terça-feira, junho 16, 2020

WILLY CORRÊA DE OLIVEIRA, WANGESHI MUTU, CINEMA DE EDUARDO COUTINHO & MARJORIE PERLOFF



DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: XIS NA MÃO - Não há consternação maior que o testemunho ou a constatação de injustiça. Um corpo não é para ser usurpado, nunca! Já foi demais. Por milênios e a mulher ainda ter que usar um xis na mão, quanta indignação! O direito de amar e viver, a vida é sagrada, sem abuso, sem tortura nem ataque. A incolumidade da mulher e sua vida importam como vidas indígenas importam, como a dignidade de quem trabalha para sobreviver, como quem nasce ou envelhece, como quem quer que seja daqui, dali, dacolá, independente da cor da pele, da fé que professa, de condição ou diferença, ou mais que seja. Dói ouvir de Ariano Suassuna: É muito difícil você vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos. Pois é, a gente bem que podia fazer este país muito melhor, de mesmo. Vambora.

DUAS: ASSIM COMO EM CIMA É EMBAIXO – Nenhuma distinção, foi de Hermes Trismegistus. Fui pela estrada e muitos caminhos: o que havia de ser respeitado, nunca o imposto. Há quem se valha do ter, das coisas e mundos: tudo é efêmero. Melhor Dante Milano: Sábio é aquele que já entendeu que o pouco é tudo, pois só se vive aos poucos, tanto a felicidade quanto as dores. Só sei viver e muito que aprender por aí, muito!

TRÊS: MAIS VALE VIVER QUE PENAR – Entre quedas e topadas, nada demais: aprendi. O melhor foi ter encontrado o meu lugar e missão. Não fossem os tropeços nem as mazelas, nunca saberia. Se bem que muito jovem ouvi Boccaccio: A pobreza não tira a nobreza a ninguém, a riqueza sim. Por isso sorrio e sigo adiante, muito mais para aprender. Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.



DITOS & DESDITOS: [...] Toda forma de afirmação artistica tem algo de político. Acredito haver uma relação próxima entre arte e política, mas isso não significa que essa relação deva pautar a arte. O multiculturalismo exerceu um efeito terrivel sobre nossa poetica. Se não se pode criticar um poeta afro-americano ou latino, tampouco se pode criticar um poeta branco, e isso elimina a possibilidade de um debate consistente. A ideia de que se deve sempre ter um representante de cada extrato racial e/ou social – um latino, um índio (ou americano nativo), uma afro-americana, uma lésbica sino-americana – foi por demais destrutiva. Não que não haja excelentes poetas nessas minorias. Além disso, o multiculturalismo teve um efeito ruim sopbre o multinacionalismo – ou seja, nos Estados Unidos, o interesse pela poesia de outro país é muito reduzido. Não se falam outras lingyuas e o termo “poesia estrangeira” é algo dúbio. Espeero poder corrigir isso de alguma maneira. [...] A crítica prevê a morte da poesia há cem anos, mas ela nunca morre, apenas se altera. A poesia como arte da linguagem é fundamental, porque serve de instrumento para se avaliar a ordem social. A linguagem que ouvimos a nossa volta está adulterada, recheada de clichês. A poesia é necessária para podermos reavivar nossa capacidade de pensar e de produzir sentidos. E há muita coisa interessante acontecendo em poesia. [...]. Trechos da entrevista concedida pela estudiosa e crítica de poesia estadunidense, Marjorie Perloff, concedida ao jornalista Régis Bonvicino (Cult, dez 1998).


O CINEMA DE EDUARDO COUTINHO
Na vida, lido mal com tudo. Aliás, não falo da minha vida pessoal. Pra encerrar esse assunto, bota que sou casado com uma pernambucana, tenho dois filhos e uma neta. Põe minha neta, senão ela fica triste. Na vida lido com culpa, como a maioria das pessoas. Os filmes, filmo sem culpa. Filmo em lugares terríveis, mas evito tratar os personagens como coitadinhos. Ou como heróis. A distância justa é nem olhar de baixo pra cima, nem de cima pra baixo... Minha filmagem vive do acaso. Claro, faço escolhas e consulto minha equipe, sempre mais otimista que eu. Em geral, sou pessimista... Às vezes, na hora da filmagem a pessoa me conta uma história dez vezes melhor do que tinha contado antes, na pesquisa.
EDUARDO COUTINHO - A obra do premiado cineasta e jornalista Eduardo Coutinho (1933-2014) reúne uma série de obras cinematográficas, desde o aclamado documentário Cabra Marcado para Morrer (1984), como tantos outros, como O Fio da Memória (1991), Um dia na vida (2010), As canções (2011), A Lei e a Vida (1992), Seis Histórias (1995), Mulheres no Front (1996), Portinari, o menino de Brodósqui (1980), bem como O pistoleiro de Serra Talhada (1976), Seis dias em Ouricuri (1976), Teodorico, o imperador do sertão (1978) e Exu, uma tragédia sangrenta (1979), entre outros. Veja mais aqui e aqui.

A ARTE DE WANGESHI MUTU
A arte da escultora e artista visual queniana Wangechi Mutu, considerada globalmente como uma das artistas africanas contemporâneas e afro-futurista mais importantes dos últimos anos, uma vez que suas obras são baseadas em uma ampla variedade de modos de expressão: pinturas, colagens, vídeos, instalações, entre outras. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
A música do compositor Willy Corrêa de Oliveira, autor de tendências neofolclorista que frequentou laboratórios de música eletroacústica europeia e cursos alemães de música. Ele participou do grupo Música Nova e um dos signatários do manifesto Música Nova. Foi professor da Universidade de São Paulo e é autor de dois cadernos musicais: Caderno de Peças para Piano e Cadernos de Cançõesm um cd duplo com livro-encarte gravado por diversos pianistas, além de autor do livro Passagens (Luzes no Asfalto).
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A arte do artista plástico e professor pernambucano Murilo La Greca (1899-1985) aqui e aqui.
A poesia de Tereza Halliday aqui.
Cinema, Aspirinas e Urubus, de Marcelo Gomes aqui.
Um minuto para dizer que te amo, do Matraca Grupo de Teatro aqui.
A poesia popular de Chico Pedrosa aqui.
Memórias de um senhor de engenho, do jornalista Julio Belo (1873-1951) aqui.
Acauã aqui.
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Bezerros aqui & aqui.