domingo, março 29, 2015

LIPOVETSKY, ECO, ŽIŽEK, MOEMA, ARMORIAL, FRIEL, JUAREIZ E A HISTÓRIA DA FEIÚRA.


NA AVENIDA JATIÚCA, MACEIÓ – Imagem: Praia de Jatiúca, Maceió – AL. - Vestidas lindamente naquelas indumentárias próprias de quem vai ou saiu da ginástica, duas distintas jovens filhas da classe média alta da cidade, conversavam animadamente sobre as últimas baladas que postaram no Facebook das amigas, quando uma delas, chaveiro no mindinho, inadvertidamente retirando seu celular último modelo da bolsa, deixou justo pelos enganchos do chaveiro, cair sua carteira no chão. Elas estavam tão espalhafatosamente exibindo seus penteados e apetrechos no meio do converseiro exaltado, que nem se deram conta do imprevisto. Um garoto de rua, descalço e sem horizonte, viu o que aconteceu e foi até lá, apanhou a carteira e disse: - Moça! Uma delas irritadamente respondeu: - Sai pra lá, trombadinha, tenho moeda pra esmola não. O garoto insistiu: - Moça! A outra muito mais irada virou-se pro garoto e fez um sermão. No meio da reprimenda o menino mostrou pra ambas a carteira de uma delas que havia caído. Logo a dona gritou: - Ladrão, quer roubar minha carteira! Trombadinha! E entrou numa histérica gritaria tomando do menino a carteira: - Trombadinha! Socorram, trombadinha! Gritava e conferia um a um dos cartões de crédito, das cédulas do dinheiro, dos documentos, enquanto o menino, olhos grandes na circunstância, ficou sem saber o que estava acontecendo. Logo alguns salvadores de plantão acorreram e imediatamente seguraram o menino pelo braço já aos puxavanques, não ouvindo o que ele repetia: - A carteira dela caiu, fui entregar. Moucos e cegos por justiça, logo uma viatura da polícia militar ia passando ao que chamaram atônitos, desceram dois soldados que tomaram ciência do ocorrido, pegaram o menino pelas orelhas e fundilhos, sacudiram-no no porta-malas e zarparam. Nunca mais ninguém viu nem se ouviu falar daquele garoto. Veja mais aqui e aqui.

MOEMA – Imagem: Moema (Óleo sobre tela, 129 X 190 cm, 1866), do pintor e professor catarinense Victor Meirelles (1932-1903) - Uma das índias apaixonadas pelo conquistador Diogo Álvares (Caramuru, o Filho do Trovão) que morreu afogada nadando para acompanhar o navio que o levava de volta à Europa. A pintura de Victor Meirelles retrata a pose sensual do corpo morto da jovem índia, deitado à beira do mar, com a tanga presa apenas a um dos lados dos quadris, a perna esquerda apoiada numa rocha e os cabelos soltos espalhados na areia. Veja mais aqui.

Ouvindo: Do Romance ao Galope Nordestino (1974) do grupo de música instrumental pernambucano Quinteto Armorial que criou uma música de câmara erudita com raízes das tradições populares do Nordeste brasileiro. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

O IMPÉRIO DO EFÊMERO – O livro O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas (Companhia das Letras, 2009), do filósofo, professor e teórico da Hipermodernidade Gilles Lipovetsky, trata de temas sobre o feérico das aparências, a moda consumada, a sedução das coisas, a cultura à moda mídia e os deslizamentos progressivos do social, entre outros assuntos. Do livro destaco: A moda não pertence a todas as épocas nem a todas as civilizações: essa concepção está na base das análises que se seguem. Contra uma pretensa universidade transhistórica da moda, ela é colocada aqui como tendo um começo localizável na história. Contra a ideia de que a moda é um fenômeno consubstancial à vida humano-social, afirmamo-la como um processo excepcional, inseparável do nascimento e do desenvolvimento do mundo moderno ocidental. Durante dezenas de milênios, a vida coletiva se desenvolveu sem culto das fantasias e das novidades, sem a instabilidade e a temporalidade efêmera da moda, o que certamente não quer dizer sem mudança nem curiosidade ou gosto pelas realidades do exterior. Só a partir do final da Idade Média é possível reconhecer a ordem própria da moda, a moda como sistema, com suas metamorfoses incessantes, seus movimentos bruscos, suas extravagâncias. A renovação das formas se torna um valor mundano, a fantasia exibe seus artifícios e seus exageros na alta sociedade, a inconstância em matéria de formas e ornamentações já não é exceção mas regra permanente: a moda nasceu. [...] Torrentes de “pequenos nadas” e pequenas diferenças que fazem toda a moda, que desclassificam ou classificam imediatamente a pessoa que os adota ou que deles se mantém afastada, que tornam imediatamente obsoleto aquilo que os precede. Com a moda começa o poder social dos signos ínfimos, o espantoso dispositivo de distinção social conferido ao porte das novidades sutis. Impossível separar essa escalada das modificações superficiais da estabilidade global do vestir: a moda só pôde conhecer tal mutabilidade sobre fundo de ordem; foi porque as mudanças foram módicas e preservaram a arquitetura de conjunto do vestuário que as renovações puderam disparar e dar lugar a “furores”. Certamente, não que a moda não conheça igualmente verdadeiras inovações, mas elas são muito mais raras do que a sucessão das pequenas modificações de detalhe. Veja mais aqui, aqui, aqui, aquiaqui e aqui.

HISTÓRIA DA FEIÚRA – Imagem: As tentações de Santo Antonio (1878), do pintor, desenhista, litógrafo e gravurista belga Felicien Rops (1833-1898). - O livro História da Feiúra (Record, 2007), organizado pelo escritor, filósofo e bibliófilo italiano Umberto Eco, sobre o feio no mundo clássico, um mundo dominado pelo belo, helenismo e horror, a paixão e o martírio, a visão pancalista do universo, a dor de Cristo, mártires, eremitas, penitentes, o triunfo da morte, o apocalipse: o inferno e o diabo, monstros e portentos, o feio: o cômico e obsceno, a feiúra da mulher entre a antiguidade e o Barroco, o diabo no mundo moderno, bruxaria, satanismo, sadismo, physica curiosa, o resgate romântico do feio, o inquietante, torres de ferro e de marfim, a vanguarda e o triunfo do feio, o feio dos outros, o Kitsch e o Camp, o feio hoje, entre outros assuntos. Veja mais aqui, aqui, aquiaqui e aqui.

UMA PIADA DO ŽIŽEK – No livro Bem-vindo ao deserto do real! - Estado de Sítio! (Boitempo, 2003), o filósofo, professor, teórico crítico e cientista social esloveno Slavoj Žižek conta a piada A tinta que falta, com o seguinte teor: Numa antiga anedota que circulava hoje na falecida República Democrática Alemã, um operário alemão consegue um emprego na Sibéria; sabendo que toda correspondência será lida pelos censores, ele combina com os amigos: “Vamos combinar um código: se uma carta estiver escrita em tinta azul, o que ela diz é verdade; se estiver escrita em tinta vermelha, tudo é mentira”. Um mês depois, os amigos recebem uma carta escrita em tinta azul: “Tudo aqui é maravilhoso: as lojas vivem cheias, a comida é abundante, os apartamentos são grandes e bem aquecidos, os cinemas exibem filmes do Ocidente, há muitas garotas, sempre prontas para um programa – o único senão é que não se consegue encontrar tinta vermelha”. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aquiaqui, aqui e aqui.


AMERICANTO AMAR AMÉRICA – O excelente livro Americanto amar América e outros poemas do século XX – 40 anos de poesia (Panamérica Nordestal, 2010), reúne os poemas e livros publicados do poeta, editor e gestor cultural pernambucano Juareiz Correya. O livro traz desde as suas publicações no Jornal Olho (1970), as antologias Poetas dos Palmares, os seus livros Um doido e a maldição da lucidez (1975), Recity Recife Um (1976), O amor é uma canção proibida (1979), América Indignada (1986), entre outros poemas e livros. Para conferir melhor clique aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.


THE LOOK OF LOVE – O filme The look of love (O olhar do amor, 2013), do cineasta britânico Michael Winterbottom, roteiro de Matt Greenhalgh e música de Antony Genn e Mark Slattery, conta a história do rei do sexo proprietário de boates e editor de revistas pornográficas, Paul Raymond, coroado pela imprensa em função do seu império de bilhões de libras na Inglaterra. O destaque mesmo do filme fica a atriz britânica descendente de irlandeses, Anna Louise Friel. Veja mais aqui



Veja mais sobre:
Um dia no meio das voltas que o mundo dá, o pensamento de Alan Watts, a música de Tatiana Catanzaro, a pintura de Joan Miró & Educação para paternidade/maternidade aqui.

E mais:
Alvoradinha, o curumim caeté, a literatura de Lygia Fagundes Telles, a poesia de Manuel Bandeira, o teatro de Qorpo Santo, o cinema de Tim Fywell & Ashley Judd, Marilyn Monroe & Jayne Mansfield, a pintura de Fernando Botero, a música de Roberto Carlos, Psicologia Social: infância, imagem & literatura aqui.
Eu & ela na festa do céu, Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores (AVSPE), Umbigocentrismo, Doro & a embromação do banco aqui.
O lance da minissaia, Derinha Rocha & Zine Tataritaritatá aqui.
Itinerância, O segredo das mulheres de Albertus Magnus, a literatura de Bruce Chatwin & Eça de Queiroz, o teatro de Elias Canetti, a pintura de Henri Rousseau, a música de Samantha Fox, Políticas Públicas, a arte de Ana Claudia Talancón & Nobuo Mitsunashi aqui.
Maceió, uma elegia para os que ousam sonhar, a literatura de Mario Vargas Llosa & Autran Dourado, o teatro de Máximo Gorki, a música de Sarah Vaughan, o cinema de Suzana Amaral, a pintura de Carl Barks, o folclore de Luís da Câmara Cascudo, a arte de Dianne Wiest, a fotografia de Jannyne Barbosa & A burrinha de padre aqui.
Pra tudo tem jeito, menos pro que não pode ou não quer, A consciência fragmentada de Renato Ortiz, A teoria e a prática de Adalberto Marson, o teatro de Rubens Rewald, o cinema de Wayne Wang & Gong Li, a pintura de Geraldo de Barros & Katia Almeida, a música de Paula Morelembaum, a escultura de Émile Antoine Bourdelle, a coreografia de Eugenio Scigliano, a entrevista de Ulisses Tavares, a arte de Lisa Yuskavage & Wanda Pepi, Baghavad Gita, Neuroeducação & Até tu, Zé Corninho aqui.
Tudo tem seu lado bom & ruim & vice-versa, a obra secreta de Hermes Trismegistus, A linguagem de Ludwig Wittgenstein, O homem criador e sensato de Alan Watts, a música de Mozart & Alicia De Larroch, a poesia de Mariana Ianelli, a coreografia de Merce Cunningham, o teatro de Maria Adelaide Amaral & Marília Pêra, o cinema de Don Ross & Christina Ricci, a escultura de Aristide Maillol, a pintura de Johfra Bosschart & Sharon Sieben, a fotografia de Luiz Cunha, a ilustração de Ana Starling, Flor do Una de Juarez Carlos, a entrevista de Valquiria Lins, a arte de Rodrigo Branco, A criança: Vygotsky e o Teatro & O evangelho segundo Padre Bidião aqui.
Precisamos discutir sobre os próximos 20 anos, As vitórias e derrotas de Zygmunt Bauman, A vida íntima e privada de Fernanda Bruno, a coreografia de Janice Garrett, a poesia de Carolina de Jesus, o teatro de Tennessee William, o cinema de Jules Dassin & Melina Mercouri, a entrevista de Rejane Souza, a arte de Arlinda Fernandes & Alessandra Tomazi, a música de Irina Costa, Brincarte & Literatura Infantil, Luciah Lopez & Canção de quem ama além da conta aqui.
Aprendi a voar nas páginas de um livro, o pensamento de Carl Gustav Jung, O homem e a sociedade de Wilfred Ruprecht Bion, A atualidade de Georg Simmel, a escultura de Wilhelm Lehmbruck, a literatura de Eduardo Caballero Calderón, o teatro de Oduvaldo Vianna Filho & Helena Varvaki, a arte de Tracey Emin & Samuel Szpigel, a entrevista de Katia Velo, a música de Tarita de Souza, a fotografia de Rebeka Barbosa, a arte de Karen Robinson & Luiz Paulo Baravelli, Cidadania nas Escolas, Por mais que a gente faça nunca será demais & Do que fui e o que não sou mais aqui.
O que deu, deu; o que não deu, só na outra, Platão, O afeto e o apego de Edward John Bowlby, Nascente & a entrevista de Geraldo Azevedo, Sociedade sem escolas de Ivan Illich, o teatro de Nelson Rodrigues, a pintura de Cândido Portinari, a música de Zap Mama & Marie Daulne, a coreografia de Katherine Lawrence, a fotografia de Ryan Galbrath & Mario Testino, a poesia de Bastinha Job, o cinema de Shohei Imamura & Misa Shimizu, A Notícia & Jamilton Barbosa Correia, a arte de Rachel Howard, Depois das eleições & De cara pro futuro, levando tudo nos peitos, munheca em dia & pé na tábua aqui.
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