EGUMBIGOS NO PAÍS DOS
INVISÍVEIS – Ora, ora! Para
quem vem de lá para cá, ou vai daqui pra lá, só tem umbigo: confidências
absortas, cabeça à mil dos desejos e nada mais tem sentido. É tudo invisível: injustiça,
fome, desigualdade, violência, pedintes, presidiários. Só com o umbigo se come
vidros no deleite das ofertas e na navegação da última moda. Pra que tristeza
se tem as teclas da felicidade ao alcance dos dedos e ouvidos? Sozinho não
fica, xô solidão! Basta ser feliz na redoma dos egumbigos e o resto que se
foda! Veja mais aqui, aqui e aqui.
Imagem: O nascimento de Vênus, do pintor italiano Sandro Botticelli (1445-1510). Veja mais aqui.
Ouvindo Noturnos, do compositor e pianista polonês Frédéric Chopin (1810-1849), na interpretação do pianista brasileiro Artur Moreira Lima. Veja mais aqui e aqui.
OS EPIGRAMAS DE ESCÁRNIO E
LICENCIOSIDADE – O poeta
latino Marcial
(40 a.C – 104 d.c) retratou nos seus epigramas a ironia e mesmo obscenidade, o
cotidiano e as fraquezas da sociedade romana da época dos Flávios. Suas
primeiras obras de sucesso foram o Liber
spectaculorum, com mais de trinta poemas em exaltação aos jogos e as
coletânea de poemas comemorativos para as festas em honra ao deus Saturno,
Xenia e Apophoreta. Começou, então a publicar a genial série de 12 livros de
Epigramas (85-100), onde escreveu com desenvoltura textos mordazes, retratos
satíricos, anedotas, quadros, trocadilhos e poemas de ocasião, uma verdadeira
crônica de seu tempo e ao mesmo tempo um diário do poeta, considerado o mais
original da literatura latina. O primeiro epigrama que destaco é este: Qualé, Flaccus, meu tipo de mulher? uma nem
fácil nem muito difícil. O meio termo pra mim ainda é o melhor: uma que não me
esfole nem me deixe mal. Este outro epigrama trata sobre o livro: Certamente podias conter três centenas de epigramas,
Mas quem te suportaria e te leria inteiro, meu livro? Aprende agora quais são
as vantagens de um livro pequeno. Esta é a primeira: que menos papel é gasto
por mim; Além disso, em uma hora o copista termina estes versos, E ele não
gastará tanto tempo com minhas bobagens; A terceira razão é esta: que se acaso
tu fores lido por alguém, Mesmo que sejas muito ruim, não serás desprezível. O
convidado te lerá enquanto o vinho for misturado, Mas antes que o cálice
servido comece a ficar quente. Crês que estás protegido por tamanha brevidade? Ai!
Que para tantos leitores ainda assim serás longo! Veja mais
aqui.
A CONQUISTA DA AMÉRICA – No livro A
conquista da América: a questão do outro (Martins Fontes, 2003), o filósofo
e linguista búlgaro Tzvetan Todorov
faz a exposição de suas pesquisas a respeito do conceito de alteridade na
relação entre as pessoas envolvidas em grupos sociais distintos, tendo como
tema central a questão do imigrante diante das ações de xenofobismo. Ou seja, a
descoberta que faz o eu do outro, tratando sobre o descobrir, o conquistar, o
amar e conhecer, a partir de observância da igualdade e desigualdade, das
tipologias das relações com outrem, o escravismo com observância do
colonialismo e da comunicação, Montezuma e os signos, entre outros importantes
assuntos. Veja mais veja mais aqui, aqui e aqui.
RASGA CORAÇÃO – O drama que ganhou o Prêmio SNT 1974, Rasga Coração, do dramaturgo, ator e
diretor Oduvaldo Vianna Filho - o Vianinha (1936-1974), é nas palavras do
próprio autor uma homenagem ao lutador anônimo político, aos campeões das lutas
populares, preito de gratidão à Vela Guarda, à geração antecedente que foi a
que politizou em profundidade a consciência do país. Segundo ele, a peça estuda
as diferenças que existem entre o novo e o revolucionário, contando a história
de Manguari Pistolão, lutador anônimo, que depois de quarenta anos de luta por
aquilo que achava novo, revolucionário, vê seu filho acusa-lo de
conservadorismo, antiguidade e anacronismo. Na cena 9 do segundo ato,
encontramos o personagem Manguari se expressando: Não posso mais, não posso mais viver com uma pessoa que me olha como se
eu estivesse morto! Como se todas as pessoas que estão aí fora gemendo no mundo
fossem a mesma coisa! Como se não houvesse dois lados! E eu sempre estive ao
lado dos que têm sede de justiça, menino! Eu sou um revolucionário, entendeu? Só
porque uso terno e gravata e ando no ônibus 415 não posso ser revolucionário? Sou
um jovem comum, isso é outra coisa, mas até hoje ferve meu sangue quando vejo
do ônibus as crianças na favela, no meio do lixo, como porcos, até hoje choro,
choro quando vejo cinco operários sentados na calçada, comendo marmitas frias,
choro quando vejo vigias de obras aos domingos, sentado, rádio de pilha no
ouvido, a imensa solidão dessa gente, a imensa injustiça. Revolução sou eu! Revolução
pra mim já foi uma coisa pirotécnica, agora é todo dia, lá no mundo, ardendo,
usando as palavras, os gestos, os costumes, a esperança desse mundo, você não é
o revolucionário, menino, sou eu, você no meu tempo, chama-se Lorde Bundinha
que nunca negou que era um fugitivo, você é um covardezinho que quer fazer do
medo de viver, um espetáculo de coragem! Veja mais aqui & aqui.
VIDRÁGUAS, ENCAIXES &
POSTIGOS – A poetamiga Carmen Silvia Presotto além de ser
autora de livros encantadores, é também editora e responsável pelo Projeto
Vidráguas e de projetos culturais lá no Rio Grande Sul. Em uma das vezes que
nos encontramos, recebi seus livros, li-os e adorei, tanto que propus que ela
me concedesse uma entrevista exclusivíssima sobre suas atividades. Sempre
generosa e amável, fui premiado tanto com o seu depoimento como pela
oportunidade de conhecer seus livros, entre os quais, destaco o seu poema Livre: Redesenho
o cotidiano / Pontos / E tramas / - coisa absurda – / Me ouço em outros poemas
/ Feito sussurro ao vento. Veja a entrevista e mais poemas dela aqui e aqui.
LA BELLE NOISESUE – O encantador drama franco-suíço-italiano
La belle noisesue (A bela intrigante, 1991), do cineasta
francês Jacques Rivette é baseado no
conto Le chef-d´ouvre incomu (1831)
do autor francês Honoré de Balzac (1799-1850) e de três contos recolhidos da
obra do escritor estadunidense Henry James (1843-1916). O filme é belíssimo
valendo-se não só das imagens paradisíacas proporcionadas pelas atrizes Jane
Birkin, Emmanuelle Béart e Marianne Denicourt, como pelo talento de gênio de
seu diretor. Indispensável. Veja mais aqui e aqui.
Veja mais sobre:
Todo dia, a primeira vez, Gilvan Samico & Paul Mathiopoulos aqui.
E mais:
Afrodite & O julgamento de Páris, Lya
Luft, Marcia Tiburi, Cacilda Becker, Diana Krall, José Celso Martinez Corrêa,
Krzysztof Kieslowski, Jeanne Hébuterne, Débora Arango, Julie Delpys & Enrique Simone aqui.
Reflexões de metido em camisa de onze
varas e cheio de nó pelas costas,
Viviane Mosé, Ralph Waldo Emerson, Isaac Newton, o Método Perigoso de Carl
Gustav Jung & Sabina Spielrein, A Síndrome de Klüver-Bucy, Auguste Comte
& Cloltilde de Vaux aqui.
Slavoj Zizek, Victor
Hugo, Pier Paulo Pasolini, Agildo Ribeiro, Silvana Mangano, Honoré Daumier,
Altay Veloso & Maria Creuza aqui.
Li Tai Po, Paul Ricoeur, Millôr
Fernandes, Carlos Saura, Ralph Gibson, Salomé & Aída
Gomez, Ronaldo Urgel Nogueira & Mônica
Salmaso aqui.
O morto e a lua, Ferreira Gullar, Oscar
Wilde, Louis Malle, Montaigne, Lisztomania, Juliette Binoche, Virginia Lane,
Luhan Dias & Neurofilosofia e Neurociência Cognitiva aqui.
A desgraça de um é a risada de outro, Gonzaguinha, Rosie Scribblah, Milton Dacosta,
Jean-Michel Basquiat, Nitolino & Literatura Infantil aqui.
Dos gostos e desgostos da vida, Claude Monet, Ewald Mataré, Chris Maher, Marlina Vera
& Quanto mais a gente vive, mais se enrola nas voltas do tempo aqui.
A República no reino do Fecamepa – lições
de ontem e de hoje pro que não é: Platão, Cícero, Maquiavel,
Montesquieu, Rousseau, Georg Lukács, Norbert Elias, Zygmunt Bauman & Florestan Fernandes aqui.
Abram alas pra revolta passar que os
invísiveis apareceram, Debora
Klempous, Amadeo de Souza-Cardoso, Neurofilosofia & Neurociência Cognitiva aqui.
As escolhas entre erros e acertos, Armand Pierre Fernandez, Alexandra
Nechita, Raceanu Adrian & Laura
Canabrava aqui.
Das vésperas & crástinos na festa do
amor, Peter
Greenaway, Dalu Zhao, Luciah Lopez, A Notícia & Jamilton Barbosa Correia aqui.
Água morro acima, fogo queda abaixo, isto
é Brasil, Noêmia
de Sousa, Juarez Machado, Tetê Espíndola, Glauco Villas Boas, Geraldo de Arruda
Castro & Giselda Camilo Pereira aqui.
Todo dia o primeiro passo, José Orlando Alves, Gilberto Mendonça
Teles, Belle Chere & David Ngo, Lia Rodrigues Companhia de Danças &
Maria Núbia Vítor de Souza aqui.
Pelos caminhos da vida, A lenda Tembé do
incêndio universal e o dilúvio, Benedicto
Lacerda, Ferdinand Hodler, Clodomiro Amazonas, Alessandro
Biffignandi, Diane Arbus & Ligia Scholze Borges Tormachio aqui.
História da mulher: da antiguidade ao
século XXI aqui.
Palestras: Psicologia, Direito &
Educação aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora Tataritaritatá!
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
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