
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial
com Preto & Branco & Trem Mineiro do músico, arranjador, regente,
pianista e compositor Wagnert Tiso (Veja mais aqui & aqui); e Love Lee Rita
& Ná, da cantora e compositora Ná Ozzetti (Veja mais aqui & aqui). Para conferir é só ligar o som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – [...] a arte é considerada
política porque mostra os estigmas da dominação, porque ridiculariza os ícones
reinantes ou porque sai de seus lugares próprios para transformar-se em prática
social [...] precisamos questionar essas identificações do uso das imagens com a idolatria,
a ignorância ou a passividade, se quisermos lançar um olhar novo sobre o que as
imagens são, o que fazem e os efeitos que produzem [...]. Trechos extraídos
da obra O espectador emancipado
(Martins Fontes, 2012), do filósofo e professor francês Jacques
Rancière. Veja mais aqui.
INESTÉTICA – [...] Didatismo, romantismo, classicismo são os esquemas possíveis do
entrelaçamento entre arte e filosofia, o terceiro termo correspondendo à
educação dos sujeitos, particularmente da juventude. No didatismo, a filosofia
entrelaça-se com a arte na modalidade de uma vigilância educativa de seu
destino extrínseco ao verdadeiro. [...] foram
didáticas por seu desejo de dar um fim à arte, pela denúncia de seu caráter
alienado e inautêntico. Românticas também, pela convicção de que a arte deveria
renascer de imediato como absolutez, como consciência integral de suas próprias
operações, como verdade imediatamente legível de si mesma. Consideradas como
proposta de um esquema didático-romântico, ou como absolutez da destruição
criadora, as vanguardas eram, antes de mais nada, anticlássicas. [...].
Trechos da obra Pequeno manual de inestética (Estação Liberdade, 2002), do filósofo, dramaturgo e
novelista marroquino Alain Badiou, entendendo por inestética [...] uma relação da filosofia com a
arte, que, colocando que a arte é, por si mesma, produtora de verdades, não
pretende de maneira alguma torná-la, para a filosofia, um objeto seu. Contra a
especulação estética, a inestética descreve os efeitos estritamente
intrafilosóficos produzidos pela existência independente de algumas obras de
arte.
JOAQUIM NABUCO – O município de Joaquim
Nabuco é formado pelo distrito sede e pelos povoados de Usina
Pumati, Arruado e Baixada da Areia. O povoamento na região deu-se através dos
trabalhadores dos engenhos Pumaty, Boa Vista e Cuiabá, que foram construindo
suas palhoças, as casas e a capela. Inicialmente o povoado denominava-se
Preguiça. Esta denominação é atribuída às embaúbas ou
"pau-de-preguiça" da região. Entretanto, há registro de que a origem
do nome seria devido ao dia da feira: segunda-feira, que era considerado o dia
da preguiça. As autoridades locais solicitaram a mudança de nome para
homenagear o jurista, diplomata, historiador e político Joaquim Nabuco
(1849-1910): “De um lado do mar, sente-se a ausência do
mundo; do outro, a ausência do país”. O
distrito foi criado em 9 de novembro de 1892 e pertencia ao município de
Palmares. Elevado à categoria de município com a denominação de Joaquim Nabuco,
pela Lei estadual nº 1819, de 30 de dezembro de 1953 e instalado em 15 de maio
de 1954. A atividade econômica predominante é a agroindústria açucareira,
prevalendo na agricultura a cana-de-açúcar, mandioca, banana e maracujá. Veja
mais aqui.
O OLHAR E O VISTO – [...] O prazer do olho não se obtém pelo toque
direto, como é o caso das outras zonas erógenas (boca, ânus), mas por esse
investimento imperceptível que transforma o outro em um objeto agalmático. Eis
por que Freud destaca que o olho é a zona erógena mais distante do objeto
sexual. No caso da pulsão escópica, a satisfação se dissocia do prazer do
órgão-olho. Sua satisfação, evidentemente, não é obtida pela manipulação dos
olhos, mas por sua propriedade háptica de tocar de longe o objeto sexual,
desnudá-lo e comê-lo com os olhos [...]. Trecho extraído da obra Um olhar a
mais: ver e ser visto na psicanálise (Jorge Zahar 2004), do psicanalista Antonio Quinet.
PANTALEÓN & AS VISITADORAS - [...] dedicou-se a
estabelecer os primeiros contatos com vistas à contratação. Graças à cooperação
do individuo que atende pelo nome de Porfirio Wong, mais conhecido como China,
a quem conheceu por obra do acaso no centro noturno denominado Mao Mao (Rua
Pebas, 260), fez uma visita, altas horas da noite, ao local de diversão
freqüentado por mulheres de vida alegre dirigido por dona Leonor Curinchila, ou
Chupechupe, comumente conhecido pelo nome de Casa Chuchupe e sito na estrada
para o balneário de Nanay. Sendo a citada Leonor Curinclila amiga de Porfirio
Wong, este último pôde apresentar-lhe o abaixo assinado, que, na ocasião,
fez-se passar por comerciante (do ramo de importação/exportação)
recém-instalado em Iquitos e à prcura de distrações. A referida Leonor
Curinchila mostrou-se cooperativa e o abaixo assinado conseguiu – sem outra
alternativa, para tanto, sebão ingerir muitos cálices de licor (recibo 8) –
obter dados interessantes relacionados ao sistema de trabalho e costumes do
pessoal daquele estabelecimento. Assim é que na Casa Chuchupe cerca de
dezesseis mulheres formam o que se poderia denominar plantel estável, visto que
há outras, entre quinze e vintém que trabalham irregularmente, comparecendo alguns
dias, faltando outros, por razões que abarcam desde doenças veneras (p. e.,
gonorréia ou cancro) contraídas no exercício dos atendimentos, até transitórios
amancebamentos ou contratos por temporada (p.e., madeireiro contra a
acompanhante para viagem de uma semana à selvba)m que as afastam
temporariamente do centro de trabalho. Em síntese, o pessoal completo, entre
estável e flutuante, da Casa Chuchupe, são mais ou menos trinta meretrizes,
embora o plantel efetivo (porém renovável) de cada noite chegue à metade desse
total. [...] não sendo raro ver-se
pela rua senhoritas de aparência muito sedutora, de ancas desenvolvidas, bustos
turgescentes e andar insinuante, às quais, pelos padrões litorâneos, se
atribuiria uma idade de vinte ou vnte e dois anos, mas que na realidade têm
apenas treze ou catorze [...] corpos
atraentes e arredondados, sobretudo em se tratando de ancas e seios, membros
que tendem a ser generosos neste campo da Pátria, e rostos apresentáveis, muito
embora, quando observadas de perto, aqui se verifique apresença de um maior
número de defeitos, não quanto à fealdade de nascimento, mas adquirida por
acne, varíola e queda de dentes, sendo este último acidente uma coisa comum na
Amazônia, em decorrência do clima debilitante e das insuficiências dietéticas.
[...] dentre a matizada gama de
atendimentos prestados, figuram desde a simples masturbação efetuada pela
meretriz (manual: 50 sóis; bucal, ou corneta: 200 sóis), até o ato sodomita (em
termos chulos, “trilha estreita” ou “com cocozinho”: 250 sóis), o 69 (200
sóis), espetáculo sáfico ou “panqueca” (200 sóis cada), ou casos menos
freqüentes, como os de clientes exigirem dar ou receber golpes de açoite,
vestir ou assistir a fantasias e ser adorados, humilhados e mesmo defecados,
extravagâncias cujas tarifas oscilam entre 200 e 600 sóis. [...] teve condições de concluir, mediante
brincadeiras e perguntas capciosas, que as mais graciosas e eficientes podem,
numa noite de trabalho (sábado ou véspera de feriado), efetuar cerca de vinte
atendimentos sem ficar excessivamente exaustas, o que dá margem à seguinte
formulação: um comboio de dez visitadoras, selecionadas as de maior rendimento,
estaria em condições de realizar 4800 atendimentos simples e normais por mês
(semana de seis dias), trabalhando full time e sem contratempos. Ou seja, que
para cobrir o objetivo máximo e ambicioso de 104.712 atendimentos mensais seria
necessário contar com um corpo permanente de 2115 visitadoras de categoria
máxima trabalhando em tempo integral e sem nenhum tipo de contratempo.
Possibilidade, naturalmente, quimérica a essas alturas [...]. Trechos da
obra Pantaleón e as visitadoras
(Globo/Folha São Paulo, 2003), do escritor, jornalista e
político peruano Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura de 2010.
Veja mais aqui, aqui & aqui.
NOTURNO & CELEBRAR ESTE MUNDO – NOTURNO: Não sou o que te quer. Sou o que desce / a
ti, veia por veia, e se derrama / à cata de si mesmo e do que é chama / e em
cinza se reúne e se arrefece. / Anoitece contigo. E me anoitece / o lume do que
é findo e me reclama. / Abro as mãos no obscuro, toco a trama / que lacuna a
lacuna amor se tece. / Repousa em ti o espanto que em mim dói, / noturno. E te
revolvo. E estás pousada, / pomba de pura sombra que me rói. / E mordo o teu
silêncio corrosivo, / chupo o que flui, amor, sei que estou vivo / e sou teu
salto em mim suspenso em nada. CELEBRAR ESTE MUNDO: Celebrar este mundo adivinhando / a incurável leveza, a inabalável / certeza
do esplendor interminável / da luz de Deus, aurora ruminando / para sempre a
quietude do imutável./ Somos reflexos dessa luz, um bando / de flamingos
ardendo, misturando- / se ao sol nascente, ao inimaginável / incêndio
indescritível, todo asas, / todo luz… Somos feitos como brasas / abrindo o voo,
somos como o voo / dos flamingos em brasa ao oriente…/ E nunca há de apagar-se
aquele ardente / sol perfeito que neles se espelhou. Poemas
do premiado poeta Bruno T0lentino
(1940-2007), opositor do movimento modernista, da cultura popular e da poesia
concreta.
A ARTE DE FRANCINE VAYSSE
A arte da pintora francesa Francine Vaysse.
Veja mais:
A poesia de Emily Dickinson aqui.
&
A ARTE DE ROGER DE LA FRESNAYE
A arte do pintor cubista francês Roger de la Fresnaye
(1885-1925).