COMO
LER LACAN – O livro Como ler Lacan
(Zahar, 2010), do sociólogo, filósofo e crítico social esloveno Slavoz Žižek,
trata acerca da psicanálise lacaniana a partir da abordagem de gestos vazio e
performativos, o sujeito interpassivo, de Che vuoif à fantasia, dificuldades com o real, ideal de eu e supereu, "Deus está morto, mas Ele não sabe",
o sujeito perverso da política, entre outros assuntos. Destaco esse trecho da
obra: [...] Talvez a maneira adequada de terminar este livro seja mencionar 0
caso de Sophia Karpai, a chefe da unidade cardiológica do hospital do Kremlin
no fim dos anos 40. Seu ato, o oposto da elevação perversa de si mesmo a um
instrumento do grande Outro, merece ser chamado de um verdadeiro ato ético no
sentido lacaniano. Seu infortúnio foi ter sido incumbida duas vezes de fazer
eletrocardiogramas em Andrei Zhdanov, em 25 de julho de 194s e novamente em 31
de julho, dias antes de ele morrer por falência cardíaca. O primeiro ECG, feito
depois que Zhdanov manifestou alguns sintomas cardíacos, foi inconclusivo (não
foi possível nem confirmar nem excluir um ataque cardíaco), ao passo que o
segundo, surpreendentemente, mostrou um quadro mais favorável (o bloqueio
intraventricular tinha desaparecido, uma clara indicação de que não havia
ataque cardíaco). Em 1951, Sophia foi presa sob a acusação de que, em conluio
com outros médicos que tratavam de Zhdanov, havia falsificado dados clínicos, apagando
as claras indicações de que um ataque cardíaco havia ocorrido, e assim
privando Zhdanov dos cuidados especiais requeridos pela vítima de um ataque
cardíaco. Após maus-tratos, incluindo surras brutais contínuas, todos os outros
médicos acusados confessaram. "Sophia Karpai, a quem seu chefe Vinogradov
havia descrito como nada mais que 'uma típica pessoa comum com a moral da
pequena burguesia', foi mantida numa cela refrigerada sem dormir para que
confessasse. Ela não 0 fez”. O impacto e o significado de sua perseverança não
podem ser superestimados: sua assinatura teria encerrado definitivamente a
causa do promotor sobre "a conspiração dos médicos", pondo
imediatamente em movimento mecanismos que, uma vez desencadeados, teriam levado
à morte de centenas de milhares de pessoas, talvez até a uma nova guerra
europeia (segundo o plano de Stálin, a "conspiração dos médicos"
pretendia demonstrar que as agências ocidentais de informação tinham tentado
assassinar altos líderes soviéticos, e assim fornecer uma desculpa para um
ataque à Europa ocidental). Karpai resistiu por tempo suficiente para que
Stálin entrasse em seu coma final, depois do que todo o caso foi imediatamente abandonado.
Seu heroísmo simples foi decisivo na série de detalhes que, "como grãos de
areia nas engrenagens da enorme máquina que havia sido posta em movimento,
evitou mais uma catástrofe na sociedade soviética e na política em geral e
salvou as vidas de milhares, se não milhões de pessoas inocentes". A
simples persistência contra todas as probabilidades é em última análise a
matéria de que a ética é feita - ou, como Samuel Beckett o expressa nas últimas
palavras da obra-prima absoluta da literatura do século XX, O inominável, uma
saga da pulsão que persevera sob o disfarce de um objeto parcial morto-vivo,
"no silêncio você não sabe, você deve continuar, eu não posso continuar,
eu continuarei". Veja mais aqui, aqui e aqui.
Imagem do premiado fotógrafo Tan Ngiap Heng
Ouvindo Pictures at an Exhibition, do compositor russo Modest Mussorgsky (1839-1881), in Grand Hall of Moscow Conservatory 1993, Russian State Symphony Orchestra, Director Valeri Polyansky.
O TEATRO E SEU ESPAÇO - O livro O teatro e seu espaço (Vozes, 1970), do diretor de teatro e cinema
britânico Peter Brook, trata do tema
do teatro sob a perspectiva do morto, do sagrado, do rustico e do imediato. Da
obra destaco o seguinte treco: À medida
que você lê este livro, ele já está ficando antiquado. É para mim um exercício,
agora congelado no papel. Mas, diferente do livro, o teatro tem uma característica
especial. É sempre possível recomeçar. Na vida isto é um mito; nunca podemos
voltar atrás em nada. Folhas novas nunca retornam, relógios nunca andam para
trás, nunca podemos ter uma segunda chance. No teatro é possível passar a
borracha e começar de novo o tempo todo. Quando somos persuadidos a acreditar
nesta verdade, então teatro e vida são uma só coisa. Este é um objetivo
elevado. Evoca um trabalho árduo. Representar exige muito trabalho. Mas quando
experimentamos o trabalho como brincadeira, então ele deixa de ser trabalho. A
play is play, uma peça é um jogo, representar é uma brincadeira. Veja mais
aqui e aqui.
A PRIMEIRA CANÇÃO DE CAIM – O poeta, ensaísta e crítico alagoano Cicero Melo é autor de diversos livros
e edita o blog Pequena Reunião Poética.
A excelência da sua poesia tem se destacado, fazendo dele um dos nomes mais
representativos da poesia contemporânea. Dele destaco o poema A primeira canção de Caim: Vendo em mim mesmo o meu contrário, / Erguer-me
as armas como um serafim. / Cansado do combate, agora agrário, / Revestindo de
sangue meu jardim, / Só quero o dormir dos condenados, / Em terra escura, junto
ao pó do irmão. / Apagados desta terra e vindimados / Por uma mão tirana e sem
paixão. / Ainda nem dormira a minha espada / Do sangue dos que ferem minha casa
/ Quando uma voz descendo de uma escada / De sangue cintilante e voz em brasa /
De pombos afogados me recordam / Os ossos dos meus medos. Meu irmão / Com
rendeiras do tempo já me bordam / Coleante e sem sombras pelo chão. / Desperto
o pesadelo, em nuvem vejo / Leviatã ascendendo desonesto, / E sempre escondido
no desejo / Da eterna maré do grande incesto / Entre deuses e homens sob vinho.
/ E vomita curvas e nos afasta / Em separados orbes e torvelinho / Do tempo que
assassina e nos arrasta. / Combato Leviatã no labirinto, / Recantos tortos
desta escura guerra. / Até que um sol de fogo, fel e absinto / Com o sangue de
Elias queime a Terra. Veja mais aqui e aqui.
MA CHÉRIE – A comédia Ma Chérie (1980) dirigido pela cineasta e escritora francesa
Charlotte Dubreuil com roteiro de Édouard Luntz, conta a história da divorciada
Joanne que direciona sua vida para a sua filha de quinze anos, Sarah. Essa
relação mãe e filha terá uma tensão mais acentuada quando sonham com uma vida
independente e nenhuma das duas vai admitir isso. Destaque para a interpretação
da atriz francesa Marie-Christine
Barrault. Veja mais aqui.
Veja mais sobre:
Uma ou outra coisa que eu sei de mim, Rio Una, Fernando Pessoa, Robert Delaunay & Anikeev Sergey aqui.
E mais:
Educação para além do capital de István
Mészarós, A origem das espécies de Charles Darwin, O ateneu de Raul Pompeia, A
música de Antonio Salieri & Montserrat Caballé, O batizado da vaca de Chico
Anysio, a escultura de Pierre Le Gros, a pintura de Robert Delaunay,
Hipermnestra & Liceu, Pedro Almodóvar & Infância, imagem e literatura:
uma experiência psicossocial aqui.
Mandonismo da paixão & a pintura de Carolyn Weltman aqui.
Educação, afetividade, transversalidade
& homossexualidade aqui.
Código de Defesa do Consumidor, Casa
Grande & Senzala de Gilberto Freyre, Ensinar aprendendo de Içami Tiba,
Papisa Joana & Johanna Wokalek, a música de Oswaldo Montenegro, a pintura
de Giovanni Battista Tiepolo & James Gillray aqui.
Fecamepa: salve Dioniso, evoé Baco, a
poesia de César Vallejo, a música de Franz Haydn & Teresa Berganza, o
teatro de Augusto Boal, a pintura de Rosa Bonheur & William-Adolphe
Bouguereau, Sabina Spielrein & Keira Knightley aqui.
Para fazer do Brasil um páis melhor tem
que começar tudo em casa, A
gaia ciência de Friedrich Nietzsche, Incidentes em Antares de Érico Veríssimo,
Cidade do amanhã de Peter Hall, O desenvolvimento das cidades de Nelson Werneck
Sodré, Geração 70 de Álvaro Manuel Machado, a música de Louis Moreau Gottschalk
& Ivan Lins, a escultura de Alberto Santos & Candidato faz tudo cara de
pau na maior responsa aqui.
É preciso respeitar as diferenças, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche, a
História do Brasil de Angela de Castro Gomes, o pensamento de Bernard Stiegler,
a cidade de Marshal McLuhan, a música de Jards Macalé, a literatura de
Monica Ali, o cinema de Wong Kar-Wai & Maggie Cheung, a arte de Artur
Barrio, a fotografia de Luiz Filho & Annie Leibovitz, . A gravura de
DiMagalhães, Teatro na Rua, o cartun de Harvey Kurtzman & Canto paródia de
mim aqui.
Depois da tempestade nem sempre uma
bonança, A gaia
ciência de Friedrich Nietzsche, A poética do romance de Autran
Dourado, A ciência pós-moderna de Boaventura de Sousa Santos, o
pensamento de Gilbert Simondon, a coreografia de Hisako Horikawa, o cinema de
Júlio Bressane, a pintura de Nancy Bossert, a arte visual de Patti Smith &
Mônica Nador, o grafite de Alex Vallauri, a fotografia de Alfred Noyer, Pombas
Urbanas, a arte multimídia de Hudinilson Urbano Junior & Pra vida ofereço a
outra face aqui.
A educação por água abaixo pra farra dos
mal-educados, A ilusão jurídica de István Mészarós, A
metáfora do rizoma de Gilles Deleuze & Félix Guattari, A gaia ciência de
Friedrich Nietzsche, Serviço Social na Escola, a fotografia de Henri
Cartier-Bresson, a arte de George Segal & Eulalia Valldosera, A morte sem
nome de Santiago Nazarian, a música de Jussara Silveira, Teatro P com P, o
grafite de Crânio, o desenho de Roger de La Fresnaye & Quando Ciuço Pacaru
embarcou no maior revestrés aqui.
Judicialização do SUS: pra que saúde se
não tem nem onde cair morto,
Os objetivos da educação de Alain Touraine, A gaia ciência de Friedrich
Nietzsche, Contos de Genji de Murasaki Shibuku, A educação escolar, a música de
Hans-Joachim Koellreuter & Sérgio Villafranca, a pintura de Carlos Scliar,
a charge de Latuff, As Meninas do Conto, a escultura de João Sotero, o cinema
de Frances François Ozon, a fotografia de Eduardo Ramirez & Juan Esteves aqui.
As
proezas do Biritoaldo aqui.
História da mulher: da antiguidade ao
século XXI aqui.
Palestras: Psicologia, Direito &
Educação aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora Tataritaritatá
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
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