DITOS &
DESDITOS - Eu escolho fazer do resto da minha vida o melhor da minha vida... Eu
não conserto problemas. Eu conserto meu pensamento. Então os problemas se
consertam sozinhos. Sou uma pessoa capaz e consigo lidar com qualquer coisa que
surja no meu caminho. Cada dia é uma nova oportunidade. Eu escolhi fazer deste
dia um dia maravilhoso. Eu mereço o melhor e aceito o melhor agora... Ame a si
mesmo e você poderá curar sua vida. Pensamento da escritora estadunidense Louise
Hay (1926-2017). Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU: Mesmo histórias verdadeiras às vezes precisam ser
inventadas para serem contadas... Pensamento da escritora australiana indígena Waanyi, Alexis
Wright, que no seu livro Carpentaria (Giramondo, 2006),
expressa que: […] Como folhas de outono, os dias ruins caíram como se o
gênio da sala não pudesse retê-los. [...]. Já no seu livro The Swan Book (Constable, 2015), ela expressa que: […] Estamos trocando a educação paliativa por uma educação
totalmente nova, fechando as rachaduras – todos os buracos nas cercas quebradas
da política educacional australiana para os povos indígenas. Sim, eles
continuaram com a educação melhor, sabemos qual é a melhor retórica em sua
guerra contínua com o observador cético que eles continuamente acusavam de
passar isso e não passar aquilo – sempre querendo destruir o povo aborígene
como um disco ainda preso no mesmo bosque. De qualquer forma. Tanto faz. Concorde
ou não. Este foi o martelo, mesmo no governo aborígene oficialmente
reconhecido, esmagando a confiança. O martelo que derrubou os pequenos ganhos
por qualquer deslize de vigilância. O martelo defeituoso que criou escadas
fracas para o céu. [...] As pessoas contam histórias o tempo todo: as
histórias que elas querem que sejam contadas, onde qualquer história pode ser
mudada ou distorcida de uma forma ou de outra. [...] De repente, o cisne
desceu do céu, voou baixo sobre o pântano, quase tocando a água, apenas devagar
o suficiente para ter uma visão mais próxima da garota. A visão do olho frio do
cisne olhando diretamente para o dela, fez a garota se sentir exposta, caçada e
encontrada, enquanto todos aqueles que de repente pararam de comer peixe,
observavam essa grande coisa preta olhar diretamente para a única pessoa que
ninguém nunca se preocupou em olhar de perto. Sua respiração ficou AWOL
enquanto sua mente costurava fileira após fileira de preocupações para
estrangular sua respiração: O que eles estão pensando sobre mim agora? O que o
cisne tinha para me destacar e não a mais ninguém por perto? Que tipo de
premonição é essa? Pensar em bater o coração era realmente complicado para ela.
Ela se banqueteava com uma praga de exclusividade. Era sempre melhor nunca ter
que pensar sobre o que as outras pessoas pensavam dela. [...]. Entre seus
pensamentos mais destacados ela assim se expressa: Embora minha biblioteca
contenha obras de escritores de viagens, tenho procurado principalmente aqueles
que falam sobre seu próprio lugar no mundo. Mas o mundo está mudando e muitas
pessoas não têm um lugar para chamar de lar. Alguns dos tipos mais importantes
de escrita de viagem agora são histórias de fuga, escritas por pessoas que
pertencem aos milhões de requerentes de asilo no mundo. Essas são histórias que
são quase difíceis demais de contar, mas que, uma vez lidas, nunca serão
esquecidas. Algumas dessas histórias tiveram que ser contrabandeadas para fora
de centros de detenção ou foram capturadas secretamente em celulares
contrabandeados em trechos de chamadas em conexões fracas de prisões remotas e
distantes. Por que essa escrita é importante? Behrouz Boochani, um jornalista
curdo e ativista de direitos humanos que está detido na Ilha Manus há mais de
três anos sem esperança de libertação ainda à vista, coloca isso claramente em
uma mensagem ao mundo na antologia Behind the Wire. É, ele escreveu, "porque
precisamos mudar nossa imaginação".
CANTE LÁ QUE EU CANTO CÁ – No Livro Cante lá que eu canto cá –
Filosofia de um trovador nordestino (Vozes, 1984) o poeta popular, compositor,
cantor e improvisador Antônio Gonçalves da Silva, mais famoso como Patativa do Assaré (1909-2002), recolhi
o poema título que está expresso assim: Poeta, cantô de rua, / Que
na cidade nasceu, / Cante a cidade que é sua, / Que eu canto o sertão que é
meu. / Se aí você teve estudo, / Aqui, Deus me ensinou tudo, / Sem de livro
precisá / Por favô, não mêxa aqui, / Que eu também não mexo aí, / Cante lá, que
eu canto cá. / Você teve inducação, / Aprendeu munta ciença, / Mas das coisa do
sertão / Não tem boa esperiença. / Nunca fez uma paioça, / Nunca trabaiou na
roça, / Não pode conhecê bem, / Pois nesta penosa vida, / Só quem provou da
comida / Sabe o gosto que ela tem. / Pra gente cantá o sertão, / Precisa nele
morá, / Tê armoço de fejão / E a janta de mucunzá, / Vivê pobre, sem dinhêro, /
Socado dentro do mato, / De apragata currelepe, / Pisando inriba do estrepe, / Brocando
a unha-de-gato. / Você é muito ditoso, / Sabe lê, sabe escrevê, / Pois vá
cantando o seu gozo, / Que eu canto meu padecê. / Inquanto a felicidade / Você
canta na cidade, / Cá no sertão eu infrento / A fome, a dô e a misera. / Pra sê
poeta divera, / Precisa tê sofrimento. / Sua rima, inda que seja / Bordada de
prata e de ôro, / Para a gente sertaneja / É perdido este tesôro. / Com o seu
verso bem feito, / Não canta o sertão dereito, / Porque você não conhece / Nossa
vida aperreada. / E a dô só é bem cantada, / Cantada por quem padece. / Só
canta o sertão dereito, / Com tudo quanto ele tem, / Quem sempre correu
estreito, / Sem proteção de ninguém, / Coberto de precisão / Suportando a
privação / Com paciença de Jó, / Puxando o cabo da inxada, / Na quebrada e na
chapada, / Moiadinho de suó. / Amigo, não tenha quêxa, / Veja que eu tenho
razão / Em lhe dizê que não mêxa / Nas coisa do meu sertão. / Pois, se não sabe
o colega / De quá manêra se pega / Num ferro pra trabaiá, / Por favô, não mêxa
aqui, / Que eu também não mêxo aí, / Cante lá que eu canto cá. / Repare que a
minha vida / É deferente da sua. / A sua rima pulida / Nasceu no salão da rua. /
Já eu sou bem deferente, / Meu verso é como a simente / Que nasce inriba do
chão; / Não tenho estudo nem arte, / A minha rima faz parte / Das obra da
criação. / Mas porém, eu não invejo / O grande tesôro seu, / Os livro do seu
colejo, / Onde você aprendeu. / Pra gente aqui sê poeta / E fazê rima compreta,
/ Não precisa professô; / Basta vê no mês de maio, / Um poema em cada gaio / E um verso em cada fulô. / Seu verso é uma
mistura, / É um tá sarapaté, / Que quem tem pôca leitura / Lê, mais não sabe o
que é. / Tem tanta coisa incantada, / Tanta deusa, tanta fada, / Tanto mistéro
e condão / E ôtros negoço impossive. / Eu canto as coisa visive / Do meu
querido sertão. / Canto as fulô e os abróio / Com todas coisa daqui: / Pra toda
parte que eu óio / Vejo um verso se
bulí. / Se as vêz andando no vale / Atrás de curá meus male / Quero repará pra
serra / Assim que eu óio pra cima, / Vejo um divule de rima / Caindo inriba da
terra. / Mas tudo é rima rastêra / De fruita de jatobá, / De fôia de gamelêra /
E fulô de trapiá, / De canto de passarinho / E da poêra do caminho, / Quando a
ventania vem, Pois você já tá ciente: / Nossa vida é deferente / E nosso verso
também. / Repare que deferença / Iziste na vida nossa: / Inquanto eu tô na
sentença, / Trabaiando em minha roça, / Você lá no seu descanso, / Fuma o seu
cigarro mando, / Bem perfumado e sadio; / Já eu, aqui tive a sorte / De fumá
cigarro forte / Feito de paia de mio. / Você, vaidoso e facêro, / Toda vez que
qué fumá, / Tira do bôrso um isquêro / Do mais bonito metá. / Eu que não posso
com isso, / Puxo por meu artifiço / Arranjado por aqui, / Feito de chifre de
gado, / Cheio de argodão queimado, / Boa pedra e bom fuzí. / Sua vida é
divirtida / E a minha é grande pená. / Só numa parte de vida / Nóis dois samo
bem iguá: / É no dereito sagrado, / Por Jesus abençoado / Pra consolá nosso
pranto, / Conheço e não me confundo / Da coisa mió do mundo / Nóis goza do
mesmo tanto. / Eu não posso lhe invejá / Nem você invejá eu, / O que Deus lhe
deu por lá, / Aqui Deus também me deu. / Pois minha boa muié, / Me estima com
munta fé, / Me abraça, beja e qué bem / E ninguém pode negá / Que das coisa
naturá / Tem ela o que a sua tem. / Aqui findo esta verdade / Toda cheia de
razão: / Fique na sua cidade / Que eu fico no meu sertão. / Já lhe mostrei um
ispeio, / Já lhe dei grande conseio / Que você deve tomá. / Por favô, não mexa
aqui, / Que eu também não mêxo aí, / Cante lá que eu canto cá. Veja mais aqui, aqui e aqui.
Imagem Os martírios da vida – nanquin sobre papel, do artista plástico pernambucano do Modernismo brasileiro Cicero Dias (1907-2003). Veja mais aqui e aqui.
Ouvindo a obra completa para violão solo, do maestro e compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959), pelo violonista Turíbio Santos. Veja mais aqui e aqui.
PRIMEIRA REUNIÃO – O livro Primeira Reunião (Bagaço, 1992) reúne, na primeira parte, os meus livros de poesias já publicados: Para Viver o Personagem do Homem (Nordestal, 1982), A intromissão do verbo (Pirata, 1983), Raízes & Frutos (Bagaço, 1985), Canção de Terra (Bagaço, 1986) e Paixão Legendária (Bagaço, 1991). Na segunda parte reúne letras e canções, além de outros poemas avulsos. Veja detalhes aqui, aqui e aqui.
APONTAMENTO PARA UM POEMA
EM LAPÃO – No livro Pasolini, poeta (Plátano, 1978), com
apresentação e seleção de Manuel Simões, reúne poemas do escritor e cineasta
italiano Pier Paolo Pasolini
(1922-1975), entre os quais destaco Apontamento para um poema em lapão, a
seguir: Se a civilização do consumo pôs o problema da falta de espaços
verdes ou da solidão da velhice, por que é que um presidente de município
comunista se sente na obrigação de resolvê-lo? De que se trata? Da aceitação de
uma realidade fatal? E, uma vez que as coisas se apresentam deste modo, o dever
histórico é o de procurar melhorá-las através do entusiasmo comunista? O
«modelo de desenvolvimento» é o preconizado pela sociedade capitalista que está
para alcançar a máxima maturidade. Propor outros modelos de desenvolvimento significa aceitar o primeiro modelo de
desenvolvimento. Significa querer melhorá-lo, modificá-lo, corrigi-lo. Não: é
preciso não aceitar tal «modelo de desenvolvimento». E nem sequer basta rejeitar
tal «modelo de desenvolvimento». É preciso rejeitar o «desenvolvimento». Este
«desenvolvimento»: porque é um desenvolvimento capitalista. Este
parte de princípios não só errados mas também malditos. Triunfantes, pressupõem
uma sociedade melhor e portanto burguesa. Os comunistas que aceitem este
«desenvolvimento», considerando o facto que a industrialização total e a forma
de vida que daí resulta é irreversível, seriam sem dúvida realistas
colaborando, se a diagnose fosse absolutamente justa e segura. E, pelo
contrário, não é verdade - e existem já as provas - que tal «desenvolvimento»
deva continuar como começou. Há, em vez disso, a possibilidade de uma
«regressão». Cinco anos de «desenvolvimento» tornaram os italianos um povo de
nevróticos idiotas, cinco anos de miséria podem reconduzi-los à sua mísera
humanidade. E então - pelo menos os comunistas - poderão ter em conta a
experiência vivida: e visto que se deverá voltar ao princípio com um
«desenvolvimento», este «desenvolvimento» deverá ser totalmente diferente do
que tem sido. Coisa diversa do que propor novos «modelos» ao «desenvolvimento»
tal como ele é agora. Veja mais aqui, aqui e aqui.
RUBEM BRAGA NOS ESTUDOS DO
PROFESSOR JOSÉ GERALDO BATISTA
– O professor Doutor em Estudos Literários, José Geraldo Batista, tem realizado estudos acerca da obra do
escritor e jornalista Rubem Braga
(1913-1990), tendo publicado os livros Casa
dos Braga, de Rubem Braga: Retratos de uma Morte Feliz (UFJF, 2006)
abordando as similaridades e incongruências entre a arte de registrar os
instantes através da fotografia e a arte de Rubem Braga em escrever crônicas, evidenciando o caráter
fragmentário, o recorte de personagens e paisagens, as dimensões e o pendor
documentário da obra do autor; e Rubem
Braga com a FEB na Itália: Crônicas-Reportagens, Literatura da Notícia (Prismas,
2014), livro este que investiga o valor do registro histórico da obra do
cronista, apontando as marcas subjetivas do seu narrador relacionadas com a
tensão dos forros narrativos clássico, moderno e pós-moderno que se encontram
impressas já na obra desse autor, bem como a experiência e a memória pessoal.
Trata-se de duas obras importantes para se conhecer melhor a dimensão da obra
desse importantíssimo cronista e jornalista brasileiro. Veja mais aqui, aqui e aqui.
REFORMA OU REVOLUÇÃO & RÉQUIEM DE BERLIM – O
livro Reforma ou Revolução, da
filósofa e economista marxista polaco-germana, Rosa Luxemburg (1871-1919) aborda temas como método oportunista, a
adaptação do capitalismo, a realização do socialismo pelas reformas sociais, a
política alfandegária e o militarismo, consequências práticas e caráter geral
do revisionismo, o desenvolvimento econômico e o socialismo, os sindicatos, as
cooperativas, a democracia política, a conquista do poder político, a derrocada
e o oportunismo na teoria e na prática. Dele destaco: [...] A doutrina marxista não se limita a ser capaz de a
refutar teoricamente, é a única capaz de explicar esse fenômeno histórico que é
o oportunismo no interior da evolução do partido. A progressão histórica do
proletariado até à vitória não é efetivamente uma coisa muito simples. A
originalidade desse movimento reside no seguinte: pela primeira vez na
história, as massas populares decidem realizar por si mesmas a sua vontade
opondo - se a todas as classes dominantes; pela primeira vez, a realização
dessa vontade é situada para além da sociedade atual, numa ultrapassagem dessa
sociedade. A educação dessa vontade só se pode realizar numa luta permanente
contra a ordem estabelecida e no interior dessa ordem. Reunir a grande massa
popular polarizada por objetivos situados para lá da ordem estabelecida, aliar
a luta quotidiana com o projeto grandioso de uma reforma do mundo, é o problema
que se põe ao movimento socialista e que deve nortear a sua evolução e
progressão, é o cuidado em evitar dois escolhos: não deve sacrificar nem o carácter
do movimento de massa, nem o objetivo final; deve evitar simultaneamente
fechar-se numa seita e transformar-se num movimento reformista burguês; tem que
se defender, ao mesmo tempo, do anarquismo e do oportunismo. O arsenal teórico
do marxismo, desde há meio século, que nos oferece, indubitavelmente, as armas
capazes de evitar um e outro desses perigos opostos. Mas o nosso movimento é um
movimento de massa e os perigos que o ameaçam não são uma invenção de cérebros
individuais, mas produto de condições sociais; também a doutrina marxista não
podia, antecipadamente, uma vez por todas, pôr-nos ao abrigo de desvios
anarquistas e oportunistas: somente quando os desvios se traduzem na prática é
que podem ser ultrapassados pelo próprio movimento – mas exclusivamente com o
auxílio das armas fornecidas por Marx. Em 1919 ela foi presa com outros líderes para
interrogatório em Berlim, quando foi espancada e levada num jipe para ser
baleada e jogada semimorta nas águas geladas. Seu corpo só foi encontrado dias
depois e seus assassinos jamais foram condenados. Na ocasião o poeta e
dramaturgo alemão Bertolt Brecht escreveu um epitáfio poético em sua homenagem,
Réquiem de Berlim, musicado posteriormente por Kurt Weil: Aqui jaz / Rosa Luxemburgo, / judia da
Polônia, / vanguarda dos operários alemães, / morta por ordem dos opressores. /
Oprimidos, / enterrai vossas desavenças! Sua vida, luta e morte foi transforma no drama Rosa Luxemburg
(Die Geduld der Rosa Luxemburg ,1986) dirigido por Magrethe von Trotta, com a atriz
alemã Bárbara Sukowa no papel
principal, pelo qual foi premiada como melhor atriz no Festival de Cannes. Veja
mais aqui, aqui e aqui.
Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres
de Clarice Lispector aqui.
Lendas do Nordeste, Buda, Edmund Husserl,
Basílio da Gama, Freud & Bertha Pappenheim: o caso Anna O, Edmond Rostand,
Sergei Egornov, Steve Howe & Anne Brochet aqui.
Uma lembrança perdida no horizonte, Mary Qian, Inês
Dourado & Mulher da Sombrinha aqui.
Aquele torneio de chimbra& José de Almada Negreirosaqui.
Literatura de Cordel: O
romance de Sólon e Belita, de Raimundo Nonatoaqui.
A poesia de cordel de
Chico Pedrosa, Bob Motta & Jorge Filóaqui.
Aristóteles, Zimbo Trio, Giordano Bruno,
Gino Severini, Michelangelo Antonioni, Ana Lago de Luz & Ana Paula Pujol,
Teatro, Dengue & Imparcialidade do juiz aqui.
Tolinho & Bestinha: Quando o mundo
fica pequeno pros andejos de cabeça inchada aqui.
Crônica de um sequestro anunciado, Marcio Souza, Antonio Vivaldi, Piotr Ouspensky, Ronald
Searle, Adryan Lyne, Ademilde Fonseca, Inezita Barroso, Kim Basinger, A mulher
que reina & O Lobisomem Zonzo aqui.