eles se sentem envergonhados. E esse é o pior sentimento do mundo. Então todos andam de cabeça baixa e ninguém vê o quão bonito o céu é... Sabe de uma coisa? Você é um indivíduo, e isso deixa as pessoas nervosas. E vai continuar deixando as pessoas nervosas pelo resto da sua vida... A vida é uma luta e um bom espião entra nela e luta... Pensamento da escritora e ilustradora estadunidense Louise Fitzhugh (1928-1974). Veja mais aqui e aqui.

 

CEM ANOS DE SOLIDÃO –Leitura obrigatória para quem milita na área de literatura, são as obras do escritor, jornalista e ativista político colombiano Prêmio Nobel de Literatura de 1982, Gabriel García Marquez. Entre elas destaco o extraordinário romance Cem anos de solidão (Record, 1985), que conta a história da formação e desenvolvimento familiar dos Arcadios Buendía, por meio de um estilo caracterizado como realismo fantástico. Do livro destaco os fragmentos: [...] O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome a para mencioná-las se precisava apontar com o dedo [...] a morte o seguia por todas as partes, farejando-lhe as calças, mas sem se decidir a dar o bote final. Era um fugitivo de quantas pragas e catástrofes haviam flagelado o gênero humano [...] Logo que José Arcadio Buendía fechou a porta do quarto, o estampido de um tiro retumbou na casa. Um fio de sangue passou por debaixo da porta, atravessou a sala, saiu para rua, seguiu reto pelas calçadas irregulares, desceu degraus e subiu pequenos muros, passou de largo pela Rua dos Turcos, dobrou uma esquina à direta e outra à esquerda, virou em ângulo reto diante da casa dos Buendía, passou por debaixo da porta fechada, atravessou a sala de visitas colado às paredes para não manchar os tapetes, continuou pela outra sala, evitou em curva aberta a mesa da copa, avançou pela varanda das begônias e passou sem ser visto por debaixo da cadeira de Amaranta, que dava uma aula de Aritmética a Aureliano José, e se meteu pela despensa e apareceu na cozinha onde Úrsula se dispunha a partir trinta e seis ovos para o pão.  Veja mais aqui, aquiaqui e aqui.

Imagem A noite, do pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni – mais conhecido apenas por Michelangelo (1475-1564)

Ouvindo Flora´s Song (Narada, 2005), da cantora brasileira Flora Purim. Veja mais aqui

VYGOTSKY, O TEATRO E A CRIANÇA – Resultado da experiência de mais de seis anos de atividades envolvendo Literatura, Música e Teatro infantis em escolas da rede pública e privada de Maceió, Alagoas, desenvolveu-se o trabalho acadêmico sob a denominação Contribuição do Teatro no Desenvolvimento da Linguagem Infantil: uma abordagem acerca da teoria de Vygotsky, sob orientação da professora e psicóloga Fátima Pereira, que foi apresentado no IV Congresso Brasileiro de Psicologia: Ciência e Profissão, em 2014, na cidade São Paulo. O estudo faz uma abordagem acerca da contribuição do cientista e psicólogo russo Lev Semenovitvh Vygotsky (1896-1934) por meio da atividade artística, notadamente a atividade teatral articulada com música e literatura, para o desenvolvimento da linguagem da criança. Veja detalhes aqui, aquiaqui , aqui e  aqui.

CYRANO DE BERGERAC – A vida do escritor e duelista francês Hector Savinien de Cyrano de Bergerac (1619-1655) foi fonte inspiradora para o teatro do poeta e dramaturgo francês Edmond Rostand (1868-1918), ganhando, posteriormente, duas versões para o cinema: a primeira em 1950, pelo diretor Michael Gordeon; e a segunda, em 1990, com direção de Jean-Paul Rappeneau e com a participação premiada de melhor ator no 43º Festival de Cannes para Gérard Depardieu com a talentosa e linda atriz Anne Brochet. Desse texto destaco a cena VI do 5º Ato, num diálogo entre Roxana e Cyrano: Vós? Ao contrário: do feminino amor mendigo solitário, sem carinho de mãe, sem lágrima de irmã, temi também mais tarde o olhar da barregã. Graças! Mercê de vós, que amei despercebido, passou na minha vida a fimbria dum vestido. Veja mais aquiaqui.

COMO TE AMO? – A poeta inglesa da época vitoriana Elizabeth Barrett Browning (1806-1861) é autora dos Sonetos da Portuguesa, nos quais viveu intensa e poeticamente sua vida amorosa com o também poeta Robert Browning. Da sua obra destaco o soneto Como te amo? (Soneto XLIII) na tradução do poeta Manuel Bandeira: Amo-te quanto em largo, alto e profundo / Minh’alma alcança quando, transportada, / Sente, alongando os olhos deste mundo, / Os fins do Ser, a Graça entressonhada. / Amo-te em cada dia, hora e segundo: / À luz do Sol, na noite sossegada. / E é tão pura a paixão de que me inundo / Quanto o pudor dos que não pedem nada. / Amo-te com o doer das velhas penas; / Com sorrisos, com lágrimas de prece, / E a fé da minha infância, ingênua e forte. / Amo-te até nas coisas mais pequenas. / Por toda a vida. E, assim Deus o quiser, /Ainda mais te amarei depois da morte. Veja mais aquiaqui.


SENHORITA NINGUÉM – Quem teve a oportunidade de curtir o drama Panna Nikt (Senhorita Ninguém (1997) do cineasta polonês Andrzej Wajda, inspirado no romance homônimo de Tomek Tryzna Marysia  com música de Andrzej Korzynski, aborda o universo juvenil com suas dificuldades de amadurecimento e reunindo garotas num elenco belíssimo, com destaque para a atriz Anna Mucha. Veja mais aqui.




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