FECAMEPA – Desde que me entendo por gente que ouço falar em crise!
Crise disso, crise daquilo. Quando nasci logo veio o golpe militar de 64, fui
crescendo com a luta pela redemocratização do país. Veio a Constituição Federal
– e como tudo aqui é pra inglês ver, dessa vez foi pro francês, como diz o
grande Roberto Da Matta. Aí veio o bigode de Sarney, a derrocada collorida, a
solteirice de Itamar, a tentativa inseticida não vingada de Fegacê e o reino
Lulista que a gente saboreia até hoje com a Dilma. Uma trajetória e tanto, hem?
Pois bem. Mas foi com a lengalenga peessedebista do Fegacê que me deu base.
Primeiro, inspirado no Sérgio Porto/Stanislaw Ponte Preta: Festival de Besteiras
Assolando o País. Depois o vaticínio do dramaturgo Plínio Marcos: a gente vai
morrer atolado na merda. Ora, ora. Juntando isso consegui descobrir que na
verdade a gente é um Fabo – leia-se: fabricante de bosta – desde que os
portugueses chegaram aqui na cagada e atrasados no século XVI, inaugurando
mesmo um festival: o Festival de Cagadas Melando o País – Fecamepa! Um festival
que se a gente botar os olhos na história desde então, acontece até hoje.
Confira aqui.
Imagem: fotos da atriz, modelo e dançarina estadunidense Mary Louise Brooks (1906-1985) interpretando a desenhista, escritora e artista estadunidense Wanda Gág (1893-1946)
Ouvindo Adios Nonino (1999) do bandoneonista e compositor argentino Ástor Piazzolla (1921-1992).
VIDA DA MINHA VIDA – O poeta latino Torquato Tasso (1544-1595) é autor de epopeias, a exemplo de Gerusaleme liberata (1581) que expressa
o dualismo antiético do Barro que aí atinge formas quase paroxísticas,
permitindo a coexistência dos sentimentos românticos do amor e da forma
clássica de que se utilizou. É considerado um dos mais célebres poetas de toda
a literatura universal, o ultimo grande clássico, comparado a Homero, Virgilio
e Dante. O seu triste destino foi lamentado por Goethe na tragédia Torquato Tasso (1789) e por Lord Byron
no poema The Lament of Tasso (1817).
Dele destaco o poema Vida da minha vida: Vida
da minha vida, / Tu me pareces azeitona pálida, / Ou bem uma rosa esquálida, /
Mas de beleza és diva, / E em qualquer modo sempre me és querida, / Ou
anelante, ou esquiva; / E quer fujas, quer sigas, / Suavemente me destróis e
obrigas. Dele também esse magistral pensamento: O que o mundo chama de mérito e valor / são ídolos que têm apenas nome,
mas nenhuma essência. / A fama que vos encanta, vós altivos mortais, / com um
doce som, e que parece tão bela / é um eco, um sonho, melhor que um sonho, uma
sombra, / que a cada sopro de vento se dispersa e desaparece. Veja mais
aqui.
A CONFISSÃO DE SIMONE E A
MISSA DE SIR EDMOND – No
livro Historia do Olho (Cosac Naify,
2003), do escritor francês Georges
Bataille (1897-1962) estão temas como erotismo, transgressão e o sagrado,
recorrente temas de suas obras que envolvem a Literatura, Antropologia,
Filosofia, Sociologia e História da Arte. Da obra destaco o seguinte fragmento:
Não é difícil imaginar o meu espanto. Simone, atrás da cortina,
ajoelhou-se. Enquanto ela cochichava, eu aguardava com impaciência os efeitos
dessa travessura. O ser sórdido, cismava eu, pularia para fora de sua caixa,
precipitando-se sobre a sacrílega. Nada de semelhante aconteceu. Simone falava
baixinho, sem parar, diante da janelinha gradeada. Troquei com Sir Edmond alguns olhares carregados
de interrogações quando, por fim, as coisas se esclareceram. Pouco a pouco,
Simone foi acariciando a coxa, afastando as pernas. Agitava-se, mantendo apenas
um joelho no estrado. Levantou completamente o vestido enquanto prosseguia com
suas confissões. Parecia que ela se masturbava. Avancei nas pontas dos pés.
Simone realmente se masturbava, colada contra as grades, o corpo tenso, as
coxas afastadas, os dedos remexendo os pentelhos. Consegui tocá-la, minha mão
alcançou o buraco entre as nádegas. Nesse momento, ouvi-a claramente
pronunciar: - Padre, ainda não disse o pior. Seguiu-se um silencio. - O pior,
padre, é que estou me masturbando enquanto falo com o senhor. Mais alguns
segundos, agora de cochichos. Finalmente, quase em voz alta: - Se não acredita,
possa lhe mostrar. E Simone se levantou, abrindo-se diante do olho da guarita,
masturbando-se, em êxtase, com a mão segura e rápida. - E então, padreco -
berrou Simone golpeando violentamente o armário – O que é que você está fazendo
no seu barraco? Batendo punheta também? Mas o confessionário permanecia mudo. –
Então, eu vou abrir! Lá dentro, o visionário sentado, de cabeça baixa, enxugava
a testa encharcada de suar. A moça apalpou a batina: ele não reagiu. Ela arregaçou
a imunda saia preta e tirou para fora um pau comprido, rosado e duro: ele se
limitou a inclinar a cabeça para trás, com um trejeito e um zunido entre os
dentes. Deixou Simone agir, e esta meteu a verga bestial na boca. Sir Edmond e eu tínhamos ficado
imóveis de espanto. O assombro me paralisava. Eu não sabia o que fazer, quando
o enigmático inglês se aproximou. Afastou Simone com delicadeza. Depois,
segurou o verme pelo pulso, arrancou-o para fora do buraco e o estendeu nas
lajes, a nossos pés: o desprezível sujeito jazia feito morto pelo chão e a baba
lhe escorria pela boca. O inglês e eu o transportamos, nos braços, para a
sacristia. De braguilha aberta, pau murcho, o rosto lívido, ele não ofereceu
resistência, respirando com dificuldade; nós o jogamos numa poltrona de forma
arquitetural. - Senhores -
proferiu o miserável -,
vocês acham que sou um hipócrita! – Não - disse Sir Edmond, num tom categórico. Simone perguntou-lhe: - Como é o
seu nome? - Don Aminado - respondeu. Simone esbofeteou a carcaça sacerdotal.
Com o golpe, a carcaça enrijeceu novamente. Ele foi despido; Simone, de cócoras
sobre as roupas jogadas no chão, mijou feito uma cadela. Em seguida, Simone
masturbou o padre e o chupou. Eu enrabei Simone. Sir Edmond contemplava a cena com uma expressão característica
do hard labour. Inspecionou a
sala onde tínhamos nos refugiado. Achou uma pequena chave pendurada num prego.
- De onde é essa chave? - perguntou o inglês a Don Aminado. Vendo a angústia
que contraiu o rosto do padre,
ele concluiu ser a chave do santuário [...]. Veja mais aqui.
REVELAÇÃO & TUDO QUE
VEJO - A poeta, filósofa, psicóloga e psicanalista capixaba, Viviane Mosé, é autora de diversas obras, entre elas Stela do Patrocínio - Reino dos bichos e dos
animais é o meu nome, publicado pela Azougue Editorial e indicado ao prêmio
Jabuti de 2002, na categoria psicologia e educação. Publicou em 2005, sua tese
de doutorado, Nietzsche e a grande
política da linguagem, pela editora Civilização Brasileira. Da sua lavra
destaco primeiro Revelação: Eu queria
dizer uma coisa que eu não posso sair dizendo por aí. É um segredo que eu
guardo, é uma revelação Que eu não posso sair dizendo por aí. É que eu tenho
medo de que as pessoas se desequilibrem delas mesmas. Que elas caiam quando eu
disser. É que eu descobri que a palavra não sabe o que diz. A palavra delira. A
palavra diz qualquer coisa. A verdade é que a palavra, ela mesma, em si
própria, não diz nada. Quem diz é o acordo estabelecido entre quem fala e quem
ouve. Quando existe acordo existe comunicação, Mas quando esse acordo se quebra
ninguém diz mais nada, Mesmo usando as mesmas palavras. Também merece
destaque Tudo que vejo: Era tarde nas
janelas da sala, Um gosto de tarde que eu queria lamber. Tenho vontade de
lamber as coisas que gosto, Mesmo as que não gosto costumo lamber sem querer.
Às vezes com a língua mesmo. Molhada e escorrida. Outras vezes uso a língua da
palavra, Quando tem cheiros ruins Ou asperezas estranhas ao paladar de minha
pessoa, Ou por nada mesmo por gosto Passo a língua nas coisas que vejo E passo
as coisas que vejo pra língua. Veja mais dela aqui.
LA LUNA – O filme La Luna (1979), do cineasta e roteirista italiano Bernardo Bertolucci, com música de
Ennio Morricone e roteiro do próprio diretor com Clare Peplie e Giuseppe
Bertolucci, conta a história da grande cantora de ópera Caterina, vivido pela
atriz Jill Clayburhg, que enviuvara e resolvera viajar com seu filho
adolescente em turnê pela Itália. Ela fica chocada ao descobrir o filho viciado
em heroína, solitário e problemático, o que a faz lutar desesperadamente para
salvá-lo das drogas, tornando-se uma relação incestuosa em uma triangulação
entre pai-mãe-filho. É quando a lua passa a exercer um papel no cenário na
situação de um filho infeliz e neurótico. Um filme denso e belo. Destaque
também para a belíssima atriz Dominique
Sanda. Veja mais aqui.
Veja mais sobre:
Biblioteca, Charles Baudelaire, Heloneida Studart, Gino Severini, Lenine, Amácio Mazzaropi &Eadweard Muybridge aqui.
E mais:
Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres
de Clarice Lispector aqui.
Lendas do Nordeste, Buda, Edmund Husserl,
Basílio da Gama, Freud & Bertha Pappenheim: o caso Anna O, Edmond Rostand,
Sergei Egornov, Steve Howe & Anne Brochet aqui.
Uma lembrança perdida no horizonte, Mary Qian, Inês
Dourado & Mulher da Sombrinha aqui.
Literatura de Cordel: O
romance de Sólon e Belita, de Raimundo Nonato aqui.
A poesia de cordel de
Chico Pedrosa, Bob Motta & Jorge Filó aqui.
Aristóteles, Zimbo Trio, Giordano Bruno,
Gino Severini, Michelangelo Antonioni, Ana Lago de Luz & Ana Paula Pujol,
Teatro, Dengue & Imparcialidade do juiz aqui.
Tolinho & Bestinha: Quando o mundo
fica pequeno pros andejos de cabeça inchada aqui.
Crônica de um sequestro anunciado, Marcio Souza, Antonio Vivaldi, Piotr Ouspensky, Ronald
Searle, Adryan Lyne, Ademilde Fonseca, Inezita Barroso, Kim Basinger, A mulher
que reina & O Lobisomem Zonzo aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora Tataritaritatá (Art by Ísis Nefelibata)
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.