quarta-feira, junho 17, 2020

VASILY GROSSMAN, MAYA PLISETSKAYA, BALÉ POPULAR DO RECIFE & BACO PERNAMBUCANO



DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: COISAS QUE ACONTECEM, O CORAÇÃO SENTE... - O que guardei por muito tempo, já nem lembro. O que era para ser feito, fiz. Não tenho mais aquelas tarde nem noites que possam valer alguma coisa, nenhum remorso ou regozijo, apenas existo. Tenho apenas de Stravinski o que ficou: Se tudo fosse permitido, eu me sentiria perdido num abismo de liberdade. E o melhor quando ele cantou a pedra: Para criar deve existir uma força dinâmica, e que força é mais potente que o amor? O silêncio vai salvar-me de estar errado (e de ser idiota), mas que também irá privar-me da possibilidade de estar certo. Melhor ainda: o silêncio é revelador, seja como for.

DUAS: O JEITO MAIS É A DISTÂNCIA – Longe o afeto, asas fechadas e um riso mascarado. Outros tempos estes de conter a emoção, os nós da racionalidade cada vez mais insistente. Não há como prever o amanhã, muito menos o que fazer para quem menino esqueceu crescer. Foi Escher quem levantou a lebre: O que eu crio na luz do dia é apenas um por cento do que eu vi na escuridão. Meu trabalho é um jogo, um jogo muito sério. Eu não cresço. Dentro de mim está a criança da minha infância. Tomara jamais precise uma esperança a menos das tantas que me fiz.

TRÊS: CONTANDO O TEMPO EM MIM - É difícil cada vez mais atravessar os dias, eu me refaço a todo instante, até sou feliz como posso. Sou outro mesmo com a certidão de que tudo piora e vou incólume, por enquanto, escapando da lâmina afiada das circunstâncias. Reinvento a mim mesmo e sei que chegará a hora, vou digerindo as impossibilidades. Ao ouvido a reflexão de Thomas Kuhn: O significado das crises consiste exatamente no fato de que indicam que é chegada a ocasião para renovar os instrumentos. Sim, deve haver outra forma melhor para sobreviver. Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Quando uma pessoa morre, ela sai do reino da liberdade e entra no reino da escravidão. Vida é a liberdade e a morte é a negação gradual da liberdade. A consciência primeiro enfraquece e depois desaparece. Os processos da vida – respiração, metabolismo, circulação – continuam por algum tempo, mas foi feito um movimento irrevocável em diração à escravidão, a consciência e a chama da liberdade se extinguiram. As estrelas desapareceram do céu noturno. A Via Láctea desvaneceu-se; o Sol apagou; Vênus, Marte e Júpiter se extinguiram; milhões de folhas morreram; o vento e os oceanos se dissparam; as flores perderam suas cores e seus perfurmes; o pão sumiu; a água sumiu/ até o mesmo o propprio ar, o ar às vezes fresco e às vezes abafado sumiu. O universo dentro da pessoa parou de existir. Esse universo é surpreendetemente parecido com o universo que existe fora das pessoas viventes. Mas ainda mais surpreendente é o fato de que esse universo tinha algo em si que diferenciava o som de seu oceano, o cheiro de suas flores, o farfalhar de suas folhas, os tons de seu granito e a trsiteza de seus campos no outro tanto daqueles (sons de oceanos, cheiro de flores, farfalhar de folhas, tons de granito e trsiteza de campos de outono) do universo que existe externamente fora das pessoas. O que constitui a liberdade, a alma de uma vida individual, é o seu carater único. O reflexo do universo na consciencia de alguem é abase de seu poder, mas a vida só se transofrma em felicidade, só é dotada de liberdade e sentido, quando alguem existe como um mundo inteiro que nunca foi repetido em toda eternidade. Só então se pode experimentar o prazer da liberdade e da bondade, encontrando nos outros aquilo que já foi encontrado em si mesmo. [...]. Trechos extraídos da obra Vida e Destino (Leya, 2012), do escritor e jornalista ucraniano Vasily Grossman (1905-1964), tratando sobre a incidência da Segunda Guerra Mundial na Rússia soviética, numa família de classe média que se dispersa no destino, retratando o horror e a esperança diante do genocídio dos judeus;

A FESTA PERNAMBUCANA DE BACO
Bebamos, companheiros, / Bebamos, companheiros, / O suco da uva, O vinho verdadeiro.
[...] Depois da festividade de Nossa Senhora dos Prazeres, celebrada na dominga de pascoela, na sua linda igreja dos montes Guararapes, erguida em memoria dos dois grandes feitos de armas ali feridos em 1648 e 1649, contra o batavo invasor, seguia-se uma série de festas até o domingo imediato e no qual tinha lugar a festa do deus Baco. Para o lugar denominado Batalha, onde passa o riacho Jordão, cujas águas são vermelhas do sangue que ali correra – num combate travado em uma das batalhas dos Guararapes, como reza a tradição popular -, afluía pela manhã imensa multidão e guardadas as solenidades das festas pagãs, tinha lugar o batismo de Baco nas águas do Jordão. Terminado o ato, dispunha-se toda gente em ordem de marcha para os Prazeres, formando pelotões, conduzindo cada individuo um galho de árvore, e no fim, vinha Baco, com uma coroa de folhas na cabeça, montado sobre uma pipa que, disposta em forma de charola, era conduzida nos ombros dos circunstantes, revezadamente. Baco trazia uma garrafa com vinho na mão direita e um copo na esquerda, de cujo liquido vinha fazendo libações, e a representação do seu papel, na solenidade, cabia privativamente ao juiz da festa, anualmente eleito pelos foliões. Desfilava então o préstito, entoando um cântico tirado por uns tantos e respondido em coro por toda a gente cujos versos tinham por estribilho [...] Essa usança, que vinha aliás de longínquas eras, não podia continuar a ser tolerada em um pais católico; compenetrada dos seus deveres, por fim, as autoridades eclesiásticas reclamaram dos poderes públicos a sua interferência, no intuito de obstar a continuação de semelhante prática. Houve tentativas pacificas, mas infrutíferas, até que em 1869 expediu o governo uma numerosa força de infantaria e cavalaria, que obstou a execução da tradicional festividade e desde então nunca mais se tentou a sua celebração. [...].
A FESTA PERNAMBUCANA DE BACO - Trechos extraídos da obra Folclore pernambucano (Imprensa Nacional, 1908), do historiador, jornalista e advogado Francisco Augusto Pereira da Costa (1851-1923). No Dicionário do folclore brasileiro (Global, 2001), do historiador, antropólogo, advogado e jornalista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), está registrado que: [...] Realizava-se há muito tempo na província de Pernambuco uma festa dedicada ao deus do vinho, com procissão, banquete, cânticos, etc., reminiscência da grande dionisíaca, que ocorria no mês de elafebolion (março) na Grécia e depois em Roma, durante o outono. A festa de Baco terminou em 1869 e era ligada à celebração da páscoa. [...]. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.


A ARTE DE MAYA PLISETSKAYA
A arte da bailarina, coreógrafa, atriz e diretora de ballet russa Maya Plisetskaya (1925-2015), prima ballerina assoluta do Teatro Bolshoi. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
O artista precisa do reconhecimento do seu povo, porque ele vive disso. É muito importante o trabalho que vimos desenvolvendo esse tempo todo, fazendo a cidade dançar, fazendo com que a cidade reconheça seus valores artísticos mais profundos, e estamos hoje sendo coroados por este valor. Esse reconhecimento vem abrir portas, consolida nosso trabalho, e nos posiciona como um legítimo representante da cidade do Recife. Isso nos inventiva e dá mais vontade de lutar, de continuar a levar nossa cultura e nossa arte para a sociedade.
A arte do Balé Popular do Recife, um Patrimônio Cultural Imaterial do Recife, criado em 1977, há mais de 40 anos e com linguagem própria denominada Brasílica, metodologia implantada pelo fundador e diretor André Madureira.
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Tetralogia Primeira – Terminologia, Quartzo e Temporal: lapsos -, de Gentil Porto Filho aqui.
A obra da a filósofa, pintora, poeta e historiadora Rita Joana de Souza aqui.
A música de Spok Frevo aqui.
A arte do pintor Elmar Castelo Branco aqui.
O documentário O migrante, direção de Beto Novaes, Francisco Alves e Cleisson Vidal aqui.
Teatro nosso de cada dia, de Fernando Peltier (1948-2014) aqui.
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Camocim de São Félix aqui e aqui.