DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: AUTORRETRATO,
ALTER MUITOS EGOS - Do que fui pro que sou, antes e depois, meu coração
Caravaggio é abraço de graça: sou da
paz em flor mais que a ternura, porque não me faço guerra. O poema legisla em causa própria. Arte, será?
George Sand afetuosamente terna: A arte é uma demonstração de que a natureza
é a prova. A arte não é um estudo da realidade positiva; é uma busca da verdade
ideal. Voo do que sinto ao suor, sou beijo paratodos.
DUAS: REINVENTO & SOBREPUJO – Voo sem leme ou bússola, apenas amanheço como
se eu não tivesse amparo, a não ser nos meus próprios gestos inseguros ou a me
debater tremulante aos estertores. Reinvento a clausura e o momento, Leibniz que alerta: Mais importante que as invenções é como
foram inventadas. Não é tempo que perdemos, é vida. Retomo a passada,
recrio caminhos antes ermos e sou direção da venta aonde for.
TRÊS: O QUE ME FALTA NÃO É PERDA - Minhas mãos
são ruas do lado de lá e de cá, porque ouvi de Bakunin: A liberdade do outro
estende a minha ao infinito. Não há nada tão estúpido como a inteligência
orgulhosa de si mesma. Sou voo livre palhássaro por fogáguas e terrares... Dê-me a sua mão, entrega. Até amanhã ou nunca mais. ©
Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] Na lógica da sobrevivência, ‘cada homem é
inimigo de todos os outros’. Mais radicalmente, o horror experimentado sob a
visão da morte se transforma em satisfação quando ela ocorre com o outro. É a
morte do outro, sua presença física como um cadáver, que faz o sobrevivente se
sentir único. E cada inimigo morto faz aumentar o sentimento de segurança do
sobrevivente. [...]. Trecho
extraído da obra Necropolítica
(N-1, 2018), do historiador, filósofo e cientista político camaronês Achille Mbembe, que no
seu estudo As
formas africanas de auto-inscrição (Estudos
afro-asiáticos, 2001), observou que: [...] Para
além da evidência das fraturas e da difração, a experiência dos escravos
africanos no Novo Mundo reflete uma plenitude de identidade mais ou menos
comparável, mesmo que as formas de sua expressão difiram, e mesmo que não haja
nenhum livro. Tal como os judeus no mundo europeu, eles têm que “narrar a si
mesmos” e “narrar o mundo”, e lidar com este mundo a partir de uma posição na
qual suas vidas, seu trabalho e seu modo de falar (langage) são parcamente
legíveis, pois estão envolvidos em embalagens fantasmagóricas. Eles têm que
inventar uma arte de existir em meio à espoliação, mesmo que agora seja quase
impossível invocar o passado e lançar sobre ele algum encantamento, exceto
talvez nos termos sincopados de um corpo que constantemente é transformado de
ser em aparência [...]. Veja mais aqui.
DESTAQUE: Sob o céu de Recife / e sinto o cheiro da
chuva / na terra molhada do quintal. / Me guardo agora / dentro de uma velha
casa. / Lá fora as folhas balançam / no vento e na chuva. / O limoeiro / A
pitangueira / A cana. / Sim, existo! Poema da poeta, professora e blogueira Letícia Araujo, que edita o
blog Poemas de um espírito – Meus poemas e meus poetas e outros como Allegro Cannabis, Avenida Acácia,
Vitrola, Universo Paralelo & Rock and Roll. Veja mais aqui, aqui e aqui.
BACAMARTEIRO
[...] Todos os anos, no dia de São João, sobem ao
serrote do Bom Jesus duas centenas, talvez, de matutos com seus clavinotes e,
até a tardinha, divertem-se a fazer disparos cerrados, dando vivas ao santo
festejado. Escurecendo, descem agrupados com chapéus de couro, armas a
tiracolo, sacola de munições vazia, num vozear entusiástico, numa ruidosa
alegria [...].
BACAMARTEIRO - Trecho
extraído da obra A filha de dona Sinhá
(Casa do Estudante, 1952), do jornalista, escritor e professor Mario Sette (1886-1950). Nos dicionários
do Cascudo encontra-se que bacamarte é uma arma de fogo que se parece com uma
garrucha alongada, alargada na boca e reforçada na coronha, oriunda do bacamarte
de amurada que era uma das armas mais especializadas em uso nos séculos XVIII e
XIX, na França. E o bacamarteiro é atirador de bacamarte, antiga arma de fogo
com ruidosos disparos de efeitos psicológicos junto dos assistentes. Ainda
hoje, acompanhados por um zabumba, esses atiradores se apresentam durante as
festas joaninas assustando os menos avisados e oferecendo aos espectadores toda
a técnica de manejo do bacamarte e a prova da boa pólvora de indústria caseira,
sempre sob o comando de militares. Veja mais aqui e aqui.
A ARTE DE KJERSTI ALVEBERG
A arte da premiada coreógrafa, bailarina e dançarina norueguesa Kjersti
Alveberg. Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
Minha vida parece um filme, como se eu estivesse fazendo um documentário
de tudo. As músicas guardam minha memória visual, são HDs de lembranças.
A arte do
cantor, compositor, instrumentista e advogado Alceu Valença, que teve
uma mostra Ocupação Alceu Valença, organizada pelo Itaú Cultural, em São
Paulo, 2019/2020, com a trajetória do artista e que serviu de base para o
longa-metragem A luneta do tempo, um musical com direção e participação dele,
ganhador da melhor trilha musical do Festival de Gramado de 2014. Veja mais
aqui, aqui & aqui.
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A arte
do pintor, desenhista, ilustrador e professor Darel Valença Lins
(1924-2017) aqui, aqui & aqui.
A arte
do escultor, desenhista, gravador, ceramista e professor Abelardo da Hora
(1924-2014) aqui.
Os tempos da Praieira, do advogado, jornalista,
historiador e político brasileiro Costa Porto (1909-1984) aqui.
O sol além
da minha rua, do escritor e editor Paulo Caldas aqui.
O livro Palpo
a quimera e o tremor, de Vital Corrêa de Araújo aqui.
A poesia
do poeta popular Paulo José dos Santos
aqui.
Una dos
Ambulantes de Deus aqui.
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