DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: DE APEGOS & INSIGNIFICÂNCIAS – Para quem
não tem nada, qualquer potoca vale muito: do nulo ao inútil, as carências falam
mais alto e até demais. Basta o trivial para ficar apegado logo de primeira,
maior xodó, na cola, agarrado. Bote tempo até perder a graça e cair no
esquecimento. Afora o arrependimento depois de ter perdido tempo com aquilo.
Bem que Saul Bellow falou: A banalidade é o disfarce de uma poderosa
vontade de abolir a consciência. Viva ou morra, mas não envenene tudo. O pior
é que o mais tímido ato ou mínimo que seja o gesto de afeição, as consequências
são irreversíveis. Há quem diga que só não tem jeito pra morte, destá. Com essa
vou pra outra. DUAS: SÓ O MESMO O TEMPO
PARA QUEM NA CAUSA – Quem já passou por um bocado de coisas que jamais
pensei que um dia fosse me ver enrolado, de fila de espera e Justiça tardia que
muita vezes falha feito um traque peba, mesmo assim, a cada dia, de 2015 para
cá, é cada uma de arrombar com todos os precedentes. Chega fico imaginando como
é que certas coisas acontecem de tão de absurdas, quando não inapropriadas. Tinha
que viver para ver tudo isso desmoronando para boiar pelas ruínas. Agora é
tarde, já foi. Tinha comigo os sábios versos de Camões: Mudam-se os tempos,
mudam-se as vontades, / Muda-se o ser, muda-se a confiança; / Todo o mundo é
composto de mudança, / Tomando sempre novas qualidades. Sim, na vida
estamos todos em processo. Só que eu não contava jamais com a evolução dos tempos
de volta para a barbárie. É tudo tão desumano, de doer. Ah, vou pra outra. TRÊS: A SAIDEIRA DA SOLIDÃO – Hoje
estou assim que nem sei. Vou e volto dia a dia e tudo descendo a ladeira. De qualquer
situação só se espera o pior, ô Brasilzão complicado, meu. Tinha que ser do
jeito mais difícil, não sei. O traumatizante sai na urina do carnaval, do
futebol, da cachaçada ou sei lá que mais. Só sendo mesmo. Não fosse isso, o que
seria da alegria extravasada desse meu povo tão misturado e com a cara para a
pregada do desacerto, hem? Leva tudo nos peitos e no jeitinho, quando pode, senão
já viu o buruçu. Por alento, um afago de Courbet:
O belo, como a verdade, está ligado ao
tempo em que se vive e ao indivíduo que está pronto para compreendê-lo. Sei
não, de tanto enterro voltando vou é cair na vida. E vamos aprumar a conversa, né gente! Até mais ver que vou
ali e volta já pra outras lorotas, tá? © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: A falta
de atenção não é estupidez. Você aprende algo e começa a pensar só daquela
forma. Todos estamos sofrendo com a desatenção. Às vezes não vemos o que está
na nossa frente, porque achamos que já sabemos das coisas, mas não sabemos.
Independentemente do que esteja fazendo, fazer com consciência plena é muito
melhor. Atenção plena não é preocupação o tempo todo. É a energia gerada, não
consumida. A plena consciência é a essência do carisma. O seu corpo está onde
está a sua mente.
Pensamento da psicóloga e professora
estadunidense Ellen Langer, autora
da obra Atenção plena (Benvirá, 2018), na qual trata sobre a mindfullnes, uma técnica destinada à simples
arte de perceber coisas novas. Para ela, a rotina e a visão viciada são os
inimigos do estado de consciência plena: Quando
você acha que sabe e conhece as coisas, você deixa de prestar atenção, com isso
perde oportunidades, porque tudo está mudando o tempo inteiro. Para tanto, a
atenção plena pode ser um beneficio para a saúde, o trabalho e até mesmo ajudar
no combate ao preconceito e a injustiça social. Neste livro, ela propõe deixar
de lado as categorias habituais e a ver o mundo de uma nova perspectiva,
utilizando-se de estudos de campo apresentando que a atenção plena na prática fornece
valiosos insights que podem ser aplicados no dia a dia. Ao abordar sobre a
ilusão da teoria de controle, tomada de decisão, envelhecimento e atenção plena,
ela faz referências às religiões orientais e discute como o comprometimento
cognitivo precoce afeta as ações cotidianas e as escolhas ao buscar saídas para
determinadas situações, que determinam a aceitação de limites que muitas vezes
não existem: Meu trabalho sobre
Mindfulness foi conduzido inteiramente dentro da perspectiva científica
ocidental. Inicialmente, meu foco estava centrado na falta de atenção
(mindlessness) e sua prevalência na vida cotidiana. A noção de Mindfulness se
desenvolveu gradualmente ao olhar os aspectos da falta de atenção e depois no
outro lado da moeda. Apenas após uma série de experimentos demonstrando os
cursos de uma mentalidade rígida e uma perspectiva unilateral que eu comecei a
explorar o enorme potencial da atitude de atenção plena na saúde, criatividade,
e no trabalho. Com isso, entende-se que Mindfulness é um
conjunto de práticas que combina regulação da atenção e meditação com o
objetivo de desenvolver a capacidade de estar plenamente presente,
proporcionado uma autoconsciência emocional, consciência do ambiente, e do
corpo, o que leva a acalmar os sentidos e diminuir o nível de agitação mental. Embasada
na Quarta Verdade do budismo, que é a realidade do caminho para a cessão do
sofrimento, ligando-se a três dos oito ensinamentos: esforço correto, atenção
plena correta e concentração correta, e desvincular-se da
religião para se ligar à ciência. Por consequência, tais estudos possibilitaram
técnicas de psicoterapia de terceira geração altamente eficazes, tais como Terapia
Cognitiva Comportamental baseada em Mindfulness; Terapia de Aceitação e
Compromisso, Terapia Dialética Comportamental e Terapia de Redução do Estresse
baseada em Mindfulness. Ela ainda assinala que: Um erro em um contexto pode ser sucesso em outro, basta você conseguir
olhá-lo dessa forma. Toda pessoa tem a capacidade da atenção plena, mas ela
acaba enterrada pela correria da vida. Tais abordagens podem ser também observadas
na publicação Atenção plena – Mindfulness: como encontrar a
paz em um mundo frenético (Sextante, 2015), de Mark William e Danny Pennan.
A BIBLIOTECA DA ABADIA DA ROSA
[...] A mais
notável de todas as construções da abadia era a biblioteca, situada dentro do
edifício. Sua entrada era possível pelo próprio edifício, cujas portas eram
ciosamente guardadas pelo bibliotecário-chefe, ou por uma passagem secreta
através do ossário. A arquitetura da biblioteca era a de um labirinto, cheio de
escadas que não levavam a lugar nenhum e salas que refletiam outras salas;
espelhos, corredores sem saída e portas secretas ajudavam a aumentar a
confusão. Afirmou-se que seus arquitetos anônimos buscaram inspiração nos
planos da biblioteca de Babel. Entre todos os tesouros que a biblioteca
abrigava, o maior deles era o longo tratado de Aristóteles sobre comédia. Foi
para preservar o mundo do conhecimento dessa obra – considerada um estimulo ao
esquecimento de Deus – que um monge idoso teria cometido uma série de
homicídios atrozes que culminaram com a destruição da própria abadia.
A BIBLIOTECA DA ABADIA DA ROSA - Trecho extraído da premiada
obra O nome da rosa (Nova Fronteira, 1983),
do escritor, filósofo e bibliófilo italiano Umberto Eco (1932-2016), adaptada
para o cinema com direção de Jean-Jacques Annaud, cujo título era uma expressão
usada na Idade Média para denotar o infinito poder das palavras. A narrativa é
repleta de mistérios com símbolos secretos e manuscritos codificados,
retratando um episodio ocorrido durante a Idade Média, no qual o riso era
considerado um pecado pela igreja, levando ao enredo em torno das investigações
de uma série de crimes misteriosos, cometidos dentro de uma abadia medieval. Veja
mais aqui & aqui.
A ARTE DE MARIEMMA
Eu tiro meu chapéu, / ajoelhar-se a seus pés, / dançarina como Mariemma / eles nunca mais se verão, / permanecerá na história / como um dos grandes / que a Espanha teve, / para o melhor século / de todos os séculos.
MARIEMMA – A arte da bailarina e coreógrafa espanhola Guillermina
Teodosia Martínez Cabrejas (1917-2008), mais conhecida como Mariemma. Ela foi descoberta por um pintor enquanto
dançava numa rua de Paris aos 9 anos de idade. Ela foi enviada a um conhecido
professor e, três anos depois, tornou-se solista no Olympia Theatre, realizando
a sua primeira coreografia. A partir daí construiu uma trajetória de sucesso e
renome internacional. Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
A arte da bailarina, professora e coreógrafa Kamila Cidrim, que
estuou dança em Cuba, no Ballet de Camaguey, na Royal Academy of Dance e
residência na Broadway Dance Center em Nova York. Ela é graduada em Designe
pela UFPE e pós-graduação em Dança pela Faculdade Angel Viana. É professora de
ballet na Escola Internacional de Aldeia e no Espaço e Grupo Endança.
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A música do músico, maestro, violonista e compositor Antônio Madureira
aqui.
O
premiado filme Azougue Nazaré, de Thiago Melo aqui.
A arte da artista plástica Christina Machado aqui.
A obra do professor,
escritor e pesquisador na área de linguagem, Arantes Gomes do Nascimento aqui.
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