OUTROS DITOS
[...] Momentos, quando perdidos, não podem ser
reencontrados. Eles simplesmente se foram... São as imperfeições que
tornam as coisas bonitas... [...].
Trechos extraídos do livro The Summer I
Turned Pretty (S&S, 2010), da escritora estadunidense de origem coreana,
Jenny Han, autora de We'll
Always Have Summer (2011).
AS
VOADORAS, DE MÓNICA OJEDA
[…]
Só há uma verdade fluindo das rachaduras: escrever é estar perto de Deus,
mas também daquilo que afunda. Só há uma verdade brotando das profundezas do
gelo: a escrita e o sagrado se encontram na sede. […] Quando você está
no alto, pensa que será difícil enxergar com clareza, mas não é verdade. Você
vê claramente quem você é e o que os outros são, que tudo lá embaixo é pequeno
e miserável, e é de lá que você vem. Esse é o verdadeiro mal da altitude. É
isso que te faz correr. [...] Como você gosta de viver no meio do que
apodrece. [...] um corpo precisa de outro corpo, especialmente no escuro.
[...]. Trechos extraídos da obra Las voladoras (Paginas de Espumas, 2020), da escritora equatoriana Mónica Ojeda
Franco, autora de obras como Historia de la leche (2019), Mandíbula (2018), Jawbone (2018) e Nefando
(2016). Veja mais aqui, aqui & aqui.
MEMÓRIAS DA PLANTAÇÃO,
DE GRADA KILOMBA
[...] Não são histórias pessoais ou
reclamações íntimas, mas sim relatos de racismo. Tais experiências revelam a
inadequação do academicismo dominante em relacionar-se não apenas com sujeitos marginalizados,
mas também com nossas experiências, discursos e teorizações. Elas espelham as
realidades históricas, políticas, sociais e emocionais das “relações raciais”
em espaços acadêmicos e deveriam, portanto, ser articuladas tanto teórica
quanto metodologicamente. [...] O racismo cotidiano refere-se a todo
vocabulário, discursos, imagens, gestos, ações, olhares que colocam o sujeito
negro e as Pessoas de Cor não só como “Outra/o” – a diferença contra a qual o sujeito
branco é medido – mas também como Outridade, isto é, como a personificação dos
aspectos reprimidos na sociedade branca [...] Tem-se o direito de ser um
sujeito – político, social e individual – em vez da materialização da
Outridade, encarcerada no reino da objetividade. Isso só se torna concebível
quando existe a possibilidade de expressar a própria realidade e as
experiências a partir de sua própria percepção e definição, quando se pode
(re)definir e recuperar a própria história e realidade. Se as mulheres negras,
bem como outros grupos marginalizados, têm o direito capital, em todos os sentidos
do termo, de ser reconhecidas como sujeitos, então também devemos ter esse
direito reconhecido dentro de processos de pesquisa e de discursos acadêmicos. [...]
A fobia, nesse cenário, reside no mecanismo de negação, que expressa como se é
odiada/o exteriormente: “Você não é negra”. O que aconteceria se aquelas/es que
negam ver sua negritude de repente a enxergassem? E por que elas e eles não
podem vê-la de imediato? Por que precisam negá-la? […].
Trechos extraídos da obra Plantation memories:
episodes of everyday racismo (Unrast Verlag, 2010), da
escritora, psicóloga e artista interdisciplinar portuguesa Grada Kilomba. Veja mais aqui.