quinta-feira, julho 18, 2019

PETRARCA, MIGUEL ALTIERI, VIANINHA, MARIANO VARGAS& CARTA DE GRATIDÃO


CARTA DE GRATIDÃO - Sou grato, de fato e de direito. À mesa, um prato, abracadabra! Sirvo-me do necessário, não gasto o disponível por que não tenho, nem excedo por que me falta, mesmo que tivesse. Nem muito ou pouco me basta, vou sempre além do que posso. Vá entender. Da minha parte sou grato pelo dia que amanhece e pela tarde que convida a noite para a insônia da criação ou descanso das pugnas diárias; pelo ar que respiro apesar de envenenado, pela água cristalina ou poluída que mata a minha sede, pelo que ouço de harmonia e ruído, pela pele e superfícies que toco, pelo perfume dos jardins e fedentina dos lixos; pelo chão que piso, pela imensidão dos céus que almejo, pelos caminhos que me convocam a andada. Sou grato pela Natureza: campos, seres e paisagens; pelas invenções incomuns e pelas que são de fato engenhos científicos; pelos miúdos esvoaçantes até os mais pesados que o ar, a me ensinarem a voar sem asas nos braços; pelos que vivem no exato e os que se foram assim do nada. Sim, sou grato pelas pessoas que passam, uns assim, outros assados; pelas senhoras Zefinhas que puxam a escadinha dos seus Anclotinatos; pelas Conças mocinhas que sonham com Fortunatos. Sou grato pela solidão de os verem passar e sempre serei, mesmo pelos que não puderam vir, como pros que só servem para tirar retrato; pela indiferença das soberbas e por aqueles que não entenderam nem poderão sequer visualizar sua vida canhestra; pelos que acham solução para tudo na sua razão de plantão e pros caricatos que quase me matam de rir, minha gratulação. Meu reconhecimento no sentido mais lato paratodos: pros que não estão nem aí para o que está acontecendo e pros que fazem dos outros gato e sapato com seus fingidos apertos de mãos e abraços; pros que tenha que tomar bicarbonato de sódio para poder digerir, afora os chatos de galocha que já são de doer; pelos que mamam nas tetas públicas e se mostram em pleno celibato; pelos timoratos e os que armam nos outros o seu artesanato; pros que precisam de contrato para infringir as avenças e rompem seus tratos na maior cara lisa; os que são que nem carrapato na cacunda da vítima e que aprontam sem o menor recato, como os que fazem da lama o seu prato ou fazem valer que a vida é o maior barato, a todos meu reconhecimento. Sou mais agradecimentos aos fratres e sorores, ouroboros, saúdo, a vida é desiderato: cada qual tenha ou não, sigo adiante. Sou eterna gratidão. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
[...] Os sistemas de cultivo e as técnicas especialmente adequadas às necessidades dos agroecossistemas específicos resultam em uma agricultura mais refinada, baseada em um mosaico de variedades genéticas tradicionais e aperfeiçoadas, insumos locais e técnicas, sendo cada composição ajustada a um determinado nicho ecológico, social e econômico. [...] Ao converter os sistemas de monocultura de alto uso de insumos para o manejo agroecológico, o desafio é a busca de meios de utilização dos insumos externos apenas para obter elementos em déficit no ecossistema e aumentar os recursos biológicos, físicos e humanos disponíveis. Ao utilizar os insumos externos, dá-se atenção principalmente à reciclagem máxima e ao impacto nocivo mínimo sobre o ambiente. O desenvolvimento de agroecossistemas autossuficientes, diversificados e viáveis economicamente surgirá de novos sistemas integrados de agricultura, com tecnologias ao alcance dos agricultores e adaptadas ao meio ambiente. [...] É crucial que os cientistas envolvidos na busca por tecnologias agrícolas sustentáveis se preocupem com quem, finalmente, se beneficiará com elas. Isso exige que eles reconheçam a importância do fator político quando as questões científicas básicas são colocadas em discussão, e não somente quando as tecnologias são distribuídas à sociedade. Assim, o que é produzido, como é produzido e para quem é produzido são questões-chave que precisam ser levantadas, caso se queira fazer surgir uma agricultura socialmente justa. [...] além do desenvolvimento e difusão de tecnologias agroecológicas, a promoção da agricultura sustentável exige mudanças nas agendas das pesquisas, bem como políticas agrárias e sistemas econômicos abrangendo mercados abertos e preços e, ainda, incentivos governamentais. [...].
Trechos extraídos da obra Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável (EdUFRGS, 2004), do agrônomo e entomologista chileno Miguel Altieri, que em uma entrevista (Carta Maior, 2013), expressou que: [...] O Brasil está muito avançado, tem uma grande diversidade de agricultura, permacultura, homeopatia, agroflorestas, etc. Mas há uma confusão porque muitos pensam que isso é agroecologia, só que você pode fazer uma monocultura orgânica que não tem base agroecológica. Então a agroecologia não é somente um sistema de produção, é uma ciência com uma série de princípios aplicados de uma forma tecnológica que fomenta processos ecológicos. [...]. Veja mais aqui.

O TEATRO DE ODUVALDO VIANNA FILHO
[...] LUCA: ... gás S02, brometos, DDT, 40 toneladas de corante, é isso que as pessoas comem! Vocês estão comendo coisas mortas, fúnebres, e isso é que explode dentro do sangue de vocês! Hein? E para fugir desta morte, hein? Essa ansiedade! Pra afogar essa ansiedade vocês resolveram fazer o reino da fartura e pulamem cima da natureza, querem domá-la à porrada e comem morte e engolem carnes, bloqueiam o corpo, os poros, sobra o cérebro pensando incendiado em descobrir um jeito de não viver e a tensão toma conta de tudo e vocês só parem guerras, as guerras pela justiça, pela liberdade, dignidade e nada descarrega a tensão, o cheiro de podre vem de dentro, o sexo entra pelas frestas, sobra o sexo nas noites solitárias martelando, então mais guerra e napalm e guerras... [...] LUCA: ... Já foram encontrados pinguins com inseticida no corpo, a Europa já destruiu todo seu ambiente natural, diversas espécies de animais só existem nos jardins zoológicos, as borboletas estão acabando, vocês vivem no meio de fezes, gás carbônico, asfalto, ataques cardíacos, pílulas, solidão... essa civilização é um fracasso, quem fica nela e se interessa por ela, essas pessoas é que perderam o interesse pela vida... eu é que devia te chamar pra largar tudo isso... é na pele a vida, é dentro da gente, vocês não sabem mais se maravilhar! Eu não estou largado pai, ontem estive na porta de uma fábrica de inseticida, fui explicar pros operários que eles não podem produzir isso... [...].
Trecho extraído da peça teatral Rasga coração (SNT, 1979), do dramaturgo, ator e compositor Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974), o Vianinha. O texto foi transformado no filme homônimo, dirigido por Jorge Furtado, em 2018, contando a história de um pai com 40 anos de militância que presencia o filho acusa-lo de conservador e, no final, o próprio se vê repetindo as atitudes do pai. Veja mais aqui, aqui & aqui.

A FOTOGRAFIA MARIANO VARGAS
Minhas fotos são uma pequena homenagem à feminilidade e criação artística. Eu tento capturar a beleza, a segurança, a condição, o sentimento da mulher da nossa época através de uma abordagem arriscada como é o nu. A nudez faz parte do nosso cotidiano. O erotismo é uma maneira de nos mostrar o mundo e está presente em um olhar, um gesto ou uma pose. Sem dúvida, o cotidiano é suscetível à inspiração, causando preocupação, rejeição da artificialidade, conexão com o espectador... Meus modelos são mulheres simples que encontro na rua, no metrô, em uma lanchonete ou em uma loja, mas sempre extraídas da realidade mundana a que pertencem.
A arte do fotógrafo espanhol Mariano Vargas. Veja mais aqui.

A OBRA DE PETRARCA
O verdadeiro saber é o saber que temos de nós mesmos. De pouco adianta conhecermos a natureza das coisas e desconhecermos a natureza do homem.
A obra do escritor, intelectual humanista e filosofo italiano Francesco Petrarca (1304-1374) aqui, aqui, aqui & aqui.


PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

  Imagem: Foto AcervoLAM . Ao som do show Transmutando pássaros (2020), da flautista Tayhná Oliveira .   Lua de Maceió ... - Não era ...