QUANDO FREYARAVI
É SÓ FREYA – É dia dela e do Vale do São Francisco
eu voo para recebê-la em festa - ela aniversaria duas vezes por ano. E eis que surge
deusa mãe das entranhas álgidas de Vanir, quando os deuses se reúnem para
romper o acordo com o construtor das muralhas de Asgard. Vem ela da Völva para
ser minha noiva na sua mágica aura glacial, feita de brisa tropical com a música
na Völupsa da Edda poética. E em mim ela é a magia venerada pelo êxtase das
sacerdotisas do Seiðr para as sagas das viagens
espirituais nas mudanças dos tempos e de todas as coisas curadas e amaldiçoadas,
que caçam suas lágrimas de deusa da riqueza transformadas em ouro na terra e
âmbar no mar, quando é a beleza, a flor
entre as flores, a fertilidade da vida para consagrar felinos, corvos e lobos
para mim. Em mim ela é a guerra no seu carro puxado por linces para o pacto de
Asgard entre os Aesir, é a morte ao receber de suas lideradas valquírias as
almas de todas as mulheres no palácio de Fólkvangr, como também a metade das
almas dos homens mortos em combate. Em mim ela é a sabedoria que me atrai com
sua beleza voluptuosa e olhos vivos realçados pelo colar mágico de Brisingamen na
expressão do Sol e os dias e as noites, e é o amor com toda sensualidade e luxuria
entre o céu e a terra, a procurar por mim e encontrar-me cativo na sua
exuberância divinizada, carregada de raios e trovões. E refém do seu encanto eu
sou para retirar o bustiê e vendar meus olhos na surpresa da sua nudez mágica,
e um filme revela as minhas encarnações passadas ao seu lado, passeando de mãos
dadas pela Cordilheira dos Andes, o sexo selvagem na Barreira do Inferno, o
Kama Sutra na muralha chinesa, o namoro agarradiço na ilha atlântica de
Hy-Breazil, o abraço quente pra entrega setentrional no Ártico, a nudez na madrugada
da Ilha Grande da Terra do Fogo, a despedida amorante no Salto das Sete Quedas
dos gozos ubíquos na redondeza ensolarada do Taj Mahal, na relva do
Kilimanjaro, no munumento de La Mano em Punta Del Este, no Jeju Loveland, e ela
gritando todas as vezes para que eu não vá, até adormecer no feitiço de suas
imprecações. Desperto com o hálito de primavera dos seus lábios rentes ao meu,
sua língua aveludada por minhas faces, suas mãos estivais incendiando meu sexo,
o toque macio dos seus dedos nórdicos esfregando-o à palma da sua mão reveladora
e envolvê-lo com as estrelas do céu da sua boca, agasalhado por suas lambidas acasaladoras,
a iluminá-lo com o prateado do seu sobejo e aprontá-lo para ser tomado pelo
vulcão ventral de sua gula vaginal, na contagem regressiva pro lançamento do
meu foguete singrando os seus sete céus inflamáveis para explodir o gozo dos
seus zis orgamos e beijares feitos girândolas de fogos de artifícios, estrelas
cadentes e galácticos sóis. E dela sou súdito e cultor, duas vezes por ano,
para sempre. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais
aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a cantora e compositora Bárbara Eugenia: Frou frou &
Jornal Bad; com o músico, compositor
e andarilho urbano Tatá Aeroplano: Step Psicodélico;
e da dupla Vida ventureira. Para conferir é só ligar o
som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – A voz do morto: Estava com Penélope, conheci Elsa, reencontrei Helena,
abandonei Penélope, deixei Helena. E sinto saudade de Esmé. Respeito todas,
valorizo todas, todas foram importantes para mim. Será por isso que dizem que
não presto? Será? Se os mortos cantassem eu entoaria: “Eu não presto, mas eu te
amo, eu não presto mas eu te amo”. Sim. E daí? O amor, ah, o amor! Amor. Quem o
merece? [...]. Trecho extraído da obra O
silêncio do delator (A Girafa, 2004), do jornalista e escritor José Nêumane
Pinto.
LEI DOS TRÊS PRINCÍPIOS OU TRÊS FORÇAS – [...] todo fenômeno, em qualquer escala e em qualquer mundo que ocorra, do
plano molecular ao plano cósmico, é o resultado da combinação ou encontro de
três forças dirferentes ou opostas. O pensamento contemporâneo reconhece a
existência de duas forças e a necessidade dessas duas forças para a produção de
um fenômeno: força e resistência, magnetismo positivo e negativo, eletricidade
positiva e negativa, células masculina e feminina e assim por diante. Ainda
assim, não constata sempre nem em toda parte a exist~encia dessas duas forças.
Quanto á terceira força, jamais se preocupou com ela ou, se lhe aconteceu um
dia levantar tal questão, ninguém disso se apercebeu. [...]. Trechos da
obra Fragmentos de um ensinamento
desconhecido: em busca do milagroso (Pensamento, 1982), do
filósofo e psicólogo russo Piotr
Demianovitch Ouspensky (1878-1947). Veja mais aqui.
O BELO VERÃO - Naquele
tempo tudo era festa. Bastava que saissemn de casa e atravessassem a rua para
ficarem como loucas, e tudo era tão bonito, princpalmenet à noite, que, mesmo
chegando mortas de cansaço, esperavam que alguma coisa acontecesse, que
rebentasse um incêndio, que em casa nascesse uma criança, ou que de repente
rompesse o dia e todo mundo saísse às ruas, e se pudesse continuar andando
andanto até chegar aos campos, até chegar além das colinas. – Têm saúde, são
jovens – diziam -, são moças, não têm preocupação, a gente entende. No entanto,
uma delas, Tina, que saíra do hospital manca e que em casa não tinha o que
comer, também ria por nada e, uma noite, correndo atas dos outros, parara e
comçara a crhorar porque era uma besteira dormir, era como roubar tempo à
alegria. [...]. Trechos da obra O
belo verão (Brasiliense, 1987), do escritor italiano Cesare Pavese (1908-1950). Veja mais
aqui.
QUATRO POEMAS DO GUARDAR – Logrador: Você habita o próprio centro / de um
coração que já foi meu. / Por dentro torço por que dentro / em pouco lá só more
eu. / Livre de todos os negócos / e vícios que advém de amar / lá seja o centro
de alguns ócios / que escolheirei por cultivar. / Para que os sócios vis do
amor, / rancor, dor, ódio, solidão, / não mais consumam meu vigor, / amado e
amor banir-se-ão / do centro rumo a um logrador / subúrbio desse coração. Simbiose:
Sou seu poeta só / só em você descubro a poesia / que era minha já / mas eu não
via. / Só eu sou seu poeta / só eu revelo a poesia sua / e à noite indiscreta /
você de lua. Maresia: O meu amor me deixou / levou minha identidade / não sei mais bem onde
estou / nem onde há realidade / Ah, se eu fosse marinheiro / era eu quem tinha
partido / mas meu coração ligeiro / não se teria partido/ ou se partisse colava
/ com cola de maresia /eu amava e desamava / sem peso e com poesia / Ah, se eu
fosse marinheiro / seria doce meu lar / não só o Rio de Janeiro / a imensidão e
o mar / leste oeste norte sul / onde um homem se situa / quando o sol sobre o
azul / ou quando no mar a lua / não buscaria conforto / nem juntaria dinheiro /
um amor em cada porto / Ahhhhhh se eu fosse marinheiro.../ não pensaria em
dinheiro / um amor em cada porto... / Ahhhhhh se eu fosse marinheiro... O país das maravilhas: Não se entra no país das maravilhas / pois ele fica do
lado de fora, / não do lado de dentro. Se há saídas/ que dão nele, estão
certamente à orla/ iridescente do meu pensamento,/ jamais no centro vago do meu
eu./ E se me entrego às imagens do espelho/ ou da água, tendo no fundo o céu,/ não
pensem que me apaixonei por mim./ Não: bom é ver-se no espaço diáfano/ do
mundo, coisa entre coisas que há/ no lume do espelho, fora de si:/ peixe entre
peixes, pássaro entre pássaros,/ um dia passo inteiro para lá. Poemas
extraídos de Guardar (Record, 1997), do
poeta, compositor, critico literário e filósofo Antônio Cícero. Veja mais aqui.
A ARTE DE GIL COHEN
A arte do desenhista, ilustrador, professor e pintor Gil Cohen.
Veja mais:
A arte de Fulvio Pennacchi aqui.
Vygotsky, o teatro e a criança aqui.
Brincar para aprender aqui.
&
A ARTE DE ALESSANDRA
FAVETTO
A arte da fotógrafa,
artista plástica e visual italiana Alessandra
Favetto.