
PICADINHO
Imagem: Reclining nude, do artista plástico Larry Vincent Garrison (1923 – 2007). Veja mais aqui.
Curtindo o
álbum internacional Brizzi do Brasil
(Amiata Records, 2004), do compositor italiano Aldo Brizzi.
EPÍGRAFE – Queira-me
bem que não custa dinheiro!, frase recolhida do livro Locuções tradicionais no Brasil (EdUFPE, 1970), do escritor e
folclorista Luís da Câmara Cascudo
(1899-1986), como sendo uma frase muita antiga que tornou-se comum e vulgar,
sendo utilizada pelo do poeta lusitano, poeta Luís de Camões (1524-1580), nos versos 433-434, de sua obra Eufatriões: - Não lhe negues teu querer, por te não custa
dinheiro. Veja mais aqui, aqui e aqui.
A
LITERATURA & A LITERATURA POPULAR
- No livro Literatura oral no Brasil
(Itatiaia, 1984), do escritor e folclorista brasileiro Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), encontro que: [...] A literatura que chamamos oficial, pela sua
obediência aos ritos modernos ou antigos de escolas ou de predileções
individuais, expressa uma ação refletida e puramente intelectual. A sua irmão
mais velha, a outra, bem velha e popular, age falando, cantando, representando,
dançando no meio do povo, nos terreiros das fazendas, nos pátios das igrejas
nas noites de novena, nas festas tradicionais do ciclo do gado, nos bailes do
fim das safras de açúcar, nas salinas, festas dos padroeiros, potirum, ajudas,
bebidas nos barracões amazônicos, espera de Missa do Galo; ao ar livre, solta,
álacre, sacudida, ao alcance de todas as criticas de uma assistência que
entende, letra e música, todas as gradações e mudanças do folguedo. Ninguém
deduzirá como o povo conhece a sua literatura e defende as características
imutáveis dos seus gêneros. É como um estranho e misterioso cânon para cujo
conhecimento não fomos iniciados. Iniciação que é uma longa capitalização de
contatos seculares com o espírito da própria manifestação da cultura coletiva.
Veja mais aqui e aqui.
TRAPIÁ – No livro Trapiá (Francisco
Alves, 1961); do escritor Caio Porfírio de Castro Carneiro, encontro a
narrativa que leva o título desse tópico a seguir transcrita: Naqueles tempos, era só uma oiticica,
dominando o descampado. E bem junto à grota, um velho trapiázeiro. Por ali se
cruzavam os caminhos que iam da vila do Coité ao serrote do Machado e da
fazenda Taimbé no rumo dos cafundós do sertão. Os cambiteiros arriavam suas
cargas debaixo da oiticica e ficavam horas e horas gozando a fresca, pernas
espichadas, no bem bom, descansando das caminhadas. Um dia, apareceram uns
retirantes, dizem que vindos de Pernambuco, e armaram uma venda ao pé do
trapiazeiro. Não demorou muito, chegaram outras famílias, tangids pela grande
seca do setenta e sete. Construíram-se casebres, alguns espalhados no descampado.
Aquilo tudo era terra muita, vastidão de caatinga sem serventia. Contam os mais
antigos que o cangaceiro Neste Amaricio amanheceu um belo dia dependurado do
galho de oiticica. Fora enforcado com a correia de cangalha de algum arrieiro.
Os feitos de Nestor Amaricio corria mundo. Nem depois de falecido deu sossego
aos vivos. Nas noites de temporal, seus gemidos vinham do pé da oiticica,
ganhavam lonjura. Então, derrubaram a árvore. O espírito de Nestor Amaricio se
aquietou. Ficou só o trapiazeiro dominando a paisagem, ali de junto à grota, no
oitão da venda dos pernambucanos. E nas épocas de safra, o chão amanhecia
coalhado de trapiás maduros. Até quando durou a vida do trapiazeiro ninguém dá
noticia ao certo. A tradição guardou muitas datas. Negra velha Aparecida conta
uma estória desconforme: a árvore se encantara. Para o violeiro Zé de Melo, dos
Melo do pé da serra, ela fora derrubada a mando do vigário do Coité, para
levantar uma capela. A velha capela de São Sebastião, mais tarde transformada
em igreja, com o seu cruzeiro, onde os filhos dos cororeis, nas festas do
padroeiro, amarravam seus cavalos para banhá-los com cerveja. Assim veio ao
mundo a vila do Trapiá. Irmão de Taimbé, irmã de Pitombeira. Viu secas e viu
farturas. Perdeu até muito sangue na briga que durou uns pares de anos dos
Castros com os senhores das Contendas. E o grito dos comboieiros dentro da
noite, tangendo as tropas, acompanha toda a sua estória. Veja mais aqui.
ÁGUA
ESBORRA DE AÇUDE – No
livro Desmanchando
o nordeste em poesia (Bagaço, 1986), do poeta
popular Manoel Bentevi, encontro no Livro das Glosas, o mote O açude de
bom gosto se arrombou, todo peixe que tinha foi embora: O açude de bom gosto se
arrombou todo peixe que tinha foi embora: Com
certeza o paredão não aguentou / toda a água que veio na enxurrada. / Quando
foi na primeira cabeçada, / o açude de Bom Gosto se arrombou, / toda água da
várzea se espalhou, / faz absurdo por aquele mundo afora, / resolveu tudo em
menos de uma hora: / arrancou cana, quebrou pau, encheu o rio, / o açude dessa
vez ficou vazio; / todo peixe que tinha foi embora. Veja mais aqui e aqui.
TEATRO
RENASCENTISTA – Na obra Teatro Vivo (Civita, 1976), organizada
por Sábato Magaldi, encontro que: Na Itália, onde uma rica classe de banqueiros
e comerciantes havia estabelecido as premissas do desenvolvimento capitalista
do Ocidente, a nova cultura artística aflorou mais rapidamente. Assim, já em
meados do século XVI, os atores e as companhias se profissionalizaram através
da commedia dell’arte – uma forma de teatro popular surgida em oposição á
comedia literária e erudita de Ludovico Ariosto (1474-1533), Pietro Aretino
(1492-1556) e Nicolau Maquiavel (1469-1527), autores renascentistas que seguiam
fielmente o modelo clássico romano estabelecido por Plauto e Terêncio. Veja
mais aqui e aqui.
ON
CONNAIT LA CHANSON – O
filme On connaît la chanson
(Amores Parisienses, 1997), do cineasta
francês Alain Resnais (1922-2014),
conta a história de envolvendo pessoas com díspares interesses que envolve
amor, paixões, negócios e relações pessoais. A partir
do tema das aparências, Resnais inspirado desta vez pelo autor Inglês Dennis
Potter, usou para integrar canções completas no corpo de suas ficções para
melhor castigar sociedade britânica, usando trechos de canções interpretadas em
reprodução a intervir por associação livre, nos acontecimentos dos seis
personagens principais. O destaque vai para a premiadíssima atriz e realizadora
francesa Sabine Florence Azéma. Veja mais aqui e aqui.
IMAGEM
DO DIA
A arte do
ilustrador e artista visual Tomas
Spicolli
DEDICATÓRIA
A edição
de hoje é dedicada à amiga psicóloga, professora, arterapeuta e curadora Viviani Duarte.
AS
PREVISÕES DO DORO PARA 2016
LEITORA
TATARITARITATÁ