DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: AUTORRETRATO,
ALTER EGO & OUTROS – De mim pouco mais
que pouca coisa: montagens, remontagens, desconstruções, descontinuidades,
impermanências, diluições. Protagonista quixotesco quase me esvaindo: a solidão
do mar que beija a terra e o poema na garrafa, ah, joguei fora, nenhum verso a
vista, nenhuma canção. Um gesto vão e o Una escorre solto coração apertado, o
desespero de quem chegou de longe, tudo inóspito, nada mais que um astronauta
na lua. Esse meu mundo é tão pequeno, o abandono de quem ergueu um contíguo
pardieiro entre antípodas inebriantes do que nem sei, ouvindo Audre Lorde na escuridão: Sinto, logo sou livre. Seu silêncio não o
protegerá. Sem comunidade, não há libertação. Lavrador dos dias que venham depois, abro os olhos, despojado,
jamais cajado e grandes palácios, sou apenas o
que me resta.
DUAS: SOLILÓQUIO VENCIDO - Um asteroide cruzou a minha noite e deixou claro que o
A quer dizer antes de mais nada será quase nove fora do que sequer passei por
adição, enquanto eu dou conta do meu abecedário laudatório rimado a 3 por 4. Se
não é como eu digo, Peter Paul Rubens
avisa que: Sou apenas um homem simples em pé, sozinho
com seus antigos pincéis, pedindo a Deus por uma inspiração. Daí, alimento a solidão e tudo é como se fosse pintado de
branco nas minhas releituras: reprises, escrutínios e o crime da pena, só o que
sou.
TRÊS: MUDANDO DE PAU PARA CACETE, A MAIOR
MISE-EN-SCÈNE ESCATOLÓGICA! – Desde
que o Coisonário se instalou por estas bandas que as coisas viraram de cabeça
para baixo! Ele desenterrou múmias pros ministérios (Um educador que inventou o
diploma e não tem nenhum porque o pinoteiro crasso anterior escapuliu com tudo
pro USA só deixando a língua de fora; uma doida dos ares que prega suas ideias
de cima duma goiabeira anunciando, inclusive, o fim do mundo & outras
tresloucadas de palmos entre as mãos!; outros doidões despreparadíssimos que
brincam do que não sabem na saúde, meio ambiente, finanças e etc e tal, pei
bufe, ploft!). Só que dá tudo errado pras bandas deles (o pior pra gente, ora!).
Eles metem as mãos pelas pernas, arengam entre si e a gente morre de rir do
flagelo que nos vitima na lama até o pescoço (a gente não saber fazer outra
coisa senão rir e dar um jeitinho em tudo na horagá!). Só que não tem graça
nenhuma essa reprodução da pior cafonália! Ele conseguiu deixar a terra plana e
trouxe as pragas do Egito: tingiu o mar de óleo, fez aparecer uma praga de
gafanhotos, uma pandemia dizimando tudo, incêndios e disparates, afora um monte
de pinoias cagadas todos os dias desde então. Até a Doidares empiora nossa sina
ao vaticinar aos berros saltitantes com o coro do mão-de-figa Guedeconômico
tchutchuca, Ricardendroclasta impune, o Flagrenrique abilolado, Friculturisadinha
e o Decoltildo (ainda está no cargo? Sei não, é um cai cai balão que não tem
festa junina que vingue!), a tropa da reserva e milicos milicianos, anunciam que
as rãs cobrirão a terra, os piolhos atormentarão todos os animais, inclusive o
humano; as moscas escurecerão o ar e atacarão tudo; todos os animais morrerão
com uma chuva de granizo que destruirá até a selva amazônica, o pantanal
mato-grossense e todo território nacional; pústulas cobrirão todo ser vivo
(pensei que só ocupassem cargos públicos!!!! Mas não...); o Sol escurecerá por
três dias; e os primogênitos morrerão! Aí o Coiso endoidou: Meus filhos,
não!!!!! Bateu a maior doidice de blindagem e tiro pela culatra! Uma coisa eu
sei: eles têm a força, afinal são bregas entusiasmados e nada convincentes que
querem passar por cima de tudo para alegria da sua embotada corriola. Isso
quando não falam o que dá na telha e jogam tudo no ventilador. Para não perder
a piada, Mel Brooks sapeca: Uma gafe é apenas uma verdade dita na hora errada. O que os presidentes não fazem com suas esposas, eles fazem com
seu país. Espere o melhor. Espere o pior. A vida é uma peça de teatro. Nós não
estamos ensaiando. Pelo jeito, os
caras são poderosos mesmo! O que será do meu Brasilzilzilzilzil!?!?! Sei
lá, tomara nos mantenha vivos até ruírem não sei quando! Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] Enquanto o sujeito Negro se transforma em
inimigo intrusivo, o branco torna-se a vítima compassiva, ou seja, o opressor
torna-se oprimido e o oprimido, o tirano [...] No mundo conceitual branco, o sujeito Negro
é identificado como o objeto ‘ruim’, incorporando os aspectos que a sociedade
branca tem reprimido e transformando em tabu, isto é, agressividade e
sexualidade. Por conseguinte, acabamos por coincidir com a ameaça, o perigo, o
violento, o excitante e também o sujo, mas desejável – permitindo à branquitude
olhar para si como moralmente ideal, decente, civilizada e majestosamente
generosa, em controle total e livre da inquietude que sua história causa [...].
Trechos de The mask, extraído de Plantation memories: episodes of everyday
racism (Unrast Verlag, 2010), da escritora, psicóloga
e artista interdisciplinar portuguesa Grada Kilomba, tratando
sobre o exame da memória, trauma, gênero, racismo e pós-colonialismo, ao
realizar atividades multidisciplinares que utilizam escrita, leitura encenada
dos seus textos, instalações de vídeo e performance, nomeado por ela de Performing Knowledge. Ela também é
autora de obras como Secrets to Tell (EDP, 2017) e The Most Beautiful
Language (EGEAC, 2018).
DESTAQUE: [...] Nada
disso tira o fato de que enxergo o extraordinário dentro de você, algo
acobertado por sua beleza exterior e que poucas pessoas, hoje em dia, têm o dom
de desvendar. Isso talvez seja coisa de escritor, desses metidos a poeta, como
eu, que enxergam tudo dentro de rimas. [...] Trecho de Realidade clandestina, da escritora, advogada e professora G. P. Silva Rumin, autora dos livros Kátharsis, com poesias de celebração ao amor próprio e empoderamento humano, e a
narrativa ficcional June (2015). Ela
também edita o blog GPensadora. Veja mais aqui.
O VÍCIO DA LIBERDADE
Liberdade
Liberdade Habeas Corpus sobre nós. Apesar dos anos passados, sinto ainda o
mesmo amor, que nada arrefece, pelo ministério da advocacia, embora outros haja
exercido. Eu tenho
o vício da defesa da liberdade. Não escolho causas para defender alguém. Minha maior glória seria morrer no Tribunal
do Júri. Não é preciso defender
‘bonito’, é preciso defender ‘útil’.
O VÍCIO DA LIBERDADE - O
documentário O Vício
da Liberdade (2002), dirigido e roteirizado por Flavia Lins e Silva,
Vinicius Reis e Eduardo Vaisman, conta a trajetória do jurista, jornalista,
professor e escritor Evandro
Lins e Silva (1912-2002), que foi procurador-geral da República,
ministro-chefe da Casa Civil e das relações exteriores, ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) e teve seu mandato cassado pelos militares com a
instituição do AI-5. Anos mais tarde, ele foi o advogado de acusação no
processo de impeachment de Fernando
Collor e, em 2000, defendeu José Rainha Júnior, líder do MST. Era membro da
Academia Brasileira de Letras e sobre sua vida foi escritor o livro Liberdade
Liberdade Habeas Corpus Sobre Nós (Impresso no Brasil, 1994), de Nélio Roberto
Seidl Machado. Veja mais aqui.
A ESCULTURA DE JAUME PLENSA
Eu cresci em uma família obcecado por livros. Meu pai, ele estava sempre
comprando livros e lendo e lendo. Minha educação visual era mais texto, do que
arte ou imagens. Eu usei um tipo muito denso de madeira. Não flutua. E é ótimo
porque é tão denso que não há flambagem. É realmente como uma pedra e eu adoro
isso, porque na escultura você tem esse tipo de veia, e essa cor estranha no
rosto e nas mãos também é uma posição que diz: 'Silêncio'. Eu realmente não sei
pedir silêncio hoje, porque estamos em um momento muito barulhento, em termos
de ideias.
A arte
do escultor e artista espanhol Jaume
Plensa. Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
A arte
do cineasta e jornalista Fernando
Spencer (1927-2014), autor dos premiados Caboclinhos do Recife
(Super-8, 10m); Valente é o galo (1974, Super-8, 10 m); Bajado – um artista de
Olinda (Super-8, 1975), O teu cabelo não nega (Super-8, 1975); Domingo de fé
(Super-8, 1976), Quem matou Marilyn (melhor montagem do IV Festival de Cinema
Nacional de Sergipe, 1976); Toré a Nossa Senhora das Montanhas (Super-8, 1976),
Farinhada (Super-8, 1977), A eleição do Diabo e a posse de Lampião no Inferno
(Super-8, 1977), Frei Damião: um santo no Nordeste? (Super-8, 1977), Adão foi
feito de barro (1978) RH positivo, As corocas se divertem (1978), Noza -
santeiro do Carirí (1979) Cinema Glória (1979), Eróticos Corbinianos (1981); Santa
do Maracatu (1981); Memorando Ciclo do Recife (1982); Estrelas de celuloide
(1987); O último bolero no Recife (1987); Trajetória do frevo (1987); Evocações
Nelson Ferreira (1988); A arte de ser profano (1999); e Almery, a estrela (2007).
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Fome, criança e vida, do cientista e médico nutrólogo Nelson
Chaves (1906-1982) aqui.
Desmanchando
o nordeste em poesia, do poeta popular Manoel Bentevi aqui.
A música
da cantora, compositora, percussionista, poeta e atriz Karina Buhr aqui.
Alvará
de soltura, meu amor, do advogado e produtor teatral Bóris Trindade aqui.
Antes
que ele chegue, com roteiro e direção de Clara Angélica Barbosa Rodrigues Santos aqui.
A arte da fotógrafa, artista
plástica e professora Yêda Bezerra de Mello aqui.
A tapa e o infarto aqui.
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