DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: IH, ARANZEL DE
PLATITUDES & CIRCUNLÓQUIOS POR AÍ - A coisa enfeiou de vez! Faz
tempo que o inútil e desconveniente se instalaram entre os loquazes no figurino
das recepções e relações. Tanto é que, para onde me viro, só dou de cara com
palanfrórios: se não avultar com o confete incensador de falsidade, vai aviltar
com mangação para tapiar o menosprezo ou preconceito, tudo enrolação. Destá.
Pois é, se não é indignação esdrúxula de ofendido arrazoado, é logomaquia para
engalobar broco que apareça. Maior farra da hipocrisia e assim é conversa mole
jogada fora, mungangas e tergiversações. Deu as costas, aos farrapos e
punhaladas, uns aos outros, mutuamente reduzindo-se às blasfêmias ou insignificâncias,
tudo pelo irrisório. Tem outra? Já dizia Amedeo Modigliani: Com um olho procure o
mundo exterior, enquanto com o outro olhe para dentro de si mesmo. Seu dever na
vida é salvar seu sonho. É tudo muito doloroso, quase até nem saio de casa,
só vez em quando e saúdo a todos, nem me dando conta do que dizem ou fazem. Vou
e volto entre outras e outros.
DUAS: NEM ERA PRA SER, MAS É! - Foi aí que o vetusto individualismo
possessivo se revelou agora para lá de umbigocêntrico, tornando invisível,
quando não descartável, o outro e tudo o mais fora do interesse. Eita! Por isso
o questionador GregNews, do Gregorio
Duvivier, me trouxe uma indagação: para quê mesmo cuidar, hem, se a tônica é
cada um por si e quem não aguentar que vá para o raio que o parta! É aquela de ganhar
não é para principiantes! Vou Henry Thoureau: As coisas não mudam; nós é
que mudamos. Nunca é tarde para abrirmos mão dos nossos preconceitos. Nada,
quantos patéticos não chafurdam seus desesperos nas ostentações miseráveis até o
pescoço. Quem há de, digo de vida, não de ganhos. Apenas olho, milágrimas.
TRÊS: MEU CORAÇÃO PLANETÁRIO DE TODOS OS SERES, CORES, TONS & COISAS – Grosso
modo, agora que são outros quinhentos! O desumano reina no pedaço: ou é negócio
ou piada; afora isso, nada serve. Se estão todos pirados com a ganância pela
sedução dos artefatos suntuosos dos seus ouropéis inflacionados, estou noutra e
quase nem sei qual serventia. Sei de Gustav Klimt: A arte é uma linha em volta de
seus pensamentos. Só sei o coração com todas as coisas, é isso o que me faz
viver. Até amanhã. © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: A coragem não consiste
em prever um fim fatal, mas, sabendo e não sabendo que é nosso, fazendo todo o
possível para preservar a esperança até o último suspiro. Pensamento da filósofa
suíça Jeanne Hersch (1910-2000), organizadora da obra O direito de ser homem (Conquista,
1972), além de refletir sobre grandes problemas de sociedade, como a
responsabilidade da ciência, a eutanásia, interrupção da gravidez e os direitos
humanos no seu estudo Tolerância: entre a
verdade e a liberdade (Berghahn – Providence Oxford, 1996), sobretudo no
que concerne à tolerância
verdadeira que cresce à medida que se discute valores, critérios e significados
que constituem a verdade para o ser humano, uma narrativa mais profunda capaz
de adicionar novas linhas narrativas para as deliberações iterativas. Ela destaca
dois aspectos, o primeiro que a demanda fundamental da intolerância é fazer do
outro um igual a si-mesmo ou igual a maioria, esvaziando, esquecendo e
emudecendo a voz narrativa do outro que deixa de ser integrada à deliberação,
em que a alteridade do outro e a particularidade de sua perspectiva são
engolidas por um pretenso sujeito narrativo geral que determina a priori a
decisão a ser tomada em cada circunstância. Em segundo, ela assinala
que: [...]~o imperialismo da intolerância
está baseado na exclusiva opinião da própria pessoa em oposição ao que o outro
pode pensar, acreditar, fazer ou ser. [...].
O CINEMA
DE MARIANI FERREIRA
Lançar um filme é muito difícil. É elitizado, burocrático. Sinto que,
quando falamos sobre a segunda mulher negra a assinar um longa-metragem, se
apaga um pouco da história de outras mulheres negras que vieram antes de mim.
MARIANI
FERREIRA - A arte da cineasta, jornalista, roteirista, produtora
e diretora que milita no audiovisual, Mariani
Ferreira, e estreou com o premiado roteiro e a direção do curta-metragem Leo (2014). Depois ela produziu o documentário
O Caso do Homem Errado (Existe Homem
Certo?) que fala do jovem negro operário Júlio Cesar "confundido" com
bandido e, por isso, morto pela Brigada Militar em 1987, e roteirista e
co-roteirista das séries Filhos da
Liberdade e Ayiti e dos longas Janeiro e A Marca do Grilhão, além de ser a roteirista da série Necrópolis. Ela é formada em Jornalismo
pela Universidade Luterana do Brasil, em 2011, atuando como curadora do FRAPA e
da Mostra Ela na Tela. Veja mais aqui.
A ESCULTURA MARY VIEIRA
A sociedade industrial mudou o conceito de arte, oferecendo aos artistas
novos materiais e meios técnicos aperfeiçoados, aptos a traduzir as novas
concepções de espaço, movimento e tempo. A estética industrial transformando o
conceito de arte decorativa em conceito de desenho industrial, permite ao
artista aplicar também à função da vida cotidiana, os seus conceitos de função
essencial, bela, de essencialidade funcional estética.
MARY VIEIRA - A arte
da escultora e professora Mary Vieira
(1927-2001), que produziu Polivolumes, estruturas
de caráter abstrato-geométrico, que combinam uma parte sólida com segmentos
móveis: placas ou círculos concêntricos que giram em torno de um eixo fixo.
Essas peças assumem múltiplas configurações ao ser manuseadas pelo observador,
representando inúmeras possibilidades plásticas contidas em uma só forma,
criando esculturas multiplicáveis não sob a forma de exemplares idênticos, mas
sob a forma de peça única em que estão contidas várias outras. Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
Todas as frases que estão no filme são frases que eu já ouvi na minha
vida. O desejo era fazer pensar sobre os discursos naturalizados da violência.
São frases naturalizadas, que vão passando pelo senso comum. São pensamentos
violentos, que enquadram a gente numa ideia de mulher e de feminino.
O cinema da premiada diretora e roteirista Déa Ferraz, que é formada em jornalismo
com especialização em documentários pela Escuela Internacional de Cine y TV (EICTV),
de San Antonio de los Baños – Cuba, mestranda em Comunicação pela UFPE. Ela
possui na sua trajetória curtas, médias e longas apresentados em diversos
festivais no país e no exterior, diretora do longa- metragem Câmara de espelhos (2016), Modo de produção (2017) e Mateus (2019).
&
Educação
e mudança, do educador, pedagogista e filósofo Paulo Freire
(1921-1997) aqui.
Poesias
Completas, do poeta, dramaturgo, engenheiro civil, desenhista,
professor e editor Joaquim Cardozo (1897-1978) aqui, aqui & aqui.
Assuntos
pernambucanos, do jornalista, advogado, escritor, historiador e
ensaísta Barbosa Lima Sobrinho (1897-2000) aqui.
Marsa e SeuPereira & Coletivo401 aqui.
Imaginautas & Estação do Bem aqui.
&
A noite do Recife aqui.