DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: XIS NA MÃO - Não há consternação
maior que o testemunho ou a constatação de injustiça. Um corpo não é para ser
usurpado, nunca! Já foi demais. Por milênios e a mulher ainda ter que usar um xis na mão, quanta indignação! O direito
de amar e viver, a vida é sagrada, sem abuso, sem tortura nem ataque. A incolumidade
da mulher e sua vida importam como vidas indígenas importam, como a dignidade
de quem trabalha para sobreviver, como quem nasce ou envelhece, como quem quer
que seja daqui, dali, dacolá, independente da cor da pele, da fé que professa,
de condição ou diferença, ou mais que seja. Dói ouvir de Ariano Suassuna: É muito
difícil você vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países
distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos. Pois é, a
gente bem que podia fazer este país muito melhor, de mesmo. Vambora.
DUAS: ASSIM COMO EM CIMA É EMBAIXO – Nenhuma distinção, foi
de Hermes Trismegistus. Fui pela
estrada e muitos caminhos: o que havia de ser respeitado, nunca o imposto. Há quem
se valha do ter, das coisas e mundos: tudo é efêmero. Melhor Dante Milano: Sábio é aquele que já entendeu que o pouco é tudo, pois só se vive aos
poucos, tanto a felicidade quanto as dores. Só sei viver e muito que
aprender por aí, muito!
TRÊS: MAIS VALE VIVER QUE PENAR – Entre quedas e topadas, nada demais:
aprendi. O melhor foi ter encontrado o meu lugar e missão. Não fossem os tropeços
nem as mazelas, nunca saberia. Se bem que muito jovem ouvi Boccaccio: A pobreza não tira
a nobreza a ninguém, a riqueza sim. Por isso sorrio e sigo adiante, muito
mais para aprender. Até amanhã. © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] Toda forma de afirmação artistica tem algo
de político. Acredito haver uma relação próxima entre arte e política, mas isso
não significa que essa relação deva pautar a arte. O multiculturalismo exerceu
um efeito terrivel sobre nossa poetica. Se não se pode criticar um poeta
afro-americano ou latino, tampouco se pode criticar um poeta branco, e isso
elimina a possibilidade de um debate consistente. A ideia de que se deve sempre
ter um representante de cada extrato racial e/ou social – um latino, um índio (ou
americano nativo), uma afro-americana, uma lésbica sino-americana – foi por
demais destrutiva. Não que não haja excelentes poetas nessas minorias. Além
disso, o multiculturalismo teve um efeito ruim sopbre o multinacionalismo – ou
seja, nos Estados Unidos, o interesse pela poesia de outro país é muito
reduzido. Não se falam outras lingyuas e o termo “poesia estrangeira” é algo
dúbio. Espeero poder corrigir isso de alguma maneira. [...] A crítica prevê a morte da poesia há cem
anos, mas ela nunca morre, apenas se altera. A poesia como arte da linguagem é
fundamental, porque serve de instrumento para se avaliar a ordem social. A
linguagem que ouvimos a nossa volta está adulterada, recheada de clichês. A
poesia é necessária para podermos reavivar nossa capacidade de pensar e de
produzir sentidos. E há muita coisa interessante acontecendo em poesia. [...].
Trechos da entrevista concedida pela estudiosa e crítica de poesia
estadunidense, Marjorie
Perloff, concedida ao jornalista Régis Bonvicino (Cult, dez
1998).
O CINEMA DE EDUARDO COUTINHO
Na vida, lido mal com tudo. Aliás, não falo da minha vida pessoal. Pra
encerrar esse assunto, bota que sou casado com uma pernambucana, tenho dois
filhos e uma neta. Põe minha neta, senão ela fica triste. Na vida lido com
culpa, como a maioria das pessoas. Os filmes, filmo sem culpa. Filmo em lugares
terríveis, mas evito tratar os personagens como coitadinhos. Ou como heróis. A
distância justa é nem olhar de baixo pra cima, nem de cima pra baixo... Minha
filmagem vive do acaso. Claro, faço escolhas e consulto minha equipe, sempre
mais otimista que eu. Em geral, sou pessimista... Às vezes, na hora da filmagem
a pessoa me conta uma história dez vezes melhor do que tinha contado antes, na
pesquisa.
EDUARDO COUTINHO - A obra do premiado cineasta e jornalista Eduardo Coutinho (1933-2014) reúne uma
série de obras cinematográficas, desde o aclamado documentário Cabra Marcado
para Morrer (1984), como tantos outros, como O Fio da Memória (1991), Um dia na
vida (2010), As canções (2011), A Lei e a Vida (1992), Seis Histórias (1995),
Mulheres no Front (1996), Portinari, o menino de Brodósqui (1980), bem como O
pistoleiro de Serra Talhada (1976), Seis dias em Ouricuri (1976), Teodorico, o
imperador do sertão (1978) e Exu, uma tragédia sangrenta (1979), entre outros.
Veja mais aqui e aqui.
A ARTE DE WANGESHI MUTU
A arte da escultora e artista visual queniana Wangechi
Mutu, considerada globalmente como uma das artistas africanas
contemporâneas e afro-futurista mais importantes dos últimos anos, uma vez que
suas obras são baseadas em uma ampla variedade de modos de expressão: pinturas,
colagens, vídeos, instalações, entre outras. Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
A música
do compositor Willy Corrêa de Oliveira, autor
de tendências neofolclorista que frequentou laboratórios de música
eletroacústica europeia e cursos alemães de música. Ele participou do grupo
Música Nova e um dos signatários do manifesto Música Nova. Foi professor da
Universidade de São Paulo e é autor de dois cadernos musicais: Caderno de Peças
para Piano e Cadernos de Cançõesm um cd duplo com livro-encarte gravado por
diversos pianistas, além de autor do livro Passagens (Luzes no Asfalto).
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A poesia
de Tereza
Halliday aqui.
Cinema,
Aspirinas e Urubus, de Marcelo
Gomes aqui.
Um minuto para dizer que te amo, do Matraca Grupo de Teatro aqui.
A poesia
popular de Chico Pedrosa aqui.
Memórias de um senhor de engenho, do jornalista Julio Belo (1873-1951) aqui.
Acauã aqui.
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