BBB: O BIG SHIT BÔBRAS – Na atualidade a maior emergência
cultuada pelos Fabos do Fecamepa é o Big
Shit Bôbras: o voyeurismo que dá andamento na privatização do público e,
por consequência, publiciza o privado, renovando o individualismo possessivo e
transformando-o no umbigocentrismo catatônico na pipocada dos shopaholics com
suas oniomanias. Essa é a festa carnavalizante dos que não estão nem aí para
quem pintou a zebra e dos que arvoram no ditado ora, faça-me um favor pra viver
plenamente a felicidade disso tudo! Veja mais aqui. E mais aqui & aqui.
Imagem: Odalisk, do pintor expressionista russo Alexej von Jawlensky (1864-1941)
Ouvindo o álbum Grandes canciones (Sony BMG, 2008), do músico e compositor argentino Fito Páez. Veja mais aqui.
MEMÓRIA, SONHOS E REFLEXÕES – No livro Memória, sonhos e reflexões (Nova Fronteira, 1986), o psiquiatra e
psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung
(1875-1961), realiza um trabalho erudito que é entendido como sua autobiografia
e testamento, no qual ele apresenta claramente a sua noção de equação pessoal
afirmando que toda psicologia possui o caráter de uma confissão subjetiva. Uma
parte relevante dessa obra merece destaque: [...] A ética, o ato de decidir entre o bem e o mal, não
está implicada em seu princípio; apenas se tornou mais difícil para nós. Nada
pode poupar-nos do tormento da decisão ética. Mas por mais rude que isto possa
parecer, é necessário, em certas circunstâncias, ter a liberdade de evitar o
que é reconhecido como moralmente bom, e fazer o que é estigmatizado como mal,
se a decisão ética o exigir. Em outras palavras: é necessário não sucumbir a
qualquer um dos dois termos opostos. Contra a unilateralidade dos opostos,
temos, sob uma forma moral, o neti
neti (nem isto, nem aquilo) da filosofia hindu. Nesta perspectiva, o
código moral será, em certos casos, irremediavelmente abolido, e a decisão
ética dependerá do indivíduo. Isto não representa nada de novo pois já
significou, no correr dos tempos pré-psicológicos, o que se chama de conflito
de deveres. O indivíduo, porém, é, em regra geral, de tal modo inconsciente,
que não percebe suas possibilidades de decisão; por isso procura ansiosamente
as regras e as leis exteriores às quais possa ater-se nos momentos de
perplexidade. Abstração feita das insuficiências humanas, a educação é em
grande parte a culpada por esse estado de coisas: ela procura suas normas
exclusivamente no que é normal, e nunca se refere à experiência pessoal do
indivíduo. Ensina-se frequentemente um idealismo que não pode ser satisfeito, e
as pessoas que o defendem são conscientes de que nunca os viveram, nem jamais
os viverão. Quem, por conseguinte, desejar encontrar uma resposta ao problema
do mal, tal como é colocado hoje em dia, necessita em primeiro lugar de um conhecimento de si mesmo, isto é, de
um conhecimento tão profundo quanto possível de sua totalidade. Deve saber, sem
se poupar, a soma de atos vergonhosos e bons de que é capaz, sem considerar a
primeira como ilusório ou a segunda como real. Ambas são verdadeiras enquanto
possibilidades e não poderá escapar a elas se quiser viver (como obviamente
deveria), sem mentir a si mesmo e sem vangloriar-se. Mas, em geral, estamos de
tal modo distanciados desse nível de
consciência, que essa perspectiva parece quase sem esperança, se bem que exista
em muitos indivíduos modernos a possibilidade de um conhecimento profundo de si
mesmo. Tal conhecimento é necessário, pois só em função dele pode-se atingir
aquela camada profunda, aquele núcleo da natureza humana no qual se encontram
os instintos. Estes são fatores dinâmicos, presentes a priori, dos quais
dependem, em última análise, as decisões éticas de nossa consciência. Eles
compõem o inconsciente e seus conteúdos, a propósito do que não há julgamento
definitivo. Não podemos ter preconceitos em relação ao inconsciente, pois é
impossível abranger sua natureza pelo conhecimento, nem demarcar suas
fronteiras racionais. Só podemos chegar ao conhecimento da natureza mediante
uma ciência que amplie o consciente, e é por isso que um conhecimento
aprofundado de si mesmo requer uma ciência: a um microscópio com as próprias
mãos e com boa vontade, sem que se tivessem sólidas noções de óptica. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
O SOL NOSSO – O poeta simbolista grego da geração
neogrega de 1930, Giórgos Seferiádhis ou simplesmente Giórgos Seféris (1900-1971), recebeu o Prêmio Nobel de Literatura
de 1963. Do seu livro Diário de bordo
(Poesia Moderna da Grécia – Guanabara, 1986), destaco O Sol nosso, numa tradução de José Paulo Paes: Este sol era o meu e era o teu: o sol que partilhamos. / Quem sofre
atrás da dourada cortina de seda? Quem está morrendo? / Uma mulher gritava
batendo o peito murcho: “Seus covardes, / pegaram meus filhos e os fizeram em
pedaços, mataram-nos, vocês, / enquanto olhavam, com estranha expressão no
rosto, os vagalumes da noite, / absortos numa cisma cega”. / O sangue secava na
mão que enverdecia sob as árvores / um guerreiro dormia apertando contra si a
lança que lhe iluminava o flanco. / Este sol era o nosso, nada víamos além da
franja de ouro / mais tarde vieram os mensageiros ofegantes sujos / balbuciando
sílabas confusas / vinte dias e noites sobre a terra estéril, só espinhos, /
vinte dias e noites sentindo o sangue empapar o ventre dos cavalos / sem
deterem-se um minuto para beber água de chuva. / Disseste que repousassem
primeiro, depois falassem, a luz te havia ofuscado. / Expiraram dizendo “Não
temos tempo” e tocando alguns raios; / tu bem sabias que ninguém repousa. /
Uivava uma mulher “Covardes”, como um cão na noite; / teria sido outrora bela
como és, / com a úmida boca, as veias vivas sob a pele, / com o amor. / Este
sol era o nosso; tomaste-o inteiro, não querias seguir-me / e foi por trás do
ouro que fiquei sabendo destas coisas. / Não tínhamos tempo. Os mensageiros
disseram a verdade. Veja mais aqui, aqui e aqui.
DOS SERTÔES À GUERRA DO FIM
DO MUNDO – Imagem: Foto de líder social de Canudos, Antônio Conselheiro, do fotógrafo Flávio de Barros. - Tudo começou
quando, em 1896, o líder social Antônio Vicente Mendes, o Antônio Conselheiro (1830-1897), um peregrino com dimensões
messiânica que se transformara na expressão de um mundo de crenças primitivas e
miséria, liderando, às margens do Rio Vaza-Barris, o arraial de Canudos, um
vilarejo no sertão da Bahia, que atraiu milhares de sertanejos, entre
camponeses, índios, escravos recém-libertos, resultando na Guerra de Canudos,
um verdadeiro genocídio do Exército da República. Por essa razão, em 1897,
chega a Canudos o escritor Euclides da
Cunha (1866-1909) para fazer a cobertura dos últimos acontecimentos de
combate e à queda do arraial. Procurando contar a verdadeira história e
desmistificando a campanha política que se fizera em torno do acontecimento,
denunciando a barbárie e provando que Canudos não era um problema político, mas
uma questão social, o autor publicou Os
sertões (1902). Na esteira desse mesmo tema, o escritor, jornalista e
político peruano Mario Vargas Llosa,
Prêmio Nobel de Literatura de 2010, escreveu o seu livro A Guerra do Fim do Mundo: a saga de Antônio Conselheiro na maior
aventura literária do nosso tempo (Francisco Alves, 1981), dedicado a
Euclides da Cunha e Nélida Piñon, cujo fragmento destaco: A multidão continuou atrás do Conselheiro ao logo do Vaza-Barris, por
esses campos que os escolhidos tinham lavrado, enchido de milho, mandioca,
pasto, cabras, ovelhas e vacas. Desapareceria tudo isso, arrasado pela heresia?
Também viu fossos no meio dos roçados, e homens armados. O Conselheiro, de pé,
sobre um montinho, falava claramente da guerra. Vomitariam água em vez de balas
ou fuzis dos maçons? Ela sabia que as palavras do Conselheiro não deviam ser
tomadas em sentido literal, porque frequentemente eram comparações, símbolos
difíceis de decifrar, que só se podiam identificar claramente com os fatos
quando estes ocorriam. Parara de chorar, acenderam tochas. Um aroma suave
dominava o ambiente. O Conselheiro explicou que o cavalo branco do Corta-cabeças
não era novidade para o crente, pois não estava escrito no Apocalipse que viria
e seu cavaleiro levaria um arco e uma coroa para vencer e conquistar? Mas suas
conquistas cessariam às portas de Belo Monte por intercessão de Nossa Senhora.
Veja mais aqui , aqui e aqui.
LERO-LERO – O poeta, professor universitário e
letrista mineiro Antonio Carlos de Brito, famosíssimo como Cacaso (1944-1987) participou dos movimentos geração mimeógrafo e
poesia marginal, autor de diversos livros, entre eles A poesia cerzida (1967), Beijo
na Boca e outros poemas (1985), entre outros. Ele foi parceiro de Edu Lobo,
Tom Jobim, Djavan, Toquinho, Sueli Costa, Joyce, Sivuca, Francis Hime, Toninho
Horta, Elton Medeiros, Mauricio Tapajós, entre outros nomes da música. A sua
obra completa foi reunida no volume Lero-Lero
(7Letras, 2002), cujo poema título foi musicado por Edu Lobo: Sou brasileiro de estatura mediana / Gosto
muito de fulana mas sicrana é quem me quer / Porque no amor quem perde quase
sempre ganha / Veja só que coisa estranha, saia dessa se puder / Não guardo
mágoa, não blasfemo, não pondero / Não tolero lero lero devo nada pra ninguém /
Sou descansado, minha vida eu levo a muque / Do batente pro batuque faço como
me convém / Eu sou poeta e não nego a minha raça / Faço versos por pirraça e
também por precisão / De pé quebrado, verso branco, rima rica / Negaceio, dou a
dica, tenho a minha solução / Sou brasileiro, tatu-peba taturana / Bom de bola,
ruim de grana, tabuada sei de cor / Quatro vez sete vinte e oito nove´s fora / Ou
a onça me devora ou no fim vou rir melhor / Não entro em rifa, não adoço, não
tempero / Não remarco, marco zero, se falei não volto atrás / Por onde passo
deixo rastro, deixo fama / Desarrumo toda a trama, desacato Satanás / Sou
brasileiro de estatura mediana / Gosto muito de fulana mas sicrana é quem me
quer / Porque no amor quem perde quase sempre ganha / Veja só que coisa
estranha, saia dessa se puder / Diz um ditado natural da minha terra / Bom
cabrito é o que mais berra onde canta o sabiá / Desacredito no azar da minha
sina / Tico-tico de rapina, ninguém leva o meu fubá. Veja mais aqui, aqui e aqui.
O AMOR É UMA GRANDE
FANTASIA – A comédia O amor é uma grande fantasia (Exit to Eden, 1994), é baseado no
romance homônimo da escritora estadunidense Anne Rice, adaptado por Deborah
Amelon e Bob From, dirigido por Garry Marshall e música de Patrick Doyle,
contando a atividade de um casal de policiais que deve prender contrabandista
que se escondeu, com sua cúmplice, num spa sexual. Eles assumem falsas
identidades para se hospedar no local, mas enfrentam problemas devido à
curiosidade da reprimida policial e ao impulso que o estabelecimento dá à
libido dormente de seu parceiro. Para o destaque do filme mesmo foi a atuação
da atriz estadunidense Dana Delany
que muito me envolveu. Veja mais aqui.
Veja mais sobre:
Todo dia, a primeira vez, Gilvan Samico & Paul Mathiopoulos aqui.
E mais:
Afrodite & O julgamento de Páris, Lya
Luft, Marcia Tiburi, Cacilda Becker, Diana Krall, José Celso Martinez Corrêa,
Krzysztof Kieslowski, Jeanne Hébuterne, Débora Arango, Julie Delpys & Enrique Simone aqui.
Reflexões de metido em camisa de onze
varas e cheio de nó pelas costas,
Viviane Mosé, Ralph Waldo Emerson, Isaac Newton, o Método Perigoso de Carl
Gustav Jung & Sabina Spielrein, A Síndrome de Klüver-Bucy, Auguste Comte
& Cloltilde de Vaux aqui.
Slavoj Zizek, Victor
Hugo, Pier Paulo Pasolini, Agildo Ribeiro, Silvana Mangano, Honoré Daumier,
Altay Veloso & Maria Creuza aqui.
Li Tai Po, Paul Ricoeur, Millôr
Fernandes, Carlos Saura, Ralph Gibson, Salomé & Aída
Gomez, Ronaldo Urgel Nogueira & Mônica
Salmaso aqui.
O morto e a lua, Ferreira Gullar, Oscar
Wilde, Louis Malle, Montaigne, Lisztomania, Juliette Binoche, Virginia Lane,
Luhan Dias & Neurofilosofia e Neurociência Cognitiva aqui.
A desgraça de um é a risada de outro, Gonzaguinha, Rosie Scribblah, Milton
Dacosta, Jean-Michel Basquiat, Nitolino & Literatura Infantil aqui.
Dos gostos e desgostos da vida, Claude Monet, Ewald Mataré, Chris Maher, Marlina Vera
& Quanto mais a gente vive, mais se enrola nas voltas do tempo aqui.
A República no reino do Fecamepa – lições
de ontem e de hoje pro que não é: Platão, Cícero, Maquiavel,
Montesquieu, Rousseau, Georg Lukács, Norbert Elias, Zygmunt Bauman & Florestan Fernandes aqui.
Abram alas pra revolta passar que os
invísiveis apareceram, Debora
Klempous, Amadeo de Souza-Cardoso, Neurofilosofia & Neurociência Cognitiva aqui.
As escolhas entre erros e acertos, Armand Pierre Fernandez, Alexandra Nechita,
Raceanu Adrian & Laura
Canabrava aqui.
Das vésperas & crástinos na festa do
amor, Peter
Greenaway, Dalu Zhao, Luciah Lopez, A Notícia & Jamilton Barbosa Correia aqui.
Água morro acima, fogo queda abaixo, isto
é Brasil, Noêmia
de Sousa, Juarez Machado, Tetê Espíndola, Glauco Villas Boas, Geraldo de Arruda
Castro & Giselda Camilo Pereira aqui.
Todo dia o primeiro passo, José Orlando Alves, Gilberto Mendonça
Teles, Belle Chere & David Ngo, Lia Rodrigues Companhia de Danças &
Maria Núbia Vítor de Souza aqui.
Pelos caminhos da vida, A lenda Tembé do
incêndio universal e o dilúvio, Benedicto
Lacerda, Ferdinand Hodler, Clodomiro Amazonas, Alessandro
Biffignandi, Diane Arbus & Ligia Scholze Borges Tormachio aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Art by Ísis Nefelibata
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.