DIA INTERNACIONAL DA
FELICIDADE – A
Organização das Nações Unidas (ONU) consagrou o dia de hoje como o Dia Internacional da Felicidade. A
propósito, trago um trecho do livro Felicidade:
diálogos sobre o bem-estar na civilização (Companhia das Letras, 2002), do economista,
sociólogo e professor Eduardo Giannetti:
[...] Discutir a felicidade significa
refletir sobre o que é importante na vida. Significa ponderar os méritos
relativos de diferentes caminhos e pôr em relevo a extensão do hiato que nos
separa, individual e coletivamente, da melhor vida ao nosso alcance. O que
havia de errado e o que permanece vivo no projeto iluminista de conquista da
felicidade por meio do progresso científico e material? Até que ponto as nossas
escolhas têm conduzido à criação de condições adequadas para vidas mais livres
e dignas de serem vividas? Que lições tirar das conquistas e desacertos das
nações que lideram o processo civilizatório? A civilização entristece o animal
humano? Qual deveria ser o peso do prazer na busca da felicidade e qual deveria
ser o ligar da felicidade na melhor vida? O conhecer modifica o conhecido, o
viver modifica o vivido. As questões da filosofia estão sempre voltando ao
ponto de partida. Elas nunca se rendem, elas jamais se esgotam; só o que acaba
é o nosso fôlego e a nossa capacidade de enfrenta-las. A humanidade não se
coloca apenas os problemas que é capaz de resolver. A fome não garante a
existência do alimento capaz de saciá-la. Encaradas de um ponto de vista
sóbrio, sob a luz fria e clinica da razão, nossas aspirações de realização e
transcendência estão fadadas ao desapontamento. O tamanho da distância entre a
mais alta felicidade e a mais funda infelicidade de um homem é produto da nossa
fantasia. “A vida que se vive é um desentendimento fluido, uma média alegre
entre a grandeza que não há e a felicidade que não pode haver”. No fundo do
coração humano, entretanto, algo surdo e obstinado resiste; algo indomado
protesta a nos dizer que há alguma coisa indefinível pela qual existimos e
aspiramos, algo por que vale a pena viver e sofrer. A imaginação selvagem que
nos habita em segredo insinua esperanças e inspira sonhos que a razão
desautoriza. Os dois lados do embate têm suas armas, têm o seu apelo, têm o seu
direito. O grande equívoco é supor que um deles precise ou deva sair vitorioso.
A qualidade da tensão é o essencial [...]. Veja mais aqui, aqui e aqui.
DIANA/ÁRTEMIS - Imagem: Diana - marble (1776), do escultor francês Jean Antoine Houdon (1741-1828) – Gulbekian Foudation, Lisboa - Portugal. - Na mitologia romana, Diana é a deusa da lua, da caça e dos animais selvagens. Muito poderosa e forte, era considerada a deusa pura, filha de Júpiter e de Latona. A sua mais famosa aventura foi transformar o caçador Acteão em um cervo porque a viu nua durante o banho. Não quis se casar e manteve-se casta. É a triformis dea – a deusa das três formas, a Lua: Ártemis, Selene (lua) e Hécate (Trívia), ou seja, a trindade da Lua. A deusa grega Ártemis, filha de Zeus e Leto, é a divindade da caça que traz entre as mãos um arco dourado e um coldre de setas nos ombros, trajando uma túnica de tamanho curto, sendo considerada uma prostituta sagrada e uma virgem responsável pelos partos, associada, portanto, à dupla faceta feminina que, ao mesmo tempo, protege e destrói, concebe e mata. Era irmã gêmea de Apolo e seu desejo desde criança foi pedir a Zeus para circular livremente pelas matas, dispensada da obrigação de casar. As festas em sua homenagem eram dedicadas as danças sensuais em louvor da lua. Ela é o símbolo maior do feminino, da sua autonomia e liberdade. Veja mais aqui.
Ouvindo Brasileirança (Kuarup, 2002) do cantor, compositor e violeiro Xangai - Eugênio Avelino.
AMORES & A ARS AMATÓRIA – O livro Amores & arte de amar (Companhia das Letras, 2011), do poeta e
autor teatral romano Publius Ovidus Nasso, conhecido como Ovídio (42aC – 17aC), faz parte das três grandes coleções de
poesias eróticas. Ele é considerado o mestre do dístico elegíaco e o último dos
elegistas amorosos latinos canônicos, escrevendo sobre amor, sedução, exílio e
mitologia. Dessa obra destaco o poema 3 do Livro , na tradução de Carlos
Ascenso André: É justo o que peço: que a
moça que ainda há pouco me cativou / ou tenha amor por mim ou faça com que
tenha eu amor por ela. / Ah, foi demasiado o meu desejo! Que apenas consinta em
ser amada, / e já Citereia terá ouvido todas as minhas súplicas. / Aceita quem
há de servir-te por longos anos, / aceita quem saberá amar com candura e
lealdade. / se não tenho a abonar-me grandes nomes de velhos / avós, se quem me
deu o sangue é um cavaleiro / e meus campos não são revolvidos por arados sem
conta, / se têm de poupar nas despesas ambos os meus pais, / ao menos, tenho a
meu lado Febo e as suas nove companheiras / e o inventor da vinha; / ao menos,
tenho aquele que a ti me entrega, o Amor; / ao menos, tenho fidelidade, que a
nenhuma outra há de ceder, / e um caráter sem mácula / e uma simplicidade pura
e um pudor que me faz corar; / não são mil as que me agradam, não sou um
saltitante do amor. / Tu, se alguma fidelidade existe, hás de ter o meu cuidado
para sempre; / contigo, quantos anos me concederem os fios tecidos pelas Irmãs,
/ esses me caiba em sorte vivê-los, e, perante a tua dor, morrer. / Mostra que
és feliz por seres assunto de meus poemas, / e meus poemas hão de surgir,
dignos de quem os inspirou; / é graças à poesia que têm nome Io, apavorada com
seus chifres, / e aquela que um amante enganou, em forma de ave dos rios, / e
aquela que sobre os mares foi trazida por um touro a fingir / e com mãos de
donzela se agarrou aos chifres recurvos. / Também eu hei de ser cantado, do
mesmo modo, no mundo inteiro, / e o meu nome para sempre ficará ligado ao teu.
Veja mais aqui e aqui.
Ovide and Corine, his lover
from the Amores, painted
by Agostino Carracci (1557 - 1602).
TARAS BULBA – O romance histórico Taras Bulba (Alianza, 2010), do escritor
ucraniano Nikolai Gógol (1809-1852)
conta a história de um velho cossaco e seus dois filhos na guerra contra a
Polônia. Ele mata um dos seus filhos: - Eu te dei a luz, eu te matarei!”. O seu
outro filho é capturado pelos polacos e é executado: - Pai, estás a me ouvir?
Taras, escondido dentro da multidão responde: Sim. E foge depois. Por fim,
Taras é capturado em combate e queimado vivo. A história foi transformada em
filme estadunidense, em 1962, pouquíssimo baseado na obra, dirigido J. Lee
Thompson. Do livro destaco este trecho: [...] Os historiadores descreveram a contento essa campanha. Sabe-se que, na
terra russa, a guerra é feita em nome da fé. Uma fé terrível, sem piedade,
semelhante a um rochedo inabalável no meio de um mar sempre agitado. A massa
rochosa eleva-se das profundezas do oceano, e desgraçado do navio que se chocar
com ela! O seu casco será reduzido a pedaços, tudo voará pelos ares e os
lamentos de terror dos infelizes marinheiros encherão os ares. A história conta
como fugiam as guarnições polonesas das cidades que iam sendo libertadas, como
foram enforcados os desalmados arrendatários judeus, a inferioridade revelada
pelo oficial da coroa polonesa, Nikolai Pototski, e seu numeroso exercito,
perante a cavalgada vitoriosa dos cossacos. Esse general foi completamente
batido e metade de seu exercito afogado no rio. Encurralado na região de
Poloniel pelos cossacos, Pototski jurou solenemente que faria conceder aos
cossacos, da parte do rei e do governo da Polonia, todas as liberdades e
restituir-lhes os antigos privilégios. Os cossacos, porém, conheciam o valor
dessas promessas. Potorski não teria mais oportunidade de desfilar com seu
cavalo puro-sangue na frente das damas, nem poderia mais oferecer festas
suntuosas aos senadores da dieta, se o clero russo de Poloniel não o tivesse
salvo. Quando todos os popes, com suas casulas bordadas a ouro, com ícones e
cruzes nas mãos, e levando à frente seu bispo com mitra e báculo, saíram ao
encontro do exército vencedor, os cossacos descobriram e inclinaram a cabeça.
Nenhum poder humano, nem mesmo o rei, teria sido capaz de submetê-los, mas
inclinavam-se perante os popes. O atamã resolveu com seus coronéis deixar
partir Pototski, depois de esse ter jurado que as igrejas seriam respeitadas e
que o exercito cossaco tomaria posse de seus antigos direitos. Só um coronel
não concordou com aquela paz: Taras Bulba. Arrancando um punhado de cabelo da
cabeça, gritou: - Ei, atamã, coronéis! Não façam esses arranjos de mulheres!
Não creiam nos poloneses, pois eles nos trairão! E, quando o escrivão principal
leu o texto do tratado e o comandante o assinou, Bulba ergueu seu sabre de aço
damasquino e o quebrou pela metade, como quem quebra uma vara e, jogando longe
os pedaços, exclamou: - Adeus! Assim como os dois pedaços deste sabre não
voltarão a ser uma só arma, também nós, camaradas, não voltaremos a nos ver
neste mundo [...]. Veja mais aqui.
BLACK WIDOW – O suspense Black Widow (O mistério da
viúva negra, 1987), dirigido por Bob Rafelson, conta a história de uma rica
e bela mulher, Catherine Petersen que tem sua forma elevada cada vez que se
casa e mata seus maridos ricos. Após receber a herança, ela desaparece e assume
nova identidade para se preparar para um novo golpe. O destaque do filme vai
para a linda atriz estadunidense Theresa
Russel. Veja mais aqui.
Veja mais sobre:
O beijo que se faz poema aqui.
E mais:
O beijo dela de sol na minha vida de lua aqui.
Itinerário do final de semana num lugar
que não existe, O
beijo de Théodore Géricault & Carla Carson, Cartografia
Rumos, a pintura de Luis Rodolfo & James Ensor aqui.
Georg Lukács, Jacques Lacan, Samuel
Beckett, a literatura de Henry James, a música Morton Subotnick, o cinema de
Jane Campion & Nicole Kidman, a pintura de Aurélio D'Alincourt, o desenho
Fady Morris & a poesia de Dorothy Castro aqui.
O Cravo & a Rosa, a literatura de Antônio Torres,
Clitemnestra & Oréstia, A música de Elis Regina, Antônio Maria & Clara
Redig, o cinema de Bernardo Bertolucci & Maria Schneider, a pintura de
Antoine-Jean Gros & Pierre-Narcisse Guérin & Programa Tataritaritatá aqui.
Brincarte do Nitolino, a poesia de Stéphane Mallarmé, a
literatura de John Updike, a música de Guerra-Peixe, o teatro de Ingrid
Koudela, a pintura de Frank Frazetta, o cinema de Luc Besson & Scarlett
Johansson aqui.
Pesquisa & Cia., O Big Bang de Marcelo Gleiser, a
literatura de Fernando Sabino & Minna Canth, Juno/Hera, a música de Eliane
Elias, a pintura de Alonso Cano, o cinema de Bigas Luna & Francesca Neri
aqui.
A vida por uma peínha de nada, As mil e uma noites, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche,
a crise da atualidade de Ivo Tonet, a violência de Necilda de Moura Santana, a
pintura de Vincent van Gogh & Umberto Boccioni, o teatro de Caryl
Churchill, a música de Eveline Hecker, a coreografia de Angelin Preljocaj, a
escultura de Kaleb Martyn, o cinema de Christine
Jeffs, Luciah Lopez & Sonho real amanhecido aqui.
Dia de São Nunca: tem dia pra tudo, até
pro que eu não sei, A
mulher fenícia & os fenícios, Uso e abuso histórico de Moses Finley, A era
do globalismo de Octavio Ianni, A grande transformação de Karl Polanyi, a
literatura de Antonio Tabuchi, o teatro de Sarah Kane, Béjart Ballet Lausanne,
o cinema de Eliane Caffé, a música de Clara Sandroni, a entrevista de Mano
Melo, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche, a arte de Sueli Finoto, a pintura
de Shahla Rosa & Arthur Hunter-Blair aqui.
De perto ninguém é mesmo normal, O coração do homem de Erich Fromm, A civilização asteca de
Jean Marcilly, a literatura de Edgar Allan Poe & Euclides
da Cunha, a música de Maya Beiser, a escultura de Auguste Clésinger, o teatro de José Celso Martinez
Corrêa, o cinema de Peter Greenaway & Federico Fellini, a entrevista de
Geraldo Carneiro, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche, a pintura de Jean-Paul
Riopelle & Beatriz Milhazes, a dança de Martha Graham, a fotografia de Luiz
Garrido, a arte de Paul-Albert Besnard & As mil faces do disfarce aqui.
História da mulher: da antiguidade ao
século XXI aqui.
Palestras: Psicologia, Direito &
Educação aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora Tetaritaritatá
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.